Resignação

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“A árvore boa é aquela que, ao ser ferida, exala perfume.”
Que o nosso exemplo, diante das injúrias e das provas, seja o testemunho mais eloquente da mensagem do Cristo. "

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“BEM ESTAR E ESTAR BEM.
“A paz do Cristo não é a paz do mundo. É a paz da consciência reta, do dever cumprido, da fé inabalável no porvir.”
(Léon Denis. “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, cap. XXII)

Que aprendamos, pois, a buscar menos o bem-estar ilusório e mais o estar bem verdadeiro, cultivando a alma, praticando o bem e iluminando nossa consciência.

Frase motivacional:
"Quando tudo ao redor parecer desabar, preserve a sua paz. Porque quem está bem consigo mesmo não depende do mundo para ser feliz."

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Entre a Razão e o Coração.

(Um ensaio filosófico, psicológico e moral sobre os conflitos que moldam a alma humana)

Desde os primórdios da civilização, o homem é um ser dividido entre dois impulsos antagônicos e complementares: a razão, que o eleva à lucidez e à prudência, e o coração, que o conduz à ternura e ao sacrifício. Essa tensão íntima, que atravessa séculos e sistemas filosóficos, não é apenas um dilema abstrato — é a essência do drama humano. Cada decisão, cada gesto de coragem ou de omissão, é o reflexo desse combate silencioso entre o que o intelecto julga e o que o sentimento deseja.

I. A Filosofia do Conflito Interior.

Para os filósofos gregos, a virtude consistia na harmonia entre o pensar e o sentir. Platão, ao falar da alma tripartida, situava o coração como a sede da coragem e da vontade, subordinado à razão que deveria governar os instintos. Já Aristóteles via na moderação o caminho da sabedoria: não o domínio absoluto da razão, mas o equilíbrio das paixões pela consciência.

Séculos mais tarde, Pascal afirmaria: “O coração tem razões que a própria razão desconhece.” Essa máxima expressa a intuição de que há verdades morais que transcendem a lógica — que o amor, a compaixão e o perdão não se explicam, apenas se vivem.

No Espiritismo, Allan Kardec esclarece essa mesma dualidade sob outra ótica: “A inteligência cria, mas é o sentimento que sustenta.” (O Livro dos Espíritos, questão 804). O progresso intelectual sem progresso moral leva à ruína, enquanto o sentimento sem discernimento se perde em ilusões. A razão ilumina o caminho; o coração dá-lhe o calor que o torna humano.

II. A Psicologia da Contradição.

A psicologia moderna, em especial a de orientação espiritualista, vê o homem como um ser em constante tensão entre o consciente e o inconsciente, entre os impulsos do ego e as aspirações da alma. Carl Gustav Jung denominou esse conflito de processo de individuação — a busca pela integração dos opostos dentro de si mesmo.

Para Joana de Ângelis, pela psicologia espírita, essa conciliação é o fundamento da saúde interior:

“A razão deve nortear os sentimentos, e estes, educados, servirão de estímulo à razão.”
(O Ser Consciente, cap. 4).

O desequilíbrio entre ambos gera enfermidades psíquicas e morais. Quando a razão domina em excesso, o homem se torna frio, cético e insensível. Quando o coração impera sem discernimento, surge o fanatismo, o sentimentalismo estéril e o desequilíbrio emocional.

A harmonia interior nasce quando o pensamento se espiritualiza e o sentimento se esclarece — quando razão e coração deixam de ser rivais e passam a cooperar como instrumentos da alma evoluída.

III. A Moralidade dos Grandes Acontecimentos Históricos.

A história humana é um vasto espelho desse embate eterno.

Na Revolução Francesa (1789), o mundo viu a razão erguendo o estandarte da liberdade, mas desfigurada pela violência dos excessos. O ideal de igualdade e fraternidade, que brotara do coração do povo, acabou contaminado pelo rigor das ideologias e pela frieza da guilhotina. A razão sem piedade tornou-se tirana.

No cristianismo primitivo, em contrapartida, o coração triunfou sobre a lógica do poder. Os primeiros cristãos, perseguidos e frágeis, transformaram o mundo pelo amor e pela renúncia. A razão humana os condenava; a fé os sustentava. Ali, o coração venceu pela força moral do sacrifício.

