Soneto 18

Cerca de 3203 frases e pensamentos: Soneto 18

⁠NÃO HÁ

Não há em um soneto quem poética visse
Quando se quer, o amor, no verso cantar
Ele encanta, faz ao leitor, assim, encantar
Por ter aquele agrado, sem ser uma tolice
Ama tudo isso, e nunca é uma vã chatice
Deixa escorrer pelas mãos o doce poetar
Os sussurros do coração e então cativar
O viver, fugaz, por conseguinte a velhice

Tem olhar na inspiração, belo e fecundo
Tem abraço, tem gesto, se alimenta disto
E o sentimento, aí, alto, melhor do mundo
Supera a trova desigual, cada imprevisto
Suspira, poetisa as sensações ao mundo
E a emoção muito mais que apenas isto...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 maio de 2023, 15’05” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TAL UMA BOCA QUE DESEJA

Vês? Não sentiste meu soneto amável
Poetizado com a sensação em espera
Somente o desinteresse, em ti impera
Deixando à emoção: tristura inevitável
E, neste poetar de uma paixão sincera
Um amor, aberto, ao coração palpável
Vindo d’Alma, do sentimento inevitável
Uma necessidade, de doce atmosfera

Agora, resta o pranto, o silêncio bizarro
A dor cortante, afastamento, o escarro
Quem um dia amou, todavia, apedreja
Se o meu verso causa inda poética saga
Tu o vês insignificante, ele, que te afaga
Beija, ameiga, tal uma boca que deseja!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 maio de 2023, 18’24” – Araguari, MG
*soneto que dialoga com "Versos Íntimos" de Augusto dos Anjos

Inserida por LucianoSpagnol

⁠CRISTAL QUEBRADO (soneto)

Neste versejar estreito e amarrotado
uma saudade, dura, estirada na rede
de verso tedioso, o dia, assim, despede
suspirando com sonho desencantado
e em um canto da imaginação, a sede
de ilusões, desejos, no pesar bordado
delicado tal um copo de cristal lavrado
em que, às vezes, a sofrência excede

é trova com choro, o que muito sente
cada rima, uma rima com uma solidão
bêbedo de dor, que dói n’alma da gente
poética que faz o coração abandonado
deixando o soneto cheio de sensação
nota, e cicatriz de um cristal quebrado.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 junho, 2025, 19’36” – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto nostálgico

Solitário passei a falar com a solidão
A lua passou a me ver amanhecer
E o brilho do sol a me ver anoitecer
Então o repesar instalou no coração

Via a noite, as estrela e a escuridão
Na comitiva o ontem, hoje o porvir
Tentando comigo alvos para sentir
E nos cochichos nenhuma questão

As lágrimas não mais querem falar
Para que chorar, naquele momento
O vazio é quem veio em mim poetar

E neste total silêncio do pensamento
A viga do tempo e que veio escorar
A saudade, pois o fado é seguimento

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto variante

Hoje sou diferente do ontem
Ontem eu era diferente do hoje
Amanhã serei díspar no reloje
Variamos no tempo, outrem

De manhã sou um de tarde outro
Se vivo! Diferente anoitecerei
É o destino em seu decreto lei
Sou um, sou vários, aqueloutro

Passo a passo na cadência
Rugas, choros e sorrisos
E assim parindo essência

E nestes todos atos incisos
Ando onde me há subsistência
Até quando tiver regência e improvisos

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto Amoroso

Este é um soneto amoroso
Que verseja alacridade
Recoberto de docilidade
E rimas de um olhar airoso

São versos tão teus
Desenhados nos sonhos
Aqueles doces risonhos
De momentos teus e meus

Sirvo-te em oferenda
Está tão terna prenda
De entrelaçada renda

Assim, aqui metrificado
E na alma concretizado
O amor deste apaixonado

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto de um amor

O amor é um delicioso balsamo
Que perfuma a alma com afago
Traz ao coração nenhum estrago
E a doce felicidade, olhar calmo

O amor quando se realiza
Abre caminhos a emoção
A alma se veste de paixão
E a dor da solidão cicatriza

