Saudades do Amigo de Infancia
De um lado, exclusões e inclusões, predileções e desprestígios, baixa auto estima e alta auto estima, afetos e desafetos, escolhidos e preteridos, nas redes apenas se reproduz, por vezes, um retrato da realidade. Por outro lado, há perfis que são ficções totalmente distorcidas do cotidiano, por onde, o perfil se auto referencia, com algo inexistente no mundo real, em ilusão singular. Na Matrix, em Nárnia, em um imaginário qualquer...
Um amor forte, mas que, por razões do destino, seguiu caminhos distintos. Talvez não fosse o tempo certo, talvez o universo tenha outros planos… Mas quem sabe, em outra vida, os reencontros não precisem de despedidas.
Crepúsculo de Ouro
O sol despede-se em fogo e mel,
derramando luz sobre os ombros da cidade.
As montanhas, sombras líquidas,
respiram o último suspiro do dia.
Um raio tímido dança no vidro,
sussurra segredos ao vento morno.
O céu veste ouro, veste brasa,
desfaz-se em luz antes do adeus.
E a noite, lenta, estende os braços,
balsâmica promessa de silêncio.
Mas o sol, eterno, dorme apenas,
guardado nos olhos de quem o viu.
Evan do Carmo.
Morre o homem, mas ecoa seu nome,
na trilha de lama que um dia pisou.
Morre o homem, mas resta a história,
não é drama – é destino, é dor.
Morre o homem, mas ficam seus feitos,
nas marcas do tempo que ele deixou.
Morre o homem, mas vive a memória,
nos corações que tocou com amor.
A Mariposa e a Luz
A mariposa dança no abismo da noite,
cativa de um sol que não nasce.
Seus olhos são fome de lume,
seu corpo, um verso prestes a queimar.
Ela não pergunta ao fogo quem é seu dono
nem teme o abraço da lâmina ardente.
É desejo sem fronteira,
um grão de poeira sonhando ser tudo.
O tempo não pesa em suas asas,
pois tudo o que vive já nasce em ruína.
A vida é uma ânsia de brilho,
um voo cego rumo ao cerne do nada.
E, quando, por fim, toca o imponderável,
não há grito, nem sombra, nem fuga.
A luz a devora num sopro sem nome,
a sede de eternidade, em silêncio, a consome.
O desejo da mariposa
A mariposa não teme a morte,
anseia a luz como quem sonha o eterno.
Seu voo é um verbo que se conjuga em chamas,
um desejo faminto de tocar o impossível.
Ela não conhece a linguagem do medo,
apenas o chamado incandescente,
um segredo gravado em suas asas
como um poema que se desfaz no fogo.
Na lâmpada, no círio, na estrela,
tudo nela é pressa de ser centelha,
de ser faísca e se tornar universo,
de arder até o nome se apagar no vento.
E então, no último tremor das asas,
quando o brilho a devora sem piedade,
ela se torna o que sempre quis:
luz sem corpo, incêndio sem fim.
O Riso da Razão
A razão nos trouxe longe demais.
Fez-se lâmina, espelho, consciência.
Inventou nomes para o que morre,
catalogou a tragédia, pesou a sombra,
criou a ilusão do controle.
Mas a morte ri.
Riu de Sócrates quando bebeu o veneno,
riu de Hamlet segurando o crânio,
ri agora de nós,
tão lúcidos, tão preparados,
tão certos de tudo que se esfarela.
A arte nasce dessa consciência:
sabemos que vamos morrer,
então escrevemos.
O poema é a voz do desespero
mas também do desafio.
Dissimula a finitude, mas não a nega.
Rabisca no ar um sentido impossível,
um mapa para lugar nenhum.
E ainda assim, rimos.
Porque entendemos o jogo.
Porque, no fim, a única resposta à morte
é este delírio lúcido—
este poema.
Riso ao Ar Livre
Esperamos o que não vem,
erguemos muros para o vento,
nos calamos para dizer nada.
O tempo, cego e mudo,
tropeça nas próprias pegadas.