Na Segunda Guerra Mundial, o drama repetiu-se em outra escala: a ciência e a razão técnica foram usadas para a destruição, enquanto corações anônimos — como o de Anne Frank ou o de Maximiliano Kolbe — se tornaram faróis de compaixão e humanidade.

Esses exemplos demonstram que o progresso autêntico da civilização não se mede pela quantidade de invenções, mas pela capacidade de sentir o outro. Toda razão que não se converte em amor degenera em poder; todo amor que não se ilumina pela razão converte-se em cegueira.

IV. A Síntese Espírita: O Equilíbrio da Alma.

O Espiritismo, como filosofia espiritual da razão e do coração, propõe a reconciliação desses polos. Kardec ensina que a fé verdadeira é “a que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 7).

Assim, a fé não é um sentimento cego, mas uma razão esclarecida; e a razão, para ser completa, precisa elevar-se à compreensão espiritual. O coração sente a verdade, e a razão a confirma — é o encontro entre o humano e o divino dentro de cada ser.

Conclusão

O homem só será pleno quando compreender que a razão é o leme, mas o coração é o vento. Um sem o outro conduz ao naufrágio. Na história, nas emoções, nas ciências e nas crenças, tudo se decide nesse encontro invisível entre o que se pensa e o que se sente.

Quando o coração se educa pela razão, nasce a sabedoria.
Quando a razão se ilumina pelo amor, nasce a paz.

A verdadeira evolução humana consiste, pois, em unir os dois santuários da alma — o da lógica e o da ternura — para que da fusão deles surja o homem integral, cuja moralidade já não é imposta de fora, mas conquistada por dentro.

“Entre a razão e o coração, há uma ponte invisível chamada consciência e é por ela que a alma atravessa o abismo da ignorância rumo à luz.”

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“A LUZ PROIBIDA:
John Wycliffe e o Fogo que Acendeu a Reforma”

O Herege que Lançou Luz nas Sombras.

No âmago sombrio da Idade Média, quando a teologia era refém do latim e o povo permanecia nas trevas da ignorância espiritual, um homem ousou desafiar o monopólio da fé. John Wycliffe (c. 1320–1384), teólogo e filósofo inglês, ergueu-se contra o poderio eclesiástico e proclamou que a Palavra de Deus deveria ser acessível a todos, não apenas aos eruditos e clérigos. Seu nome ecoa não como o de um mero dissidente, mas como o de um precursor da Reforma Protestante um espírito livre que, antes mesmo de Lutero, acendeu a centelha da consciência religiosa no Ocidente.

I. O Contexto de uma Fé Aprisionada.

A Igreja Católica do século XIV detinha um poder absoluto sobre os reinos europeus. O saber teológico e bíblico era preservado em latim, língua inacessível à imensa maioria da população. A fé, em vez de ser vivência íntima, tornara-se instrumento de dominação.

Nesse cenário, John Wycliffe formado em Oxford, profundo conhecedor da filosofia escolástica e da teologia agostiniana começou a questionar o sistema eclesiástico e a autoridade papal. Influenciado por Santo Agostinho e pelo ideal de retorno à pureza evangélica, Wycliffe defendia que “a autoridade da Escritura supera a de qualquer instituição humana”.

A sua tese fundamental era de natureza espiritual e ética: a verdadeira Igreja não é a dos templos e hierarquias, mas a comunidade invisível dos justos, guiada pela Palavra divina.

II. A Tradução da Bíblia e o Crime da Luz.

Entre os feitos mais revolucionários de Wycliffe está a primeira tradução completa da Bíblia para o inglês médio, realizada com o auxílio de seus discípulos por volta de 1382.
Tal empreitada, embora hoje pareça um ato de libertação, era considerada crime gravíssimo: a Igreja havia decretado que traduzir ou divulgar a Bíblia sem autorização papal era heresia.

Wycliffe afirmava:

“Cristo e seus apóstolos ensinaram o povo em língua que este podia compreender; por que, pois, deveríamos ocultar a verdade sob o véu do latim?”

Essa ousadia fez dele o inimigo público número um do clero inglês. As cópias manuscritas de sua Bíblia circularam secretamente entre os camponeses e intelectuais os chamados “Lollardos”, seus seguidores que viam na leitura direta das Escrituras a libertação espiritual da opressão clerical.

