Frases de saudades da infância que tocam o coração

⁠MEU QUINTAL
Alguém já viu meu quintal ?
Tem um corredor enorme
que vai dar lá no fundo
e uma porta aberta para o mundo
Dali se vê limpidamente
a estrela chamada D'Alva
nascer todos os dias
entre os verdes montes
que se distanciam.
No ar que se respira
há um perfume que não vem das flores
- meu quintal não tem flores.
O perfume vem do vento
E fica ali
Toda vida
Como se fosse Deus

Inserida por touchegrs

⁠Se da vida
Levarei cicatrizes
Que seja das vezes
Que eu andava de bicicleta
Na rua aonde cresci
Com os amigos
Que eu disse que levaria
Para vida toda
No meu coração


- Saudades

Inserida por LauryLorena

O tempo soluça aguardando
O momento do café.
A chaleira responde
Pedindo mudanças.
O afeto é mútuo.
Todos querem voltar
a ser crianças.
A rotina chora de perto
ao perceber
Como retornam os cheiros
Das lembranças.
É final de tarde.
Tem bolo de milho e café.
Só isso e afeto.

Inserida por rosivalevangelista

Esqueci como é ser criança,
Problemas...Pesos...Responsabilidades.
Aprendi a encarar essa realidade.

É difícil ser o que me tornei,
Não o "eu" oculto,
Mas o "eu" adulto.

Esquecemos dos sorrisos que dávamos,
O nosso ego nos cegou.
Se quer notamos quem estar ao nosso lado.

Perdemos a inocência,
Movido por desejos carnais e matérias, apenas...
Aos poucos vamos caindo igual Atenas.

O que antes acordávamos
Para brincar com os vizinhos da rua,
Hoje acordamos para servir uma rotina sem vontade nenhuma.

Inserida por joao_vitor

⁠Por pequenos passos passamos pelo passado perdido em memórias passadas. Choros e sorrisos, abraços e carinhos que naquele exato momento foi nossa grande fortaleza.
Brincadeiras antigas nos tornavam reis e rainhas, polícia ou ladrão. Em um passe de mágica meu cachorro se tornava um gigante dragão.
Minhas pernas corriam livremente sem destino ou perigo, meus joelhos ralados eram símbolos do meu ser de criança.
Passado perdido por telas brilhantes e um padrão que impõe e determina que imaginação vem de crianças, e para os adultos só cabem família, trabalho e dinheiro na mão.

Inserida por raffaelgalvaoo

⁠Escuto um sútil som que vem das gotas escorrendo pelas louças na pia
Sinto o cheiro do feijão cozido e olho pro cuco de imbuia na parede
O chiareis que faz o som da bassoura ao percorrer o chão esfoliante da calçada lá fora me acende sofá a fora
Esse céu que se prepara pra dormir
Alaranjado e rosa
Nuvens cheiosas e colossais
Com muito esforço o sol ainda consegue pincelar alguma luz nelas
Me equilibro atentamente na quina do meio-fio enquanto olho pro céu que já coloca uma sombra aqui em baixo e força os postes a iluminarem as ruas com leves rajadas de luz âmbar
Podia estar chuvoso
Talvez seria melhor ainda
Mas com a certeza que é de baixo desse céu que quero estar

Inserida por EXO_LYCO

"Nesse céu de nuvens escuras que não me amedronta, vejo, feito criança, o brilho de relâmpagos. Recordo eu-menino sentindo pingos de chuva, vendo-os com as mãos e ouvindo de repente, na imensa noite silente, um recorte de um trovão. Então, já adulto, estendo meus olhos e toco esse lugar de ponta a ponta. Contemplo, por horas, uma tela pintada de saudades."

(03/03/2014)

Inserida por poetacamaleao

Pipa amarela

Era uma vez um menino
Que era muito sonhador
Trocaria a sua pipa
Seu brinquedo favorito
Por um cargo de doutor

O menino então cresceu
Teve o sonho realizado
Tornou-se executivo
Profissional respeitado

Mas um dia aquele homem
Sentiu no peito uma dor
Ao abrir sua janela
Viu pairando no horizonte
Seu brinquedo favorito
Era uma pipa amarela

Era uma vez um homem
Que era muito sonhador
Trocaria seu destino
Pelos tempos de menino

Inserida por MarcoARCoura

SABIÁ-LARANJEIRA

Quão belas são as lembranças
Lá dos tempos de criança...

Sendo um bom homem do campo
Meu pai tinha antigos pios.
E tal como a brincar
Ficávamos a imitar
Dos pássaros, os assobios.

Qual era a nossa emoção
Quando os pássaros nos ouviam!
E, então, retribuíam
Com uma linda canção!

E ontem, ao entardecer,
Sem querer voltei no tempo...
Ouvi um doce assobio
Vindo de uma paineira.
E mal pude acreditar
Lá estava a cantarolar
Um sabiá-laranjeira.

Revivendo meu passado
Eu ouvi, maravilhado,
Seu impecável assobio.

