Saudades da minha Avö
“- Vocês tem sido boas meninas?”
Perguntava-nos minha avó, sistematicamente, todo mes de dezembro enquanto eramos meninas, a mim e as minhas primas. A pergunta era sempre individual, o que dava um certo charme, fazendo com que nos sentissemos especiais.
Para ela, ser uma boa menina era ter sido correta com minha mãe, meus tios que ajudaram a me criar, respeitando nossos vizinhos nordestinos e sabendo dividir minhas coisas com as primas. Fui de infancia muito simples, dai o valor das coisas pra mim ontem e hoje, ser tão diferente.
Para ser boa menina, precisava comandar uma agulha como poucas, arrumar a cama sem efeito de propaganda (aquela em que a mocinha levanta o lençol láaaaa em cima pra deita-lo suavemente sobre a cama) e lavar as panelas, deixando-as com cara de novas.
Boas meninas também faziam massa de macarrão em casa (com a maciez de uma petala rosa, dizia minha avó), lavavam o carro da tia solteira, recolhiam cocozinhos do cachorro e olhavam com carinho para o avô que produzia tarrafas em casa (grande pescador meu avô!). Eu era portanto uma boa menina!
O que eu responderia hoje à minha avó se ela me perguntasse de novo, olhos nos olhos, eu e ela?
Acho que ainda sou a boa menina, porque mantenho muitas coisas daquele tempo tão bom, terno e confortável…ainda amando as pessoas e suas crises, me contorcendo para que me enxerguem (como era antes, ainda eh agora!).
Mas também sou má, porque tenho o egoismo de me preocupar mais comigo hoje em dia, deixando um pouco o sorriso fácil pra lá, cosendo muito muito menos, cozinhando cada vez melhor, mas de vez em quando. Apelo entao para as facilidades da vida moderna, a fim de justificar para Dona Helena, que brilha no céu, que não sou preguiçosa e tenho certeza absoluta de que ela também gostaria dessa vida que levamos hoje (sushisashimis, restaurantes em casa esquina, comidinhas prontas, lavadoras,secadoras, skype, msn…! U la laaa).
Explicando: a pergunta formulada pra mim e para minhas primas tinha um objetivo: fazer-nos pensar se éramos dignas de um presente de Natal e se poderiamos iniciar o novo ano com as bençaos que as boas meninas ganham (por termos sido internas em colegio de freiras, isso contava MUITO!!! Presentes e bencaos, eram um evento e tanto).
Penso que aquele tempo foi impressionantemente repressor, mas minha linda avo, fazia da repressao social que sofriamos nos, as meninas, uma oportunidade de ensinar coisas. Ela era uma contadora de historias e nem sabia.
Para nos todas, que queremos ser boas meninas, com certeza minha avo diria “Nao passem pelas pessoas sem olha-las. Nao fiquem paradas como poste esperando dadivas gratuitas, porque nem Deus, nem nosso umbigo, nem nosso proximo gostam disso”. Mais facil? Nao sei nao…
Dona Helena sabia das coisas!
minha querida avó Anna Maria Peres Sanches Marin Sevilha
Tinha dois olhos azuis...que me cercavam..
Às vezes eu me lembro daquele olhar...
Me quebravam, de saudade eram de tão belos..
mesmo zangada, ela sorria com os olhos.!
Chamando atenção!
..
MEU AVÔ
A morte nos ensina muito. Ver a morte se apossando lentamente de alguém, é um aprendizado sofrido, eu diria. É como se Deus, ou quem quer que seja, escancarasse na nossa frente, a nossa fragilidade perante o mundo, perante tudo. Aprendi muito com meu avô e sua espera da morte. Meu vô Zé, um lindo senhorzinho que se foi a pouco tempo. Aprendi com ele e na verdade, aprendi sobre mim e sobre todos. Por que estamos todos à espera da morte. Estamos todos sentados em cima de uma cama, esperando a morte chegar. O que nos diferencia, é como esperamos esta morte. Por que é certo, é definitivamente certo que ela virá. E nos cobrirá os olhos com seu manto negro. Somos todos mortais. E de uma hora pra outra, ser mortal parece uma afronta.
Risível. Sim, é de rir. É de rir, nos ver afrontados com o divino pela morte. Vê-la nos olhos de outra pessoa e agir com ira e insanidade. Por que? Alguém sempre pergunta. E outro responde: Por que é injusto! Embora, ninguém nos tivesse dito, que seria o contrário.
A morte nos aproxima dos nossos, nos une, nos fragiliza e nos fortalece ao mesmo tempo. Uma grande ironia. De certo isto foi pensado por um ser maior? Por Deus? Quem responderia estas perguntas? Quem poderia nos dizer como e quais caminhos e que ventos nos levam à morte? E quais os motivos? E se devem haver motivos?