III. A Filosofia da Rebeldia: Wycliffe e a Semente da Reforma.

Wycliffe foi, em essência, um pensador que uniu a filosofia à moral. Seu sistema, conhecido como realismo divino, sustentava que o poder temporal e espiritual só é legítimo quando se funda na graça de Deus. Um clérigo em pecado, dizia ele, perde o direito de exercer autoridade sobre os homens.

Essa concepção atingia o âmago da estrutura eclesiástica medieval — a venda de indulgências, o luxo da cúria, o poder temporal dos bispos — e anunciava, de forma precoce, o princípio que mais tarde guiaria Lutero e Calvino: a supremacia da consciência individual diante da verdade revelada.

IV. Wycliffe, Jerônimo de Praga e Jan Hus: O Triângulo da Revolta Sagrada.

As ideias de Wycliffe não morreram em Oxford. Elas atravessaram fronteiras e encontraram solo fértil em Boêmia (atual República Tcheca), onde o teólogo Jerônimo de Praga e seu mestre Jan Hus estudaram seus escritos com fervor.
Hus, profundamente inspirado por Wycliffe, pregava que a Igreja precisava retornar à simplicidade apostólica e que o Papa não era infalível.

Em 1415, Jan Hus foi condenado e queimado vivo no Concílio de Constança. Jerônimo de Praga, seu discípulo e amigo, sofreu destino semelhante no ano seguinte. Ambos invocaram o nome de Cristo e o legado de Wycliffe até o último instante.

Curiosamente, o próprio Wycliffe escapou da fogueira enquanto vivo — morreu de um derrame cerebral em 1384 —, mas foi condenado postumamente. Em 1428, por ordem do Papa Martinho V, seus ossos foram desenterrados, queimados e lançados ao rio Swift, como símbolo de extirpação da heresia. O gesto, porém, transformou-se em metáfora: as águas do Swift espalharam as cinzas de Wycliffe pelo mundo, como se espalhasse o evangelho que ele desejou livre.

V. A Imortalidade do “Herege”

John Wycliffe é, portanto, o “lucífero da Reforma” não no sentido demoníaco, mas etimológico: o portador da luz. Sua coragem intelectual fez tremer o edifício da ortodoxia, e sua Bíblia inglesa abriu caminho para todas as traduções vernáculas que viriam depois.

A influência espiritual e filosófica de Wycliffe ultrapassa o tempo. Ele foi o primeiro a articular a ideia de que o homem deve prestar contas somente à sua consciência iluminada pela razão e pela fé, e que o acesso direto à Escritura é um direito divino, não um privilégio clerical.

Conclusão: O Legado do Fogo e da Palavra.

A condenação à morte de John Wycliffe ainda que tardia simbolizou o medo da Igreja diante da emancipação espiritual do homem. Mas a história mostrou que nenhuma fogueira apaga a chama da verdade.
Jerônimo de Praga e Jan Hus, inspirados pelo mestre inglês, selaram com o sangue o testemunho de que a consciência é inviolável.

Séculos depois, Martinho Lutero ergueria as teses de Wittenberg sobre o mesmo fundamento que Wycliffe havia traçado em Oxford: a liberdade de interpretar, pensar e crer.

E assim, das cinzas lançadas ao rio, nasceu o curso de uma nova era espiritual — a da consciência liberta pela luz da Palavra.

Referências:

Baur, John. The History of the Church: Medieval Period. Oxford University Press, 1996.

Leff, Gordon. Heresy in the Later Middle Ages: The Relation of Heterodoxy to Dissent. Cambridge University Press, 1967.

Workman, Herbert B. John Wyclif: A Study of the English Medieval Church. Clarendon Press, 1926.

Schaff, Philip. History of the Christian Church, Vol. VI: The Middle Ages. Charles Scribner’s Sons, 1910.

Spinka, Matthew. John Hus and the Czech Reform. Princeton University Press, 1941.

“As cinzas de Wycliffe foram lançadas ao rio, mas o rio levou-as ao mar; e assim sua doutrina se espalhou por todas as nações.” — Antiga crônica inglesa.

