Frases de saudades da infância que tocam o coração
Hoje senti o desejo de comentar sobre a letra da música do Nando Reis, “Pra você guardei o amor”.
Ao ouvir e prestar atenção na letra fui remetida a tempos imemoriais de minha infância, onde a figura paterna se fazia presente e de quando eu imaginava o amor, como eu via, com meus olhos inocentes, o relacionamento de meus pais. Época de sonhos e verdades limitadas ao que ocorria a poucos metros de mim, pois não existia a internet ou nada de muito tecnológico.
Lembro de estar sentada em nossa sala pequena, na Casa que morávamos, na rua conhecida como Bêco Salgado, na Cidade do Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. Casa pequena, de frente, uma porta e uma janela. Na sala, neste dia que consigo recordar, eu por volta dos meus nove anos, sentada numa mini cadeira, meu pai, na cadeira de balanço, minha mãe fazendo um tipo de artesanato que lembrava o crochê, sentada numa cadeira baixa ao lado dele, ela usava uma tábua cheia de pregos, para trançar com linhas, foi quando, num diálogo entre meus pais, de repente , minha mãe bate no joelho dele com esta tábua cheia de pregos, ele grita de dor, as cabeças dos pregos entraram na pele, ela imediatamente, procurou cuidar do ferimento, mas não se desculpou, a partir deste dia, comecei a perceber que o amor que eu imaginava entre eles, não existia mais, algo tinha abalado a relação.
Comecei a prestar atenção aos detalhes da convivência diária e pude facilmente perceber que algo externo acontecia e que a minha mãe sofria em silêncio. Uma nova mulher ocupava o coração de meu pai e ele vivia esta paixão em segredo. Mas um dia tudo se tornou insuportável e minha mãe entregou o seu grande amor a sua melhor amiga. Traumas se formaram, dores imensas, família desfeita. O tempo passou, hoje meu pai já falecido, ainda faz meu coração vibrar de saudade, pois apesar de tudo, ele era meu pai. Com a maturidade entendemos que cada um faz suas escolhas e consequentemente arca com as consequências, não temos o direito de julgar, apenas de aceitar. Com os eventos que se seguiram, meu coração se transformou em quase pedra, sentimentos contidos, medo de amar e sofrer.
Todas as vezes que tentei abrí-lo, ele foi machucado e novos traumas se formaram, porém o amor está lá guardado, potente, pulsante, o qual sempre quis mostrar, mas por medo guardei sob uma carapuça grossa, quase intransponível. Todas as vezes que tentei deixar fluir e fui machucada, me senti uma idiota e me perguntava: Você sabia que o mundo é assim, cruel, sem moral, sem valores éticos, por que você se abriu? E lá estava eu de volta a concha protetora. Hoje, ao meio século de vida, vejo que as pessoas continuam do mesmo jeito, se enganam e enganam, tiram proveito de pessoas boas sem a menor crise consciência, quando tudo vai mudar de fato?
Caminhamos a passos de tartaruga para a evolução moral tão pregada pelo Cristo. Sinto uma tristeza muito grande quando consigo perceber que será ainda necessário muita dor e sofrimento para que tenhamos absorvido o aprendizado de como amar de verdade e com a verdade. Vida que segue, porém cá estou com muitas restrições, mas na esperança de um dia poder dar o amor que sinto, livre e feliz, como diz a letra da música.
MEU QUINTAL
Alguém já viu meu quintal ?
Tem um corredor enorme
que vai dar lá no fundo
e uma porta aberta para o mundo
Dali se vê limpidamente
a estrela chamada D'Alva
nascer todos os dias
entre os verdes montes
que se distanciam.
No ar que se respira
há um perfume que não vem das flores
- meu quintal não tem flores.
O perfume vem do vento
E fica ali
Toda vida
Como se fosse Deus
Pipa amarela
Era uma vez um menino
Que era muito sonhador
Trocaria a sua pipa
Seu brinquedo favorito
Por um cargo de doutor
O menino então cresceu
Teve o sonho realizado
Tornou-se executivo
Profissional respeitado
Mas um dia aquele homem
Sentiu no peito uma dor
Ao abrir sua janela
Viu pairando no horizonte
Seu brinquedo favorito
Era uma pipa amarela
Era uma vez um homem
Que era muito sonhador
Trocaria seu destino
Pelos tempos de menino
SABIÁ-LARANJEIRA
Quão belas são as lembranças
Lá dos tempos de criança...