Desta vez fiquei calado
E com os olhos marejados
Eu não dei sequer um pio.

Inserida por MarcoARCoura

⁠Pois é
já tive monaretta
sou do tempo que briga era treta
já fui em mattineê
já fui jovem como você
andava de Barra Forte
cruzava a cidade de sul à norte
joguei pelada
brinquei na enxurrada
andava descalço
brincava no mato
já tive pintinho e
porquinho da índia
já almocei na vizinha
roubava fruta
laranja manga
nunca usei drogas
sou de uma época
que isso era prosa
colhi mamona
vendi jornal
não fui engraxate
mas fiz todo tipo de mascate
sou orgulhoso
não me envergonho de nada
a vida não era fácil
era um empreendimento da pesada
já usei boca-sino
já fui menino
não fui coroinha algum dia quem sabe
mas minha mãe queria
que um dia eu fosse padre.

Inserida por jodejau


DIVAGAÇÕES

Dentro da noite,

aparentemente calma,

a inquietude ronda a alma.

Pensamentos, lembranças.

Ausências, vazios.

A porta da saudade escancarada.

O aroma da flor da "dama da noite"

acionando o gatilho da memória.

Retorno à fazenda da infância.

Devaneios de uma noite de primavera.

A imaginação rompendo as fronteiras.

O pensamento vagando pelo passado.

Tempo, dimensão,

pragmatismo, divagações.

A urgência da vida,

dos dias, dos meses,

entre chegadas e despedidas,

impondo o seu preço.

No silêncio,

resta a certeza de que nada foi em vão.

O atraso, o sonho desfeito.

O silêncio, o inesperado, a reflexão.

Valéria R. F. Leão

Inserida por valeriafarialeao

⁠Guerreiros eternos

A tempestade e a escuridão surgem
Trazidos pelo vento da morte.
Os guerreiros fazem uma viagem,
Para vencer a morte.

O toque na bola
E a morte a espera,
E os guerreiros com a cura,
Dando um show de bola.

Seja na rua ou no campo
Estaremos preparados,
Bebendo no copo,
Seu sangue derramado.

A surpresa,
Os guerreiros ganhando ou perdendo,
Saem com a majestosa
Sabedoria do mundo.

E a morte derrotada
Afasta a escuridão e a tempestade,
E traz a luz tão desejada
E a todos traz a eternidade.

Inserida por LeonesDiniz

⁠OUTRA RUA

Onde estou? Está rua me é lembrança
E das calçadas o olhar eu desconheço
Tudo outro modo em outra mudança
Senti-la, saudoso, no igualar esmoreço

Uma casa aqui houve, não me esqueço
Outra lá, acolá, recordação sem herança
Está tudo mudado do tempo de criança
Passa, é passado, estou velho, confesso

Estória de vizinhança aqui vi florescente
Pique, bola: - a meninada no entardecer
Hoje decadente, e conheço pouca gente

Engano? essa não era, pouco posso crer
Ela que estranho! Se é ela ainda presente
Nos rascunhos, e na poesia do meu viver...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Agosto de 2020, 31 - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Crianças nos animam rápido, rápido também é o tempo que passamos com elas.

Inserida por JaneSilvva

⁠O Silêncio dos Vagalumes

Foram-se os vagalumes,
não por medo da noite,
mas porque sua luz já não cabia
em mãos que desaprenderam o assombro.
Foram-se como preces mudas,
sem rastro, sem vestígio,
levando consigo a infância dos olhos
e a última centelha do espanto.

A cidade caminha sobre sombras,
e os passos ressoam na ausência do que era vivo.
Onde antes um lampejo fugaz
rasgava a pele do escuro,
agora há um breu domesticado,
submisso ao clarão sem alma
das lâmpadas que nunca dormem.

Mas quem sabe, em outra noite,
quando os homens cessarem o peso
sobre as coisas miúdas,
eles voltem.
E, sobre as ruas, redesenhem em claridade
o que o silêncio agora esconde:
o simples milagre
de brilhar sem porquê.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠Mundo Azul

Ele caminha devagar na calçada,
como quem mede o peso do dia.
Apressados tropeçam nele,
mas ele nunca tropeça
na pressa do mundo.

Disseram que era estranho,
porque via o mundo por ângulos tortos.
Que culpa tem um espírito sensível,
se a sociedade se crê reta demais
para enxergar a beleza do desvio?

No intervalo entre duas palavras,
ele enxerga um poema inteiro.
No espaço entre um toque e outro,
ele sente tudo o que existe.

A falta de respostas assusta os outros,
mas o silêncio dele não é vácuo: é morada.
Ali dentro, onde poucos chegam,
há um universo à espera de tradução.

