Quanto mais me Conheco Fernando Pessoa

⁠Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
(...) Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

⁠Escrevo para desfazer as amarras que prendem o meu coração ao abismo sombrio da solidão.

⁠Acumulei tantos sentimentos aqui dentro do peito que quando tudo desabou eles caíram em cima de mim com uma força devastadora... Eu fui esmagado pelas coisas que não disse.

⁠Você desfez os nossos laços, desfez os nossos nós, desfez todas as minhas certezas e planos. Você desfez tudo, menos a ligação que meu coração ainda tem com o seu.

⁠E todas as vezes que os meus olhos encontravam os teus, minhas células entravam em combustão... você sempre me fez queimar.

⁠Você desfez o meu sorriso tão rápido, que nem deu tempo de perceber que ele só se formava por você.

⁠Mesmo sem esperanças a gente espera se curar daquilo que dói no amago do nosso ser, daquilo que desfaz nossos sonhos, reprime nossos sorrisos e nos aprisiona junto ao medo. No fundo, no fundo, ainda acreditamos que tudo um dia dará certo e que a felicidade repousará em nossos corações cansados.

⁠Enquanto você rasga sorrisos por aí, eu rasgo o peito tentando te tirar de dentro dele.

⁠Eu andava nas nuvens quando estávamos juntos, mas quando você me soltou eu despenquei lá de cima...Quebrei a cara e o coração. E acho que minha alma também se partiu.

⁠Meu coração está cheio de buracos e por eles vazam as lágrimas da minha alma cansada... Eu estou inundado.

⁠Eu tentei ocupar espaços que nunca me couberam e isso foi me quebrando pouco a pouco a cada dia. Hoje sinto falta de quem eu era, sinto falta das minhas partes que ficaram por aí, sinto falta de ser inteiro. Hoje sou só metade ou menos, tentando me esgueirar pelo mundo sem ser notado.

⁠Eu não sei pisar no freio quando se trata de amor, é por isso que quando as coisas dão errado, a colisão é grave e o acidente é catastrófico... Meu coração sempre tende a capotar.

⁠Você me deu um espacinho tão medíocre no seu coração que eu me encolhi várias vezes para caber e com isso eu quase desapareci. Mas quando me expulsou dele percebi que eu sou gigante e jamais aceitarei mediocridade no amor e no afeto novamente.

⁠Eu pulei do precipício esperando que o seu amor me segurasse, mas você saiu de perto e me deixou cair... Eu me quebrei inteiro.

⁠Lembrar de você faz com que o meu coração lateje como se fosse uma ferida aberta.

⁠Você causou fissuras no meu miocárdio.
Essa é a dor em mim que nunca passa.

⁠É que o coração as vezes costuma pregar peças na gente.
Somos feitos de bobos sempre que ele ousa aprontar.

⁠Eu mesmo me saboto, tendo sempre a afundar.
Sou meu próprio inferno, sou minha própria âncora.

⁠Minhas lágrimas se acumulam tanto dentro de mim, que quando transbordam acabam formando um mar de mágoas... E eu me afogo nele por não conseguir lutar contra a maré.

⁠Mesmo depois de tudo, o meu coração ainda é o mesmo. Ele continua bobo, caridoso e ingênuo. Mesmo faltando pedaços ele ainda continua sendo bom.