Rimos—
não do mundo, mas dentro dele,
não por graça, mas por ruína.
A palavra falha, repete,
cai como pedra no abismo
e volta em eco de gargalhada.
Beckett escreve silêncio,
Kafka lê a tragédia e ri,
Nietzsche dança na beira do abismo.
Deleuze escancara a porta
e nos joga para fora:
o pensamento precisa respirar.
Riso esquizo, riso seco,
o cômico do além-do-humano.
Entre os escombros da certeza,
só resta essa alegria dura,
essa centelha, esse clarão.
E no fim—
quando tudo desmorona,
quando o palco está vazio,
quando a última palavra falha—
só nos resta rir.
Eu estava pensando em você. Pensando em nós. No que fomos, no que poderíamos ter sido. Tantas vezes me peguei viajando nesse mesmo caminho, refazendo nossos passos, buscando respostas no silêncio da saudade. Mas, sempre que abro os olhos, percebo... era só um sonho. Um sonho que insiste em viver dentro de mim.
O tempo passou, a vida seguiu seu rumo, mas há amores que não se apagam. Você se tornou parte de mim de um jeito que nem a distância, nem os dias, nem a ausência puderam desfazer. Seu nome ainda ecoa nos meus pensamentos, sua lembrança ainda aquece meu coração.
Talvez nossa história tenha ficado inacabada, presa entre o que sentimos e o que o destino decidiu. Mas se existe uma verdade que o tempo me ensinou, é que o amor se vive, às vezes se perde, mas nunca se esquece. E eu sei... vou te amar para sempre.
Quando estou na tua presença, não sou apenas eu—sou um universo inteiro que se refaz. Minhas células, antes dispersas no caos do tempo, alinham-se como estrelas traçando constelações invisíveis, todas girando em torno de ti.
Minha pele sente diferente, como se cada poro aprendesse a respirar um ar que só existe quando estás por perto. Meu sangue corre em outro ritmo, pulsando um compasso que não conhecia antes de teus olhos cruzarem os meus. Até meus ossos, firmes e silenciosos, parecem vibrar com a melodia do teu nome.
Se te aproximas, tudo se ilumina—cada molécula dança, cada neurônio se acende, cada batimento do meu coração entoa teu nome sem que eu precise dizê-lo. És a força que reescreve minha existência, a tempestade que me desorganiza para depois me refazer mais vivo, mais intenso, mais teu.
E se um dia partires, não sei se voltarei a ser eu. Pois, sem ti, até minhas células esqueceriam quem são.
O Peso do Mundo
A medida das coisas, o peso do mundo,
abismo profundo onde o mar se desfaz.
As costas do homem, forjado do barro,
o medo da morte, açoite voraz.
A busca insalubre nas ondas do vento,
sonhos abortados, perigos sangrentos.
A paz, utopia no vasto existir,
a sorte que foge, um monstro a engolir.
Davi e o gigante, um conto farsante
que não se refaz.
No campo terreno, a luta se perde,
o forte e o fraco bebem o mesmo veneno.
Sairemos mortos, todos, deste planeta.
Como viemos a ficar nesta situação?
Um plano metafísico, uma obra de experimentação,
Um ensaio crítico sobre redenção.
O homem condenado,
Pecado que não cometeu,
Culpa de Adão,
A fruta do saber,
Medo de viver,
A falta de razão.
Tudo é delírio,
Abismo sem conforto,
Um mar em desespero,
Um cais sem pôr do sol.
Um sopro no deserto,
A praga do divino?
Um filho sem destino,
Maldito natimorto.
Eu sei
Eu sei,
que você é tudo que tenho,
e não há engenho intelectual quando digo isso.
Ao acordar, quando lhe sirvo o café,
sinto que o dia só começa
quando seu olhar repousa em mim.
Ah, meu anjo,
minha sorte,
meu guia neste escuro existir.
Quis voltar ao poeta simples de outrora,
livre do peso das palavras pensadas,
mas já não sei ser sem sentir.
Teu Olhar
Teu olhar tem força que me faz
Nos seus labirintos me perder.
