Sair da Casa da Mae
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana. Sábado de manhã é quintal, uma abelha esvoaça, e o vento: uma picada de abelha, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas. Nos quintais da infância no sábado é que as formigas subiam em fila pela pedra. Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia carne-seca e pirão: era sábado de tarde e nós já tínhamos tomado banho. Às duas da tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: e ao vento sábado era a rosa de nossa insípida semana. Se chovia, só eu sabia que era sábado: uma rosa molhada, não? No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana exausta vai morrer, ela com grande esforço metálico se abre em rosa: na Avenida Atlântica o carro freia de súbito com estridência e, de súbito, antes do vento espantado poder recomeçar, sinto que é sábado de tarde. Tem sido sábado mas já não é o mesmo. Então eu não digo nada, aparentemente submissa: mas na verdade já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã. Domingo de manhã também é a rosa da semana. Embora sábado seja muito mais. Nunca vou saber por quê.
Esperança
O meu verde
Confunde sua visão
Quando estou entre
As palmeiras
Em sua casa, no quebrar de um copo
Em vez de azar
Levarei esperança
Ao seu sentir
Sem sorte.
Algumas vezes, na rua, em casa, no bar, na vida comum, o golpe correto pode ser o não golpe, o silêncio, a humilde retirada do forte que não se dobra ao fraco, mas caminha livre pela senda da virtude.
Salmos 20: (Leia-o)
Que Chuvas de Bençãos sejam derramadas abundantemente sobre tí e tua Casa!
Que a Unção de Deus seja como um bálsamo a envolver tua vida e te Ungir Completamente
pela Glória de Deus!
Que Deus faça prósperar tudo aquilo
que vier até tuas mãos, e que de uma semente
cresçam milhares de árvores Frutíferas!
Que Todas as Promessas de Deus sejam uma Coroa de Vitória
e Vida para você como Prova da Fidelidade do teu Deus, acerca de tudo o que Ele Fala e Cumpre!
Que A Glória de Deus repouse sobre Ti!
E inunde todo o teu ser de Paz.
Nada no mundo é mais comum do que pessoas malsucedidas com talento. Saia de casa antes que você encontre uma razão para ficar.
#ORIXÁS
Em uma casa branca...
De telhados cinzentos...
Grande portão de madeira...
Eu me vi ali dentro...
Uma bandeira alva...
Bem no alto tremulava...
Silêncio respeitoso...
De yawôs que ali estavam...
Sobre a esteira - eni...
Um ancião sentado ali...
Sagrados objetos de Opon-Ifá...
Pude bem observar...
O jogo estava pronto...
Era hora de Orumilá falar...
Tinha já hora marcada...
Muito queria saber...
Tantas perguntas...
Para o babalawô responder...
Abanou-se com o irum-kerê...
E os okins foram jogados...
E maravilhado...
Pude ver...
Ifá começou a falar...
Odu manifestou...
Traçado singelo escrito...
Cheios de significados...
Se revelou...
Agora já era sabido...
Qual destino era meu...
O que eu tinha a fazer...
Que atitudes a tomar...
Me banhei de ervas frescas..
Alecrim e mangericão...
Arruda, guiné...
Erva tostão...
Então comecei...
Com minha grande jornada...
Em grande encruzilhada aberta...
Com farofa e aguardente...
Exu invoquei...
Pedi licença e segui adiante...
Para trás não mais olhei...
Seguindo caminhada...
Pela longa estrada...
Ogum gritei...
Que me desse bons caminhos...
Em minha jornada...
Se eu tivesse inimigos...
Que a vitória me fosse dada...
Na beira da mata...
Odé estava lá...
Se eu quisesse a fartura...
Ele poderia me dar...
Me aconselhou a ter persistência...
"- Tudo tem que ter paciência...
- Um bom caçador - avisou...
- Tem que ter prudência..."
Moedas e fumo de rolo...
Com Aroni pude barganhar...
Somente assim...
Ossãe poderia me ajudar...
A fronte no chão bati...
Paó ecoou...
A terra tremeu...
Na rachadura...
Omulu apareceu...
Em meus braços e tornozelos...
Amarrou palha da costa...
Força me seria dada...
Eu venceria...
Não conheceria a dor da derrota...
Também eu teria...
Saúde e paz...
Me prometeu o senhor da terra...
Que não me abandonaria jamais...
Então ao meu encontro veio...
Um poderoso rei...
De cabelos trançados...
Todo garboso...
Do trovão o poder...
Tamanha foi a visão...
Diante de sua autoridade...
Me prostei...
Sua voz poderosa...
Grande e forte brado...
Empunhando dois oxês...
Dois machados...
Usando esplêndida coroa...
Tirou de sua cabeça...
Colocando em minha mão...
Justiça sendo feita...
Com toda precisão...
Era Xangô...
Que ordenou a Oiá...