Sendo um bom homem do campo
Meu pai tinha antigos pios.
E tal como a brincar
Ficávamos a imitar
Dos pássaros, os assobios.
Qual era a nossa emoção
Quando os pássaros nos ouviam!
E, então, retribuíam
Com uma linda canção!
E ontem, ao entardecer,
Sem querer voltei no tempo...
Ouvi um doce assobio
Vindo de uma paineira.
E mal pude acreditar
Lá estava a cantarolar
Um sabiá-laranjeira.
Revivendo meu passado
Eu ouvi, maravilhado,
Seu impecável assobio.
Desta vez fiquei calado
E com os olhos marejados
Eu não dei sequer um pio.
Alfredo e Juca eram irmãos.
Alfredo não era de expressar seus afetos, os sentimentos pareciam estar guardados a sete chaves... (coração de manteiga, com capa de ferro).
Lembranças da infância, do lugarejo onde nasceram e cresceram, dos joelhos ralados com as corridas ladeira acima, tombos ladeira abaixo, no patinete de madeira e rodinhas de rolimã que fôra feito por seu pai.
A bola de couro e o caminhão de madeira presentes dos avós
Alfredo era apaixonado por futebol.
Juca gostava de carros e, os puxava fazendo som de motor com a boca...vrum..vrum...
Sua mãe os vestia iguaizinhos, parecerndo gêmeos. Estudavam na mesma escola, seguiam juntos todos os dias.
Juca era mais conversador... tinha mais amigos e fazia sucesso entre as meninas.
Em idade hábil não prestaram serviço militar.
Juca fez o curso técnico, conseguiu trabalho, e logo foi pai.
Alfredo fez faculdade, formou-se engenheiro e mais tarde casou.
Juca teve mais filhos que Alfredo.
Assim seguiram suas vidas, já não saiam mais juntos e os encontros...eram apenas nas festas familiares ou por motivo de doença.
Hoje, Juca se foi...as gavetas onde são guardados os álbuns de fotografias, passaram a ser puxadas com mais frequência...Alfredo se procura ao lado de Juca...saudades da infância, dos dias presentes,dos sentimentos, do amor sem ser dito, da boa lembrança!
Sempre achei que uma palavra de elogio fizesse bem à saúde. Que pequenos gestos mudassem situações até então imutáveis. Que o julgamento alheio não é importante. Que devemos ser adolescentes a vida inteira e, o máximo que der, regredir até a infância com nossos filhos novamente. Que isso é a melhor maneira de renascer. Que amor não se cobra que não é cobre. Que amor não se pede que não é peça. Que amor se chama porque é chama. E que tudo que é muito diferente incomoda tudo que é muito igual.
Sentados na calça, ainda meio terreiro, limpo e preparado para passar a noite ali. Uma roda ia se formando, velhos, crianças e cachorros.
De tudo se falava. Falava-se da filha da Maria que saiu de casa roubada pelo filho do Francisco. Comentava-se acerca do vestido da Joana, que não tinha necessidade de usar roupa nova antes da missa da quaresma. Os meninos ficavam a roubar pela rua, a roubar bandeira, brincadeira essa que fazia todos ficarem molhados de suor. Depois, sentavam-se todos aos pés das velhas senhores que contavam histórias assustadoras de seres encantados, assombrados e enfeitiçados. Até que se ficava tarde, já era hora de cada qual ir ao seu lugar. Nesse tempo, todos moravam perto. Não era preciso telefone para se comunicar. Se fosse necessário chamar alguém, bastava da porta gritar: “Fulano, é hora dormir”. A rua inteira ouvia, e prontamente o fulano corria para cama. Esse tempo era bom, era intenso e cheio de boa intenção. Tudo hoje mudou, queria eu poder voltar ao tempo que a rua era o lugar de reunião.
