Soneto da Espera

Cerca de 9375 frases e pensamentos: Soneto da Espera

BORDÃO (soneto)

Recordar-te é fazer brotar o amor
que não morreu, estava prostrado
e num gesto apenas demonstrado
revive que amei, com um tal fervor

É de um silêncio tão ensurdecedor
que o presente então vira passado
o passado na saudade é lembrado
e guardado no peito a ti acolhedor

No tempo e espaço, a imaginação
delira com sofreguidão da evasão
aos tinos, por mais que não olhe-os

Então, que me resta é a recordação
e sonhar, pois és sempre o bordão
de nostálgica memória aos olhos!

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ÚLTIMO SONETO PRA TI

Alega o teu olhar não me querer mais
com palavras tão vazias e sem dispor
Agora como sair deste vicio imperador
se no coração, ter-ti, ventura me traz

Alega tuas mãos, negação e mal humor
é um artifício impensável que dói demais
E nesta meada a tramontana é a que vais
se com plangor, é por ter tédio no clamor

Agora me sinto um nada nos teus sinais
São tantos versos esquálidos e sem cor
Deserção, desencontro e desapego tais

Pois, minha emoção sempre foi dispor
o laço, nos laços não foram desiguais...
Se lhe é aversão, saiba que eu fui amor

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FRONTEIRA (soneto)

Em cada rosa, sempre existe espinhos
Nos árduos caminhos, também vitórias
Na humildade é que se escreve glórias
E com amor no amor se tem carinhos

Somos breve nestas águas transitórias
Para que seja leve, deixe os desalinhos
No tempo, tão valioso, e tão torvelinhos
Então, sê a figura mor de suas histórias

Nutre-se do néctar de querer mudança
Pois cada instante da vida é esperança
E a cada espera, objetivos e memórias

Perder ou ganhar são só da vida aliança
Tente. Persevere. Ai terás mais bonança
Trace nestas diversidades as trajetórias

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

EU POETO, ELA POESIA (soneto)

Não sou só, os poemas são companhia
Sempre comigo, falam com a inspiração
Traz lá de fora o diverso numa multidão
De cores, e sabores, em total demasia

Sou poeta! Na reta: curva e ondulação
Num labirinto de devaneios como guia
Aquecidos pela chama duma tal magia
Do doce amor, saídas do meu coração

Sim, não estou só: eu poeto, ela poesia
Que vive em mim numa eterna emoção
Se estranho ou comum, a mim sacristia

Nesta verve, não sei o que é ter solidão
Se assim me compraz, não tenho ironia:
Pranto, canto ou nostalgia, só questão.

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO SILENTE

Dia nublado no cerrado com ventania
Nostalgia nos olhos alumia o nebuloso
Tal como folha seca me sinto fragoso
Na brisa árida dum céu de monotonia

Range o peito num cântico escabroso
Apofântico, sem firmamento na poesia
Num par romântico de solidão e euforia
Tal chuva escassa no sertão sequioso

Alvorecer sem brilho e luz com alegria
Trazendo imenso sentimento saudoso
E na disposição uma tão nada ousadia

Caminho soturno neste vazio rigoroso
De chão cascalhado e de desarmonia
Que o silêncio comutou, vinho precioso

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

UMA CANÇÃO (soneto)

Este meu trovar é para nós dois
Num poema aterrado no coração
Com versos cifrados na emoção
Ouça! E não o deixe para depois

É fruto da lembrança em inspiração
Que surge do que para mim tu sois
Não de um tal silêncio em vão, pois
Este, só faz saudosar e ter distinção

Se aqui no canto tem algum pranto
Saiba que é porque eu te amo tanto
E cada lágrima poetada é de paixão

Eis, então, a minha voz, entretanto
Leia nas entrelinhas só o encanto
E verás muito mais que uma canção!

