Soneto 18

Cerca de 3286 frases e pensamentos: Soneto 18

JULGA (soneto)

Ah.... o poeta procura
A alma em cada verso
Rimar o olhar disperso
Num canto de ternura

Porém, tem senso averso
Também, na sua estrutura
E de tal jura, na sua leitura
Que faz do leitor submerso

E, de momento a momento
Que varia o sintoma diverso
Levando-o na ilusão ter fuga

E, é em vão só o sentimento:
Se é alegre ou se é perverso.
Pois, ao poeta não cabe julga!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/03/2020, 17’14” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

EVOCAR (soneto)

Meu amor diz-me como chamas
- 0 nome que deixei de recitar
Diz-me para não mais me calar
Nada além, diz-me se me amas

Diz-me apenas se tenho lugar
Ainda no teu peito em chamas
E nas lembranças se tu reclamas
Ou se no ignoto vou assim ficar

Minhas lágrimas são só saudade
Nesta felicidade que desaprendi
E os versos tornaram-se metade

Para que o coração lembre de ti
Então, diz-me teu nome, brade!
Antes que eu seja, nada, por ai!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/03/2020, 10’42” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

EM CONFISSÃO (soneto)

Meu amor, minha paixão (dor e o contento)
Meu fado azarão, dedo turvo na predileção
O meu devaneio vestido, e desnudo o alento
Quanto o vulgo, sentimento, pura desilusão

Santo confessor! Ao meu flagelo fique atento
Sabeis tudo, tudo.... - dos segredos do coração
Meus lamentos, em vão, desastrado juramento
Nas juras, ao luar, evolou só insensata emoção

Um cativo na noite infinita, ó noite tão infinda
Sabeis que sem afeto o mundo é uma mentira
E que rude é a lágrima que escorre tão sofrida

Eis o meu amor, quebrável, em súplicas ainda
Santo confessor! Deste desventurado caipira
Quem pode detê-lo sem pô-lo de partida? ...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/03/2020, 23’13” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

PEDI UM SONHO (soneto)

Fui pedir um sonho para a doce poesia
Quis pedi-lo, ao desdém, me disse não
Os desamores não sabem, lá onde estão
A inspiração que criam o carinho no dia

A poesia suspira... é cheia de ousadia
Quando o amor é rima com a emoção
E se tem a paixão, ah! é de total razão
Então, quis arrancar-lhe tudo que podia

Aí os afagos raros, vieram ao meu lado
Nos dedos escorreram o afeto intacto
Aonde pude me ver, assim, denodado

E o trovar apaixonado, surgiu em flor
Perfume dos cravos, rosas, num pacto
Que o sonho seria a firmeza do amor!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/03/2020, 10’36” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O POETA (soneto)

O poeta busca
Em cada verso
O senso diverso
E o estro rebusca

Porém, perverso
Na sua enfusca
D’Alma, sarrafusca
O destino imerso

De instante a instante
Muda do riso à mágoa
Se alegra e, entristece

Do segredo sussurrante:
Da terra, fogo, ar e água
Causa a toda a sua messe...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/03/2020, 19’40” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NU

Ando nu, apenas enroupado
Da poesia pura dos sentidos
Tal nuvens no céu do cerrado
Tinos inocentes e retorcidos

Em que o tormento é tirado
Do peito de amores sofridos
Que no ermo é tão chorado
E com os pesares divididos

Nunca para vigar as dores
Apenas choro, choro contido
Que escorrem pelo soneto

Que com frases sem cores
Poisam no escrito esvaído
Encomiando o revés preto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ABANDONO (soneto)

Silêncio mudo, rente ao meu lado
Como uma melancolia a sussurrar
Há cem mil sensações a me olhar
E o pensamento vagando isolado

Tanto abraço desesperado, atado
Na imensidão do tempo sem lugar
E inspiração rútila a me abandonar
Todos os dias aqui no árido cerrado

É a solidão, cega, áspera e tão fria
E a nossa vida ficando mais breve
E as nossas mãos sem afável valia

