Soneto da Mulher Perfeita
Um soneto em seu olhar
Uma tristeza contida
Reconheci aturdida
Quando cruzei seu olhar
Uma profunda ferida,
Abriu-se em dois minha vida
Sem chão, sem teto, sem ar!
Fui eu a navalha afiada
Sem tato, desgovernada
Que perfurou envenenada
Rasgando-lhe o coração?
Quero morrer compungida
Vagando sem rumo na vida
Ressequida, de alma exaurida
A conclamar seu perdão.
Deise Jacques.
Viver de Novo
Edson Cerqueira Felix
15.05.2019
Soneto
Meu amor
Por toda a eternidade
Para toda eternidade
Venha galopar sobre o meu sonho
Não sentirei mais frio
Não chorarei mais com você
O meu sorriso de felicidade
Através de um reflexo
Rompendo o tempo
Num corpo
Outro meu, outro seu
Sonhar pela eternidade
Acordando na mente
Que abriga a minha
Um Soneto Qualquer
Dirá um sábio algum dia
Palavras que não se anulam
Com divina eloquência
Ou similar envoltura
A cultura na penumbra
Essência insurgente
Como um solo transparente
Que não sente mas a chuva
Não há mais resiliência
O rapaz como amuleto
A menina em devaneio
Inspirações em decadência
Não pode virar tendência
Essa seca de cultura.
Hino à Tarde (soneto)
Do sol do cerrado, o esplendor em chamas
Na primavera florada, entardecendo o dia
Fecha-se em luz, abre-se em noite bravia
Inclinando no chão o fogo que derramas
Tal a um poema que no horizonte preludia
Compõe o enrubescer em que te recamas
Rematando o céu em douradas auriflamas
Tremulando, num despedir-se em idolatria
Ó tarde de silêncio, ó tarde no entardecer
De segreda, as estrelas primeiras a nascer
Anunciam o mistério da noite aveludada
Trazes ao olhar, a quimera do seu entono
Cedendo à vastidão e à lua o seu trono
Sob o véu de volúpia da escuridão celada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Não é um Soneto porque é Maior
Tem gente que pensa que o amor é tudo
O amor não é tudo, o amor é quase nada
Porque no tudo também tem o que oprime
O que define, é ruim, e faz mal
Tudo é uma generalização
E toda generalização é burra
Mas, nem toda, afinal isso seria burrice
Porque no amor o tudo é sempre pleno
O amor é sempre eterno e nunca falha
O amor sempre transborda
Mas amor nunca é demais
O amor é quase nada, é assim que deve ser
O amor é um sopro frio no inferno
Só uma rima num montão de versos
Soneto meu bem maior
Me faz ser mais
Mais adulta ou mais criança
Me faz ser vida
Mais feliz e mais vivida
Me faz ser alma
Me olha, me acalma
Me faz ser carne
Me ascende, me apaga
Me faz ser gestos
Gestos bobos que de mim, muito falam
Me faz ser mais
Mais um pouco capaz
O teu amor me trás
Mais um tanto de paz...
Soneto de Separação
(Paródia)
Num crescente do meu riso fiz pranto
Ruidoso e franco como a amargura
E das vidas unidas fiz loucura
E com mãos desamparadas fui santo
Num crescente sem calma fiz tormento
Que dos olhos desfiz a última dama
E da ilusão fiz o meu arrependimento
E do sofrimento imóvel fiz trama
Num crescente, não mais que num crescente
Fiz de triste aquela que fiz amante
E de sozinho em que se fiz presente
Fiz de um amigo pródigo o distante
Fiz da vida uma fulgura constante
Num crescente, não mais que num crescente
Soneto do Pássaro
Suas asas batem
Os ventos do sul nelas tremem
Breve segundo de luz
É perfeito pra teu corpo , reluz
Uma deusa ou mortal
Pássaro alado ou divino
Tua leveza ti transporta ao paraíso imortal
De longe podes perceber
Que triste não irás lhe fazer
Multi colorido nesse céu astral
Flutua tua beleza nessa aurora boreal
A procura de um canto
Repleto de encantos
Parece humano, na busca de sobrestar seus enganos
Soneto da saudade
Quando sentir saudade
respire fundo
e pense duas vezes
Que não é o fim do mundo
mesmo sabendo que não é,
o fim...
olhe para o nada e pense em tudo
tudo que podíamos fazer ate o amanhecer...
saudade daqueles beijos
saudade dos teus abraços
e agora estou aqui sem saber o que faço..
momentos que passamos não terá como esquecer...
saudade daquele tempo
que era só eu e você
Soneto do sofrer materno
Nuvens de sofrer: dentro do peito gritam”.
E nos olhos, em forma de lágrimas, crescem.
As inumeráveis gotas pela face enternecem,
Minuto a minuto aumentam, às vezes se limitam.
(...)
Soneto do IR
Mandaria-lhe meus versos, mas primeiro, o Leão.
Pode ser sem importância, mas eu lhe direi que não,
Mesmo sem ser milionário, a tarefa é a mesma,
Com recibos, comprovantes ‘tou’ juntando uma resma.
Como ter tranqüilidade pra poder criar poemas,
Se a renda disponível vira fonte de problemas?
Fico sempre no aguardo de uma lei ou portaria
Que tornasse palatável essa grande porcaria.
E assim fico olhando os recibos de escola,
Que juntei naquele canto, sem saber da armadilha.
Eu paguei uma fortuna, o desconto é uma esmola.
