Soneto 18
Proposição
Se talvez aqui topares, ó soneto
Meu coração já sucumbido feito
Ali sofrente e suspiroso no peito
Acuda-o, não o deixai irrequieto
Devaneia noutro verso discreto
Cuida-lhe no seu doloroso leito
Na sua métrica tenha mais jeito
Então, na afeição mais alfabeto
Repleto, completo e demais raro
Trate a cada lado com sensação
Alivio a versão e poético amparo
Assim, os versos com doce sorte
Que, por honra ao amor, emoção
Senão, rendição, ao soneto morte!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13 setembro, 2023, 20’16” – Araguari, MG
Soneto do cerrado abafado
Quem ateou este sedento chão do sertão
Nesta aridez que nunca mais se apaga?
E para que o planalto com está sua saga
De severo tempo, de sede, de sequidão?
Quem pintou em tom de cinza, desolação
Sentido na toada, de tonalidades pesadas
Num pôr do sol no horizonte vermelhadas
Amarrotando a vereda em ardida vastidão
E, o vento abrasado, e a vegetação aflita
Sol a pino, nuvens no céu que desbotou
Aquentando o verso com cálida pulsação
Quanto calor, e o craquelado na escrita
Um empoeirado que da terra desgarrou
Abafando o cerrado com agre sensação.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 setembro, 2023, 12’12” – Araguari, MG
Chuvarada... (soneto II)
Chuvarada... do céu caindo, no cerrado
e, sob o céu, a primavera ornando, além
exalando perfume, e o vento perfumado
agrado, que se sente, sentindo um bem
Chuvarada... molhando o chão ressecado
num movimento, encantado, de vai e vem
suave doçura, deste momento afortunado
dos suspiros da chuva, que as chuvas têm
Chuvarada... a chuva... feitiços diversos
de mil canções, em umedecidos versos
musicado na alma o compasso a pingar
Chuvarada... quanta vez a ti comparável
em um soluço nostálgico e tão insaciável
afim, cerro os olhos e me pego a chorar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/09/2023, 14”14” – Araguari, MG
*na bolha de calor a dias, hoje, choveu no cerrado.
Soneto penoso
Emoção! ao sentires a poesia pacata
O abandono duma prosa de amor
Trova que fere, canto que maltrata
É pranto que nasce de grande dor
Quando ouvires d’alma rude sonata
Rugindo de um sentimento traidor
E perceberes uma poética ingrata
Entenda, são versos dum sofredor
Cá, esconde as angústias, o tédio
Onde o coração sofre duro assédio
Do desagrado, em verso amargoso
Pois, um poema que magoa, soa
Na sensação... e o sentir atraiçoa
E, quase sempre, resiste penoso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 outubro, 2023, 08’51” – Araguari, MG
TODO AMOR
No sentimento, há um soneto lindo
Que mais parece uma leve emoção
Sussurrante, com o versar sorrindo
Na versão aquela perfeita inspiração
Atraente sensação, o afeto incluindo
Suspiros em versos, mimos em botão
E, que torna o fascínio tão bem vindo
Com seus sentidos, saboridos, então!
E, assim, verseja a prosa no agora
Com significado do fulgor da aurora
Que rega o coração com o tal vigor
Ah! paixão... bom ter-te neste carinho
Sem que seja um cárcere de espinho
Mas, sim, a poética com todo o amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/10/2023, 15’51” – Araguari, MG
SONETO DO AMOR AMANTE
Sou um amante do amor sincero
Daqueles que ama como amador
Sou o que de um afeto mais quero
E, minha paixão: sensação e ardor!
Meu jeito quer feito, efeito certo
Do qual, que, com o olhar faz crer
Dar e receber. Estar sempre perto
No erro ou acerto, deixo acontecer
Se há amor, meu amor é fidelidade
Um conto, uma história, comunhão
Que envolve e palpita de felicidade
Sou agrado no amor a todo instante
Amo tanto que do amor sou coração
Sempre um amador do amor amante!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 agosto, 2022, 19’23” – Araguari, MG
POÉTICO SONETO
Pode passar o tempo, seguidamente
Pode haver estória sem ter fomento
Mas quando o poeta fica sem alento
A prosa se torna morna inteiramente
Anos a fio, tendi ir em frente, tente!
