Quintal

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No fim da tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal: Meus filhos, o dia já envelheceu, entrem pra dentro.

Manoel de Barros
Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
Com janelas de aurora e árvores no quintal -
Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
E ao crepúsculo fiquem cinzentas
como a roupa dos pescadores.

O que desejo é apenas uma casa.
Em verdade, Não é necessário que seja azul,
nem que tenha cortinas de rendas.
Em verdade, nem é necessário que tenha cortinas.
Quero apenas uma casa em uma rua sem nome.

Sem nome, porém honrada, Senhor.
Só não dispenso a árvore,
Porque é a mais bela coisa que
nos destes e a menos amarga.
Quero de minha janela sentir
os ventos pelos caminhos, e ver o sol

Dourando os cabelos negros
e os olhos de minha amada.

Também a minha amada não dispenso, meu Senhor.
Em verdade ele é a parte mais importante deste poema.
Em verdade vos digo, e bastante constrangido,
Que sem ela a casa também eu não queria,
e voltava pra pensão.

Ao menos, na pensão, eu tenho meus amigos
E a dona é sempre uma senhora
do interior que tem uma filha alegre.
Eu adoro menina alegre,
e daí podeis muito bem deduzir

Que para elas eu corro nas minhas horas de aflição.

Nas minhas solidões de amor e
nas minhas solidões do pecado
Sempre fujo para elas, quando não fujo delas, de noite,
E vou procurar prostitutas. Oh, Senhor vós bem sabeis
Como amarga a vida de um
homem o carinho das prostitutas!

Vós sabeis como tudo amarga
naquelas vestes amassadas
Por tantas mãos truculentas ou tímidas ou cabeludas
Vós bem sabeis tudo isso, e portanto permiti
Que eu continue sonhando com a minha casinha azul.

Permiti que eu sonhe com
a minha amada também, porque:
- De que me vale ter casa sem ter
mulher amada dentro?
Permiti que eu sonhe com uma que ame
andar sobre os montes descalça
E quando me vier beijar faça-o
como se vê nos cinemas...

O ideal seria uma que amasse fazer comparações
de nuvens com vestidos, e peixes com avião;
Que gostasse de passarinho pequeno,
gostasse de escorregar no corrimão da escada
E na sombra das tardes viesse pousar
Como a brisa nas varandas abertas...

O ideal seria uma menina boba:
que gostasse de ver folha cair de tarde...
Que só pensasse coisas leves que nem existem na terra,
E ficasse assustada quando ao cair da noite
Um homem lhe dissesse palavras misteriosas ...
O ideal seria uma criança sem dono,
que aparecesse como nuvem,
Que não tivesse destino nem nome -
senão que um sorriso triste
E que nesse sorriso estivessem encerrados
Toda a timidez e todo o espanto
das crianças que não têm rumo...

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
Com janelas de aurora e árvores no quintal -
Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
E ao crepúsculo fiquem cinzentas como a roupa dos pescadores.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Nota: Trecho de Link

...Mais

Sou hoje um caçador de achadouros da infância.
Vou meio dementado e enxada às costas cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos.

Manoel de Barros
BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.

Quintal do sítio -
A única forma geométrica
É a linha de um varal.

O extraterrestre pousou com sua nave no quintal de uma residência,
ao que um senhor de uns 40 anos abriu a porta da cozinha e ouviu o E.T a dizer:
- Terráqueo, leve-me a seu líder!
E aí o senhorzinho respondeu:
- Minha mulher não tá em casa, não, moço. Volte outra hora.

A maior dádiva para o estudante é o saber adquirido, nenhum outro dom faria valer a pena tanto esforço e dedicação.

Eu vim da selva, sou leão, sou demais pro seu quintal.

Quando a felicidade bate na porta, muitas pessoas estão no quintal procurando trevo de 4 folhas.

Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade.

QUINTAL DOS MEUS SONHOS

Solitário, um menino excluído brinca
No fundo do quintal com uma rodinha nas mãos.
Parece estar dirigindo, mas tão concentrado...
"Esse menino, não joga bola,
Não brinca com os outros,
Não se aproxima de meninas...
Não sei o que vai ser dele!" _ fala a mãe, solteira, do garoto.
Aliás, a família comenta o estranho jeito de ser do menino.
O tempo vai passando e ele continua isolado,
Mas substitui a rodinha por um papel e uma caneta.
Quantas fantasias e viagens fantásticas ele teve naquelas tardes de solidão?
Os melhores sonhos, são os que sonhamos acordados,
E são esse que ele, agora já adulto, publica em jornais e revistas.
Agora que ficou conhecido de todos,
Deixou de ser desconhecido pela família.

Gatos no quintal
Disputam gata no cio
- Rato vai... e vem.

Ruído de chinelos
No quintal do lado -
Mas que calor...

Acordo molhado de suor -
O sonho do banho
No tanque do quintal!

Escurece rápido.
Insistente, a corruíra
cisca no quintal.

folhas no quintal
dançam ao vento
com as roupas do varal

Sapo no quintal
Uma vassourada trêmula
Nós dois a pular.

Fundo de quintal...
Silêncio. No velho muro,
uns cacos de sol...

...o gramado do vizinho pode até ser mais verde que o seu, mas não encaixa no seu quintal...

Hoje o meu quintal amanheceu lilás
Da cor do amor fugaz, da cor da sedução
Hoje as flores se abriram e choveu pétalas no chão
Fizeram do meu canto a cor forte da emoção
Ainda é tempo de jambo.