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“Entre o corpo e o infinito não há serenidade sem responsabilidade, nem harmonia sem esforço moral.
Agir com calma, compreender o outro, e converter as experiências em degraus de crescimento é o caminho seguro para a verdadeira paz. Essa serenidade não é passividade, mas sabedoria em ação: é a força de quem aprendeu a reagir com luz diante das sombras do mundo.
Entre o corpo e o infinito, o Espírito humano constrói sua eternidade. Cada gesto de cuidado, cada palavra de amor e cada pensamento de fé convertem-se em sementes que florescem no jardim da alma.
A educação moral, a comunicação consciente e a oração sincera são os três pilares de uma nova civilização mais fraterna, mais justa e espiritualmente desperta.
Que saibamos, pois, reencontrar o equilíbrio entre a matéria e o espírito, transformando o cotidiano em um hino silencioso de amor e progresso.
“A verdadeira paz nasce quando a alma aprende a conversar com Deus dentro de si.””

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O monge que queria ver Cristo.
livro: Pontos e Contos
Irmão X.

Conta-nos Longfellow a história de um monge que passou muitos anos, rogando uma visão do Cristo. Certa manhã, quando orava, viu Jesus ao seu lado e caiu de joelhos, em jubilosa adoração.

No mesmo instante o sino do convento derramou-se em significativas badaladas. Era a hora de socorrer os doentes e aflitos, à porta da casa e, naquele momento, o trabalho lhe pertencia. O clérigo relutou, mas, com imenso esforço, levantou-se e foi cumprir as obrigações que Lhe competiam.

Serviu pacientemente ao povo, no grande portão do mosteiro, não obstante amargurado por haver interrompido a indefinível contemplação. Voltando, porém, à cela, após o dever cumprido, oh maravilha! Chorando e rindo de alegria, observou que o Senhor o aguardava no cubículo e, ajoelhando-se, de novo, no êxtase que o possuía, ouviu o Mestre que Lhe disse, bondoso:
“ - Se houvesses permanecido aqui, eu teria fugido.”

Assim, de nossa parte, dentro do ministério que hoje nos cabe, não nos é lícito desertar da luta e sim cooperar, dentro dela, para a vitória do Sumo Bem.

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QUANDO OS MORTOS FALAM AOS VIVOS.

“E vêm os mortos que estão sempre vivos, falar aos vivos que estão não invariavelmente sempre mortos.”
Escritor:Marcelo Caetano Monteiro .

A sentença, paradoxal e provocadora, nos conduz à reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida e da morte. O Espiritismo nos mostra que a morte não é o aniquilamento, mas apenas a transição de uma forma de existência para outra. O corpo se desfaz, mas o ser essencial, o Espírito, permanece, consciente de si mesmo, apto a prosseguir em sua jornada.

É por isso que, desde tempos imemoriais, os chamados “mortos” retornam, não para semear assombro, mas para recordar aos que permanecem na carne que a vida não cessa. Kardec registrou, em O Livro dos Espíritos (questão 149), a pergunta direta: “Que acontece à alma no instante da morte?” – à qual os Espíritos responderam com simplicidade desarmante: “Volta a ser Espírito, isto é, retorna ao mundo dos Espíritos, que deixou momentaneamente.”

Os ditos mortos, portanto, não são mortos: são vivos, mais lúcidos, mais despojados dos véus da ilusão material. Quando se comunicam, vêm advertir-nos de que a existência terrena é apenas um capítulo breve da longa obra da eternidade.

Já os vivos, muitas vezes, parecem mortos: mortos em esperança, mortos em ternura, mortos em fé. Respiram, mas não vivem plenamente; caminham, mas não sabem para onde; acumulam, mas não se enriquecem. É nesse sentido que se tornam “mortos” espirituais, não invariavelmente, mas sempre que se esquecem de sua natureza imortal.

Léon Denis, em Depois da Morte, expressou esse contraste com clareza: “A morte não é a noite, mas a aurora. Para os que sabem ver, é libertação, é ascensão, é vida mais intensa.” Ele nos convida a despertar para a vida real, que não está no corpo que envelhece, mas na alma que progride.

Mensagem consoladora.

Diante disso, o consolo se impõe: não há separação definitiva, não há perda eterna, não há silêncio inquebrantável. Os que amamos, se partem do mundo físico, continuam ao nosso lado, atentos e afetuosos, provando que não morreram. A verdadeira morte seria apenas a da alma que se recusa a amar, que se fecha ao bem, que se deixa endurecer pelo egoísmo.

Assim, quando ouvimos a voz dos que chamamos mortos, ecoando na consciência ou pela via mediúnica, eles nos recordam: vivam, porque nós estamos vivos. A existência prossegue, a esperança permanece, e o reencontro é destino certo.

