So Nao Muda de Ideias que Nao as tem
"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia.
Você não precisa de milhares pessoas dizendo que você é legal ou bonita, se você está se sentindo bem com você mesma, esqueça o resto.
Pode ser que eu não tenha tantas histórias assim, mas as que eu tenho, são as melhores e em momento algum eu vou ter vergonha de contá-las.
Sabia que eu não gosto de pensar muito, antes de fazer algo? É porque quando penso muito, crio motivos para desistir.
Quase todos os absurdos de conduta surgem da imitação daqueles a quem não podem se assemelhar.
Almost all absurdity of conduct arises from the imitation of those whom we cannot resemble.
Não se preocupe, eu ainda não te esqueci. Faço questão de lembrar de você quando o assunto é fracasso.
Encontrar-se consigo própria era um bem que ela até então não conhecia. Acho que nunca fui tão contente na vida, pensou. Não devia nada a ninguém e ninguém lhe devia nada. Até deu-se ao luxo de ter tédio – um tédio até muito distinto.
Sede assim qualquer coisa serena, isenta, fiel. Não como o resto dos homens.
Nota: Trecho do poema "Sugestão": Link
...MaisE nós sabemos Deus. E o que precisamos Dele, extraímos. (Não sei o que chamo de Deus, mas assim pode ser chamado.) Se só sabemos muito pouco de Deus, é porque precisamos pouco: só temos Dele o que fatalmente nos basta, só temos de Deus o que cabe em nós. (A nostalgia não é do Deus que nos falta, é a nostalgia de nós mesmos que não somos bastante; sentimos falta de nossa grandeza impossível – minha atualidade inalcançável é o meu paraíso perdido.)
Mas como me reviver? Se não tenho uma palavra natural a dizer. Terei que fazer a palavra como se fosse criar o que me aconteceu?
Vou criar o que me aconteceu. Só porque viver não é relatável. Viver não é vivível. Terei que criar sobre a vida. E sem mentir. Criar sim, mentir não. Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade. Entender é uma criação, meu único modo. Precisarei com esforço traduzir sinais de telégrafo - traduzir o desconhecido para uma língua que desconheço, e sem sequer entender para que valem os sinais. Falarei nessa linguagem sonâmbula que se eu estivesse acordada não seria linguagem.
Até criar a verdade do que me aconteceu. Ah, será mais um grafismo que uma escrita, pois tento mais uma reprodução do que uma expressão. Cada vez preciso menos me exprimir. Também isto perdi? Não, mesmo quando eu fazia esculturas eu já tentava apenas reproduzir, e apenas com as mãos.
Qualquer um que dedicar sua vida a procurar a Verdade, não é digno de encontrá-la se não estiver disposto a morrer por ela.
A criação não é uma compreensão, é um novo mistério.
(...) numa ilha do norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei de parar por algum tempo que afinal passou depressa como tudo tem de passar e hoje me sinto como se agora fosse também ontem, amanhã e depois de amanhã, como se a primavera não sucedesse ao inverno, como se não devesse nunca ter ousado quebrar a casca do ovo, como se fosse necessário acender todas as velas e todo incenso que há pela casa para afastar o frio, o medo e a vontade de voltar.
