Quem tem Telhado de Vidro Evita Chuva de Pedra
Há dois momentos na vida de um homem em que não se deve especular: quando não tem os meios e quando os tem.
Não existe vingança melhor de que aquela que os outros infligem ao teu inimigo. Tem até o mérito de deixar-te a parte do generoso.
Existe uma coisa que toda a verdadeira espiritualidade tem em comum, quer essa espiritualidade seja derivada da fé, da ciência, da natureza, ou das artes – um sentido de sobrenatural.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
A verdade não tem que ser aceita com fé. Os cientistas não seguram suas mãos todo domingo, cantando: 'Sim, a gravidade é real! Eu vou ter fé! Eu devo ser forte! Amém!'.
Se o coração tem razões que a razão desconhece, isso deve-se ao fato da razão ser menos sensata do que o coração.
O tempo é a moeda da sua vida. É a única moeda que você tem, e somente você pode determinar como ela será gasta. Tome cuidado para não deixar que outras pessoas a gastem por você.
Quando, neste mundo, um homem tem qualquer coisa para dizer, o mais difícil não é fazer-lho dizer, mas impedi-lo de o dizer vezes de mais.
O adulador é um ser que não tem estima nem pelos outros, nem por si mesmo. Aspira apenas a cegar a inteligência do homem, para depois fazer dele o que quiser. É um ladrão nocturno que primeiro apaga a luz e em seguida começa a roubar.
O Cão Sem Plumas
A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.
O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.
Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.
Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.
Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.
Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Nota: Trecho da crônica "A Morte Devagar", publicada por Martha Medeiros no dia 1 de novembro de 2000. Muitos vezes é equivocadamente atribuída a Pablo Neruda.
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