Texto de Encorajar
Se realmente quer alguém demonstre
Faça-se ser ouvido e visto
Não permite que a sombra do que "podíamos ter sido ou do que poderia ter acontecido" lhe atormente e faça chorar
Haja por impulso, sem medo do erro
Passe a vergonha que o seu desejo exigir
Corra, vá atrás e se adiante
Ore, reze, clame, faça feitiço e promessa
Não durma, não se ausente e não esmoreça
O amor é tão complexo, que até que precisa dele, não entende.
Quando se trata de amor, nada é fácil, e chove paixões alternativas, que por um tempo fazem bem, e no outro também, mas a verdade é que feliz nunca será
Patricia
Não reprimo meu desejo!
Como tudo que tenho vontade
Bebo tudo que quero e na quantidade que posso
Realizo os meus planos inconsequentes
Transo sempre com minhas ousadias
Faço amor com quem me der na telha
Durmo pouco ou muito quando estou com vontade
Eu desejo o meu desejo e pelos meus desejos pago o preço
Só loucos são felizes nessa vida
Só loucos!
Quero ser a flor
Que vai com você
Do amanhecer ao entardecer
Aonde quer que voce for
Até a última estação de Föhr.
Quero ser a pétala
Que cava a vala
Exala suor de senzala
Seus olhos, minhalma
Escala
Olhos de cigana obliqua e dissimulada
Morro de ressaca.
Quero ser o espinho
Arranco-te pra mim
Enquanto faço-te carinho
Enquanto bebo-te com vinho
Quero beber dos seus lábios
As lágrimas que nascem dos seus olhos
Como rios que morrem no mar.
Por que não chorou?
Quando minha face
Pálida, desbotou?
Por que Partiu?
Cuspiu na minha face
Que ainda corada sentiu
Desesperado, acordado
Levantei me de dor
Sinto na velhice os
Absurdos da mocidade
Amor amador
Por sua causa morro de
Agonia e mil patogenias.
Alegria, alegria, sou tirano
De um homem só
Olhe só
Voltemos ao fim...
Por que riu de mim?
Quando nasciam de mim
Dois rios sem fim
Por que mentiu?
Se iludiu
e Aplaudiu
O fim do que a vída
verdadeiramente é:
Um Espetáculo!
Canto no encanto dos teus olhos
o teu mais belo sorriso
O motivo dos meus poemas
Do meu riso, preciso e conciso
Prenda-me consigo
Usa-me sem aviso
Beba-me, Coma-me
Sua loucura e meu abismo
Admiro-te em segredo
Pela razao do meu sossego
Entrego-te a cruz que estava
o meu medo
Quero-te bem.
Mesmo que bem nao seja assim
Tenho asas quebradas de serafim
Meu bem querer mentiu pra mim
Te esperando aprendi a contar
estrelas que caem do céu em direção ao mar
O vento a ninar as folhas do pomar
Aprendi por ti a suportar
Tudo que nao me apetece
Até parece que sei dessas coisas
Minha espécie apenas adoece e
Apodrece.
Ê moleque...As coisas nao sao como antes
Nao existe voce que engrandece.
Por nao saber falar
Coisas
de quem
só agradece
Quando eu fechar os olhos
E o meu sangue parar de correr
Leve-me para o mais alto morro
Para onde entao eu possa morrer
Vou ver as velhas infancias
Que toda herança impediu falar
Dançar toda mocidade que a sociedade
Ja nao quer mais ousar
Ouvir de todos os berros loucos
Das favelas do alto do porto
O eco dos gritos roucos
Dos abortos ao mendigo morto
Morri na escadaria da catedral
Com uma facada e um punhal
A morte é mesmo assim natural
Ja estou pronto pro funerol
O som vai acabar mais uma vez
A espera das nossas grandes sensações
Será que tu curtirás minha viuvez?
A partida será nossa todo dia
É o juizo final
Eis o meu ponto final
VOCÊ E EU
Podem me chamar e me pedir e me rogar
E podem mesmo falar mal
Ficar de mal que não faz mal
Podem preparar milhões de festas ao luar
Que eu não vou ir, melhor nem pedir
Eu não vou ir, não quero ir
E também podem me intrigar
Até sorrir, até chorar
E podem mesmo imaginar o que melhor lhes parecer
Podem espalhar que eu estou cansado de viver
E que é uma pena para quem me conheceu
Eu sou mais você e eu
Fugi pro mar. Sai dessa correria amarrotada que insistem em chamar de sucesso. Sou a brisa que te escova as madeixas e te escreve dedilhando-te cada detalhe sussurrando-te : mergulha em mim. Nada eu, beba eu, seja eu. Mergulha em mim. O mais fundo profundo. Pro fundo, Tem um mar dentro de mim transbordando toda e qualquer forma de mesmice e caretice que um dia existiu e persistiu. Tem um mar assim de ressaca. Um tanto assim pode ser a gota d´agua.