A hora passa, e cobra a quem deve
São as horas que sentencia a poesia
O efêmero, tal a rapidez descreve...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de março de 2020 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

JUVENTUDE (soneto)

Lembras-te, poesia, quando, era só alegria
Ao fim do dia, o pôr do sol mais que luzidio
Era arrepio na alma, e a satisfação persistia
E em teus versos canto de juventude no cio

Tudo era ingênuo, melodioso e de fantasia
Felizes, ambos, íamos trovando o desafio
Fio a fio, nas venturas com a boa teimosia
Ecoando em nós o inato recato de ter brio

Tudo era longo, e o agora mais duradouro
O azul do céu num infinito da imaginação
E o amanhã no amanhã, um novo tesouro

E em nosso olhar, aquela tão mágica visão
De que tudo é possível no sonhar vindouro
E o mundo seguia mundo sem preocupação

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31/03/2020, 14’27” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

BREU PROFUNDO (soneto)

Em cada estrela no céu a palpitar
Na imensidão do breu profundo
Me sinto agora em outro mundo
Quase sem ruído, tudo a silenciar

Noite. De um negror moribundo
O veto proceloso na greta a uivar
E o sonho sem ter como sonhar
As horas mais lentas no segundo

E a voz da solidão no abandono
Que nas sombras se escondem
Azoado, sinto o hálito do sono

Minha alma tal como um refém
Devaneia na saudade sem abono
Na escureza velando por alguém

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01/04/2020, 19’29” - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMOR & POESIA (soneto)

Cuidei que o afeto voasse
Pelo céu do cerrado afora
E para versar então agora
Inundei o senso de enlace

Perdido no diluvio da hora
E para que tudo não passe
De uma ilusão sem classe
Trovei paixão para aurora

Porém, insoniava, malfada
A vil opressão que só trazia
Incerteza no peito sufocada

E, assim, que alvorou o dia
Afago embalou a madrugada:
E aninei com amor a poesia!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 04’15” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ESTÁ A AMAR (soneto)

O amor não é somente
Uma poesia a se compor
São versos dum sedutor
No coração em semente

Cresce no desejo, é sabor
Mais que o simplesmente
Que o propósito da gente
Mais que ser um rimador

Tem na trova algo maior
Que a rima nunca mente
E o cheiro de prosa no ar

Na inspiração cortês vetor
Uma composição diferente
Ao poeta que está a amar...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 16’24” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO OCULTO

Tua poesia veio a mim. Donde viera?
Que canto? Que harmonia? Encanto
Rima doce: - tão sossegada quimera
De leve compasso verso sacrossanto

Inspiração de furiosa paixão sincera
Magnetizando os meus olhos, tanto
Em cada estrofe, que o ledor espera
A todo a leitura, e a todo o recanto

Ai! eu nunca mais consegui esquecer
A fleuma das trovas que ali exalava
E em cada linha o sentimento eleito

E a emoção subiu ao peito sem conter
Os suspiros, que cada verso provocava
Ah! versar: terno, amoroso e perfeito!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 22’32” – Cerrado mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO INDOMÁVEL

Ó pranto! À dor, quando, entranho
Fico sem rumo certo pelo cerrado
O anoitecer, quando, chega calado
Tudo é solidão, e em nada é ganho

Tristura, fria, que pesa no passado
O vento é poeira de ardor estranho
E a hora lenta e tão sem tamanho
Que o olhar vazio, alheia, fissurado

No meu alvo silêncio, rude insônia
Clamo por todo o arrimo, em vão
Nada escuta, indigente cerimonia

Invento um verso, tento, e tento
E rasgo-o, continuas sem demão
Tudo é indomável no sentimento

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 de março de 2020 – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

COBRA CEGA (soneto)

Era a saudade, saudade crua que vela
A solidão. Com a impostura do pranto
Que sente falta, partida em um canto
Do coração, que se veste da dor dela

Era a lembrança! Curvada na janela
A esperar que se quebre o encanto
E no horizonte desanuvie do manto
Da noite vazia, e se torne leve e bela

