Soneto da Mulher Perfeita
Estampa
Minha relação com o tempo
Desafios em mim estampo
Fazendo minha doce pintura
Ou pelejando na dura escultura!
O resultado não tem importância
Se meu treino no tempo desfio,
Podes ser tu critico, em mim confio,
Pois tenho polido alguma elegância!
Nesta arte igual escrita faço o gosto
Aquele sentir d'alguma sensibilidade
Onde moldo e pinto talvez meu rosto!
Assim é possível fiar tranquilidade,
Desfazer qualquer tipo de desgosto,
Quiçá, a estampa da mera liberdade!
Brasão e Kamon
No vasto campo onde tudo se estende,
Observa a natureza que tudo se aprende!
Estiliza as coisas, faz na alma abertura,
Desta forma o Suzuki ou o Nishimura!
No Japão já disposto no esquema
No simbolismo a fazer sobrenome
Da origem a representação, o nome;
Os clãs em forma de um emblema!
Neste ritmo pensei aqui no Brasil
Os sobrenomes sob o céu azul anil
Tem emblema no berço de origem?
Todo fazer é imaginário da modelagem
Onde a diferença está no criar, na teima
Se brasão ou kamon, não tem problema!
Picadinho
Quando se fala da vontade e do querer
No rumo certo do que tem a afirmação
Tem o lado incerto do mal da castração
Que interrompe o caminho do seu saber!
A ideologia do mal faz a corja do ladrão
Ceifar o sonho da criança no seu crescer
Na escola a imposição se faz aborrecer
É coisa vedada sem aprumo e sem razão!
Na correnteza natural o rio tende seguir, ir
Deveria ser assim o desenvolver de gente
Mas, tem o castramento querendo impedir!
Por quê? Em cada mil apenas um se forma?
Por que tem escola de monte sem estudante?
É que, pica tudo na vã desculpa da reforma!
Ponto de vista
Em tudo o ponto de vista,
Há virgula da expectativa,
Há uma reticência e...logo...
Pode ser diálogo!
Um grande blá, blá, blá...
Eis, que o vento espalha
E tudo passa,
Feito fogo em palha!
Se contém-se é silêncio;
Muito se fala
É nécio!
Nisso tudo fico
Na perspectiva
Do belo pico!
Rorejo
Ao nuance mais belo da vida,
Há sempre lindo amanhecer!
Pétalas, folhas no rorejo flora
No espetáculo do bem viver!
Porque somos parte de tudo
Entre porções da existência;
Também um pouco do nada,
Entre razões do ego absurdo!
Preencha-se e continuemos,
Vamos juntos, seguir o rumo
Neste universo onde vivemos!
Que seja tudo o bom proveito
Para a vida de bem e aprumo,
Não para o mal e o desgosto!
Sem superstição
O azar bem ao ver não existe!
Mas, há quem prefere assim,
Á culpar o gato e a sexta treze,
Isso é uma desculpa pra mim!
Coisa da invenção da preguiça,
Que se deixa de agradecer o dia!
Daí, desatento, é pego a enguiça,
Esse sim, atrasa e torna-se tardia!
Pois, sem bem, todo mal vem
No dia, na hora e quando quiser,
Basta deixar vazio seu coração,
Atraindo o mal, dispersa o bem!
Coloca fé e Deus a te proteger,
Viva livre e sem tal superstição!
A arte
A arte é a parte do encanto criado:
Ás vezes serenidade, outras vezes
um arrebatamento do algo na alma,
sem intento de nada, só expressão!
Ao talento cabe tudo, até o pecado,
ou o silêncio, ou um grito de vozes!
O que importa é a paz que acalma
os sentimentos dentro do coração!
A arte tem um que de Deus e oração;
Há saudade, amor, encanto, intuição,
tem filosofia, sabedoria e realidade!
Veste-se de sonho e também ilusão;
Traz também a beleza ou a reflexão,
ou qualquer coisa de uma liberdade!
Entre elos
Ah! Meu amor tão ardente,
Coração em brasa quente!
Na boca o beijo puro, doce,
No amor somente eu e você!
O ninho aconchega a cama
Entre lençóis a perder-me!
Embebo do mel que derrama
No meu feitiço a envolver-te!
Nesta hora a esperteza,
No corpo esguio e belo
O carinho faz destreza!
O instinto faz-me o zelo
Enverda-me na correnteza,
O coração e a flor em elo!
O quebra - cabeça
Certa vez veio - me a seguinte ideia:
- Nossa vida é um quebra-cabeça!
Quem não sabe jogar, fica na platéia,
Fica a ver, que o outro o jogo vença!
No jogo vence quem sabe encaixar
Cada peça no seu devido lugar!
Na vida vence quem sabe lutar,
Ama a própria vida sem se queixar!
Se o objetivo é sempre uma meta,
O sonho consiste em se realizar
E o quebra-cabeça é a descoberta!
Á quem a própria vida sabe decifrar,
Criar estratégia na própria conduta,
De repente, aprende sozinho a jogar!
As bênçãos das crianças
Ainda que o mundo pareça torto,
que se ouça muitas reclamações
que ainda discutam sobre aborto
é que ao crime quer dar explicações!
O universo é muito mais bonito
do que se imagina qualquer um,
entre estrelas a criança é o mito
se abençoada nascem uns alguns,
no berço encantado de esperança!
Abra seus braços em lindas ações
para contemplar toda luz da criança
e todas as almas nas constelações...
Debruçem o perdão se é fiel a aliança
Deus perdoe e abençoe todas as criações!
