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A mesma mídia que combate violência contra mulher, alimenta e reproduz o machismo nas novelas, minisséries e programas matinais.
– Eu ouvi de três homens diferentes que eu não posso fazer o que quero por ser mulher.
– É assim que é, Maria Luiza.
– Mas não devia ser.
Para um homem, a mulher é como uma pintura ou uma estátua clássica. Ele escolhe uma e leva para casa, esperando que combine com os móveis do local.
Não quero cumplicidade mas quero respeito
A porta do carro não precisa abrir pra mim
Porque se ele quer que o filho seja um bom sujeito
Joga o machismo fora, abre a mente e faz assim
O que é a verdade para uma mulher? Desde o início, nada foi mais alheio, repugnante e hostil à mulher do que a verdade – sua grande arte é a mentira, sua preocupação máxima é a mera aparência e beleza. Confessemos nós, homens: reverenciamos e amamos precisamente esta arte e este instinto na mulher.
Mulher machista.
Gay homofóbico.
Negro racista.
Imigrante xenofóbico.
Retratos da falta de auto(re)conhecimento.
Tenham um Feliz dia dos homens!
Hoje é o dia em que as mulheres estão recebendo inúmeras mensagens de felicitações, a minha mensagem vai diretamente para os homens. Aos homens machos masculinizados, aos homens que não temem o avanço das mulheres, aos homens que gostam de ser homens e se impõem como homens; mas vai também àqueles que admitem que por algum motivo tem se recuado diante dessa tropa feminina.
Talvez não saibam, mas as mulheres estão gritando por socorro e vocês parecem estar anestesiados diante delas.
Há um tempo elas se uniram e foram pra frente, avançaram. Aumentou-se a carga de trabalho, carga de estudo, deixou o fogão, a maquina de lavar, o ferro de passar para serem usados à noite, ou até terceirizaram o serviço, e o homem ainda se contenta com o jargão de que “a mulher simplesmente quer o seu espaço”.
Meu amigo, o que você não entendeu é que a mulher quer sim o espaço dela, mas isso não quer dizer que você tenha que deixar livre o seu.
As mulheres estão autossuficientes, mas esperam ansiosamente que os homens digam que elas não precisam ser, pois eles existem para suprir as suas necessidades;
As mulheres estão comprando a sua própria casa, mas elas se apaixonam quando os homens cuidam das tomadas, das lâmpadas, do cano que estourou;
As mulheres tem o dinheiro de pagar a conta, mas não há nada melhor do que ouvir: “Guarde o seu dinheiro para a compra de sapatos!”
As mulheres querem “brigar” para pagar a conta, mas elas de fato se derretem quando vocês assumem a posição de “provedor”;
As mulheres tem o seu próprio carro, mas a ação dos homens em leva-lo para lavar não tem preço;
A mulher não precisa do dinheiro de vocês, elas necessitam apenas serem tratadas com o requinte e o rigor inerente ao “ser mulher”.
Não se trata de querer demais como alguns dizem, elas só estão implorando e clamando pelo vigor, pela força, virilidade e atitude masculina que muitos perderam.
Se você acha que lidar com uma mulher é muito difícil e que não é para qualquer um, você acertou! Não é de qualquer jeito ou qualquer um que sabe lidar com joias raras.
Ação é o segredo, portanto...AJA!
O sutiã cor de rosa
Certo dia, ao entrar em uma loja, me deparei com um sutiã cor de rosa. Ele era de um rosa chiclete, todo cheio de renda. Lindo!
Quando me certifiquei de que o preço era mais lindo ainda, tratei logo de experimentar para ver se ele gostaria do meu corpo da mesma forma.
Não sei vocês, mas sempre coloco o sutiã virado para poder fechar pela frente, depois o desviro normalmente.
Acontece que, na hora de desvirar, descobri que aquele se tratava de um sutiã diferente.
Ele possuía, além das alças normais, uma parte que deveria se encaixar nas costas, me obrigando a colocá-lo pela frente e fechar por trás, o que exigiria que uma pessoa fechasse ele para mim.
Nunca imaginei que o fato de eu depender de outra pessoa para conseguir fechar facilmente meu próprio sutiã me incomodaria tanto. Devo confessar que me senti ofendida com tamanha imposição.
Ao dividir com alguém minha angústia, a pessoa prontamente alegou ser romântica a ideia da necessidade de um segundo para o fechamento da roupa íntima.