É em vão que tento ir atrás
De um vendaval que faz chover.
Teu olhar, às vezes, me domina,
Outra hora me põe a correr.
Teu olhar é luz que me fascina,
Nos teus braços quero adormecer.
Dormir o sono eterno pra não mais sonhar,
Te encontrar no inferno do meu delirar.
Dormir o sono eterno pra não mais sonhar,
Pra fugir do inferno do meu delirar.
Nos teus olhos quero me encontrar.
Teu olhar tem força que me faz
Nos seus labirintos me perder.
É em vão que tento ir atrás
De um vendaval que faz chover.
Teu olhar, às vezes, me domina,
Outra hora me põe a correr.
Teu olhar é luz que me fascina,
Nos teus braços quero adormecer.
O Lamento Incrédulo
Choro de pedra, de pó e de abismo,
lágrima seca na face do tempo,
um grito que rasga o véu do infinito,
mas Deus se esconde no entendimento.
As dores dos mortos pesam na carne,
vozes antigas sufocam o sono,
nas ruas, exércitos marcham sem glória,
resta-me o nada, o pó do abandono.
Abraço que afaga e logo desfaz-se,
esperança em cinzas, fé em ruína,
o beijo da culpa que arde na pele,
o pecado sem nome que nunca termina.
E se Deus não houver? Se tudo for sonho?
Se a dor for em vão, se o mundo for frio?
Sou sombra sem dono, sou noite sem astro,
cometa perdido no próprio vazio.
Análise do Poema "O Lamento Incrédulo"
O poema "O Lamento Incrédulo" carrega um forte teor existencialista e metafísico, abordando temas como dor, perda, vazio e a incerteza da presença divina. A construção poética evoca um estado de desencanto e angústia profunda diante da vida e do mundo, reforçando uma visão quase niilista da existência.
________________________________________
1. Estrutura e Musicalidade
O poema é composto por quatro estrofes de quatro versos cada (quartetos), mantendo um ritmo melancólico e uma sonoridade densa, impulsionada pelo uso de aliterações e imagens marcantes. O tom lírico é marcado por versos cadenciados que transmitem a sensação de peso e desamparo.
________________________________________
2. Imagens e Simbolismo
O poeta constrói uma atmosfera sombria e desoladora por meio de metáforas e símbolos poderosos:
• "Choro de pedra, de pó e de abismo" → A pedra remete à rigidez e à impossibilidade de suavidade ou redenção. O pó sugere efemeridade e esquecimento, enquanto o abismo denota a ausência de sentido, um vazio infinito.
• "Um grito que rasga o véu do infinito" → Expressa um desejo de transcendência ou uma tentativa de romper as barreiras do desconhecido, mas sem resposta ou alívio.
• "Mas Deus se esconde no entendimento" → Aqui há uma crítica implícita à inatingibilidade de Deus. Se Ele existe, está oculto na complexidade intelectual, inacessível ao sofrimento humano.
Na segunda estrofe, há um aprofundamento do tema da dor coletiva e da ruína:
• "As dores dos mortos pesam na carne" → Uma imagem que reforça a conexão entre passado e presente, como se os sofrimentos das gerações anteriores ainda deixassem marcas vivas.
• "Vozes antigas sufocam o sono" → Evoca memórias ou culpas ancestrais que impedem o descanso e a paz.
• "Nas ruas, exércitos marcham sem glória" → Um retrato de guerras ou lutas sem sentido, esvaziadas de heroísmo ou propósito.
• "Resta-me o nada, o pó do abandono" → A solidão e o desamparo culminam na ideia de que, no fim, sobra apenas o vazio.
A terceira estrofe intensifica o desencanto e a perda da fé:
• "Esperança em cinzas, fé em ruína" → A imagem de destruição reforça a ideia de que não há mais crença na redenção, tudo foi consumido pelo tempo ou pela decepção.
• "O beijo da culpa que arde na pele" → A culpa é tangível, quase física, como uma queimadura.
