Sons do Silêncio
Existe um momento de intimidade com Deus onde até mesmo o silêncio fala mais alto que o som de todas as vozes podem ecoar.
O escuro, é a ausência de luz.
O silêncio, é a ausência de som.
O vazio, é a ausência deátomo.
O mal, é a ausência de Deus.
O som do silêncio faz eu refletir sobre o que penso, o barulho que vem de fora contrasta com o de dentro, pensamentos, sentimentos, desejos e medos. Tentar eu me atrevo. O problema não é apenas o governo, somos reflexo de espelhos. Viver por prêmio, ser gênio, proêmio ou boêmio? O que quer que seja, no fim da no mesmo, tinta que termina na caneta, resta o tubo descartável, retornável, substituível, se eu pudesse tudo controlar seria um tirano de que nível? Apostar na fé caso não desvie pro bar. Perceber o que me mantém em pé quando me equilíbrio no ar, entender os ensinamentos do sábio, sendo habilidoso, lembrando sempre sempre de sua condição de imperfeição, sendo critérioso.
MEIO DIA NO CERRADO
Meio dia. Um canto do cerrado ermo
O silêncio quebrado pelo som do sino
A solidão na saudade sem meio termo
Céu nublado e vigorosa chuva a pino
O vazio cai na calma como um castigo
Não há burburinhos e nem um destino
O planalto devastado, ausente e antigo
Está deserto de fantasmas e de almas
A minha angústia não encontra abrigo
O vento nos buritis, parece bater palmas...
Luciano Spagnol
12'00". Novembro, 2016
Cerrado goiano
Às vezes, o silêncio carrega mais respostas do que mil palavras. É na ausência do som que ouvimos o que realmente importa. O silêncio fala, grita e, muitas vezes, responde tudo o que precisamos saber.
O som da tua voz me embriaga, me traga, me consume.
E quando some, quando tudo é silêncio...
me apavora, me devora !
Se importa não: sou meia tam tam mesmo !
O silêncio é batuque, som pesado aos meus ouvidos.
Deixa pra lá, logo me acostumo. Se não me acostumar, que meus ouvidos explodam...porque da minha boca não saíram mais loucuras para tirar teu juízo, te perturbar...bagunçar tua mente !
Teu silêncio, tão meu silêncio, um encontro sem nenhum desencontro, desaparecendo na brisa, ao som do teu sorriso que aprecio calado, teu silêncio.
Ponto de vista
... Pense!
Não há preto nem branco, colorido ou pálido, som ou silencio, verdade ou mentira, beleza ou feiura, o que há é tão somente uma percepção de tudo que um dia lá nos primórdios de uma existência, fora embutida na consciência humana.
O bom mesmo é arrumar a mente para tudo que nos agrada; sem as velhas picuinhas de algo que mal acordamos e pomos em prática afirmando ser certo.
Temos que rever velhos conceitos. O bom para mim não é igualmente para o outro. Somos seres únicos, o criador nos fez e nos enviou à terra para uma obra prima e única, sem o made-in. Fazemos algo e, pronto não tem essa de meia boca.
Damos muita ênfase a coisas sem consistência e utilidade. Guardamos coisas de mais ao que o corpo precisa. É preciso ter apenas o suficiente o obvio, o necessário, sem querer ser algo que nossa coluna possa sustentar.
O povão se mede pelo ter e esquece-se que temos que ser acima de tudo humanos... Temos que ter urgência do aprendizado eficaz e sereno para não sairmos vida à fora dando chute em latas e a nos ferir.
Cada dia em que abrimos nossos olhos é de fato um presente e todos os dias partem velhos amigos que não deu nem tempo de dizer ADEUS. Vamos ser mais, essa é a grande graça a que viemos a esse mundo tão louco onde os jovens já nem se respeitam mais pois praticam a pior de todas as loucuras que é o uso de drogas se transformando em reles passageiros mundanos.
Vamos ter que viver nossos sonhos, mas acordados, afinal permanecer em um delírio constante pode nos levar a morte prematura. Que a paz esteja sempre em nossos corações porque é dela que precisamos para viver em harmonia plena, e a mente consciente de que nascidos já somos vencedores.
"SILÊNCIO pode ser AUSÊNCIA de som ou RESULTADO de quem não conseguiu ouvir, compreender o SOM enviado por DEUS até ele."
—By Coelhinha
Oração do Silêncio
Ouvi o som do vazio, meu amor,
o eco de mundos suspensos no espaço,
como se o universo guardasse um segredo
no instante em que tua prece tomou forma.
Era um murmúrio antigo,
feito da respiração das estrelas,
um canto sem voz
celebrando a existência
num espelho onde o infinito se reflete.