Sei que nos olhos de minha família, houve tamanho sofrimento. Muito sofrimento. Por que aquele que gostaríamos de ter conosco, teve que ir. Esta dor transforma. Une. Mesmo que as relações antes, estivessem rompidas, trincadas. A morte, esta vilã, uniu, transformou. Que ironia, isto tudo.
Pra mim, viver é uma grande ironia. E a morte a única certeza.
Meu avô já dizia: Se Deus fez algo mais perfeito e belo que a mulher, fez pra Ele! A mulher é sensível e ao mesmo tempo sábia, traz nela o germe da vida e o amor, consequentemente a luta pelo respeito e a dignidade. Admiráveis são elas!
Sou filho de agricultor
Pelo meu avô fui muito bem educado
Hoje faço engenharia,graças a deus,e meu pai amado
não me apego a dinheiro,
De briga estou afastado
Sou humilde, sou guerreiro em Manapolis fui criado.
Gerações
Romântica é a boémia que trago nos bolsos do casaco que era do meu avô. Casaco que tinha perpetuado um Readers digest, todo ele azul vivo ! Esse velho casaco com uma faixa amarela que me agasalhava os ombros. Quando o usava lembrava me do orvalho nas nossas nocturnas cavalgadas no oeste português, bafejadas de símbolos e signos. Cada vez que o vestia, sentia sempre que era a primeira. E sim sentia me vivo como o azul ,e amarelo bem vivos, cheios de novas expressões em cada vinco do casaco. Conceito de um avô que agasalha, um Readers. Experimenta sempre primeiro algo que te comprove a qualidade de futuros actos . quem não serve bom vinho da casa ,nunca servirá boa comida, e sem boa comida não existirá boémia e muito menos romances que sorriem. ..nem amizades que perdurem.
Dáalguem
O neto perguntou para o avô:
-Que horas são agora?
O avô respondeu:
- Se está me perguntando é porque chegou a hora.
Avó...
Avó, não vira criança outra vez porque ela nunca deixou de ser aquela criança cheia de vida que alimentou durante o passar dos anos imaginando e listando em segredo, o que deixaria seus netos felizes, assim como ela foi, com sua avó.
Avó, não estraga os netos, ela deixa mais livre, mas ensina a arrumar a bagunça deixada ali.
Avó, ama sem impor limites, mas condiciona quando é necessário e resolve de um modo diferente as situações que se apresentam e que muitas vezes, parecem incontroláveis para pais impacientes.
Avó, enxerga lá no final o resultado desse amor doado com generosidade e por isso, consegue amenizar e fazer a criança compreender de forma tranquila o que está em desacordo.
Avó, conta histórias, não lê o que está no livro, mas interpreta e vivencia com a criança, cada palavra e cada frase, ali contidas.
Avó, abraça sem pressa, sem cobrar retorno, vai buscar na alma da criança o que ela sente e fala com segurança sobre seus medos, suas fantasias.
Avó, guarda segredo, mas sem medo, chega até os pais e diz o que pensa, o que acontece naquela cabecinha recheada de idéias incríveis.
Avó, é tudo de bom, ela ensina mais lentamente porque sabe que cada palavra, gesto, atitude, ficarão gravados naquela criança que começa a registrar momentos importantes em sua vida.
Avó, eu te amei tanto, você foi muito importante e me deu tantas oportunidades e lições de vida que foram assimiladas e nunca esquecidas.
by/erotildes vittoria
Ser avó e avô
Ser avó e avô é ser um segundo pai e uma segunda mãe. É reviver experiências do passado é ver-se entre fazes que se sucedem.
Há um dos dez mandamentos, o quarto, que diz: Honrar pai e mãe! vou além, valoriza teus avós mesmo na velhice, para então, eternizar momentos.
Talvez não haja martírio maior que o desencontro entre pensamentos, o exílio, se asilar internamente nessa casa de repouso chamada corpo.
Eles são igualmente hoje o que você será amanhã, dependente do amor e do carinho dos filhos. É ai que nos tornamos pais de nossos avôs.
Perdoe-os pelas suas escorregadas, pelos seus lapsos, pelos seus desencontros e gafes em hora imprópria.
É nessa hora que voltamos a ser criança. É nessa hora que vivemos uma vez mais a inocência perdida há muito tempo.
Avós são celeiros de sabedoria. São uma enciclopédia a céu aberto, longe da virtualidade, longe da realidade atual. São nosso museu de raridades particular.