Luciano Spagnol
21, agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMOR POUCO (soneto)

Num amor pouco, parco é o afago
É não saber quão bom é o presente
Assim, poder a alma estar contente
E ter por alguém um sorriso largo

Aí, fica tão carente do sentir quente
Perde-se do alvo do farejado frago
Têm-se na solidão o gosto amargo
E ausência do beijo, de repente (roubado)

Sem amor, saudade é vazio selado
Dos rumos da vida se é deslocado
É mergulhar na luz sem densidade

E neste universo do eu tão calado
Desta redoma de um olhar isolado
Amor pouco, é ter-se pela metade

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO EM SENSAÇÕES

Amor é abstrato, figura do coração
É tal qual perfume grassando o ar
Promessa e jura apoiada no altar
Quando dois olhares num só são

É sentimento, que nunca é em vão
Traz sonho e nos faz assim sonhar
Faz picada no anseio, pra caminhar
Um desejo nutritivo para a emoção

Amar do amor vai além, é o gostar
Espírito numa perfeita comunhão
Dança que põe o sangue a dançar

Nesta atração há poesia e canção
Que invade o peito e põe a tilintar
E aos sentidos traz varia sensação

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

IPÊ AMARELO (soneto)

No teu fugaz aflorar. És partitura
Duma melodia cálida fulgurante
De etérea figura num semblante
No ápice duma passagem pura

Se ergue na paisagem, vibrante
Em efígie no cerrado, escultura
Tão cróceo de aparata candura
Num teor pomposo e insinuante

Ave ipê! Natureza na sua mesura
Aos olhos se faz guapo arruante
Ao poeta estro em embocadura

E neste Éden de aptidão gigante
Ao belo, a quimera se aventura
Numa viagem de visão alucinante

Luciano Spagnol
Agosto de 2016

Inserida por LucianoSpagnol

NOTURNO (soneto)

O silêncio sobrou-me como alento
E o vento ressoa a última vindima
De ilusão... Desagregada da estima
No tempo noturno bem mais lento

O sino da matriz soa em pantomima
Chamando a esperança do relento
Para que se funda ao sentimento
E derrame em fé e não só lágrima

O sono evoca vinho como fomento
A solidão adentra na noite a cima
O relógio no pensamento, tormento

Me busco, e não encontro a rima
Me olho, o passado vira lamento
E o aninar na vigia não aproxima

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Último dia do mês

Inserida por LucianoSpagnol

UMA TRAMA (soneto)

A trama da perda tece o vazio
com fios do sofrer trançados
numa arte com a dor casados
que não abafa o frio arrepio

Ter e perder, já estão tramados
no fado, sem nenhum extravio
mesmo que a sorte cate desvio
as intenções darão seus brados

Pratique perder no ritual e feitio
para assim adoçar os finados
alvejando o olhar no ato sombrio

Perdi, perdeu, são passados
até perder, viva sem fastio
pois elas não deixam recados...

Luciano Spagnol
06, setembro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO BREVE

Curto é o caminho que termina a vida
E nele: por do sol, luares, risos e dores
Pra no final mancheia de terra e flores
E se deixar saudade lágrima na partida

E nesta despedida, que seja sentida
Se não, que seja pelos reles valores
Afinal: - amei e tive os meus amores
Todos na forma pela alma absorvida

Senti sabores por onde pude passar
Tive traidores, mas aprendi a perdoar
Não se vive inteiro se não tiver amor

E na morte, brando quero ter o olhar
Minha fé é minha sorte, meu rezar
Neste sonho vou sonhar com o Criador!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMAR (soneto)

E agora! Eu quero ter paixão
E assim, poder ter um amor
Viver de amar num coração
Paixão de amor, aonde eu for

E neste encanto, ter emoção
Num doce viver, e ao dispor
Um romance de flor, de razão
Suspiros, com ar arrebatador

Então, beber de magos lábios
O afeto citado nos alfarrábios
D'Alma, que faz a gente sonhar

Para na sensatez dos sábios
Mostrar e sem ter ressábios
Que bom, é ter e poder amar!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO CINZA

Então, matizei de cinza os meus passos
na secura do cerrado, todo empoeirado
me enroupei de gesto insano e calado
para dar cor aos sonhos tão escassos