O vento há de levar e o mar há de trazer de volta o que se trás e a onda quer devolver...
Já se sentiu morto por fora mesmo estando vivo? É, é uma sensação estranha porque não devia nem mesmo existir.
Quando acordamos e sentimos um vazio dentro do peito é porque talvez estamos solitários, mas nem sempre estamos, por quê?
Muitos se questionam todos os dias... quem sou? Por quê? E o mais engraçado é que nunca temos as respostas que pedimos.
É isso mesmo, o mundo é realmente complicado de entender. Sabe aquela dor que sentimos quando estamos mortos como eu havia dito? Então... Será que ela existe mesmo?
Choramos e sorrimos diariamente, as vezes por motivos bobos, e quem liga? Talvez todos ao seu redor... mas sempre achamos que falta algo, né? Complicado e estranho.
Temos um medo incrível de magoar alguém... e quando fazemos isto nosso coração começa a doer deveras, mas o engraçado é que quando a gente é magoado, é pior ainda e a gente sente como se o outro que magoaste não sentisse nada.
Por que se questionar? Não vamos ter respostas tão cedo se não buscarmos-a. Vamos mudar o mundo, vamos?
Eles dizem que é impossível chorar sem sentir dor. Talvez choremos por outro motivo sem ser isso. Mas qual exatamente?
E sorrir? É possível sorrir sem sentir felicidade? Talvez sim... Mas qual exatamente?
É 10 tarefa de melancia doidcha vea
Era época de fartura no sertão da Bahia, o recém inaugurado Perímetro de Irrigação de Mirorós em Ibipeba trazia ar de esperança aos sertanejos e a melancia era a fruta da vez. Enquanto irrigada, era grande, doce e o melhor, tinha preço bom.
É nessa condição que um velho trabalhador rural arrisca e investe tudo que tinha em 10 tarefas de melancia em um lote irrigado.
Começa o plantio... plantação verde que é uma beleza, os “coco de melancia” se apresentavam logo depois e o vei era só animação. E para completar, “tome subir” o preço da melancia.
Todo canto que chegava esse vei falava dessas “10 tarefa de melancia”. Alegre e satisfeito com a situação.
O tempo foi passando e o ciclo da produção foi chegando “na metade”. O plantio era uma beleza, mas o preço... a partir daí começa a despencar como umbu maduro em época de “inverno bom”.
Como dizem que “incutido é pior que doido”, o vei começa a “incucar” com a situação quando ver o preço da melancia baixar e todo canto que chegava falava como uma matraca:
_ É 10 tarefa de melancia, é 10 tarefa... é 10 tarefa!
A situação piorou quando o vei percebeu que a colheita das melancias não dava nem para pagar as despesas. Ai o vei endoidou de vez!
_ Ô jesus, tenha piedade de mim, é 10 tarefa jesus, é 10 tarefa de melancia.
No meio desse “muído”, com tanta “incutição”, o vei travou e num deu mais nada com sua vea. Uma impotência daquelas.
E ai o tempo foi passando e a vea foi coçando, coçando e o vei nada, nem futucar, futucava mais. Ai chegou um dia que a vea num aguentou na madrugada, futucou o vei, alisou e disse no pé do seu cangote com todo carinho.
_ Ô vei, nem uma chupadinha vei? Nem uma chupadinha?
O vei incutido, doidcho e bruto, saltou no meio da noite e respondeu.
_ Ô DOIDCHA VEA, É 10 TAREFA DOIDCHA VEA, É 10 TAREFA DE MELANCIA DOIDCHA!
A escritora brasileira Marilina Baccarat de Almeida Leão, receberá dia 14/07/2017 na Assembléia Legislativa de Forianópolis, o prêmio de melhor livro do ano :"É Mais ou Menos Assim". Foi considerado o Best Seler, como sendo o livro mais vendido do ano.
A comenda será entregue no dia 14/-7/2017 em Florianópolis.
O melhor a fazer é recuar e conversar só quando o coração
estiver tranquilo, sem mágoas.
