Sim nós dois

Vir a morte e levar-nos. E não fazermos falta a ninguém. Nem a nós. Que outra vida mais perfeita?.

Os faladores não nos devem assustar, eles revelam-se: os taciturnos incomodam-nos pelo seu silêncio, e sugerem justas suspeitas de que receiam fazer-se conhecer.

O silêncio não existe; viver é mantermo-nos no centro de um fluxo que só a morte interromperá.

Todos nós suportamos muito bem o mal dos outros.

Os nossos verdadeiros prazeres consistem no livre uso de nós mesmos.

A experiência ensina-nos a desconfiar de tudo, e muito especialmente de nós próprios.

Nós outras, civilizações, sabemos agora que somos mortais.

Em diversas épocas da nossa vida somos tão diversos de nós mesmos como dos outros homens.

Não serve de nada atormentarmo-nos com uma coisa depois de a termos feito, a não ser para torná-la pior.

Queixamo-nos da fortuna para desculpar a nossa preguiça.

sobre seu carro rangente
o obus bem alto, sem pressa
passou acima de nós

A opinião da nossa importância nos é tão funesta como vantajosa e segura a desconfiança de nós mesmos.

Amamo-nos sobre tudo, e aos outros homens por amor de nós.

Há muitas ocasiões em que a mesma prudência recomenda o aventurar-nos.

Um pouco de internacionalização afasta-nos da pátria, muito reconduz-nos a ela.

Amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus.

Antes de o homem se tornar cidadão, a grande natureza tornou-nos homens.

Queixarmo-nos de morrer é queixarmo-nos de sermos homens.

Os costumes daquele que não fala convencem-nos mais do que os seus raciocínios.

Os homens inventaram a guerra para lá estarem sem nós e apenas entre homens.