Saudade e Ausência
Dê-me o último beijo
Dê-me o último abraço
Dê-me a sua última companhia
Mas avise-me,
Talvez, assim, posso acostumar-me com a sua ausência
O que fazer quando não se sabe o que fazer? Quando buscamos a resposta que queremos em todos os lugares mas não conseguimos absorver o que respondem como a resposta que bate aquela sensação de "é isso!". O que fazer quando o que se deseja parece utopia? O que fazer quando a alma grita por um sentimento correspondido mas que muitas vezes só encontra eco em atitudes, mas não em palavras? O que fazer quando o Eu Te Amo não é muito claro verbalmente mas as ações mostram o amor na forma mais sutil de um entrelaçar de dedos dando as mãos, ou um olhar longo de carinho? O que fazer quando duas almas parecem se completar tão bem mas não podem estar sempre juntas? O que fazer quando o amor é tanto que transborda pelos olhos em lágrimas de saudade? Aos olhos de outros tudo pode ser resolvido com tamanha facilidade e brevidade, é tudo muito simples. É só fazer isso ou aquilo. Mas a alma que grita não ouve, a alma que chora não entende, a alma solitária não aceita a distância. Parece que a separação é infinita mesmo quando se passaram apenas alguns dias. A dor amplia o tempo, enquanto a alegria parece ser tão fugaz. Num instante acaba, e volta a alma a ansear pelo seu amor e a se questionar sobre o que fazer de sua existência.
O frio que vem de dentro
Aqui está bem frio.
Faz uns três anos que não ficava assim.
Mas não é a esse frio que me refiro.
O meu vem de dentro —
de uma saudade,
de uma ausência...
É a falta de algo que nunca tive,
não nesta vida...
e nem sei dizer em qual deve ter sido,
mas meu corpo sente —
e não desiste.
Fui dormir,
e meu peito queimava gelado,
se expandindo por todo o corpo,
me deixando gélida.
E não há edredons,
nem cobertores que me aqueçam,
até que eu durma
e, finalmente, o esqueça...
Se você vê nitidamente ou sente a presença de alguém em todo lugar, é sinal que ela marcou a tua alma e a vida dela valeu a pena.
Entenda que não consigo afastar, não quero, não dá.
Vai perdoando minha falta de juízo e a intensidade do meu gostar.
Não sei se fragmento-te ou guardo-te. Se penso saudoso ou esqueço-te. Mais vil que tal dúvida, é este silêncio, que vocifera bradando por tua ausência. Ainda dói, teu cheiro e beijo são o que me destroem, mas eis que como a erva humilde, debaixo dos teus pés, eu ei de morrer sob doce agonia. Tento esvaziar-me de ti, tento distanciar-me dos teus caminhos, mas não importa o quanto o tempo rugir, não importa o quanto a tua ausência lancetar, não importam os adiamentos, as distâncias ou muito menos as impossibilidades. Tudo isso o meu amor por ti deteve e mesmo que consiga esvaziar-me por completo, é muita saudade pra pouco eu. Eis que transbordo apenas isso e de tão grandiosa que é tal ausência, não sinto mais, me tornei ela.
Por debaixo do teu manto de beleza, me cobri e coberto, mergulhei em teus encantos. Profundo é meu pranto, quando meu peito canta a tua ausência em silêncio e sem tua ode, a vida torna-se uma carme triste e insana.