Precisamos viver como os patos e não como as esponjas:
Os patos têm uma glândula que distribui óleo em suas penas
e as torna impermeáveis... Depois que mergulham, eles as
sacodem e estão prontos para outro mergulho. Nem a sujeira
e, muito menos, a água os atingem.
Já, as esponjas absorvem tudo, e, quando vivemos
como as esponjas, absorvemos o que as pessoas dizem e nos
tornamos amargas, irritadas, impacientes.
Claro que é impossível não ficarmos estressadas com
certas coisas, mas, são inúmeras as vantagens, que teremos se
fecharmos os olhos para o que nos irrita....
Marilina Baccarat de Almeida Leão, no livro "Pelas Andanças Pela Vida"
Carinho quando vem da alma,
aquece o coração nos torna seres humanos melhor,
fazendo a vida dos que cruzam nosso caminho mais leve e feliz.
A leveza de um carinho entorpece nosso coração de amor e sorrisos.
A preciosidade de um sorriso encanta o mais duro dos corações!
E eh nesses pequenos encantos da vida que encontramos
a felicidade plena e esperança de dias melhores.
Minha vida eu sei de cor. Do canto da minha janela, nada me abate, Apenas o vento abana minhas madeixas. Vejo o mesmo burro carregando entulho com seu dono. Todos os dias os proprio burro zé come mais que o dono pra nao ter uma uma exaustao no meio da cidade.Eita vida besta.
Carminha ja ta virando uma moça, A mae acha que ela tem que casar logo e ficar prenha. Onde ja se viu, um dia desses a menina brincava de boneca,meu deus.Eita vida besta.
Eu fico aqui no cantinho da minha janela feito móvel empoeirado: Ninguem nota, mas eu vejo tudo. Eita vida besta
Tenho pensado no Brasil como Povo, como Nação, como Pátria minha. Como um somatório de muitos, de cada um.
Esta pátria, da qual nos orgulhamos principalmente para quem já morou fora deste país enorme, quase um continente, que vemos ser vilipendiado, por nós mesmos, pelos outros e nos calamos aquiescentes, coniventes.
Falamos mal do vizinho quando sabemos que ele deu propina ao guarda para que não o multasse, mas faz o mesmo quando o caso é com ele... Falam mal da mãe de quem para o carro com as duas rodas, em cima da calçada, mas, quando não encontra vaga por perto, faz pior:- joga o carro com as quatro rodas por cima da mesma calçada.
É a tal estória:- “todo mundo faz, também vou fazer”... Não sei de onde vem isto. Se foi o tipo de colonização a que fomos sujeitos que gerou esse descompromisso, esse pouco caso com o outro, com a cidade, com o estado e consequentemente com o país. Onde erramos, como nação? Ao escolher os nossos governantes? Ao sermos corruptos e corruptores também?...Corrupção há em todo lugar, mas nos outros lugares há a punição. Aqui não, a certeza da impunidade é que faz a criminalidade crescer a cada dia. E não me venham dizer que é a miséria ou a pobreza a causadora disto tudo. Não, isso é cultural e ancestral, carregamos em nossos genes o desejo de se locupletar mais, sempre que possível, pouco se importando com o resto do país. Pensamos que há um Brasil, para cada um de nós. Um Brasil moldável, adaptável aos nossos próprios interesses, um interesse, em detrimento do TODO!
Temos que pensar em começarmos a construir a ideia de que somos todos nós, juntos, quem formamos a Nação.
Não só quem legisla, não só quem executa as leis, não só quem as faz cumprir. Mas o povo, tendo em quem se espelhar, vendo exemplos de amor à pátria, para nossos filhos e netos. Comecemos a construir, dentro de nós, a autoestima necessária para que se AME uma Pátria.
Um feliz dia da independência para todas.
(Marilina Baccarat de Almeida Leão) 07/09/2013
Hoje eu sonhei que estava caindo de um helicóptero, e se fosse verdade? Eu morreria? É bem provável, mas, e depois de morrer? O que teria depois disso? Se questionar da morte é muito viável, todos se perguntam sobre, e nunca arranjaram uma resposta.
Se tivéssemos um amigo nosso de outro planeta, como seria? Seria igual? Parando pra pensar o quão gigante o universo é, por que achamos que somos únicos? Nunca usamos nossa criatividade pra imaginar o que tem "lá fora". Imagina acharmos dragões, fadas, monstros... É criatividade, mas quem impede de virar realidade?
Sempre durmo pensando o quão minúsculo sou ao mundo, e o quão importante as pessoas me acham, nunca parou pra pensar que isso não tem sentido? É incrível né? Nunca pensamos nisso, nas coisas mais simples.