Pois, por trás de tudo isso, Everardo e matilha
Se divertem num conjunto que nem sempre desafina
Ao Rachid , com um sorriso legam a tal ‘malha fina’.
soneto do primeiro outono
às estações, diga-se de passagem
digo que podem passar
já que contigo o que sempre resta é aprendizagem
não estarei mais aqui se um dia isso terminar
ainda que demorem a passar as noites sem a tua presença
ainda que a distância tente insistir em indiferença
ainda que as semanas resultem em descrença
é em ti que eu vou estar pensando,
com saudade daquilo que ainda nem aconteceu
é o nosso contato o que eu vou estar imaginando
inspirando tua expiração e concluindo que eu quero, sim, ser teu
passem, sim, mas passem devagar
para que cada segundo a gente possa aproveitar
vou usar o clima do outono como desculpa pra não passar um dia sem te abraçar
Soneto de Inês
Dos olhos corre a água do Mondego
os cabelos parecem os choupais
Inês! Inês! Rainha sem sossego
dum rei que por amor não pode mais.
Amor imenso que também é cego
amor que torna os homens imortais.
Inês! Inês! Distância a que não chego
morta tão cedo por viver demais.
Os teus gestos são verdes os teus braços
são gaivotas poisadas no regaço
dum mar azul turquesa intemporal.
As andorinhas seguem os teus passos
e tu morrendo com os olhos baços
Inês! Inês! Inês de Portugal.
Soneto da chegada
O amor é fruto do sentimento
É dor absorvida com prazer
Às vezes, dificil de entender
Pois compensa grande sofrimento
Veio curar o meu lamento
Minhas vontades satisfazer
Veio você pra me entender
E me libertar do aborrecimento
Um anjo, sutil e perfeito
Que cai em meus braços
Ocupa e aquece meu peito
Sem incógnita nem embaraços
Com afeto, carinho e respeito
Resultando em beijos e abraços
SONETO DE UTOPIAS
Onde vislumbro a utopia
Contudo a plantar quimeras
Como quem colhe poesias,
de todas serás mais bela.....
E planto um pouco de ilusão,
Enquanto durmo falo com elas.
Que delírio poder falar-te então....
A plantar sonhos, colher quimeras.
Que desdita falar com utopias.
O que os sonhos te dizem?
Do que te falam as fantasias?
Pois só quem planta utopias,
Poderá sonhar e falar então,
plantar ilusão e colher poesias.....
Falso Soneto II
Adeus, minha querida, adeus, meu amor!
Dei-te afeto, carinho, e tu, só me deste dor
Agora, vou-me embora, mas de ti não esqueço
Porque tão ingrata com quem te deu tanto apreço?
Fizeste-te escarlate aos meus primeiros cortejos
Agora, é com tristeza n’alma que eu te vejo
Entregaste-te a outro! Sabe que ele não te ama!
Não vale um vintém, bêbedo que minha musa profana!
Despeço-me agora de ti querida, não posso mais
Ver o que tu fazes comigo, mata-me aos poucos
Só queria ter os sorrisos, que tu me davas tempos atrás
Pois adeus, luz de minh’alma, não posso curar esta ferida
Não aguento teu desdém, teu descaso deixa-me louco
Morro, lembre-se de mim, como quem mais te amou em vida...
SONETO DOS PUROS
Ser alvo como a neve, o amor
Sereno corpo, refulgido ser
O clamor, o pranto a amanhecer,
No brilho ávido o temor.
A pureza de sequiosa luz
A refletir no tempo o meu olhar
Luz aguerrida a purificar
E inerte chama que me conduz.
O porvir, o dormir, o ir, o rir
A pureza de ser e o vago fulgor
De um vasto tempo e inerente luz.
A segregar na luz o pranto
A unir o puro encanto
De um vago momento o qual reluz....
Soneto de esperança
Quando pego a caneta pela mão
E eu risco a esmo em um livro de poesia
Não sei que pensamento me alucina
Rabisco inconsciente “Amadeus”. Não!
Recuso a ti em mente, se te recuso
E volto ao meu recluso pensamento
Mais grita e se expande o sentimento
Já me vejo diante do teu vulto.
Balanço as mãos ao vento e só me admira
Que esteja em frente a mim sempre mais nítido
No espelho do banheiro em que me via
Amadeus não é o amor de uma vida
É um consolo para um semblante aflito
A espargir água santa na cortina.
Soneto de carinho
No segundo perfeito
entregarei meu peito
ao seu lindo rosto,
pétalas do meu jasmim.
E que seja um encosto
ou apoio ás suas lágrimas,
mas que jamais sejam
derramadas por mim
Pois te quero feliz
E que eu seja uma página
desta sua literatura
que eu já decorei
mas que não amei
apenas por um triz.
Soneto de Despedida
Que não sejam só promessas, palavras
Que seja, contudo e antes de tudo, o ato.
Que não seja o que evolui, apenas.
Mas que seja a pureza do princípio, o nato.
Que não seja o imutável, mas que não mude.
Que seja ao menos o mínimo, mas cresça.
Que não seja só mais uma paixão - que ilude
E se não for para subir, que ao menos não desça.
Se não for para sorrir, que eu chore.
Se um dia for florir, que eu regue.
Que se tiveres de partir, que eu não implore.
Se não for nos seus braços, que eu nem me aqueça
Se não for o nu e cru da verdade, que eu apenas negue.
Se não for a tua voz, e o teu beijo, que eu esqueça.