Nos teus lábios, senti o renascer da matéria,
não como milagre, mas como fluxo,
como se o beijo fosse a maré se entregando ao vento.
Era a força que tudo move,
o gesto eterno que o cosmo repete
quando o dia se dissolve em sombras
e a noite se abre em promessas veladas.
Na reverência do teu gesto,
teu amor, meu amor,
era mais que oferenda:
era força que unia nossos mundos,
era órbita e atração em harmonia,
era o corpo compreendendo os ciclos do tempo
no instante em que se curvava.
Tu me tocaste com a alma entregue,
não em servidão,
mas na dança de corpos celestes
que encontram equilíbrio na troca.
Fomos constelações em convergência,
não por acaso,
mas porque o universo escolheu
aquele momento para ser eterno.
E ali, onde o vazio tornou-se canção,
onde a matéria renasceu em ternura,
aprendi que amar é dançar com o cosmo,
sem nunca precisar de respostas.
No início, o silêncio dançou,
Entre o nada e o tudo se criou,
A palavra, som não dito, brotou,
E a luz oculta em faíscas brilhou.
Do ponto surgiu a linha infinita,
O Nome esculpido no tempo, bendito.
Quatro letras, sopro eterno da vida,
E no sopro, o mistério não dito.
Yod é a chama que nunca se apaga,
Hei é o ventre onde o cosmos repousa,
Vav, a ponte que une o céu e a estrada,
Hei final, a vida que floresce formosa.
Ó viajante, que busca o segredo,
No coração a chave do Todo está.
No reflexo da alma, o espelho do Éden,
E o Tetragrama em seu ser pulsará.
Eu sinto uma profunda dor silenciosa...
Gosto do som da música, do percurso
da minha casa até o trabalho;
estou sempre ouvindo música.
Em casa e no trabalho, ouço o barulho
dos carros, dos comboios e de toda a gente.
Chego em casa, ligo a televisão e ouço o noticiário:
outra vítima do silêncio se atirou
nos ruidosos trilhos do trem.
No trabalho, ouço o rádio, que toca uma música ridícula, e
minh'alma sofrida dança desolada.
Gosto do som da chuva, lágrimas do céu;
até os homens choram, silenciosamente.
E o choro da terra é abafado
pelos nossos gritos ambiciosos;
ouço o barulho das fábricas, corro para o campo,
e a chuva, tempestuosamente,
em seu suave cair, encharca meu coração ressecado.
Gosto do canto dos pássaros;
da minha cama me levanto,
e nela me deito, ouvindo os tordos ao amanhecer
e os urutaus ao anoitecer que, calmamente,
levam distante meu espírito atormentado.
Gosto de deitar-me e dormir
com o barulho do ventilador;
porque gosto de barulho,
assim silencio os gritos sussurrados
em minha cabeça. E eu, que tenho sido tão quieto,
se os ouço e me falam, descanso resignado.
Mulher não fica na superfície, ela mergulha no lago fundo do silêncio quando quer abafar o som estrondoso das suas dores mais intensas.
Silêncio.
Antes do tempo, antes do som,
pairava o Espírito sobre as águas negras.
E então —
não trovão,
não espada,
mas Luz.
“Fiat lux,”
e foi luz.
Não luz do sol,
não chama que arde,
mas presença —
clara, pura, viva.
A terra gemeu, o abismo tremeu,
e do ventre do nada
nasceu a aurora.
Ó Luz do Altíssimo!
Tu que vês o que é oculto,
Tu que sondas os corações,
desce como rio sobre os mortos,
como bálsamo sobre os que choram.
Não temais!
Pois a Luz caminha entre os sepulcros,
e a morte se encolhe em sua sombra.
E aqueles que dormem no pó,
ouvirão a Voz,
e se erguerão —
olhos abertos, mãos erguidas,
envoltos de esplendor.
Et lux in tenebris lucet,
et tenebrae eam non comprehenderunt.
Ó Cristo, Luz do mundo,
tu és a lâmpada dos justos,
o fogo que não consome,
o sol que jamais declina.
Reina sobre as trevas do homem.
Reina sobre a noite da dúvida.
Reina sobre os ossos dispersos,
e dá-lhes carne,
e dá-lhes alma,
e dá-lhes cântico.
Pois viremos a Ti, Senhor,
com lágrimas nos olhos
e luz nas mãos.
E no último dia —
quando o véu se rasgar,
e o tempo cessar —
ouvir-se-á o canto dos anjos:
Lux aeterna luceat eis, Domine,
cum sanctis tuis in aeternum,
quia pius es.
E a Luz será tudo em todos.
Amém.