E ela não deixa de ter razão. Existe muito romantismo e sensualidade no ato de fechar as roupas de sua companheira.
Mas a beleza verdadeira, penso eu, estaria no fato de eu pedir que alguém fechasse meu sutiã porque isso me faria bem, por esta se tratar da minha vontade, e não de uma necessidade.
O sutiã cor de rosa é a sociedade que impõe, através dos meios de comunicação, padrões de beleza às mulheres.
O sutiã cor de rosa é o ideal machista da mulher que precisa de um companheiro para ser feliz e que é olhada diferente quando diz que não pensa em ter filhos.
O sutiã cor de rosa representa todas estas imposições disfarçadas de romantismo e supostas receitas para a felicidade.
Que sejamos capazes de viver nossas vidas e fazer escolhas baseadas em nossos próprios ideais, não naqueles que fazem questão de construir para nós. E que saibamos discernir ambos.
Que jamais deixemos de ir contra tudo aquilo que, de alguma forma, degrina nossa imagem e limite nossa liberdade de escolha.
Bonito mesmo é desejar verdadeiramente que alguém faça parte de sua vida, é ter filhos que sejam fruto do puro sonho de ser mãe, é o corpo que não é moldado por nenhuma capa de revista.
Que sejamos capazes de fechar nossos próprios sutiãs.
CISCO
Hoje entrou um cisco no meu olho. Como isso incomoda. Quem nunca passou por isso? Na hora mais legal do filme: Cisco no olho! Quando você esta pra assinar a folha de cheque: cisco no olho! Quando você vai almoçar... ler um livro... Está lá o cisco no olho! E é chato, quase insuportável, porque alguns ciscos simplesmente somem! E magoam o olho, nos fazem lacrimejar.... Por mais que procuramos, não conseguimos encontrar, lavamos a vista, procuramos o espelho mais próximo. E então surge o último, ou para algumas pessoas o primeiro recurso a se pensar: pede-se para alguém soprar (se possível bem forte), o olho atingido na expectativa que o cisco voe dali e possamos estar de olhos abertos sem incomodações. Não encontrei ninguém, nunca que diga que é prazeroso ficar com um cisco preso, atrapalhando a visão. Precisamos estar com o olhar limpo de preconceitos, ressentimentos, mágoas e demais travas que nos atrasam a percepção, impossibilitando enxergar com clareza. Estamos em 2015, e quantas pessoas ainda cultivam o machismo. Esse cisco talvez seja um dos mais chatos de se remover. Porque é muito preso, por valores cultivados e incentivados por uma sociedade que não acredita na capacidade intelectual e profissional da mulher. Apesar de muitas pessoas acreditarem que este cisco, afeta apenas homens, ele atinge sim: mulheres. Longe de pregar o feminismo, mas uma mulher torna-se machista quando duvida de si própria, quando não se permite ir sozinha a um bar e pedir uma cerveja no balcão. Quando vive presa a um casamento por medo do que os outros vão falar, caso ela separe-se do marido, afinal estaria ela sozinha e desprotegida nesse mundão de Meu Deus. Quando pensa duas vezes se deve ou não passar o batom vermelho, ou simplesmente sair com a cara lavada! Então quero que você me permita assoprar esse cisco da sua vista. Para que você possa enxergar melhor a vida. Posso?
Mas querido, não fomos criadas nem programadas para satisfazer os seus desejos de "macho", não monamour ...
O batom que eu uso, não é um convite. A roupa que visto, não é um convite.
Nós, mulheres, "raparigas, putas, vadias
"não somos objetos ou produtos expostos em prateleiras ao aguardo da sua "boa" vontade de nos consumir.
Não sou sua, e nem de ninguém.
O corpo é meu, e somente a mim ele pertence !
E não, não vou procurar uma louça pra lavar! Pq não vai você, mostrar o grande "macho alfa "que é, e não procura uma guerra pra morrer?
O que chamam de “amor livre” pode ser um machismo disfarçado:
Dizem por aí que amor livre é quebrar os moralismos, ser dona de si, não se prender a nada e a ninguém. Mas eu acho que nisso tudo há alguns poréns.
Se por um lado tantas crenças do passado faziam a mulher ter o corpo fechado, nessa nossa liberdade anunciada de agora, em que a gente se abre totalmente, não se cuidar, se proteger, se conhecer e se amar, torna esse outro extremo da realidade tão ruim quanto antes.
