Quando Morremos Sorrimos
O QUE A GENTE FAZ COM A DOR
Feridos, todos nós somos. Já fomos duramente golpeados quando estávamos mais felizes e distraídos. Já experimentamos a dor de ver a nossa confiança mais pura e amorosa ser machucada. Já sofremos perdas que devastaram temporadas de jardins. Já fomos atingidos pela fúria de tempestades repentinas que alagaram as ruas todas do nosso rosto. Já nos sentimos sozinhos nas
trilhas da mata cerrada da alma, em longas noites escuras, expostos aos perigos reais e imaginários, nenhum vestígio de sol.
Nunca conheci uma única pessoa que não traga no coração uma dor em carne viva, um pranto que ainda escoa em silêncio ou uma cicatriz para sempre falante. O que varia é a maneira que cada um de nós escolhe para lidar com isso a cada instante que o tempo desembrulha. Um jeito é, ainda assim, investir na vida; outro, é investir na morte. Um jeito é, por causa de tudo, alimentar mais o medo; outro, é, apesar de tudo, alimentar mais o amor. Nenhum deles é fácil, mas a paisagem de cada caminho é diferente.
(Extraído do livro "Cheiro de flor quando ri", Ana Jácomo)
E apercebi-me novamente que nunca me quis ser. Talvez porque nunca me fui. E se nunca me fui, nunca saberei o como é me ser.
Não consideres petulante um autor quando diz que os outros lhe não interessam nada. Pensa apenas que não é o que os outros fazem que ele quereria fazer. E não o julgues petulante mas honesto. Ou humilde.
Os que só do usual são capazes, só admitem a possibilidade do muito extraordinário quando este os atinge. Observei-o centenas de vezes.
Um livro é como um espelho: quando é um macaco que se olha nele, não pode ver reflectido nenhum apóstolo.
Se tu soubesses, quando deixamos de ter os nossos velhos, até que ponto lamentamos não lhes havermos dado mais do nosso tempo.
A saciedade gera insolência, quando a prosperidade toma por companhia / um homem malvado e que não tenha a mente sã.
Antes de buscarmos o perigo, torna-se indispensável prevê-lo e temê-lo; mas, quando estamos metidos nele, só nos resta desprezá-lo.
A variedade é a fonte de todos os nossos prazeres, e o prazer deixa de sê-lo quando se torna hábito.
