Tag divã
Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Um filme mais ou menos, um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu acaso, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.
A minha loucura não é uma loucura que se cura no divã. A minha loucura é ter que conviver entre mentiras e juras. É ter na vida sempre noite e nunca uma manhã. É uma loucura que parece não ter fim.
Sol
Pela manhã
Olho para o lado
Me encontro em um Divã
Estava só eu
Parecia haver mais alguém
Mas só ouvia o silêncio
E um brilho
que ofuscava os meus olhos
Parecia você
O seu sorriso
Me levantei da cama
Bateu a saudade
Lágrimas...
Era apenas o sol...
Sou o poeta no divã da vida
Pernoitando no labirinto do sonho
Sem rua, sem travessa e sem esquina.
Onde não há mapa definido;
Só há papel e tinta.
Gosto dos meus encontros com a noite. Aprecio a lua como se estivesse num divã; ela sempre sabe dizer em silêncio o que eu preciso ouvir.
O divã favorece o relaxamento do paciente. Ele entende que ali é o lugar de "tirar os pés do chão" e entrar em contato com suas questões mais profundas como sentimentos, pensamentos e reflexões.
Na sua exclamação
A sua escamação
A rua acalma o são
O Sol é liberdade
Aqui ainda escravidão
Massa: manipulação
Eis a fragmentação
Da sua autenticidade.
A Temporada passou
O chão secou
O Sol apareceu
A mudança vem de dentro
É um dom
Um dom que Deus nos deu.
O fim de um conto
No escuro te vejo
Em silêncio te ouço
Na ausência te sinto
Um vazio cheio de amor
Amor preenchido de vazio
Um frio, o calafrio
A falta do arrepio
Perdido ou nunca tido
Foi sentido sem sentido
Aquele vinho tinto a recordar o que já nem sei explicar
A mudez dos pássaros faz-me lembrar
Que te dei asas para voar
E sem razões para voltar
Aqui no meu divã
Apenas uma certeza
Perdi meu Peter Pan
Incrível quando em análise o sujeito percebe seu sintoma por meio de suas repetições. É um doloroso insight, mas libertador quando ressignificado.
Permito-me no divã
devo falar do que atormenta
livros que não li
fotos que não fiz
vezes que sorri
do ressentimento
da decepção
das palavras ditas
benditas as que não falei
a gota que faltava eu expulsei