Inserida por Epifaniasurbanas

Olhos lacrimejando depois de algumas lágrimas de despedida, ainda que de uma partida temporária e nos seus braços, o sono tranquilo da infância que não sabe de nada a respeito deste momento, um coração apertado, um lindo mundo dormindo, corações encostados, unidos por um amor puro, afetos guínos, uma vida adulta com tons lúdicos, risos na simplicidade, doçura singular em várias ocasiões, muitos indícios de felicidades, emoções sinceras, demonstrações de zelo, que geram saudades, quando a distância aumenta cada vez mais a vontade de estar perto, entretanto, recebe o conforto por saber que no tempo certo, se Deus quiser, acontecerá o tão sonhado reencontro.

Inserida por jefferson_freitas_1

⁠⁠Afeição verdadeira, grandiosa, gerada a partir do amor, alegria rara de um dia ensolarado, emoção intensa, infância maravilhosa, corações são agraciados, de fato, benção calorosa em demasia, a simplicidade de uma criança "amorosa" que deixa momentos marcados como caminhar pela areia da praia, sob o sol profusamente iluminado e aos poucos, a cada passo, os pés sendo molhados pelas águas do mar no vaivém da sua expressividade, quando a realidade vira brevemente um conto de fadas, uma grande felicidade, a dádiva de um presente felizmente vivido que no futuro será vivas saudades.

Inserida por jefferson_freitas_1

⁠O que já passou...

Quando eu era criança,
Via o mundo como um caleidoscópio,
O sol refletia alegria,
tinha um olhar de esperança.

Com o passar dos anos,
tudo se tornou uma memória borrada,
via apenas os danos,
virei uma alma condenada.

Como queria voltar a ser criança,
que não tinha uma memória criada,
nem uma mente arranhada,
apenas vivia de alegria e graça.

Inserida por c14r4

⁠Hoje senti o desejo de comentar sobre a letra da música do Nando Reis, “Pra você guardei o amor”.

Ao ouvir e prestar atenção na letra fui remetida a tempos imemoriais de minha infância, onde a figura paterna se fazia presente e de quando eu imaginava o amor, como eu via, com meus olhos inocentes, o relacionamento de meus pais. Época de sonhos e verdades limitadas ao que ocorria a poucos metros de mim, pois não existia a internet ou nada de muito tecnológico.

Lembro de estar sentada em nossa sala pequena, na Casa que morávamos, na rua conhecida como Bêco Salgado, na Cidade do Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. Casa pequena, de frente, uma porta e uma janela. Na sala, neste dia que consigo recordar, eu por volta dos meus nove anos, sentada numa mini cadeira, meu pai, na cadeira de balanço, minha mãe fazendo um tipo de artesanato que lembrava o crochê, sentada numa cadeira baixa ao lado dele, ela usava uma tábua cheia de pregos, para trançar com linhas, foi quando, num diálogo entre meus pais, de repente , minha mãe bate no joelho dele com esta tábua cheia de pregos, ele grita de dor, as cabeças dos pregos entraram na pele, ela imediatamente, procurou cuidar do ferimento, mas não se desculpou, a partir deste dia, comecei a perceber que o amor que eu imaginava entre eles, não existia mais, algo tinha abalado a relação.

Comecei a prestar atenção aos detalhes da convivência diária e pude facilmente perceber que algo externo acontecia e que a minha mãe sofria em silêncio. Uma nova mulher ocupava o coração de meu pai e ele vivia esta paixão em segredo. Mas um dia tudo se tornou insuportável e minha mãe entregou o seu grande amor a sua melhor amiga. Traumas se formaram, dores imensas, família desfeita. O tempo passou, hoje meu pai já falecido, ainda faz meu coração vibrar de saudade, pois apesar de tudo, ele era meu pai. Com a maturidade entendemos que cada um faz suas escolhas e consequentemente arca com as consequências, não temos o direito de julgar, apenas de aceitar. Com os eventos que se seguiram, meu coração se transformou em quase pedra, sentimentos contidos, medo de amar e sofrer.

Todas as vezes que tentei abrí-lo, ele foi machucado e novos traumas se formaram, porém o amor está lá guardado, potente, pulsante, o qual sempre quis mostrar, mas por medo guardei sob uma carapuça grossa, quase intransponível. Todas as vezes que tentei deixar fluir e fui machucada, me senti uma idiota e me perguntava: Você sabia que o mundo é assim, cruel, sem moral, sem valores éticos, por que você se abriu? E lá estava eu de volta a concha protetora. Hoje, ao meio século de vida, vejo que as pessoas continuam do mesmo jeito, se enganam e enganam, tiram proveito de pessoas boas sem a menor crise consciência, quando tudo vai mudar de fato?

Caminhamos a passos de tartaruga para a evolução moral tão pregada pelo Cristo. Sinto uma tristeza muito grande quando consigo perceber que será ainda necessário muita dor e sofrimento para que tenhamos absorvido o aprendizado de como amar de verdade e com a verdade. Vida que segue, porém cá estou com muitas restrições, mas na esperança de um dia poder dar o amor que sinto, livre e feliz, como diz a letra da música.

Inserida por Veridianaduarte