O amor desperta saudade
No carinho traz fidelidade
Na razão é ingenuidade

É poesia para o amador
De rima suave e multicor
Poetar o amor de um amor

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto do meu eu

Em busca do meu eu, muito errei
Noite a dentro, adentrava em prece
Tolo fui eu, pois a vida acontece
E por muito querer, muito eu andei

Neste dilema o silêncio foi solitário
Achei areia e cascalho sob os pés
E nas procuras tive prazer e revés
Mas sempre nostálgico no itinerário

Fechei os olhos, e ao amor poetei
Pois a poesia tornou-me alicerce
E nos vários temores me encontrei

Tive fala de saudade no meu diário
A cada por do sol tentei ir através
Mas fui operário no meu eu arbitrário

Luciano Spagnol
01/06/2016, 03'16"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto do inverno no cerrado

O cerrado amanhece no inverno
Dias mais frios, frio árido e tardio
A sequidão no seu ápice bravio
E as manhãs num vento galerno

Em enigmática bruma sobre o casario
Com o sol dessemelhante e alterno
E a sensação de frescor sempiterno
O cerrado se faz em mistério e fastio

O verde transfigura em cinza superno
O céu se enroupa tremulante e alvadio
E as temporãs flores finta o quaterno

As folhas hibernam num cerrado vazio
Tão ébrio, gélido e de um poetar interno
Numa canção de chuva qualquer e estio

Luciano Spagnol
Cerrado goiano
01 de maio de 2016

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto idílico

Acordar, aguar o jardim, fingir um dia
e assim inicia a melancolia e o vazio
o sol a pino, cerrado e o sonho macio
das saudades num tempo em primazia

Sim! O tempo não é sentido, é ébrio
os amores ficaram, são sem analogia
trariam o meu peito, viraram euforia
nas lágrimas algozes do olhar esquio

Tudo é efêmero no triste e na alegria
árido o sentimento e cheio de arrepio
que importa se tem saída ou portaria

E neste movimento de soltura e exílio
a magia do por do sol torna cortesia
nas palavras que cantam o meu idílio

Luciano Spagnol
05 de julho, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto garimpado

Na peneira da vida eu joeirei o amor
Entre vários cascalhos que separei
Nesta labuta e suor, aí te encontrei
Pois ele acontece, não é um eleitor

E assim árido, pelo tempo eu viajei
Bem acreditei, tive pouco ao dispor
Num certo dia pude sentir o frescor
E passei do silêncio pro apaixonei

Desde então vivi o perfume da flor
O garimpo do coração abandonei
E neste gigante afeto tenho ardor

Ai em uma nova luz me entreguei
Pude ser palavras, gestos, e odor
E que noutros versos eu não amei

Luciano Spagnol
2016, junho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto da saudade tua

Não consigo ficar sem te escrever
cada cheiro teu que comigo ficou
tornou versos que comigo chorou
aqui nesta ditadura no meu viver

São sonetos que a paixão poetou
São momentos de amor sem ter
perdidos nesta dor, dói pra valer
latejando no coração, ali aportou

Sem o teu sorriso a quem recorrer
o teu olhar a recordação eternizou
os meus retalhos, estou sem coser

Por fim, vagueio, não sei onde vou
é trilha sem som, sem como finalizar
é tal saudade, que ainda não passou

Luciano Spagnol
2016, 07 de junho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto de perda

A perda é igual ao um fio de navalha
fende-se num leve resvalo do destino
que engole a alma num apetite ferino
no alto e baixo de uma eterna batalha

Nos testilha, pouco a pouco, sem tino
como o fogo atiçado a uma seca palha
espalhando desnorteada e vil bandalha
no peito amargo duma saudade a pino

Inquieto e silente sempre é o término
num drama ao desalento se espalha
tornando séquito no avivar matutino

O tal estrago é uma senhora canalha
que faz ao poeta um poetar pequenino
e dor que da alegria não resta migalha

Luciano Spagnol
08/06/2016, 05'05"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Ilusão (soneto)

No beiral do cerrado a vida que passa
tal passada larga e velocidade feroz
num galope de ilusão faz-se algoz
da mocidade se tonando fácil caça

O tempo traga um vinho sem graça
da ilusão ser iludida pela face tardoz
de que é possível ter mundo de "oz"
no tardar veloz do fado que nos abraça

E assim, nesta altiva e devaneadora voz
tenta comandar com cortina de fumaça
a ilusão sonhando em não chegar a foz