Era a angústia com a sua tristura cada
Era o seu silêncio e o seu tempo lasso
O desespero na negrura da madrugada

Que brincam, com o desanimo crasso
De olhos vendados, e a ventura atada
De cobra cega com o prazer escasso...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/04/2020, 15’11” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Meu terceiro soneto
A fome
É um vazio na barriga;
É sentir o cheiro da comida e não poder saciar;
É a dor de ver uma criança chorar por um prato de comida;
É pedir a alguém um "restinho de comida" que sobrou do jantar;

É perceber que o que você ganha não é o suficiente ;
É ouvir o choro dos inocentes por um pedaço de pão;
É um gesto de homens, mulheres e crianças estirando uma das mãos;

É ver os pobres apanhando migalhas do chão;
É o sacrifício de não conseguir trazer para casa o pão nosso de cada dia;
É a geladeira de muitos cheia e a sua vazia;
É a mãe enganar a criança deixando ela mamar no peito vazio;

É para o mundo um grande desafio;
É tornar um homem,muitas vezes,um bicho;
É catar comida no lixo.
Poeta Adailton

Inserida por adailton_ferreira_1

⁠CHAMAMENTO (soneto II)

Este sentir puro, cuja o afeto derrama
Na poesia, no coração, em toda parte
Que a alegria com o celebrar reparte
E o meu peito apaixonado proclama

este sentir, cujo o olhar me inflama
que tem varia peculiaridade à parte
e no sentimento dourado baluarte
nos meus versos é belo panorama

e essa tal sorte, não é apenas acaso
é querer, sonho, que eu me abraso
nos teus abraços, e tua terna cama

és tudo do meu desejo, do querer
onde estava que não pude te ver?
Pois a muito meu amor por ti chama!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/09/2020, 05’46” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO DA SAUDADE

Saudade – o olhar do outrora andando
e o pranto, uma lágrima na lembrança
deslizando. Saudade! os dias de criança
cantigas de ninar e de roda: cantando!

Noites, até às 10 horas, na vizinhança
a meninada, na diversão, em bando
na chuvada, muito mais que amando
saudade ingênua de dias de pujança

Saudade – asa da dor no sentimento
Recordações vans do tempo ao vento
Ai! dantes no pensamento em guerra

Saudade – “o que fica do que não ficou”
a velha mocidade, que hoje já passou...
O apito da “Mogiana” da minha terra!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/09/2020, 10’07” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Um soneto a céu aberto

Da vida passando mal me lembro
Julho orquestra a geada lá fora
Pisco os olhos em dezembro
É o tempo maestrando a hora

Os planos que refaço em desgosto
São leões devorando a sobra
Entre meio janeiro é agosto
Desafiando o relógio e a obra

Livres são os amigos que partiram
Desacorrentados do ponteiro
Da prisão temporal eludiram
Silenciando o tic-tac sorrateiro

Sou náufrago no espaço-tempo
Rimando um teorema incerto
Em outro poema reinvento
Um soneto a céu aberto

Inserida por michel_goulart

⁠Soneto

Será se é fácil pelejar? Mesmo que o guerreiro não veja temor. A coragem e a pureza, são caminhos do arrojor. Assobio o soneto do acalento, para aquele que desistir até cair. Lembre que a esperança é a última que morre, mesmo que a história não tenha um fim.


Allan Cristian

Inserida por AllanCristian12

Após a leitura do soneto
murmurei: atrevido!...
Com se atreve a provocar meu pensamento,
se eu ainda não tenha isso vivido!?

Tua boca mesmo longe atiça
meus desejos que são: te levar a uma plantação,
onde cultivo girassóis e lá te faço pirraça,
sentada em teu prazer, sinto até o pulsar do teu coração.

Nada tenho a alegar, sou simples e antiga,
flor de algodão, que aprendeu com os bichos
tudo que há na terra, do milho a espiga.

Mesmo a distância, já fiz contigo tudo
que o amor deseja, e você sem nada saber
que já me partiu, e talvez diga: Isso foi quando?⁠

Inserida por ostra