Avós são nosso único elo com o passado distante, décadas que não voltam. São exímios contadores de causos e histórias.
São o abraço terno, colo quente, o riso mais doce, palavra e conforto insubstituíveis. Se os pais são nossos professores, eles são nossos conselheiros.
Substitutos de nossos pais, diante de sua ausência. Nosso segundo porto, nossa segunda casa. Nossa garantia estendida.
São aqueles que nos aconselham sem nada cobrar, sem nada exigir, senão, a reciprocidade entre amores de sangue.
São nosso confessionário e confidentes. Não nos julgam, nem castigam, mas sim, nos mostram o caminho da verdade.
São nossos eternos cúmplices, parceiros, amigos e companheiros a qualquer hora e tempo sem medir esforços.
Pois, aos seus olhos seremos sempre crianças, a sua infância viva, o seu atestado de lucidez, a prova da sua jovialidade.
Orgulhe-se desse título: Neto! Pois, ser neto é ser duas vezes filho. E ser avô e avó é ser abençoado em dobro.
É ser duas vezes pai e mãe!
“Eu vou pedir meu avô um pedaço de terra, plantar flores pra você: Rosas, Bromélias, lírios, um girassol! aqui nessa cidade de sol escaldante selva de concreto que tudo corre escorre o capital, não sinto nada, prefiro o campo, o canto dos pássaros um rio para pescar, o seu sorriso ao meu lado a preparar o café, vamos ver o Pôr do Sol, Mineira Linda, que eu vou agradecer a Deus por ter um DNA Mineiro e por tudo que tenho, que é você do meu lado.”
''juro legal, é aquele que voce ganha, e abusivo é aquele que te rouba, e a casa e carro do seu avo, e voce é obrigado a andar de leva-lo onibus ao medico'' (meu)
''Homem primata, capitalismo selvagem...(musica\titans)'
""dessa terra não quero levar nem o pó.''(Carlota Joaquina)
''Rei posto, rei morto.''(pop)
""Deste mundo desta vida não se leva nada.""(pop)
Minha avó chora.
Antes ela não chorava, mas de dois anos pra cá, desde que precisou sair da sua casa, ela chora. Por diferentes motivos, mas um dos motivos causadores de choro recorrente da minha avó, em seus quase noventa anos, era exibição de reprise do programa Viola Minha Viola.
Minha avó chorava dizendo que a Inezita estava doente, que não estava bem para gravar o programa, por isso estavam passando reprise. Explicávamos que era Natal, Páscoa, Ano Novo, que Inezita estava de férias. Não adiantava, minha avó sofria por Inezita não estar ali, ela tinha medo do inevitável. Até eu estava ficando com medo de quando acontecesse. E aconteceu.
Inezita era a motivação de vida da minha avó, porque ela era idosa e cantava, sorria, estava na televisão, com tudo. Se Inezita poderia fazer um programa usando fralda geriátrica a minha avó, com suas fraldas poderia fazer tudo. Não tinha outro programa para minha avó no horário da Inezita.
Minha avó está chorando desde que recebeu a notícia, quando pensamos que ela se acalmou, as lágrimas estão caindo de novo. Eu tento dizer algo para consola-la, escuto seu choro e tento não perder nenhuma das suas palavras: "A única coisa que eu tinha era ela, agora eu não sei o que vai ser, era um costume de muitos anos. Tem alguma coisa muito errada, não tem mais novidades, só temporal, não sei se é muita gente, muito cimento em cima da terra... Eu não sei, eu fico imaginando… Tentando saber o que vai ser... Só sei que eu não queria que a Inezita tivesse ido embora".
A filha sorriu para o Pai,a neta sorriu para o Avô,a felicidade sorriu para o amor.
A ordem sorriu para o progresso,a motivação sorriu para o sucesso.
A superação sorriu para a fé ,e a bola sorriu para o pé do Pelé.
Um poema para meu querido avô.
Uma musica toca na minha mente,
Os pássaros cantam,
O vento desvenda os sonhos,
Como a dança toca o profundo da alma,
E assim as lagrimas do tempo te levaram,
Nos dias que se passaram imaginei
Aquelas tardes que musica ultrapassava
Os limites da magia da eternidade,
Por mais e mais respiro a solidão
Que sempre me acompanhou...
Não compreendia o deplorável,
Paradigma dos meses e anos passados
Os lances pesos na minha memoria
Pairam com as palavras que deslumbro
Tudo passou tão rápido igual a um diluvio.