Doce ledo engano desta ilusão trapaça
servindo a esperança do que já é após
de amarga fantasia em cuia de cabaça

Luciano Spagnol
11 de junho de 2016
06'30"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Dor secreta (soneto)

Se a saudade que escuma, alternasse
com o pesar que perfura, e caísse fora
e nalma tirasse o dragão que devora
as lembranças seriam uma catarse

O coração é um ser que também chora
que põe o suspiro a escorrer pela face
prensa o sufoco no peito num repasse
e quando encontra a solidão, tudo piora

Há, ilusão, uma piedade que causasse
uma esperança que pudesse ter agora
um alento que no ombro cochichasse

Se se eu pudesse ter uma outra outrora
mesmo na dor que chora, e estampasse
um parecer venturoso, eu iria embora...

Luciano Spagnol
12/06/2016, 16'10"
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto da Ave Maria

Na fenda de ter crença eu já sabia
O pouco de amor se tinha nobreza
Na alma o homem trazia pobreza
E no olhar a mão que oferta, vazia

Nos caminhos, trilhados, uma certeza
O embate de quem clama na Ave Maria
Que na vida a nós é a Mãe da soberania
Via esperança, chama da ternura acesa

E neste sustento de fé, a paz em poesia
E no peito o afeto se dando em surpresa
Sentir a prenda de se ter uma real alegria

Após rezar, contemplar toda está beleza
À luz de Jesus desce da cruz, em romaria
E beija nossa face com humilde riqueza

Luciano Spagnol
13/06/2016
Dia de Santo Antônio

Inserida por LucianoSpagnol

Soneto do cerrado no inverno

Chegaste, inverno no cerrado árido
Manhãs mais frias, ventos cortantes
As seriemas e seus cantos fascinantes
Noticiam o entardecer não mais cálido

Os pássaros engurujados e suplicantes
Pousam nos galhos tortos e desfolhado
O rubro céu pelo acinzentado é trocado
Do inverno no cerrado e seus instantes

A melancolia toma conta do dia gelado
Noites mais longas e mais pensantes
Oferece pinga pra aquecer o agrado

No fogão de lenha prosas fumegantes
Aquenta a alma e ao inverno versado
Propício aos sentimentos mais amantes

Luciano Spagnol
14 de junho, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO AFETIVO

O meu amor é para que seja amado
Gentil, e na composição seja ditoso
Tanto quanto na vida tão precioso
E nos sentimentos oferta e agrado

A nós mortais nunca seja enganoso
Torne ao olhar um prazer dourado
O abraço no abraço bem enlaçado
E aos carinhos suave verso mimoso

Vinde amor, sempre, fruto consagrado
Que seja na alma zéfiro bem gostoso
Airando os lábios com uivo adornado

Ah, amor meu, ser amado é saudoso
Se se os delírios ao outro é alcançado
E derramado da emoção licor vigoroso

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DAS ROSAS

Rosas, poemas da natureza, poetadas
Por mãos, que também oferecem rosas
Cativantes, ao amor tornam suspirosas
E ao desafeto são tristes e desfolhadas

Já as vermelhas para paixão, afanadas
Ornando o olhar, se dando primorosas
Cheias de significado, e tão formosas
Também, bem às emoções esfalfadas

És cheiro nas lembranças silenciosas
Lágrima infeliz nas perdas passadas
Sois trovas alfombradas às amorosas

Ah! Belas damas várias e tão encantadas
As primeiras, as derradeiras, carinhosas
Só tu rosas, para coroar nossas estradas

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO AMOR POETA

O amor que poeta unicamente
para ti, luzente verso incisor
tão exclusivo em trova maior
e de inspiração total e ingente

É compendio tão integralmente
do coração, pulsando estertor
no peito forte e lugubremente
deste humilde, ao seu dispor

Poeta, outrora independente
agora prisioneiro e pecador
deste querer-te impaciente

Ao receber-te este poema flor
leia com o olhar complacente
é uma confissão do meu amor

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

💡 Mudanças reais começam com uma boa ideia — repetida com consistência.

No canal do Pensador no WhatsApp, você recebe diariamente um lembrete de que é possível evoluir, um hábito por vez.

Quero receber