A morte não rouba ninguém; apenas devolve o ser humano à vida real do Espírito. E se os mortos falam, é para despertar os vivos que ainda dormem na ilusão da matéria.

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Ó mestre, eu permito que tu me persigas.
“Jesus, ó meu Mestre, meu Guia, minha dor amada… eu permito que Tu me persigas, se for na direção da Tua luz.”

Há corações que já não pedem consolo, pedem apenas sentido. E nesse instante sagrado, quando o Espírito se ajoelha diante do invisível, nasce a verdadeira prece aquela que não suplica por alívio, mas por permanência na Vontade Divina.

Há dores que não ferem, purificam. Há lágrimas que não denunciam fraqueza, mas lavam o que ainda é humano demais dentro de nós. Quando a alma pronuncia esse “eu permito”, ela não se entrega à fatalidade, mas à consciência daquilo que a move: o Amor que corrige, que chama, que transforma.

Não é a perseguição do castigo, é a perseguição da graça. O Mestre não vem para punir, vem para fazer de cada ferida um altar, de cada queda uma oportunidade de renascer. A perseguição de Jesus é o toque suave da Verdade que não desiste de nós, mesmo quando fugimos do espelho da própria consciência.

Quem assim se entrega já não busca milagres, busca entendimento. Já não deseja o conforto do corpo, mas o repouso da alma em Sua presença. É o instante em que o “eu” se dissolve e resta apenas o silêncio luminoso de quem ama sem pedir, de quem serve sem pesar, de quem sofre sem revolta.

E nessa entrega sem nome, sem forma e sem recompensa, a alma descobre que a dor, quando amada, deixa de ser dor. Torna-se caminho. Torna-se luz.

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“Se a tua última vela arder apenas por um fio de paz e fé, ainda assim, nenhuma noite será capaz de sufocar-lhe o brilho; pois mesmo a menor centelha, quando nasce da alma, desafia o escuro do mundo.”

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Instruções para o Sr. Allan Kardec — A Ternura de um Chamado à Moderação e à Perseverança

(Paris, 23 de abril de 1866, médium Sr. Desliens, ditado do Espírito Dr. Demeure)

Publicada na Revista Espírita de maio de 1866, esta comunicação é uma das mais expressivas e instrutivas da coletânea. O texto revela um momento de sensibilidade humana e elevação espiritual vividos por Allan Kardec, em meio a intenso labor doutrinário, mas sempre guiado por notável lucidez e serenidade moral.
Trata-se de uma exortação afetuosa e prudente, na qual o Espírito Dr. Demeure, médico e amigo, dirige-se ao Codificador com o carinho de um irmão mais experiente, convidando-o ao equilíbrio entre o dever e o repouso, entre o zelo e a moderação.

Contexto histórico e humano

Em 1866, aos 61 anos, Allan Kardec já havia concluído quatro das cinco obras fundamentais da Codificação:

O Livro dos Espíritos (1857),

O Livro dos Médiuns (1861),

O Evangelho segundo o Espiritismo (1864),

O Céu e o Inferno (1865).

Dedicava-se, então, à redação de A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo (1868), enquanto administrava vasta correspondência e organizava o movimento nascente. O esforço constante, somado às exigências do cargo de orientador doutrinário, começou a afetar-lhe a saúde física.
Foi nesse contexto que o Espírito Dr. Demeure, em gesto fraternal, veio oferecer conselhos de sabedoria e ternura paternal.

Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, maio de 1866. Artigo: “Instruções para o Sr. Allan Kardec”. (Disponível integralmente em Kardecpedia – Revista Espírita, 1866, Maio.)

1. A advertência quanto ao repouso e à preservação das forças.

“Necessitais de repouso; as forças humanas têm limites que o vosso desejo de ver progredir o ensino muitas vezes vos leva a infringir.”

Aqui não se trata de censura, mas de prudência espiritual. O Espírito Demeure convida Kardec a compreender que o corpo é instrumento sagrado do Espírito, e que a manutenção da vitalidade é parte da própria missão.
Kardec, sempre diligente e abnegado, não se excedia por vaidade ou imprudência, mas por zelo legítimo. O conselho visa apenas orientá-lo a distribuir melhor suas energias, de modo a assegurar a continuidade da obra.

