Limpeza
É necessário juntar todos os entulhos que temos dentro de nós e jogar fora para assim abrir novos caminhos.
Olhos piégas
Eu choro para ver o mundo girar em torno de mim
Choro pois a faca fincada no peito magoa
Choro triste, choro à toa
Choro pois o destino quis assim.
Me perco entre corizas, náuseas
E vertigens, imagens do passado
Em minha infelicidade debruçado
Escorro em lágrimas as vias aéreas.
Eu choro porque o céu deságua em meus olhos
Desabo quando a dor não cabe em minh'alma
Suspiro quando a tormenta se acalma
E com o travesseiro recupero os sonhos
Esse meu fiel escudeiro
Sabe tudo sobre o paradeiro
De como meu coração se perdeu
Daí eu choro quando a noite cai
E quando minhas vistas cansarem de ser um espetáculo a Perseu
Prometo que serei só seu
Juntarei meus pedaços e me farei inteiro
Para nunca mais ter que chorar em seus braços
(sem compromisso com a métrica)
Aleksandro Silva
Às Gerações Futuras:
Quando olharem para trás, saibam: no século 21, sob o véu da modernidade, repetiu-se a barbárie. Aqueles que um dia foram vítimas do Holocausto, marcados pelo grito de "Nunca Mais", tornaram-se algozes. Na Palestina, o sionismo disfarçado de redenção perpetuou limpeza étnica: expulsões, muros, bombas, crianças sob escombros. Usaram a própria dor como licença para oprimir, esquecendo que sofrimento não concede direito à crueldade.
Enquanto o mundo assistia, complacente, repetiram-se os mesmos silêncios que permitiram genocídios passados. A Humanidade, em sua hipocrisia, normalizou o excepcionalismo de um Estado que, em nome da segurança, semeou apartheid, onde rostos palestinos foram apagados, histórias soterradas, mas resistem nas ruínas.
Que esta memória os incite à reflexão: nenhuma causa justifica a desumanização do outro. O sionismo, raiz de exclusão e expansionismo, revelou-se câncer corrói ética, alimenta ódio, perpetua ciclos de violência. Honrem os que lutaram por justiça, mas não poupem críticas aos que traíram a própria história.
Lembrem: o futuro só floresce quando se confrontam as mentiras do poder. Não repitam nossos erros.
Às Gerações Futuras: Parte II
Quando olharem para trás, saibam: a história não se apaga. Entre as sombras do século XXI, a Palestina sangrou sob a ocupação sionista, apoiada por potências que vestiram a máscara da civilização enquanto financiavam a barbárie. Cidades arrasadas, famílias despedaçadas, crianças enterradas sob escombros tudo em nome de um projeto colonial disfarçado de "direito histórico". Israel, armado até os dentes pelos Estados Unidos, transformou terras sagradas em campos de extermínio lento, onde a limpeza étnica foi meticulosamente planejada: demolições, muros, checkpoints e leis racistas.
O sionismo, ideologia que envenenou mentes com a ilusão de superioridade, não é apenas uma ameaça aos palestinos; é o câncer que corrói a humanidade. Enquanto uns silenciavam, outros lucravam. Enquanto a ONU balbuciava condenações vazias, bombas caíam sobre Gaza.
Que este registro os lembre: a cumplicidade com a opressão não é neutralidade, é crime. A Palestina resiste, e sua luta é um espelho para toda luta contra a tirania. Não compactuem com narrativas que apagam dores reais. Honrem os que não se calaram.
Justiça não tem prazo de validade. A memória, armada com verdade, será sempre a semente da liberdade.
Levantou-se disposta a fazer mudanças, mais não entendia porque mudanças eram tão dolorosas. Ela levantou disposta a arrumar o seu quarto, jogar fora papéis que dentro de si eram como fotos de um passado não tão distante. Ela sabia como arrumar a cama mais não sabia organizar a bagunça dentro de si e muito menos aliviar as dores da alma.
"Sabe por que governos erguidos com sangue tendem a acabar de forma violenta? É que a ideia de homens valentes, derramando o sangue por causas nobres, só é bonita nos livros de fantasia. Quando, porém, as pessoas têm a chance de ver essas coisas na prática, logo percebem que o vermelho é uma cor cansativa e que o sangue, em pouco tempo, começa a escurecer e cheirar mal. Rapidamente esgotadas, as pessoas tendem a pegar sabão e esfregões, na tentativa de restaurar o branco dos lençóis e o cheiro cítrico dos pisos de mármore."
Cada um que pule na lama que quiser, só não pode falar com o porco que lama é lama, ele não entende.