Ou viver somente carente e sedento
O fado, por certo, deixará fragmento
E o versejar não terá parte da gente
O poema chora, fica contente, é amor
Desta vertente a sensação é um teor
Tem prazer, dor, mas nunca obsoleto
Tudo, o acaso, ao trovador é paralelo
Traçando um sentido delineado e belo
Contado, então, num poético soneto!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 agosto, 2022, 19’36” – Araguari, MG
SONETO DE AMOR
E, foi assim, de repente, aconteceu
Com a alma alumiada, doce sentido
Aquela esperança, o olhar revestido
De poética, então, o amor apareceu
Pois, o sentimento já não era só meu
Fui de sensação e agrado aspergido
Em um lirismo de outrora perdido
E agora, tão apaixonado, e tão seu
Não me envergonha ser acometido
De sentimental coração, enamorado
Cheio de ardor, que por ti, enchido
Um relicário que no peito faz suspirar
Tão intenso, vibrante e compassado...
Bom. Como é tocante poder te amar!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14 setembro, 2022, 21’04” – Araguari, MG
SONETO PLATÔNICO
Por eu saber que nunca serei teu tema
permita que te diga algo, poeticamente
por tímido ser, deixo no acaso reticente
suceder cândidas juras, través do poema
Não me queira mal, neste frouxo dilema
pois, não sabes que te amo loucamente
e que de teu doce olhar sou confidente
e servo, com o coração eivado de selema
O meu verso está cheio de ti, adorativo
Imagina-te, vive com fascínio pensativo
Em cada cântico uma ode a lhe compor
E, se sorris olhando-me inteiramente
Parece-me que estás a ris unicamente
Por supor que nunca serei de ti, amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 setembro, 2022, 15’41” – Araguari, MG
TRISTURA (soneto)
Triste é redigir a poesia, com sofrência
Daquele amor que se conheceu um dia
O amor inteiro, de cortesia, de quantia
Vê-la desvaísse sem qualquer anuência
Triste é ter prosa na saudade, chateza
Daquela ausência que já fez suspirar
Do coração calado, outrora a palpitar
É ter o verso murmurante de tristeza
Triste é tanto silêncio, falta no versar
É o amor sem a poética para se amar
São os cânticos poetizados com ilusão
Triste é a recordação sem recapitular
A inspiração que não quer mais falar
É redigir a poesia, triste, sem paixão!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24 setembro, 2022, 22’05” – Araguari, MG
... E VERSA-SE UM SONETO
... e versa-se um soneto arruelado
Na vil saudade, num gesto amargo
O coração com sentimento calado
E versos dispersos deixado ao largo
... e versa-se um soneto tão letargo
A alma ansiando tudo compassado
E a solidão infundindo o descargo
Mais do que deve, o pesar, atado
... e versa-se o soneto sucateiro
Nos suspiros do querer esquecer
Custe o que custar, teimosamente
... e versa-se um verso do madeiro
Da crucificação do soneto a sofrer
Chora o verso, queixa, inutilmente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 outubro, 2022, 21’19” – Araguari, MG
NATAL EM SONETO (dezembro)
24 de dezembro, uma noite tão presente
Noite Cristã, zelo ao Pequeno Nazareno
Um amigo amor, um desígnio tão pleno
A infância em recordação, inteiramente
Nestes veros meu cantar doce e ameno
No pisca-pisca de sentimento inocente
Lépida cantiga, total sensação que sente
Mesa posta, nossa gente, o crer sereno
Ó Menino Nazareno, sentido, confiança
Aquela verdade que nos traz esperança
Aquela inspiração que nos dá devoção
E, no coração o tanger do fervor imerso
Neste emocional, só um pequeno verso:
Dum soneto de Natal em devota canção!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 dezembro, 2022, 19’42” – Araguari, MG
O NOSSO SONETO
Para você, é para você, somente para você
Este soneto, ímpar, bocado de mim mesmo
De nós, de versos ao acaso, e talvez a esmo
De terno instante, prazer, do amor à mercê
Um soneto singelo, de emoção e sentimento
De um significado na composição, e prescrito
Pelo coração, em versos tão cheios de infinito
E de sensação. Ressaltando um rico momento
Está prosa com paixão, de desabafo e brado
Que rasga o peito em felicidade, enamorado
Compondo o soneto em alindada dedicatória
Aquarelas perfumadas, coloridas, doce feito
Emoção viva que escorre com atraente jeito
D’alma, no afeto de narrar a nossa história!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14 janeiro, 2023, 21’16” – Araguari, MG
DIA CHUVOSO
Trovejante soneto troou na dura aflição
Dia chuvoso na tarde com melancolia
Alma num vazio, e vazio na sensação
Em uma mescla de angústia e poesia
Trovejante sentimento troou pensativo
Na emoção, realidade vera ou fantasia
Quanto inteiro cerrado, tremeu ilativo
Obedecendo a dor, que versar queria
E ao perpassar por margem sofrente
O verso soluça num soneto chorando
E o bardo, também, chora soluçando
Trovejante poema troou descontente
Surge a saudade no infortúnio atado
Ferindo o emotivo coração da gente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Janeiro, 2023, 17'51” – Araguari, MG
MATÉRIA-PRIMA
Sobre a inspiração eleva cada soneto
Num operoso desígnio, do viver dado
Que dum coração o versejar é traçado
Com poético alfabeto do sentir secreto
Dentre tantos termos, um tão predileto
O do amor, rima por rima, ali realçado
Moldados com cuidado, ilusão, alado
Mas, sempre n’alma o desejo inquieto
Sobre o andaime de uma imaginação
O suposto a erguer a sensação pura
Onde o poeta: sonha, ideia, ri e sente
Criando momentos, velando ternura
Com emoção, paciência e interação...