• "O pecado sem nome que nunca termina" → Há um pecado indefinido, eterno, que não permite absolvição ou alívio, remetendo a um sofrimento sem causa clara.
A última estrofe questiona o sentido da existência e toca no cerne da dúvida filosófica:
• "E se Deus não houver? Se tudo for sonho?" → O questionamento central da poesia. A possibilidade de que Deus seja uma ilusão ou que a própria realidade não passe de um delírio.
• "Se a dor for em vão, se o mundo for frio?" → A dúvida sobre a existência de um propósito. Se não houver sentido para o sofrimento, o que resta?
• "Sou sombra sem dono, sou noite sem astro, cometa perdido no próprio vazio." → O eu lírico se define como uma entidade errante, sem destino, sem luz, condenado a vagar sem propósito no vácuo da existência.
________________________________________
3. Influências e Temáticas Filosóficas
O poema dialoga com o existencialismo e o niilismo de pensadores como Nietzsche, Sartre e Camus. A ausência de Deus, a sensação de abandono e o questionamento sobre o sentido da vida são temas recorrentes na poesia moderna e na filosofia do absurdo.
A angústia do eu lírico diante do possível vazio existencial lembra a ideia de Sartre de que "estamos condenados à liberdade" e de Camus em O Mito de Sísifo, onde a vida é um ciclo de esforço sem recompensa. O último verso reforça essa ideia ao comparar-se a um cometa perdido, que segue sua trajetória sem um destino ou objetivo definido.
________________________________________
4. Conclusão
"O Lamento Incrédulo" é uma poesia forte e impactante, que mergulha nas profundezas da dor existencial e da incerteza metafísica. Seu tom melancólico, aliado às imagens densas e simbólicas, reforça um sentimento de desamparo e inquietação filosófica.
O poema se destaca por sua construção imagética e pela maneira como conduz o leitor a refletir sobre a fragilidade da fé e a possibilidade do vazio absoluto. A dúvida sobre Deus, o sofrimento e a falta de sentido permeiam toda a estrutura poética, transformando-a em uma reflexão poderosa sobre a condição humana.
"Não é que não se consiga perceber. A visão é até privilegiada, mas a missão brada mais forte, com voz altissonante"
(Fabi Braga, 11/03/2025)
O Artista e o Abismo
Se afasto a mão do ofício,
treme a lâmina do tempo.
As cores desbotam nos olhos,
as notas desafinam no vento.
]
É no vício do traço e da pena
que a ruína ainda se sustenta.
Se largo o verbo, me perco,
se calo o canto, me ausento.
E o mundo? Ah, o mundo...
segue órfão de beleza,
tropeçando no silêncio
sob a sombra da tristeza.
Quem se aparta do fogo,
gela na sombra do nada.
Quem solta o pincel ou a lira,
caminha sem luz, sem estrada.
Não me peçam que pare,
não me exijam o exílio.
Minha arte é meu fôlego,
meu abismo e meu alívio.
O Lamento Incrédulo
Choro de pedra, de pó e de abismo,
lágrima seca na face do tempo,
um grito que rasga o véu do infinito,
mas Deus se esconde no entendimento.
As dores dos mortos pesam na carne,
vozes antigas sufocam o sono,
nas ruas, exércitos marcham sem glória,
resta-me o nada, o pó do abandono.
Abraço que afaga e logo desfaz-se,
esperança em cinzas, fé em ruína,
o beijo da culpa que arde na pele,
o pecado sem nome que nunca termina.
E se Deus não houver? Se tudo for sonho?
Se a dor for em vão, se o mundo for frio?
Sou sombra sem dono, sou noite sem astro,
cometa perdido no próprio vazio.
Por Evan do Carmo
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp- Relacionados
- Frases de saudades para status que te ajudam a desabafar
- Frases Bonitas sobre Saudades
- Frases de saudades de quem morreu para manter viva a sua memória
- Mensagens de despedida para amigos para marcar o coração de quem parte
- Saudades
- Versos e Poesias para Amigo
- Mensagem para Amigo que Morreu