Segredo Nao Dito

Canção de Primavera

Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.

Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?

Se ofenderes o teu vizinho, é melhor não o fazeres pela metade.

Não existe inferno maior do que ser prisioneiro do medo.

Defender a ideia de que os nossos sucessos nos são concedidos pela Providência, e não pela astúcia, é uma astúcia a mais para aumentar aos nossos olhos a importância desses sucessos.

A minha suspeita é de que o universo seja não apenas mais estranho de quanto supomos, porém mais estranho do que podemos supor.

Um crítico é alguém que conhece a estrada mas não sabe conduzir.

O tempo não existe. É apenas uma convenção.

Algumas das maiores façanhas do mundo foram feitas por pessoas que não eram suficientemente espertas, para saber que elas eram impossíveis.

Quem te aconselha em vez de te ajudar não é bom amigo.

Um quadro não pode exprimir a maior parte da beleza.

A clemência dos príncipes não passa muitas vezes de uma política para conquistar o amor dos povos.

Não há nada mais estúpido do que um sorriso estúpido.

Adquiri o hábito de nunca dar razões para uma recusa. Recusar dando razões não é recusar.

O amor não existe, só há provas de amor.

Amizade procedida de comer, beber, e passear juntos, não merece nome de tal, nem pode ter firmeza.

Nunca enganei a minha mulher. O mérito não é nenhum: amo-a.

As mulheres honestas lamentam as faltas que não cometeram.

Não basta fugir, é necessário fugir-se para o lado mais conveniente.

Não se deve deixar os intelectuais brincar com os fósforos.

Para aqueles que não são capazes de crer, existem os ritos; para aqueles que não são capazes de inspirar respeito por si mesmos, existe a etiqueta; para aqueles que não se sabem vestir, existe a moda; para aqueles que não sabem criar, existem as convenções e os clichés. É por isso que os burocratas amam os cerimoniais; os padres, os ritos; os pequeno-burgueses, as conveniências sociais; os galanteadores, a moda; e os atores, as convenções teatrais, os estereótipos e um inteiro ritual de ações cénicas.