Quanto mais me Conheco Fernando Pessoa

Qualquer povo defende sempre mais os costumes do que as leis.

Mais uma polegada, e o crime seria uma espécie de contrato por adesão: o delinquente aceita a ‘obrigação de sofrer a pena’ para ter o ‘direito’ à ação criminosa.

A honra é como a neve, que, perdida a sua brancura, nunca mais se recupera.

É o vencedor moral que mais facilmente morre para vencer.

A luxúria é como a avareza: quantos mais tesouros tem, mais sôfrega se torna.

Um homem sensato acreditará que é mais importante o que o destino lhe concedeu do que o que ele lhe negou.

Mais um ano que acaba.
Como esconderei dos meus pais
o cabelo grisalho?

O avarento mais preferiria que o sol fosse de ouro para o cunhar, do que ter luz para ver e viver.

É sempre melhor que quem nos incute medo tenha mais medo do que nós.

O livro é um pássaro com mais de cem asas para voar.

O demônio é mais diabólico quando é respeitável.

O amor é o mais agradável episódio do romance da vida, e o casamento o apagador do amor.

Mais vale ser invejado que lastimado.

O mais difícil: redescobrir sempre o que já se sabe.

Um expert é alguém que sabe cada vez mais sobre cada vez menos.

É indispensável querermos deitar a mão a mais do que podemos alcançar; senão para que serviria o céu?

Os filhos seriam, talvez, mais caros a seus pais e, reciprocamente, os pais aos filhos, sem o título de herdeiros.

A raça que acredita nos chefes sempre me pareceu a mais estúpida de todas as espécies humanas.

Os homens animados por uma fé comum nada têm feito mais depressa senão exterminar aqueles que pensam de modo diferente, sobretudo quando a diferença é muito pequena.

Os homens são sempre mais verbosos e fecundos em queixar-se das injúrias do que em agradecer os benefícios.