Seria eu muito infantil pra pensar o quão isso e o quão aquilo? Talvez sejam apenas dúvidas, e quando pergunto aos adultos, eles acham isso bobeira, eles são muito ocupados, não acha? Pelo menos no mundo deles.
Quero crescer e continuar criativo, isso que me faz bem, tenho que admitir que eu concordo com uma frase dos mais velhos "Siga o que te faz bem" . Se eu seguir me questionando sobre coisas assim, eles vão me julgar? Vão me achar infantil? Por quê?
"A morte está para a vida assim como a vida está para a morte e assim como a lua está para o Sol e assim como o Sol está para a Lua. É necessário uma maior compreensão de toda a raça humana a respeito da morte e do ciclo que se inicia após a findar-se uma encarnação no corpo físico do Ser humano, sendo o espírito e alma imortais. O culto aos antepassados deve ser lembrado principalmente pelos jovens. Eu boiadeiro Jango tive e tenho descendentes e estes esqueceram de me cultuar e de lembrar-me. Cultuem vossa forte ancestralidade. Ancestrais não são apenas pai, mãe, avó e bisavô, mas também espíritos que possuem laço sanguíneo, energético, vibratório e cármico não de hoje ou ontem, mas de séculos e milênios. Valorizem, vós médiuns, seus guias e mentores espirituais, e também seus ancestrais.
A força dos ancestrais é aquela que te dará forças para continuar a jornada em busca do aprendizado, conhecimento e evolução. Cultuem e se lembrem daqueles espíritos que outrora conviveram contigo e hoje o acompanham em outra esfera espiritual, lhe ajudam e protegem, sendo estes sua família em espirito e em verdade. Os ancestrais atuam não somente como mentores espirituais que acoplam em seus aparelhos, mas em todo lugar onde atua a espiritualidade e onde o seus guiados forem estes irão para lhes recomporem espiritualmente.
Ninguém neste mundo do cão vive sozinho, então busquem a força de seus ancestrais para que possam trilhar seus obstáculos e desafios, além de provarem o respeito a terem um vinculo energético forte que é ligado ao sangue. A força do sangue é algo extremamente forte e que conecta o ser humano de uma maneira magística incompreensível a vós que estão tão iludidos com aparências e hipocrisias.
Em cada célula do homem está a remanescência dos antepassados. Cada homem é a síntese de seus antepassados. Quando você se alimenta está alimentando junto a seus antepassados, quando ora está iluminando-se junto a seus antepassados e quando cura e é curado assim ocorre com seus antepassados.
Sou boiadeiro Jango na linha de Iansã Igbale, que é Iansã das almas e Omolu e posso lhes informar que nada é mais gratificante a um ancestral ver seu ente querido encarnado conectado a seus ancestrais através de um elo inquebrantável e lhe cultua de maneira límpida e respeitosa.
A linha da movimentação das almas traz uma energia de desenlace entre os eguns que estão perdidos e presos ao plano material de forma que suguem as energias de seres encarnados a fim de alimentam suas almas sedentas que estão com aluz própria apagado, sendo que façam da prática de utilizar uma energia externa de maneira vampírica como combustível insacável. Trabalho desprendendo estes eguns dos humanos e do plano material utilizando as laçadas como maneira de separar energeticamente e magisticamente atuo com meus mistérios dentro dessa senda da evolução. Quando vibro na linha de Omolu trabalho trazendo a cura a quem necessita e carrego aprendizados de quando já era vivo aqui nesta Terra, no sertão da Bahia, onde curava as pessoas enfermas e necessitadas em uma terra precária que não existiam hospitais e nem médicos. "
É possível ouvir as palavras que o coração murmura...
Por que choras?... Se eu pudesse, faria, das suas lágrimas, brisas
de alegria, doçura e encanto. Pediria ao sol que nunca deixasse
de brilhar sobre seus campos, que deveriam ser cobertos de
flores pelas manhãs.
A vida é assim, ora alegre, ora triste, carregada de ilusões.
Mas não podemos deixar que nossa alma se abata dentro
de nós e nos deixe tristes. Ela tem que ser carregada de esperança,
livre de barulho insensato.
As tardes,temos que colorir com flores, muitas flores. E
quando a noite cair, o nosso céu tem que ser coberto de estrelas
brilhantes, que reflitam, no nosso intimo, toda a beleza de
uma noite enluarada.
