Sinal
Se o inconsciente mostra a verdadeira realidade, e ele não é conhecido, é sinal que o ser humano vive sem se conhecer.
E eu precisava de algum sinal. Podia ser um SMS ou um telefonema. E quem sabe por cartas? Telegramas ou cartão postal. Isso ainda existe? Apenas uma mensagem em minhas redes sociais, ou talvez um spam ridículo que fica piscando o tempo todo, que dá até nojo de ler. Já sei! Que tal um bilhete por garrafas? Bem aquela bobagem de filmes de pirataria. Ou então fumaça. Isso, um sinal por fumaça! Mas dê um sinal, por favor. Só um sinal de que ainda sente a minha falta.
Se for única pra mim, vai notar que trato como única. Se não notou isso... sinal que é só mais uma. Lamento.
"Em noite de eclipse lunar,
vistes o amor chegar...
Fostes fiel ao sinal de alerta.
Despertates a poeta,
que em horas incertas,
revela o signo da alma...
Defendestes o coração,
quando a perfeição já não existia...
Com o brilho do olhar fizestes acordar,
aquela cuja a vida adormecia...
Coroastes a rainha, roubando-lhe o reinado...
Desarmastes o exército,
sem conquistar a guerra.
Tornastes a espera dolorida,
enquanto a alegria se calava...
Embalada no sonho que não terminou...
Porque o amor ainda impera... "
Quando as lembranças nos lembram que não mudamos nada e ainda assim nos sentimos bem, é sinal de que estamos no caminho certo.
Se eu amanhã não tiver a esperança noutro depois, é sinal que o meu hoje anda de mal comigo e não me dá futuro.
CRUZ DE JESUS
Tanta gente.
Tanta fé, ó Cristo,
Na tua cruz
No teu sinal
Que seduz,
Se beija
E se benze,
Para afastar maleitas,
Maus-olhados,
Que afinal,
São coisas imperfeitas
De males mal limpados.
Tanta gente.
Que gasta o madeiro
Da tua cruz infinita,
De tanto o dedo raspar
Para afastar o medo
Da sua desdita.
Tanta gente.
Irmão, Senhor, Jesus,
Que só quer a tua cruz
Por gostar,
Sem amar,
Sem te ajudar
A suportar
O peso desse fadário,
A caminho do teu calvário.
Por nós,
Que não te damos voz.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 30-03-2023)
VINDIMA DE ESPERANÇAS
Quando se ama ou se volta a amar
A natureza perdida,
É sinal que a própria vida
Mesmo que dolorida
Tem esperança noutra saída
Rumo a um nova vindima.
Afagam-se os cachos com carinho
De baixo para cima
Como numa rima.
Provam-se as uvas coloridas
Prenhes de doçuras convertidas
Em álcoois depois amadurecidos
Em madeiras velhas consentidos
E fatalmente domados,
Aconchegados odores de bom vinho
Em toneis anciãos embriagados.
Era o Douro da Pesqueira em braços
De mulheres e homens de desembaraços
A soltar da cepa mãe, os filhos maduros
Naqueles socalcos pedregosos e duros.
Alguma lágrima vertida ao arrancar
Em doloroso transe de despedida,
A uva néctar fadada a uma nova vida.
Eram os bagos gordos e mimados
Pela natureza sol e solo vividos,
Que logo na prova primeira,
Fazem da minha amada Pesqueira,
A mãe do vinho dos meus sentidos.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 13-05-2023)
Todas às vezes que penso em desistir de você,
Um sinal você me envia incentivando a persistir,
E toda vez que desejo tentar,
Você me envia um sinal que é hora de parar.
Para,
ideia sem sinal pelo pelo mostro o enjoo.
E velho peludo que sou,
trëmo sem bengala
e bólo o coloquial.
Mas se velha,
volpamente,
pudesse ser véia
perderia o acento
então,
a veia da veia
ortogloficaria o rabugento