Rudimentos, no sentimento presente
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 janeiro, 2023, 18'42” – Araguari, MG
SONETO DE CARNAVAL
Chora a cuíca, a folia se apresenta
Bate o bumbo, samba, é só alegria
A mulata desce a ladeira, sedenta
Os bate-bolas, pelas ruas, ousadia
E vem o bloco do concentra, tenta
E não sai. Cadê a viva harmonia?
Na estação de Madureira, atenta
A velha baiana, gira, gira, rodopia
É bloco pra todo lado, pierrô calado
E colombina, menina, tão cantante
E distante, feliz amante, apaixonado
Afinal! é Carnaval, delírio e poesia
Quatro dias ao figurado abraçado
Pra na quarta-feira, tirar a fantasia...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16 fevereiro, 2023, 15’57 – Araguari, MG
Meus antigos carnavais
SONETO QUE SENTE
O aperreado soneto descontente
Vive a soluçar inspiração sofrida
Chora, sente. Afia simplesmente
Uma ilusão e sensação incontida
É infeliz, tão descrente, carente
Com uma emoção, assim, perdida
Transforma o tudo em dor doída
Insolente, vive a suspirar na vida
Os versos são vãos, sem glória
Em uma poética e nobre escória
Que pela sofrência, reina, tirano
Mas, o meu soneto que sente, sabe
Que no olhar, no tempo, tudo cabe
Quando se tem um coração humano
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 março, 2023, 16'41" – Araguari, MG
SONETO DO PERDÃO
O teu não, vergasta a minha fé
Dá-me o perdão como veredito
És a quimera de que necessito
Refreai-me da cilada do mundé
Do coração, o dito não é escrito
O teu fascínio embarga-me até
Eu sou só pra ti e ti pra mim, é
Vou além. Tu me levas ao infinito
E nesta de alma perdida, sofrida
Rasga-me o peito a tua partida
Se, só queria alegria e não dor
Então, aqui na sobra repartida
Lágrimas da saudade escorrida
Murcham com mágoas, o amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Abril de 2017 - cerrado goiano
TODA DOR DO SONETO
Toda dor do soneto, por mais que doa
Na própria ilusão encontra o refrigério
As lágrimas doídas de um despautério
Veda-as no desabafo duma poesia boa
O que conforta, a sensação que povoa
Que faz sonhar, um refundir, o critério
Que nos repara, nos valida, o cautério
Da gana n’alma. O amor tudo perdoa!
Quando a poesia compõe o outro lado
E, depois de descarregar a amargura
Do verso que sentiu... tudo é passado!
Noutra parte há de, acalanto, a ventura
Conjurando aquele instante apaixonado
E o poema segue num adeus à tristura!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06 de maio, 2023, 12’59” – Araguari, MG
SONETO ENFERMO
Geme o soneto, enfermo, na tristura
Amargo, sofrente, no acaso padece
Trova assim dura, por que o merece
Ferindo a poética com tanta loucura?
Ó sensação peia, ó teia sem ternura
Se o versar ouvisse a súplice prece
Da emoção, e o leve rimar pudesse
O verso seria o que o alívio procura
Como chora a estrofe no desengano
Escorre pela mão somente o flagelo
Deixando o versejar maldoso, tirano
Sim, é a sorte, num ousado atropelo
E o emocional com sentimental plano
Pondo o cântico em vicioso pesadelo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 maio de 2023, 16’06” – Araguari, MG
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