Quando a Gente se Encontrou
A gente não deve fantasiar a personalidade para satisfazer o outro. Afinal, o amor não é externo, externas são as aparências.
Muita gente diz que o tempo é inimigo do amor, que as relações se desgastam com o passar dos meses e anos. Mas isso não é verdade, pois vem os dias, as noites, mudam as luas e as estações e eu continuo te amando com a mesma paixão de quando te conheci. Na verdade, sinto como se o tempo reforçasse os nossos sentimentos a cada dia, como se os laços que nos unem estivessem mais estreitos e firmes a cada minuto. E o melhor é que esses laços apertados não nos oprimem nem limitam os nossos movimentos, não nos retiram a liberdade individual mas, pelo contrário, nos dão a sensação exata da grandiosidade do amor, este sentimento que permite que você se complete no outro sem deixar de ser você mesmo! Cada vez mais e mais a cada dia, porque sei que juntos somos capazes de vencer todas as barreiras, de vencer as horas com alegria e de voar sobre as asas do tempo, sugando os bons ares da experiência que ele proporciona, e tornando-nos cada vez mais confiantes na eternidade deste sentimento que nos une.
As vezes nos irritamos com as pessoas, por que a gente alimenta as nossas próprias ilusões, e esquece que cada um tem sua maneira de ser e de tomar suas próprias decisões!
A gente se pega deixando aquela lágrima, teimosa que só ela, escorrer. E ela desliza às vezes sem nenhum grande motivo aparente, vezes por nada, vezes por todas as pequenas razões que aparecem, dia após dia, das profundezas das nossas desilusões e tristezas ou da superfície das nossas conquistas e alegrias, e tantas são. Ela passa pelo rosto, faceira e desobediente ou apenas amiga, tentando escapar fielmente só para aliviar o fardo e a pressão do abrigo onde se achava, causando a ligeira sensação, na constância finita da vida, de que, se não esvaziar, haverá, a qualquer momento, uma explosão delas.
Ela, que em medidas dosadas é sempre necessária e conveniente, mesmo que, contraditoriamente, no pensamento, dispensável. E, mesmo que passemos o dia inteiro fortes como rocha, duros na queda como todo mundo se mostra ou tenta, batalhando bravamente, lá estamos nós, no fim da noite, noite sim, noite não, felizmente rendidos a ela, frágeis mas com jeito de quem é vitorioso por ter na cabeça, além das preocupações do ser humano, tão humano, a famosa sensação da missão cumprida, mesmo que isso tudo se misture com uma nítida impressão que a nossa pilha diária acabou e é nessa hora, então, que entendemos que mesmo que esta seja símbolo universal de tristeza, assume, bravamente e com igual excelência, o papel de guerreira de uma fortaleza, reestruturando, refazendo e limpando a bagunça, sempre que a vida pede. E, assim, ela se faz tão protagonista nas vidas como o mais belo dos sorrisos, mesmo que muitas vezes também, antagonista, fazendo a sua presença em muitas cenas ser completamente normal e realmente, é, discreta e ou escandalosamente.
E, vez ou outra, eu me rendo, sem medo e certa de que, do jeito certo, nada ela tem a ver com fraqueza, mas com a condição de ser humano, feliz e muito forte que sou, embora ali, frágil, porque mais feliz e forte, ainda, saio e cada vez mais refeita, serena e pronta, pois nela, a única dose exagerada é uma grande e incalculável pitada de Fé.
Deus olhai o meu povo da periferia
É tanta gente triste nessa cidade
É tanta desigualdade desse outro lado da cidade
Mas eu tenho fé, eu tenho fé eu acredito em Deus
Olhai por esses filhos teus
Senhor
Ó pai senhor olhai o meu povo sofrido da
Periferia
Muita gente passa e vai passar pela minha vida. E pouca gente vai ficar. Quer saber? Não me sinto mal com isso, não. Tenho amigos de infância. Tenho amigos de faculdade. Tenho amigos dos tempos de escola. Tenho amigos das agências em que trabalhei. Tenho amigos virtuais. Tenho amigos no salão de beleza. Tenho amigos no meu prédio. Nossa, como eu tenho amigos, certo? Errado. Muito errado.
Deus, se a gente pode pedir, eu te peço força e sabedoria, força pra me defender, e sabedoria pra usar minha força. Não quero machucar, porém não quero ser machucada, se o senhor pode, dá-me o equilíbrio. Amém.
Ah, o verão... Gente bonita e bronzeada, muita festa, muito amor... Deve ser por isso que o Sol vê nascer tantos amores na sua estação!
A gente não deve fantasiar a personalidade para satisfazer o outro, o amor não é externo, externas são as aparências.
A última Helena de Manoel Carlos.
Essa história veio chutar a cara da gente. Vinte anos passa tão rápido que as vezes nem percebemos. Se pensarmos, vinte anos é pouco pra viver, porém muito pra esperar. O tempo não volta, mas usa retorno pra buscar quem ficou parado no ponto. A vida talvez cobre explicações, mas é o tempo que esfrega na cara a sua fraqueza de não ter encarado as horas de dores. Pra quem costuma enfiar situações no bolso e ignorá-las por medo, um dia as vestes estão frágeis pelo desgaste do tempo, e nos obriga a pegar e olhar, e finalmente, decidir o que fazer pra todo sempre.
"Tem gente que não entende,
que dessa vida da gente.
Não levamos nada.
E que dessa cara amarrada e este nariz empinado,
só fica mesmo a foto.
Então que se sobre amor, que este amor seja devoto.
Por que quando voce se for.
Mesmo levando tanto amor.
Há sempre um tanto que sobra."
É no silêncio da noite, que a gente se encontra consigo próprio. E davaneamos em nossos sonhos intrigados...