A todos os maus eguns...
Afastar...
Forte vento soprou...
Levantando muita poeira...
O céu relampejou...
De imensa beleza...
Iansã os chifres de búfalo me deu...
Toda vez que eu precisasse...
Era só por ela chamar...
"- Filho...Agora você também é meu..."
Me levou na cachoeira...
Onde a mãe do ouro se banhava...
Tão linda me encantou...
Oxum também me presenteou...
Pequeno seixo branco...
Tirada de seu adê...
" -Leve contigo esse seixo...
- Em hora certa saberá o que fazer..."
Mãe me alimentou...
Com a caça de Logun Edé...
Matou minha sede...
Me deixando ali ficar...
"- Durante o tempo que você quiser..."
Porém, não era essa minha intenção...
Por mais assim quisesse eu...
Carinhosamente me indicou...
Segui o rio abaixo...
Que era seu...
Ondes as águas eram mais bravas...
Obá eu encontrei....
Valorosa guerreira...
Disposta a me guiar...
Me levou para a lagoa de Ewá...
Em lago plácido entrei...
Para a menina deusa encontrar...
Com Oxumarê a donzela brincava...
Junto às águas sagradas...
Da lagoa encantada...
Flores rosas eu ganhei...
E a grande dã ofereceu...
Comigo cruzar o firmamento...
Às águas de Iemanjá...
Poderia me guiar..
A grande mãe já me esperava...
Em seu palácio submerso...
Feito de corais...
Montanhas de ouro...
Navios naufragados...
Eram seu tesouro...
Me mostrou todo o okum...
Nosso berço ancestral...
Aonde ela aprisionava...
Todo e qualquer mal...
Em barco de espuma naveguei...
Ao encontro da nossa origem...
Junto a mim...
Levando os presentes que ganhei...
Seria bem recebido pela grande senhora...
Dona da fatídica hora...
Conheceria a grande Nanã Buruquê...
Anciã de grande respeito...
Morava em casa de barro e estuque...
Já estava assim tão perto...
De tudo esclarecer...
A mais idosa...
Senhora do mistério...
Carinhosamente me recebeu...
Me indicando o caminho...
Antes me aconselhou...
Às Iamins não ignorar...
Sem a precisão delas...
Ninguém poderia me auxiliar...
Oxumarê que ainda...
Junto a mim estava...
Me guiou pela terra...
Das grandes águas paradas...
Então chegando ao cume...
De uma grande montanha...
Estava ali quem eu tanto procurava...
Dando fim a minha campanha...
Ajalá...
O grande orixá...
Moldador de todo ori...
A quem eu deveria...
Que de Oxum ganhei...
Entregar o okutá...
Olodumare então sorriu...
Olorum ficou em festa...
Todo o mundo tremeu...
Tal qual palmeira ao vento...
Ergui minhas mãos aos céus...
Fazendo meu agradecimento...
Pela dádiva recebida...
Reforçando meu comprometimento...
Agradeci a Ifá...
Agradeci a Orumilá...
Pedi a benção a Oxoguiã...
Beijei a mão de Oxalufã...
Me deitei aos pés de meu senhor...
Ododuwá...
Meu odum estava completo...
Meu destino se cumpriu...
Meu coração em paz...
Minha alma floriu...
A fila andou você não acreditou
Perdeu
O bicho pegou a casa caiu
Você vacilou
E o culpado não sou eu
Agora pedi pra voltar
Eu avisei
Amor igual o me não tem
Outra já esta no seu lugar
pode chorar, chorar
Casa de vó é um monte de coisas mas principalmente um recanto de saudades, de saber que ali o tempo é escasso e passa depressa, de entender que nesse refúgio os momentos devem ser sugados até a última gota, porque a lembrança do quintal, do alpendre florido de orquídeas e da TV sintonizada nos canais tradicionais é muito passageira, ainda que eterna...
Não foi simplesmente uma mudança de casa ou de cidade, mudei minha postura e meu estilo de vida pra conseguir ser quem eu sonhava ser.
A mulher não é só casa
mulher-loiça, mulher-cama
ela é também mulher-asa,
mulher-força, mulher-chama.
É preciso dizer
dessa antiga condição.
A mulher soube trazer
a cabeça e o coração.
Trouxe a fábrica ao seu lar
e ordenado à cozinha
e impôs a trabalhar
a razão que sempre tinha.
Trabalho não só de parto,
mas também de construção
para um filho crescer farto
para um filho crescer são.
A posse vai-se acabar
no tempo da liberdade
o que importa é saber estar
juntos em pé de igualdade.
Desde que as coisas se tornem
naquilo que a gente quer
é igual dizer meu homem
ou dizer minha mulher.
Nosso tio transformou a casa dele numa armadilha pra turistas que chamava de Cabana do Mistério. O mistério era saber por que tinha gente que ia lá.
(Dipper)