As crianças hoje não querem um momento com os mais velhos e nem os mais velhos querem um tempo para as crianças. Perdem-se as referências, quando não temos tempo para ouvir as histórias e as estórias dos mais antigos. Lembro-me de cada oportunidade que tive em ouvir os velhos contos e causos contados pelas experientes pessoas que moravam próximas a mim. Uma das mais inesquecíveis foi a Dona Ilda, uma velha senhora que além de contar histórias e estória maravilhosas, nos deitava em seu colo e nos fazia cafuné. Isso tudo trouxe uma lembrança maravilhosa da minha infância. A INFANCIA É A MELHOR PARTE DA VIDA; PORÉM, A PARTE MAIS CURTA DELA. Nossa alma não se conforma em crescer e deixar de ser criança, ela deseja e luta desesperadamente para possuí uma eterna infância. Por isso, quando ficamos idosos ficamos “bestas”, frágeis e precisando de alguém para cuidar de nós. Isso é a alma querendo voltar ao seu melhor estado.
Tenho saudades da infância.
OUTRA RUA
Onde estou? Está rua me é lembrança
E das calçadas o olhar eu desconheço
Tudo outro modo em outra mudança
Senti-la, saudoso, no igualar esmoreço
Uma casa aqui houve, não me esqueço
Outra lá, acolá, recordação sem herança
Está tudo mudado do tempo de criança
Passa, é passado, estou velho, confesso
Estória de vizinhança aqui vi florescente
Pique, bola: - a meninada no entardecer
Hoje decadente, e conheço pouca gente
Engano? essa não era, pouco posso crer
Ela que estranho! Se é ela ainda presente
Nos rascunhos, e na poesia do meu viver...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Agosto de 2020, 31 - Cerrado goiano
Se da vida
Levarei cicatrizes
Que seja das vezes
Que eu andava de bicicleta
Na rua aonde cresci
Com os amigos
Que eu disse que levaria
Para vida toda
No meu coração
- Saudades
O tempo soluça aguardando
O momento do café.
A chaleira responde
Pedindo mudanças.
O afeto é mútuo.
Todos querem voltar
a ser crianças.
A rotina chora de perto
ao perceber
Como retornam os cheiros
Das lembranças.
É final de tarde.
Tem bolo de milho e café.
Só isso e afeto.
O que já passou...
Quando eu era criança,
Via o mundo como um caleidoscópio,
O sol refletia alegria,
tinha um olhar de esperança.
Com o passar dos anos,
tudo se tornou uma memória borrada,
via apenas os danos,
virei uma alma condenada.
Como queria voltar a ser criança,
que não tinha uma memória criada,
nem uma mente arranhada,
apenas vivia de alegria e graça.
Afeição verdadeira, grandiosa, gerada a partir do amor, alegria rara de um dia ensolarado, emoção intensa, infância maravilhosa, corações são agraciados, de fato, benção calorosa em demasia, a simplicidade de uma criança "amorosa" que deixa momentos marcados como caminhar pela areia da praia, sob o sol profusamente iluminado e aos poucos, a cada passo, os pés sendo molhados pelas águas do mar no vaivém da sua expressividade, quando a realidade vira brevemente um conto de fadas, uma grande felicidade, a dádiva de um presente felizmente vivido que no futuro será vivas saudades.
Pois é
já tive monaretta
sou do tempo que briga era treta
já fui em mattineê
já fui jovem como você
andava de Barra Forte
cruzava a cidade de sul à norte
joguei pelada
brinquei na enxurrada
andava descalço
brincava no mato
já tive pintinho e
porquinho da índia
já almocei na vizinha
roubava fruta
laranja manga
nunca usei drogas
sou de uma época
que isso era prosa
colhi mamona
vendi jornal
não fui engraxate
mas fiz todo tipo de mascate
sou orgulhoso
não me envergonho de nada
a vida não era fácil
era um empreendimento da pesada
já usei boca-sino
já fui menino
não fui coroinha algum dia quem sabe
mas minha mãe queria
que um dia eu fosse padre.
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