A advertência, portanto, transcende o momento pessoal: é lição universal aos servidores do bem, ensinando que o equilíbrio entre ação e repouso é também uma forma de fidelidade a Deus.

2. A sabedoria do tempo divino.

“De que serve correr? Não vos disseram muitas vezes que cada coisa viria a seu tempo...?”

O Dr. Demeure recorda a Kardec que o progresso das ideias segue ritmos que nem mesmo a boa vontade humana pode acelerar. A obra de Deus se cumpre em harmonia com as leis evolutivas do Espírito e da Humanidade.

O trecho ecoa o ensino de O Livro dos Espíritos, questão 798:

“O Espiritismo caminhará com rapidez quando os homens se ocuparem mais do futuro do que do presente.”
(Tradução de José Herculano Pires, Ed. Paideia)

Assim, o Espírito reafirma a natureza progressiva e coletiva da Doutrina, cujo desdobramento depende da maturidade intelectual e moral dos homens.

3. A previsão das lutas futuras.

“Credes que todo o movimento esteja amainado e todos os ódios estejam acalmados?... o futuro vos guarda outras provas...”

A mensagem não traz presságio sombrio, mas realismo evangélico. O Dr. Demeure prepara Kardec para as resistências naturais que toda verdade enfrenta em sua difusão.
As “provas” mencionadas são oportunidades de depuração e fortalecimento moral.

A expressão “cadinho depurador” resume essa ideia: o fogo das dificuldades é o instrumento da pureza espiritual. O Codificador, consciente da grandeza de sua tarefa, acolhe o aviso com serenidade e fé.

4. O excesso de correspondências e o dever da delegação.

“As perguntas de toda sorte vos cansam... considerais um dever respondê-las tanto quanto possível...”

O Espírito observa o volume de cartas e consultas que chegavam a Kardec de todas as partes do mundo.
Com ternura e sensatez, recomenda-lhe a delegação de tarefas e a seleção criteriosa dos compromissos. Kardec aceita a orientação com humildade e prontamente anuncia à Revista Espírita as novas medidas administrativas — gesto que demonstra sua docilidade e discernimento.

5. Lições morais e espirituais.

A mensagem do Dr. Demeure não é apenas um conselho pessoal, mas um ensinamento perene:

O trabalho espiritual exige zelo, mas também prudência;

A abnegação deve estar harmonizada com o respeito às leis naturais;

O verdadeiro servidor de Deus é aquele que persevera com equilíbrio e constância.

O Espírito conclui falando “em nome de todos os Espíritos que contribuíram poderosamente para a propagação do ensinamento”, reafirmando que a Codificação é obra coletiva, conduzida pela Providência.

Confronto doutrinário.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 5 (“Os obreiros do Senhor”), Kardec registrou:

“Os obreiros são numerosos, mas poucos são os bons operários... Dai a cada um sua tarefa e a cada tarefa o tempo necessário para sua execução.”

E, na Revista Espírita, junho de 1867, o Espírito Erasto complementa:

“O zelo excessivo é, frequentemente, um obstáculo; é uma febre do Espírito.”

Ambas as passagens confirmam a harmonia da advertência recebida. O zelo, quando moderado pela razão e sustentado pelo amor, é força edificante; quando impaciente, converte-se em inquietação.

Reflexão final:

A mensagem de 23 de abril de 1866 representa um dos mais belos testemunhos da comunhão entre o mundo espiritual e o terreno.
Nela, vemos um Espírito amigo orientando, e um missionário ouvindo com humildade.
Allan Kardec, longe de se mostrar exausto ou desanimado, demonstra nobre equilíbrio e prontidão moral, acolhendo o ensinamento com serenidade e fé no futuro.

A correspondência entre ambos é modelo de amor disciplinado e de confiança na Providência, revelando que o verdadeiro servo de Deus não é o que se consome, mas o que persevera iluminadamente.

Referências:

1. KARDEC, Allan. Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos, maio de 1866. Dissertações espíritas: “Instruções para o Sr. Allan Kardec”. Disponível em: Kardecpedia – Revista Espírita 1866, Maio.

2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, tradução de José Herculano Pires. São Paulo: Edicel/Paideia.

3. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, tradução de José Herculano Pires. São Paulo: Edicel/Paideia.