Assombro de metrô
Ainda que o assombro me cause
nas vezes em meio a multidão
eu talvez do conforto abuse,
se não dependo desta condução!
Aos milhões diariamente vai cheio,
se empurra na muvuca de sempre
desta falta de educação receio...
com bolsa ou algo que eu compre,
se em meio a multidão vá furtivo
neste meio sem nenhuma condição
haja visto um ladrão e seu motivo...
que Deus me livre o pensamento
se houver por acaso um arrastão!
Cruz e credo! Deus dê o livramento!
Canção para o cerrado
Não basta ser anunciado
é preciso dele perceber
o teu chão encantado
diversos no seu haver
misterioso e intrigado
Não basta cantar a aurora
sem a volúpia do vário
do belo que é sua flora
cerrado, velho santuário
peão do sertão, pandora
Não basta uma olhadela
é essencial o banquete
amor doido fado canela
se doar em ramalhete
tal uma virginal donzela
Pra apreciar o cerrado!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
novembro
já é novembro, dos ventos
o tempo fugaz caminhando
as quimeras em movimentos
rodopiando, e que seja brando
inflados de sentimentos...
as coisas já esquecidas
no bolso da promessa
que não sejam retorcidas
e tão pouco tenha pressa
que cure, todas as feridas...
há tempo após a existência
tenha fé, no nosso Criador
mais louvor... mais reverência
e assim, mais sal, menos dor
afinal, o penúltimo mês do ano
que o recebamos com amor
e que não sejamos, profano...
no coração todo o valor
lembranças, sem dano
mês de finados, luz, fervor...
bem-vindo!
- mês 11 do calendário gregoriano
chegou novembro, que seja lindo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01/11/2019, 05'35"- Cerrado goiano
Fios que tecem
Meus cabelos quando crescem
Às vezes, no corte da mudança,
Outras vezes ao vento balança,
Outras, linhas de fios que tecem!
Gosto deles de qualquer jeito
Se assentado no liso perfeito,
Ou ao acaso com friz, eletrizado.
Não gosto deles todo chapado!
Fica com aspecto de lambido
Do tipo de cuspe de boi babado
Prefiro do jeito que ele nasceu!
Afinal o cabelo é todo meu
Se ele te causa desagrado
Vá fazer chapinha no seu!
Ócio criativo
I
Do ócio das vagas horas
Um conceito de aprumo
Concedeu ás memórias
Seguir algum novo rumo!
O apreço logo se fez belo
D'alguma coisa de efeito
Elaborar sem preconceito
Artefatos ou um castelo!
Sei lá desta tua habilidade
Mas, sei dizer de um fazer
Este da minha capacidade,
Não é convencimento o tal,
Fazer do afinco de querer
Deste jeito sem ser metal!
II
É um autodidatismo o ato
Que se descobre na ação,
Ficar só no ver, é papo...
É preciso fazer co'a mão!
É nisso que reside o sentir
O de se colocar no lugar
Daquele que prega o provir,
Que devemos progredir!
Meu convite de aceno real
É para toda alma sem idade
Á descobrir um novo ideal!
Cá dizer aos nossos neurônios,
Que a nossa criatividade
Espanta até, maus agouros!
Deus está sempre contigo
Respire tão profundamente
para que sinta o ar na mente
e em todo o corpo seu,
depois conecte com Deus!
Deixe que o silêncio te invada,
sinta a paz e não pense em nada...
A paz de Deus flui em você,
e a serenidade se manifesta!
O seu coração está tranquilo,
a emoção flui em equilíbrio
teus sofrimentos não mais existem!
Deus te ama e é seu amigo,
a sua serenidade agora é agradecer
pois, Deus está sempre contigo!
Cio da alma
Quantas linguagens existem
Quantas leituras fazem
Quanto o silêncio diz
Quantos poemas já fiz?
Não sei se é preciso contar
Porque o que importa a mim
É a resposta que tenho a dar
Á Deus que destinou meu fim!
Se mil vezes poemas crio,
Sem muito que preocupar
Deve existir alma no cio!
Ou eles descem lá do luar
Pois, não sinto gelido frio
Se na noite mergulho no mar!
Rastro cívico
O que se cria num toque se amplia
No novo a coisa, passa á outra valia
De repente tem ela uma outra função
A coisa é mesmo o criar da interação!
Olha para a coisa feita e depois imita
Não fora assim o ser de um eremita?
Ao encontrar- se no distanciamento,
Os primeiros a fazer do pensamento,
Uma forma de meditação a ser seguido?
Eureca! Quando algo descobria Ludovico
Não servira de ideia no fazer de um penico?
Até mesmo a estrela que foi fazer fuxico
Deixou no caminho um rastro cívico
Que humano desenhar o crucifixo?
Asas da saudade
Asas de matizes perambulam
Voam soltas na sua liberdade
Juntas as cores tremulam
Adeja a bandeira da saudade!
Eu pequenina e as borboletas
Éramos soltas nas brincadeiras
Até pairavam em minha mão
Quisera eu voar saindo do chão,
Iria eu pousar numa pétala
Colher mel igual a elas
Ou recolher uma estrela!
Borboletas ainda lindas
Azuis, vermelha ou amarela
Nelas minhas asas coloridas!
Olhar de japa
À este olhar de japa
Nada do intento escapa
Ela vê o fim escondido
No íntimo mais profundo!
Não tente moldar intenção
Com dizeres de reticências
E seus status sem razão
À provocar maledicências!
Meu olhar é sincero e puro
Assim também é meu ato
O mal não gosto e não aturo!
Se minha amizade quer de fato
Não se traia a ser imaturo
Pois, decifro qualquer intento!