Ter asas para alcançar os sonhos mais doces e enfeitar
a estrada, em que caminhamos com estrelas douradas, é não
permitir que nossa alma se entristeça. E assim seguiremos
aprendendo a reinventar nosso sorriso.
Marilina Baccarat de Almeida Leão, no livro "Pelos Caminhos do Viver"
Nesse mundo degradante parece que sou odiado
olho em volta o mundo ta parado
Essa sociedade só sabe julgar
não sabe o que passo ou o que vou passar
ja me cortei eu admito
pra ver se fugia um pouco desse labirinto
esse mundo pode ser muito cruel
to enfrentando a tempestade num barco de papel
há pode parece piada mais isso é minha vida
uma estrada esburacada
cheia de descidas poucas subidas
mas foi numa dessas que eu encontrei a vida
uma coisa tão bonita tão linda tão bela
cheia de espinhos e ao mesmo tempo de velas
um caminho perigoso que vou percorrer
pois esse é o único jeito de viver
Eternas horas no sertão
Um convite, uma aventura, Já era tardezinha quando cheguei à casa do Tio João e Tia Maria. Um Casebre daqueles dos contos de fada, a beira de uma Mata às margens de um Rio lindo e maravilhoso que nascia em meio ao Sertão. Fui recebido logo na Porteira pelas belezuras de meus tios, casal abençoado, um abraço tipo aquele que a gente nunca esquece, me afagaram com carinho. Logo na porta da sala pude sentir o cheirinho de comida de tia Maria, era frango caipira que estava na panela a cozinhar. Minha fome era de leão, afinal a viagem tinha sido longa, e eu não via a hora de sentar a mesa para deliciar aquele frango que exalava um cheiro delicioso no ar. Na sala da casa, muitos quadros, Santos e flores. Tia Maria me levou até o quarto onde eu iria pernoitar muito simples mais aconchegante, somente naquele momento pude perceber que na casa não havia luz, ao lado de minha cama estava uma lamparina a qual seria a minha luz. Seguido me mostrou o banheiro que ficava do lado de fora da casa na varanda. Peguei minha tralha e a Lamparina e fui tomar um banho para tirar a poeira do corpo; o frio era de lascar e o chuveiro estava uma delicia, feito com serpentina água quente em abundância.
Já Cheiroso e limpo, pontualmente as 18:00 horas, momento em que eu estava papeando com meu tio na sala, Tia Maria gritou lá da cozinha: João traz o sobrinho pra jantar. Visão deslumbrante sobre a mesa, um franguinho caipira a moda da roça, banhado em um caldo madeira acompanhado de um arroz soltinho e feijão, tudo feito na hora e no fogão de lenha. De lambuja acompanhava uma abobora verde refogada e umas batatinhas do tipo cosidas e depois fritas. Nunca comi tão bem na minha vida. Logo seguido aquele jantar maravilhoso, Tia Maria serviu um cafezinho bem quentinho, feito com café colhido e moído na roça.
Depois o Tio João pegou o seu banquinho de madeira e a lamparina, o levou junto ao fogão de lenha, me convidando a fazer o mesmo. Logo Tia Maria se posicionou ao lado do Tio João, e iniciamos um bate papo maravilhoso. La pro meio da conversa Tio João me perguntou se eu acreditava em assombração, “ vixi pensei comigo, isso não vai prestar”; mas enfim como tudo é aventura dei continuidade a conversa sugestionada pelo Tio João, e respondi que não acreditava. Foi a pior coisa que eu fiz naquelas 24 horas que visitava e convivi com meus tios sertanejos. Tio João que tinha mania de falar alto e em bom tom, como uma metralhadora começou a contar-me história de arrepiar o cabelo, e todas eram confirmadas por Tia Maria(Não é mesmo Maria, dizia ele sempre), que de vez em quando dava uma bela gargalhada ao perceber que eu me sentia amedrontado com as historias do tio João.
