Shakespeare sobre o Amor Soneto 7
Eu fiz um favor pra vocês e agora vocês têm uma dívida. O que a gente faz quando tem dívida? A gente paga.
Se sentir saudade de casa e quiser visitar tua mãe, pode ir. Só pede para ela passar um cafezinho pra nós, pra quando eu chegar.
Ele nasceu pra ser chefe. Você escreve aí. Tudo o que ele falar é lei. Vai por ele que você se dá bem, viu?
A inspiração me abandonou, e eu estava com muito medo, porque, de onde eu venho, o fracasso não é uma opção.
O problema é que, quanto mais você ganha, mais aterrorizante é perder, e eu estava prestes a perder tudo.
Eu só peço que você escreva para mim. Eu preciso saber que você ainda está no mundo e que eu ainda existo para você.
TÉDIO
Sobre o meu poetar, como uma sina
Tal ave de rapina, pesa a monotonia
Despovoando os versos, na surdina
Ilustrando a poesia de turva predaria
Oh! Escrever no silêncio, e inquilina
A solidão, sem sonho e sem alegria
Sem uma idéia e sensação cristalina
Faz o tédio ao poeta sua companhia
Ah! Deixar de fantasiar este ensejo
O pensamento no vão, a alma fria
Se a luz está escura e assim velada
Como posso avivar o meu desejo?
Se dorme numa catedral tão vazia
E lá fora a vida está abandonada!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de setembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Primavera de ilusões
Desce o sol sobre o solstício da mãe primavera
Um anjo palhaço voa, à anunciar novos sonhos
Ilusões para empurrar, no mar o barco à vela.
Utopias e devaneios de poetas tristonhos...
Terras do sem fim, ai de mim que as conheço!
Ai do meu poema que viu, e ouviu as verdades...
A dor que ignoraram, as senti e sinto__ Padeço!
Quando a ventania usurpou-me, má, as vontades
E de todas as incertezas desta vida. Sã loucura...
Das solidões que invadem as almas nas madrugadas
A minha é aquela que para a qual não houve cura.
Mas danço ainda o bolero dos que fingem alegria
E fingindo permito que a noite abra suas asas...
E a noite não tem luar. Eu, nem amor ou poesia.
Sobre as Partidas Inesperadas
Estamos em uma época cinza.
não como os filmes de outrora,
que sem palavras arrancavam sorrisos desenfreados ,
mas uma época de partidas inesperadas .
De entes sendo levados precocemente ,
e outros , que se dependessem do amor alheio ,
viveriam para sempre.
Alguns , o tempo cuida de levar
outros optam por caminhos com final supraescrito
pela "roleta macabra" da vida torta ,
é época de pais enterrarem filhos ,
e época em que filhos precisam mais do que nunca de seus pais .
É época de homens vestindo cinza
auto-nomearem-se detentores do direito
de executar a lei conforme lhes forem mais convenientes
Levando precocemente quem estiver na frente .
É época cinza pois a cada dia que se liga o noticiário
mais cores da vida vão embora ,
a cada conversa eventual na porta de casa ,
vem o luto , a má nova .
Estamos partindo.
BORBOLETA
Eu não farei poema à borboleta,
inseto que esvoaça sobre a rima
furtada da inequívoca obra-prima
jamais escrita por esta caneta.
Persigo a perseguida de veneta,
mas voa a rima alheia à minha estima
a qual “torce, aprimora, alteia, lima
a frase”, que se esconde numa greta.
E o muro, “paredão todo gretado”,
é sóbrio, é careta, e é quadrado,
mas guarda para si aquela greta.
Solitário empunhando esta caneta
por ser da borboleta rechaçado,
achei-me, em outra greta, contentado.
Se a lua nossa desce o canto no alpendre
eu sobre o som daquela noite triste
escorro em prantos - uma dor que existe -
a melodia que me sai do ventre.
Canto a certeza de só ter em mente
O que nos braços o desejo clama.
Há dor maior que essa, de quem ama,
que emudece o ato que se sente?
DOR DE POETA, DOR DE PALHAÇO
Eu amo ao ponto de me dar ao sim,
de me vestir de ais, de ser o nunca,
o todo, o meio, começo... enfim.
Eu amo ao tanto que não cabe em mim,
Sonho o instante que não chega; junca.
Meço o começo, mas o que tenho é fim.
BOM PARECER
A viúva debruçada sobre a janela do desespero,
estava lacrimejando, quando o alvorecer passou
seus olhos chorosos,nem viram o momento
a tarde que com sua inabalada calma chegou.
Quando prestou atenção em sua volta revirada...
o verde, estava amarelando em sua pradaria
por isso, não apreciou, pétalas da meiga vida
nem as flores, sobre os ventos do seu dia.
Hoje a esperança é um ponto no ontem
e um passo no futuro de caídas, asas
e o amanhã, está acoplado no presente.
Não chore viúva, não chore... Se chorar
Ventos poderão carregar suas lagrimas
e aguar a decepção do seu, onipotente.
Antonio Montes
" DISCUSSÃO "
Nem sempre tem confronto, discussão,
conversa franca e aberta sobre a mesa,
e o amor se vai aos poucos, sem defesa,
sem ter quem, de argumentos, lance mão!
Uma união já não se faz coesa,
firmada em ser eterna, a relação,
mas deixa a porta aberta a uma ilusão
de que é bobagem lucidez, franqueza…
Conversa não foi feita pra mostrar
quem pode mais! Sequer pra revelar
quem tem razão, mas como está o amor…
A discussão, por vez, é necessária
contudo não constroi, quando diária,
nem leva a nada o grito a bem do autor!
" EMBUSTE "
Eis que ela fez a aposta; deu em nada!...
Jogou todas as fichas sobre a mesa
contando, displicente, co’a certeza
de, enfim, ganhar o jogo de virada.
O amor tem regras próprias, sem defesa!
Não deixa o uso de carta marcada
nem que se quebre a banca, se a jogada
negar o uso de total clareza.
Bancou seu jogo de fera matreira
e não notou o avanço da rasteira
que a levaria a, ali, quebrar a cara…
Nas mãos, as suas cartas deste embuste
mostraram-se, do amor, fora de ajuste
por vícios, por luxúria, farsa e tara!
NARRATIVA
Sobre a folha, aquela poesia plural
No verso, sentimentos empilhados
Nas saudades, os suspiros arfados
Na quimera, a ventura sem igual
E, tudo, numa poética sentimental
De especiais eventos, ali pintados
Em cadencias e tons apropriados
Dando a escrita um traço visceral
É dum sussurro com certo legado
Cochichado de um intimo secreto
De um momento, assim, inspirado
Então, a poesia, se faz num trajeto
E o poeta não mais se senti calado
Narrando as sensações no soneto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/09/2022, 20’53” - Araguari, MG