No céu cinza, ressecado, me vi sentado
a rua silenciosa era só rotina e cansaços
num claustro cinza, tão cheios de traços
e todos irregulares, opaco e acinzentado

Tentei colorir a saudade, já sem espaços
aí, então em mim, o cinza ficou afogado
como se pudesse, eu haver mais regaços

Sumido neste cinza, estava o meu brado
e vi que nascia em mim, vários pedaços
do tempo, que carecia ser, então, colado

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

MEDIDA DO AMOR (soneto)

Não se tem saudade, sem ter lembrança
Não se tem amor, sem que se tenha dor
A separação é a pétala de uma rara flor
Que se desgarra do fado em sua dança

A nossa existência é um bafo de vapor
Na emoção tem renúncia e esperança
É nos riscos que nos faz perseverança
De um olhar, um sonhar, de um clamor

Não se deixa os trilhos de ser criança
Sem paixão, afeto, calor a se interpor
Pois, na vida sempre há semelhança

A distância de um amor, vai onde for
Sua medida não se afere na balança
Viverá sempre conosco, no interior...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO PRA OUTUBRO

Outubro, o mês da vida renovada
da casta, pura e bela primavera
tempo que fala poesia, nova era
com a vitalidade toda iluminada

É o mês dos corações na esfera
da nova celebração, nova estrada
do vento aflando cálida madrugada
de mãos dadas com terna quimera

Outubro das flores, natureza florada
em que o dia e a louvação se esmera
festejando a vida com hora marcada

E na dança da superfície da biosfera
o cerrado enroupa de frugal camada
de cor, odor, enodoando a atmosfera

Luciano Spagnol
01, outubro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

LUGAR (soneto)

Se aqui vim, o lugar cativo é além
pois aqui, acolá, tudo é transitório
no definitivo tem-se o provisório
somos todos, e todos ninguém

E nesta morada frugal, o porém
não é fazer e ou ter, em inglório
mas ser mais que o satisfatório
sorte, fado, sem tornar-se refém

Tudo tem tempo marcado, notório
se revela para alma o mal e o bem
livres na escolha, dor é purgatório

Entretanto a ignorância nos retém
no breu das chances do absolutório
pra se ter um lugar, do amor advém!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VENDAVAL (soneto)

Entre a saudade, a aridez do cerrado
ressecando as lembranças tão sós
adormecendo luas e sóis para nós
em suspiro e soluço ali amargado

Eis que um vendaval de tão feroz
arrombou-nos os sonhos sonhado
deixando o intervalo assim atado
num amarrilho lamento, num retrós

Aí, neste embaraçado, eu atordoado
Oh! Amor, nem sei se estou acordado
ou tão pouco adormecido na ilusão

Só sei que pouco a pouco aqui calado
na solidão, o coração tão esperançado
em vigília, que aporte de novo na paixão...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DE MIM

Na quietude e silêncio do cerrado
dos pensamentos eu me desligo
e o sentimento se põe aí calado
esta é a emoção onde me abrigo

Num vazio do tempo desfolhado
da saudade, sair eu não consigo
sou o ressecado chão empoeirado
e d' alma em evasão sou mendigo

E é neste legado de um passado
que saudosar tornou-se castigo
e o castigo sacrossanto enfado

Assim, tudo o que trago comigo
é amor, apenas sou... um fado!
Que tentou ser primavero e amigo...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DORIDO

O poetar suspira com tons de tristeza
Num soneto dorido de eco e de soluço
Amarelecido num sentimento feduço
Onde a poesia seria de alvura e beleza

As rimas lacrimejam num cambaluço
D'alma, que sentida, cheia de afoiteza
Irradia negritude duma pura chateza
Onde a simetria vira angústia e rebuço

Numa emaranhada toada de crueza
Embuça os versos em um manhuço
Tão perversos e cheios duma vileza

Assim, a inspiração veste o garruço
Da "sofrência", com sua total frieza
Chafurdado os versos num chapuço

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

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