Pode ser que viver o amor livre seja uma forma mais moderna de exercitar o machismo e tornar o corpo da mulher ainda mais território público, já pensou nisso?
Por mais que a gente saiba o que quer, do que gosta. Por mais que a gente veja e tenha consciência. Para se cuidar, se respeitar e realmente ser livre, é preciso uma observação profunda, é preciso encarar medos e quebrar mitos. É preciso primeiro viver por dentro a mudança e depois estar (diferente) no mundo.
Não adianta sair de nariz empinado, mostrar segurança nos passos, soltar o corpo e a mente, se no dia seguinte a gente chora sozinha, a gente espera a mensagem que não chega, a gente quer um carinho, a gente se torna possessiva, competitiva, insegura…
E eu não estou defendendo a síndrome de princesa e muito menos querendo voltar no tempo! Eu acho que a gente tem que ser o que bem queira: rainha, gatinha, tigresa…
Mas desde que a gente se conheça. Porque me parece que ainda hoje, entre tantas mulheres que se dizem evoluídas, soltas e livres, a briga é competitiva e é pela conquista do troféu fálico.
E, na minha opinião, deveria ser bem o contrário. Se fosse liberdade mesmo isso que a gente vive, as pessoas estariam sorrindo, se amando, se curtindo, se respeitando mais do que se machucando.
As mulheres podem ter conquistado muita coisa, mas a gente ainda busca ser amada, respeitada e livre. Ainda é tão forte essa luta.
Tanto faz se poderosa ou fracassada, sozinha ou acompanhada. Ao invés da gente alimentar nossas carências, nos abrindo para qualquer mané ou cara e não receber nem um terço do que a gente precisava, é melhor encarar a empreitada de curtir a nós mesmas acima de tudo e valorizar o nosso profundo.
Que a gente perceba que liberdade mesmo é despir-se de corpo e alma, e que se for só pela metade não vale a pena, não vale a noitada, não toca a nossa verdade e o voo se torna raso, é uma prisão disfarçada…
Então, que só entre na gente (na alma, no corpo, no espírito) o que fizer sentido, o amor que nutre, a liberdade que alivia.
Você não tem valor pra mim, pensa isso porque tem um corpo atraente? Isso faz de você apenas uma privada.
Por que, em vez de feminismo ou machismo, não falamos de humanismo?
Porque humanismo é um sistema filosófico de pensamento, não um movimento social ou político. O humanismo se refere à valorização do pensamento e da produção humana, em oposição à ideia de um ser sobrenatural que comanda o mundo.
Uma mulher que vive a sua vida fora do padrão, seja de aparência, sexualidade, atitude, pensamento… é uma mulher que incomoda viva ou morta. Me chocaria se os haters domesticados sob o regime normativo não registrassem o seu ódio em obituários. Nota: Se te perturba te pertence.
Os homens passavam por Lada como se ela não existisse, ou a encaravam de uma forma que era como se não conseguissem enxergá-la. Isso a fazia desejar ter uma arma na mão, uma coroa na cabeça em vez de uma trança, ou até uma barba no rosto. Qualquer coisa que os obrigasse a vê-la como era. Ou, talvez, quando a olhavam e não viam nada, eles já entendessem perfeitamente quem ela era.
E era também por estar preocupado com o que os outros iam dizer que não queria que sua mulher costurasse para fora. Iam achar que ele era homem de menos porque a mulher trabalhava demais.
Uma boa esposa não arranja projetos paralelos. Uma boa esposa só tem olhos para o marido e os filhos. Eu tenho que ter tranquilidade pra trabalhar, você tem que cuidar das crianças.
Ganhava bem, reclamava pouco e conversava com as crianças. Ele só não gostava de ser incomodado quando lia seu jornal, quando dormia até tarde e quando descansava depois do almoço, e desde que seus chinelos permanecessem em paralelo ao pé da cama, que seu café fosse servido quase que fervendo, que não houvessem natas no leite, que as crianças não corressem pela casa, que as almofadas permanecessem na diagonal (...) e que os banheiros cheirassem a eucalipto, ele não exigia demais.
O machismo, afinal, é como uma piscina. Todas as pessoas estão se molhando. Algumas, apenas a sola dos pés, outras quase morrendo afogadas.
Como a gente sai dela?
Com liberdade, voz e coragem.
De mãos dadas e ao mesmo tempo.
Vem.
