Coleção pessoal de Estrela.cacau

Encontrados 7 pensamentos na coleção de Estrela.cacau

⁠O caixão da alma


Presa em uma casca de dor,
Aprisionada em uma pele d’onde se transita flor.
Releio Augusto dos Anjos,
poeta preso em fantástico caixão alheio,
Sinto similaridade com a dor dele, hoje.
Dor, coração e um triste sossego.

Presa em teu sonho selvagem,
curto metáforas de Clarice Lispector,
repenso Antônio Nóbrega,
todos poetas que profetizaram a dor,
a morte, o caixão em badalado, triste e feio.

Presa. E estar em cárcere machuca.
É um acordo feito consigo mesma.
É um contrato social a qual a gente olha e diz:
-Por que você está destruída?
-Se sou eu a única pessoa que precisa ser salva?
Ora, por que me fazes chorar?
Suas cicatrizes são minhas, sabia?

Presa na obra de um carpinteiro,
meu corpo lança um: “não te amo, mais”,
A alma na pele que habito,
tal como Almodóvar e seu percevejo.
Presa em uma cama fria,
Em um hospital onde a morte olha, vazia.
Aprisionada entre o sim e o não,
Entre a vida e o não.

Presa em um corpo de morte,
tal como preconiza Paulo,
presa, simplesmente aprisionada,
Rousseau já dizia que por todos lados
sigo acorrentada.

Presa. Simplesmente aprisionada.
À minha alma que segue inerte,
desejando que a dor galope e não me veja.
Mas, Clarice só me apontou a hora,
e “dos Anjos” me avisou da mão que apedreja.

Presa em muros poéticos,
onde o sonho e a morte dançam e combinam,
juntas, o seu mais próspero desejo.
Presa em um caixão d’alma,
aprisionada pelo karma, ancestralidade,
herança genética, por traumas e desejos.
Morta em um vivo caixão de peles,
de feles e méis. Simplesmente, presa.
(instagram: @claudia.valeria.kakal)

⁠Poças d'águas são nuvens desmontadas.

Se tu realmente um dia me conheceu, saberás quem sou realmente.... Saberás que me movimento na poesia, nos dogmas, na completitude da vida... É como cantava o povo feliz das "Maravilhas".

⁠Imagine um pássaro experimentando a liberdade de um vôo, pela primeira vez, apósfugir de uma cômoda gaiola. Imaginou? Pois é esta a sensação de final de curso. Asensação de liberdade (pelo que passou) versus o medo (do que há de vir). Foi durante operíodo de vigência deste curso que sai do ninho e dei o meu primeiro vôo. Cai, algumas vezes, cortaram as minhas tenras asinhas, mas, aquele a quem me chamo de Pai(Deus) sustentou-me, tal como o lírio dos vales, e disse-me: “Ide!”. Fui. Mesmo com asensação do medo que eu sentia do ‘bicho-homem” eu voei e experimentei: lágrimas,tormentos, pavor, alegrias, amores, vida, sonhos, e, finalmente, a morte. Mas, tal comoo lendário Fênix, que renasce das cinzas, continuei e continuo a voar.

Autoria: Cláudia Valéria/ Kakal (@claudia.valeria.kakal)

Retrospectiva - as roupas das estações.

Em Março estava escrava,
vestida de razão,
coberta de desejo e nos pés:
calçados feitos de pele de mim mesma.
Em Junho me estranhei e me olvidei.
Percebi sobre mim um chapéu que desconheço,
um tecido de ansiedade e bordados de passado.
Eis que estava escrito:
na certeza do presente,
a minha floresta jaz, ardente.
Em Setembro me vi invencível,
armada, até os dentes:
de ódio, raiva e outros pensamentos descontentes.
A roupa da vez? Solidão.
No início de Outubro despi-me das pessoas e
Contei-lhes uma mentira: “está tudo bem”.
Testei as fases da água em meus olhos.
Deixei a tristeza passar do abstrato
para o estado líquido,
a saudade se converteu em lágrimas.

Autoria: Cláudia Valéria/ Kakal (@claudia.valeria.kakal)

⁠"Amando em libras...
e eu nas escuras...
a ouvir e sonhar...
com todos os sons do beijo!"
Autoria: Cláudia Valéria/ Kakal (@claudia.valeria.kakal)

"Por que sonhamos? Para quê? Qual a poesia em sonhar?Ah! Poesia! Não é pura utopia. Os sonhos são imagens da alma... É o espelho, pela qual muitas vezes o inconsciente nos vê. Como se dá isso? Se somos nós mesmos que sonhamos? Ora bolas! Não somos nós que sonhamos, é o sonho que nos sonha... É ele que nos vê de uma forma não vista por nós mesmos... Por isso, não há nada que os aprisione, nem rótulos, nem teorias... Eles são como poesia, expressão da interioridade, essência abstrata do anima (alma). Os sonhos são imagens enigmáticas. Pode nos trazer uma informação de nós mesmos, da qual, Muitas vezes não nos apercebemos... Com eles você se aproxima de sua alma, ou a sua alma se aproxima de você... é um ato recíproco. Ao dormir e sonhar, você está em núpcias com a morte... Porque tanto o sonho como a morte significam transformação..."