Remexendo o baú de lembranças, me lembrei de mais uma estada na casa da minha tia avó, Joaninha...Certo dia, enquanto eu estava hospedada na casa da minha tia, ela foi me mostrar o jardim dela, com todo os tipos de roseiras, e plantas..., Sabe aqueles jardins que tem desde a hortelã até a margarida...Nesse dia, minha tia me disse, olha Lú, sei que ama plantas, e da próxima vez que voltar, vou te dar um presente!!! E assim, na próxima visita, minha tia me chamou e me disse, veja o que preparei para você! Lá estava um litro ( vasilhame de óleo de soja) com terra. Eu disse, o que é isso tia? Ela me disse, leva e enterra! Quando eu estiver enterrada minha filha, você se lembrará de mim, pois eu estarei viva na sua lembrança, a cada fruto que essa semente irá lhe dar!
Bem, minha tia avó morreu aos 103 anos de idade há alguns anos, mas até hoje, a mangueira que nasceu daquela lata furtada de óleo, cai em meu quintal, me fazendo lembrar desse dia, dessa doce lembrança que tenho da minha adolescência na casa de tia Joaninha e tio Pretin!
Hoje não só eu, mas meus filhos, comem do fruto e tomam do suco, fruto do amor de alguém que aqui já não está, mas semeou um tesouro que ninguém pode roubar, o amor!
Élcio José Martins
SIMPLESMENTE MULHER
Mãe, tia, avó,
Dama, esposa, bisavó.
Amásia, amante, trisavó,
Filha, neta, bisneta e outra que vier,
Seu nome, simplesmente, MULHER.
Oito de março,
Dia de festa, de beijo e abraço.
Hoje é seu dia, o ontem também foi,
O amanhã também será.
Não há dia, não há data que a ela não caberá.
É origem, é meio, é final,
É tempero, pitadas de sal.
É razão, é paixão e emoção,
Sexto sentido, escuta com o coração.
Destemidas e decididas,
Já foram perseguidas.
Ganharam o primeiro round,
Ninguém a conhece mais do que Drummond.
Abriram novos caminhos,
Eram sucos tornaram vinhos.
Buscaram a maioridade,
Ganharam a igualdade.
As mulheres são cheias de graça,
Tanto na terra quanto no céu.
Salve Maria, Santa e fiel,
Manto sagrado coberta do véu.
Deus iniciou a construção,
Criou primeiro, Eva e Adão.
Deu às mulheres o poder da criação,
Deu ao mundo uma nova geração.
Às fêmeas, Deus fez a diferença,
Crescei e multiplicai essa é a sentença.
És tu o cimento e a cal da esperança,
Da construção do ser e da sua semelhança.
Cada um tem uma especial,
A mãe, a esposa, outras tal.
Quem não ama a mulher,
Não reconhece a mãe sequer.
Mulher, doce encantamento,
Brilho no olhar, contentamento.
Aliança no dedo, comprometimento,
Véu e grinalda o grande acontecimento.
As estradas são longas e estreitas,
Na condução da vida são perfeitas.
Nas curvas da virtude, caminham sem suspeitas,
Perfumadas e sempre belas, escondem as receitas.
Sobre o salto equilibram com elegância,
Na luta nunca fogem da militância.
Cuidam dá casa com grande maestria,
Doam charme, inquietude e simpatia.
Dos filhos cuidam de dia,
À noite fazem do amor, eterna melodia.
No trabalho já buscam ousadia,
Ainda sofrem preconceitos, uma grande covardia.
Virtuosas e vencedoras,
Por Deus são protetoras.
Amam pelo destino de amar,
Estão na terra para o GADU representar.
O mundo gira a seus pés,
Não há desânimo mesmo ao revés.
Não há lar sem seu olhar,
Nem tristeza que a faz parar.
É segura e sonhadora,
Justa, honesta e trabalhadora.
Nas indústrias, nas letras ou nas lavouras,
Veio uma, vieram duas e muitas seguidoras.
Protegem a quem amam,
Suor e lágrimas são fluidos que acalmam.
Não há dor e nem noites sem dormir,
Que a façam desacreditar e desistir.
No céu como na terra,
A luz do sol a lua descerra.
Mãe Maria junto aos anjos descansa,
Esposa Regina a luz, a energia, a paz e a esperança.
Gratidão não é palavrão,
Não é raio e nem trovão.
Obrigado mulheres da minha vida em comunhão,
Fostes vós o sentido, o caminhar e a razão.
Parabéns!...
Élcio José Martins
E assim já dizia minha avó “NÓS CONHECEMOS O SENHOR DO BOM PRINCÍPIO, PORÉM NÃO CONHECEMOS O SENHOR DO BOM FIM...” e é isso...o mundo dá voltas ...como será nosso fim... ah, esse pertence a Deus.
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