4. Revista Espírita, junho de 1867: “O zelo excessivo”, Espírito Erasto.

5. DELANNE, Gabriel. O Fenômeno Espírita. Paris, 1896.

Síntese conclusiva:

A advertência do Dr. Demeure a Allan Kardec é um hino à prudência e à perseverança.
Não há nela censura, mas ternura; não há sombra, mas claridade.
O zelo pela Doutrina deve ser acompanhado de serenidade, como ensina o Cristo:

“O Espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26:41)

E Léon Denis completa em O Problema do Ser, do Destino e da Dor:

“O dever não é sofrer inutilmente, mas sofrer utilmente, quando o sofrimento é meio de progresso.”

Assim, Kardec não foi um mártir do excesso, mas o exemplo sublime da constância equilibrada o trabalhador que, mesmo advertido a repousar, jamais cessou de servir com sabedoria e amor.

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“A Liturgia da Dor:
Quando Amar é Sofrer em Vida pelo Ser Amado”
Texto filosófico e psicológico.
Amar é sofrer em vida não por fraqueza, mas por excesso de humanidade. O amor, quando autêntico, carrega em si o germe do sofrimento, porque nasce do desejo de eternizar o que é efêmero, de reter o que inevitavelmente escapa. Amar é querer aprisionar o tempo no instante em que o olhar do outro nos faz existir; é suplicar à eternidade que não nos apague da memória de quem amamos.

Há uma liturgia secreta na dor amorosa. Ela purifica, depura, torna o ser mais lúcido e, paradoxalmente, mais enfermo. O amante vive uma crucificação sem sangue: carrega o peso invisível de um afeto que o mundo não compreende. Vive entre o êxtase e o abismo, entre o beijo e a renúncia. Freud chamaria isso de ambivalência afetiva: a coexistência de prazer e dor em um mesmo movimento da alma. Mas há algo mais profundo algo que a psicologia talvez não alcance, pois o amor, em sua forma mais elevada, é sempre um sacrifício voluntário.

Quem ama verdadeiramente, sofre antes mesmo da perda. Sofre por pressentir a fragilidade do instante, por saber que a ventura é breve, que o corpo é pó e que toda promessa humana é feita sobre ruínas. Esse sofrimento não é patológico, mas metafísico: é o reconhecimento de que a alma, ao amar, toca o eterno e, ao voltar à realidade, sente a mutilação de quem regressa do infinito.

Nietzsche, em seu niilismo luminoso, diria que o amor é a mais bela forma de tragédia, pois ele exige entrega total, sabendo-se fadado ao fim. Amar é afirmar a vida apesar do sofrimento, é dizer “sim” à existência, mesmo sabendo que o objeto amado um dia há de desaparecer. É um heroísmo silencioso, uma luta contra o absurdo.

Mas há também o lado sombrio o amor que se torna cárcere, o sentimento que se alimenta do próprio tormento. A psicologia o chamaria de complexo de mártir, mas o filósofo o vê como a tentativa desesperada de alcançar o absoluto num mundo que só oferece fragmentos. O sofrimento, então, torna-se o altar onde o amante consagra sua fé.

“Amar é sofrer em vida pelo ser amado” eis a verdade dos que ousaram sentir profundamente. É morrer um pouco a cada ausência, é carregar dentro de si a presença que já não se tem. O amor, quando verdadeiro, não busca recompensa: ele é em si o próprio sacrifício.

E talvez seja esse o segredo trágico e belo da existência: somente quem amou até sangrar conhece o sentido oculto de viver. Pois o amor é o único sofrimento que salva, a única dor que eleva. Quem nunca sofreu por amor, nunca amou apenas existiu.
Epílogo:
“Há dores que são preces disfarçadas. E o amor é a mais silenciosa de todas elas.”

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Gandhi, ao contemplar a vitrine repleta de bens materiais e dizer: “Estou vendo justamente tudo o que eu não preciso”, revela o grau supremo de autossuficiência moral e espiritual a que o ser humano pode chegar.
Ele não via pobreza em si mesmo, mas riqueza na simplicidade. O olhar de Gandhi não era de desejo, mas de consciência consciência de que a verdadeira liberdade não está em possuir, mas em não ser possuído.
Mensagem final.
O amor, quando vivido em sua expressão mais pura, não é um sentimento é uma decisão de alma. Gandhi decidiu amar, e por isso continua vivo, não nas estátuas, mas na consciência de quem compreende que a única revolução capaz de salvar o mundo é aquela que começa no coração humano.

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