Poemas de Rupi Kaur

Cerca de 39 poemas de Rupi Kaur

se já tivesse visto
a segurança de perto
eu teria passado menos
tempo caindo em braços
que não eram

⁠A ideia de que todos nós somos tão capazes de amar mas ainda assim escolhemos ser tóxicos.”

( Outros Jeitos de Usar a Boca)

⁠acordei pensando que o trabalho estava feito
que eu não ia mais precisar de treino
fui ingênua por pensar que a cura era tão fácil
mas não há reta final
nem linha de chegada
a cura é trabalho diário

Você deve ter
uma colmeia
no lugar do coração
de que outro jeito
um homem seria
assim tão doce

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta, 2018.

ou eu romantizo o passado
ou perco tempo me preocupando com o futuro
não é à toa
que eu não me sinto viva
eu não estou vivendo
no único momento que existe

- presente

Rupi Kaur
Meu corpo minha casa. São Paulo: Planeta, 2020.

Você pode não ter sido meu primeiro amor, mas foi o amor que tornou todos os outros amores irrelevantes.

Eu não fui embora porque eu deixei de te amar. Eu fui embora porque quanto mais eu ficava, menos eu me amava.

Quero pedir desculpa a todas as mulheres que descrevi como bonitas antes de dizer inteligentes ou corajosas. Fico triste por ter falado como se algo tão simples como aquilo que nasceu com você, fosse seu maior orgulho, quando seu espírito já despedaçou montanhas. De agora em diante vou dizer coisas como, “você é forte” ou “você é incrível!”, não porque eu não te ache bonita, mas porque você é muito mais do que isso.

Rupi Kaur
Outros jeitos de usar a boca. São Paulo: Planeta, 2017.

Você me diz para ficar quieta porque minhas opiniões me deixam menos bonita, mas não fui feita com um incêndio na barriga para que pudessem me apagar. Não fui feita com leveza na língua para que fosse fácil de engolir. Fui feita pesada, metade lâmina, metade seda. Difícil de esquecer e não tão fácil de entender.

Quando você estiver machucada e ele estiver bem longe, não se pergunte se você foi o bastante. O problema é que você foi mais que o bastante e ele não conseguiu carregar.

Todas nós seguimos em frente quando percebemos como são fortes e admiráveis as mulheres à nossa volta.

a questão sobre escrever é que não sei se vou acabar me curando ou me destruindo

A dor que todas as pessoas experimentam na vida e a leveza que faz com elas vençam tudo isso, suas vidas e suas histórias e seu amor são o que me mantêm viva, o que me move a escrever.

⁠acima de tudo ame
como se fosse a única coisa que você sabe fazer
no fim do dia isso tudo
não significa nada
esta página
onde você está
seu diploma
seu emprego
o dinheiro
nada importa
exceto o amor e a conexão entre as pessoas
quem você amou
e com que profundidade você amou
como você tocou as pessoas à sua volta
e quanto você se doou a elas.

Rupi Kaur
Outros jeitos de usar a boca. São Paulo: Planeta, 2017.

e se
não houver tempo o suficiente
para oferecer o que ela merece
será que
se eu implorar para os céus
a alma da minha mãe
pode voltar como a de minha filha
para que eu ofereça
o apoio que ela me ofereceu
minha vida inteira

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta, 2018.

ele deveria ser
o primeiro homem que amou na vida
você ainda procura por ele
em todo lugar

- pai

Rupi Kaur
Outros jeitos de usar a boca. São Paulo: Planeta, 2017.

⁠vocês partiram o mundo
em vários pedaços e
chamaram de países
declararam posse sobre
o que nunca lhes pertenceu
e deixaram os outros sem nada

– colonizado

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta, 2018.

quando se tratava de ouvir
minha mãe me ensinou o silêncio
se você atropela a voz dos outros com a sua
ela dizia não vai conseguir ouvi-los

quando se tratava de falar
ela dizia aja com seriedade
cada palavra que você diz
é de sua responsabilidade

quando se tratava de existir
ela dizia seja ao mesmo tempo dura e doce
você deve ser vulnerável para viver plenamente
e forte o bastante para ser uma sobrevivente

quando se tratava de escolher
ela me pediu que fosse grata
por cada escolha que eu fiz e
ela nunca teve o privilégio de fazer

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta, 2018.
Inserida por pensador

⁠meu deus

não espera dentro da igreja ou na escadaria do templo meu deus

é o fôlego da refugiada que corre
é a barriga da criança com fome
é o batimento no peito do protesto

meu deus não descansa entre as páginas escritas por homens sábios

meu deus mora entre as coxas suadas das mulheres vendidas por dinheiro
foi visto pela última vez lavando os pés de um mendigo

meu deus não é tão distante quanto eles às vezes dizem
meu deus pulsa dentro da gente infinitamente

Rupi Kaur
O que o sol faz com as flores. São Paulo: Planeta do Brasil, 2018.
Inserida por figueiredoanna