Tia Maria por volta das oito e meia da noite disse ao tio : João larga de bobagem já e tarde vamos dormir que o menino esta cansado, e amanha a labuta é brava. Nesse momento fiquei desesperado, dormir tão cedo, será que eu iria conseguir; minha mente estava atordoada de tantas histórias horripilantes, de lobisomens, de mula sem cabeça, de bruxas do mato, enfim eu estava literalmente “cagando nas calças” sob o domínio do medo devido as historias do Tio João. Mas fazer o que ficar sozinho na cozinha a luz de lamparina é que eu não iria, corri pro quarto antes que o tio e tia se deitassem, e me enrolei de uma maneira na coberta deixando apenas minha boca para fora para que eu pudesse respirar, lógico com a lamparina acessa. Mas de maneira alguma eu consegui dormi, e pela fresta do cobertor eu podia perceber a luz trêmula da lamparina, horas eternas que nunca passavam e o sono que não vinha, e isso me assustava cada vez mais. Minha imaginação só havia vagas paras as historias do Tio João, foi quando de repente a luz da lamparina como mágica , pimba apagou. Fiquei em ponto de gritar para que o Tio João ou a Tia Maria levantassem e ascendesse novamente a luz da lamparina do meu quarto. Mas pro tio e pra tia eu tinha fama de durão, resisti e fiquei ali me torturando, a hora nunca passava, foi quando começou o calor a tomar conta de mim embaixo daquelas cobertas, senti minha respiração ofegante, o ar já me faltava; mesmo assim eu resistia todo aquele sofrimento. O Tic TAC de um relógio ao longe, era a única coisa que eu ouvia, quando algo bateu na janela de meu quarto, nesse momento eu arranquei toda coberta da cabeça num susto, e num susto eu cobri novamente pois era somente escuridão, tudo que eu pude ver era um breu. O pânico tomou conta de mim, quando por volta da meia noite o galo cantou, e segundo o Tio João que na suas historias havia mencionado, que quando o galo cantasse meio fora de hora, ou seja por volta da meia noite era sinal de que os mortos estavam a perambular noite adentro. Foi a gota d”água , já todo molhado de tanto suar embaixo da coberta comecei a invocar todos os santos que eu conhecia, e as horas passavam lentamente e foi quando acabei por fim cochilando alguns minutos. E em meio a um pesadelo novamente estava eu acordado, em um quarto totalmente escuro e silencioso, desesperado para que o dia amanhecesse logo. Já pela madrugada adentro, quase morto de sono mas atormentado por pensamentos insanos, comecei a sentir uma enorme vontade de ir ao banheiro, e foi aumentando, aumentando; e eu lembrei que o banheiro da casa existia, mas estava do lado de fora na varanda. O que fazer agora pensei comigo, eu já não agüentava mais toda aquela situação, o desespero foi tomando conta de mim, a vontade de urinar era algo incontrolável, mas meu medo parecia maior; foi quando ouvi um rangido de porta, seguido passos que vinham em direção a cozinha e ao meu quarto. Em um gesto de puro heroismo dei um pulo e cai em pé ao lado da cama, foi quando vi uma luz passando pela porta de meu quarto, que alivio era o Tio João que estava indo ao banheiro. Eu sai em disparada atrás do Tio João, momento em que ele indagou: vai ao banheiro!, respondi prontamente sim, novamente ele indagou: se quiser pode ir na frente eu espero aqui, pegue a chave da cozinha que esta pendurada na porta e o banheiro e na varanda. É claro que ir sozinho La fora em meio a escuridão, a loira noiva morta viva que morreu na encruzilhada poderia estar me esperando, fui não, e com isso primeiro foi o Tio João que saiu com a lamparina na mão enquanto permaneci na cozinha, e ao ouvir o ranger da porta do banheiro se abrindo sai correndo pra fora e pulei dentro do banheiro, e o Tio João fez a cortesia em me aguardar com a lamparina na mão. Foi a mijada mais gostosa da minha vida.
Voltei pra cama mais conformado, ascendi a lamparina e ajeitei pra ela um lugarzinho especial para que não se apagasse novamente. Peguei no sono; sono que não demorou nada, foi quando escutei o Tio João conversando com Tia Maria, já estava na hora de levantar. Pensei comigo, mas que vida sem sossego leva essa gente. Permaneci na cama por mais algumas horas e acabei acordando com o cheiro de café, acompanhado de um aroma de bolão de milho. Não resisti e levantei-me, Tia Maria cumprimentou e disse: dormiu bem meu filho, respondi prontamente: como um anjo Tia Maria.
Tião já havia feito a ordenha do gado e estava na lavoura. Almocei , e voltei para a cidade. Com isso aprendi, que a vida simples da roça e um conto de fadas, de bruxas, um mundo de sonhos e de bons momentos. Viver essas fantasias me levou-me acreditar que até nos confins do sertão é preciso coragem e criatividade para sobreviver. Tio João e Tia Maria as coisas mais simples da vida são as mais extraordinárias, e só os sábios conseguem fazer com que a gente possa vê-las ou imaginá-las.
Nenê Policia...
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