So Nao Muda de Ideias que Nao as tem
Poesia do João Batista de Oliveira
Quando ao Festim cheguei,
Preso ao sorriso de certa sombra que me fez entrar,
Pensei radiante: "Aqui é um paraíso,
Jamais há lenda que ouvi contar."
Tudo era bom.
Tudo era pompa e riso.
Muita alegria, muito lindo olhar.
Porém, na porta, este esquisito aviso:
Entra de manso e pisa devagar.
O bem e o mal disseram:
Pode entrar.
Entrei, amei e sofri.
E ao despedir,
Na despedida nem é bom lembrar.
Senti meu coração se dividir:
Entre a alma alegre que me fez entrar
E a triste sombra que me viu sair.
humilde colheita
É pouco o que ai vês,e é tudo quanto valho
é o fruto da canseira e do suor do dia,
é o mais humilde pão e o mais simples retalho
do manto com que Deus cobre esta noite fria...
Nada supera,entretanto,a glória do trabalho
quando ele se transforma em fonte de harmonia;
é mais tranquilo o sono,é tépido o agasalho
e a parcela de dor menor que a alegria...
Feliz o homem que alcança a soma apetecida
da lírica emoção,que,sob o sol risonho
ou sob a luz do luar,vai perfumando a vida...
E ainda cumpre,sereno,o sagrado labor
de espalhar,pelo espaço,as searas do sonho
e lançar,sobre a terra, as sementes do amor.
Conversa com Deus
Ando tão triste, senhor do mundo
nem sei se é certo por onde vou...
Daqui a pouco, senhor da vida
dentro do mundo nem sei quem sou
Confesso ao dono da minha sombra
dono de tudo:Senhor , bailou
no meu silencio,por algum tempo
ser mais ainda do que sou...
Vaidade humana, senhor da Glória
balouço doido do pensamento,
louros da vida que a dor levou...
Diz-me ao menos, senhor da morte,
se existe um rumo...serei um manso,
na escura estrada por onde vou.
Seu olhar é belo
seu sorriso sincero
te quero, te espero
para poder te amar
te louvar
e poder transformar
aquilo que não se adequa no seu lugar
quero poder desfrutar
das coisas boas que se realizará
junto a ti estar
te amar e amar
para sempre você estará
no seu devido lugar
ou seja te amo de montão
seu lugar eh dentro do meu coração.
Para que as estrelas tenham brilho, elas necessitam da luz do sol. Para alguém brilhar na vida é preciso ter uma estrela.
Deus colocou o homem na terra na esperança da multiplicação da especié. Ficou bastante triste quando percebeu que alguns preferem subtrair seus irmãos.
As pessoas passam a vida esperando alguém que os façam felizes e esquecem que a única maneira de ser feliz é se fazer feliz a cada novo amanhecer.
O perigo mora ao lado de todos os caminhos que percorremos, por isso é preciso acostumar-se a conviver com eles.
São tantos os homens que vendem seus sonhos com o ideal de grandeza e, por terem abdicados de seus acabam por morrer na tristeza.
Os Três Mal-Amados
Olho Teresa, vejo-a sentada aqui a meu lado. A poucos centímetros da mim. A poucos centímetros, muitos quilômetros. Por que essa impressão de que precisaria de quilômetros para medir a distância, o afastamento em que a vejo nesse momento?
Olho Teresa como se olhasse o retrato de uma antepassada que tivesse vivido em outro século. Ou como se olhasse um vulto em outro continente, através de um telescópio. Vejo-a como se cobrisse a poeira tenuíssima ou o ar quase azul que envolvem as pessoas afastadas de nós muitos anos e léguas.
Posso dizer dessa moça a meu lado que é a mesma Teresa que durante todo o dia de hoje, por efeito do gás do sonho, senti pegada a mim?
Esta é a mesma Teresa que na noite passada conheci em toda intimidade? Posso dizer que a vi, falhei-le, posso dizer que a tive em toda intimidade? Que intimidade existe maior que a do sonho? A desse sonho que ainda trago em mim como um objeto que me pesasse no bolso?
Ainda me parece sentir o mar do sonho que inundou meu quarto. Ainda sinto a onda chegando à minha cama. Ainda me volta o espanto de despertar entre móveis e paredes que eu não compreendia pudessem estar enxutos. E sem nenhum sinal dessa água que o sol secou mas de cujo contacto ainda me sinto friorento e meio úmido (penso agora que seria mais justo, do mar do sonho, dizer que o sol o afugentou, porque os sonhos são como as aves, não apenas porque crescem e vivem no ar)
Teresa aqui está, ao alcance de minha mão, de minha conversa. Por que, entretanto, me sinto sem direitos fora daquele mar? Ignorante dos gestos, das palavras?
O sonho volta, me envolve novamente. A onda torna a bater em minha cadeira, ameaça chegar até a mesa. Penso que, no meio de toda essa gente de terra, gente que parece ter criado raízes, como um lavrador ou uma colina, sou o único a escutar esse mar. Talvez Teresa...
Talvez Teresa... sim, quem me dirá que esse oceano não nos é comum?
Posso esperar que esse oceano nos seja comum? Um sonho é uma criação minha, nascida de meu tempo adormecido, ou existe nele uma participação de fora, de todo o universo, de uma geografia, sua história, sua poesia?
O arbusto ou a pedra aparecida em qualquer sonho pode ficar indiferente à vida de que está participando? Pode ignorar o mundo que está ajudando a povoar? É possível que sintam essa participação, esses fantasmas, essa Teresa, por exemplo, agora distraída e distante? Há algum sinal que faça compreender termos sido, juntos, peixes de um mesmo mar?
Donde me veio a idéia de que Teresa talvez participe de um universo privado, fechado em minha lembrança, desse mundo que através de minha fraqueza eu me compreendi ser o único onde será possível cumprir os atos mais simples, como por exemplo caminhar, beber um copo de água, escrever meu nome, nada, nem mesmo Teresa.
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