Prosa Poetica Vinicius de Moraes

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Eu poesia,ele prosa
eu ar,ele terra
eu flor,ele espinho...
Ele revolução,eu carinho
E nessa viagem
o amor se perde pelo caminho
na imensidão do vasto mar...
E a vida perde a graça
e antes que o sonho,por completo se desfaça
e que o amor não mais quiser amar
eu vou buscando razões,inventado motivos
pra que as lágrimas parem de chorar.

Entre prosa e poesia
Fiz da vida uma alegria
E assim hei de viver
A cada amanhecer
Acreditar que vai ser bom
Esperança é um dom
Que fortalece quem a tem
Anima, e só faz bem
Traz paz ao coração,
Se a vida te der um não,
Um sim deves buscar
Não desistas de amar
Pois o amor é solução.

Prosa Patética

Nunca fui de ter inveja, mas de uns tempos pra cá tenho tido... As mãos dadas dos amantes tem me tirado o sono... Ontem, desejei com toda força ser a moça do supermercado. Aquela que fala do namorado com tanta ternura. Mesmo das brigas ando tendo inveja. Meu vizinho gritando com a mulher, na casa cheia de crianças... Sempre querendo, querendo... Me disseram que solidão é sina e é pra sempre. Confesso que gosto do espaço que é ser sozinho. Essa extensão, largura, páramo, planura, planície, região. No entanto, a soma das horas acorda sempre a lembrança... Do hálito quente do outro. A voz, o viço... Hoje andei como louca, quis gritar com a solidão... Expulsar de mim essa Nossa senhora ciumenta. Madona sedenta de versos. Mas tive medo. Medo de que ao sair levasse a imensidão onde me deito... Ausência de espelhos que dissolve a falta, a fraqueza, a preguiça. E me faz vento, pedra, desembocadura, abotoadura e silêncio. Tive medo de perder o estado de verso e vácuo... Onde tudo é grave e único. E me mantive quieta e muda. E mais do que nunca tive inveja. Invejei quem tem vida reta, quem não é poeta... Nem pensa essas coisas. Quem simplesmente ama e é amado. E lê jornal domingo. Come pudim de leite e doce de abóbora... A mulher que engravida porque gosta de criança... Pra mim tudo encerra a gravidade prolixa das palavras: Madrugada, mãe, ônibus, olhos, desabrocham em camadas de sentido... E ressoam como gongos ou sinos de igreja em meus ouvidos. Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo. Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio. Clarice diz, que sua função é cuidar do mundo. E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada... Não tenho bons modos nem berço. Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito. O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito? Eu, cuja única função é lavar palavra suja... Nesse fim de século sem certeza? Eu quero que a solidão me esqueça.

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.

CHAMA


Poética e intensa é esta chama
Desperta em sensualidade intermitente
Desejo penetrante desta trama
No corpo que hora arde incandescente

Coberta por cristais está a cama
Teus verdes olhos, o deleite mais urgente
Quero teus segredos como quem ama
Fazer da tua vontade, loucura indecente

O enigma em nós é quem agora clama
Arquiteta a imensidão de um amor ardente
Vastidão de paixão, martírio que reclama

Quero teu corpo, profana e eloquente
Viver o perigo de ser a tua dama
E dos teus lábios beber tua saliva quente

POÉTICA POLÍTICA

Poética política
pô! Ética política?
Crítica!

Tu, esquerda ou direita?
Ex-querda, agora direita.
Troca feita.

Nesta troca de partidos,
como fica teu coração?
-Partido que não.

Ano de eleição:
sorriso para foto,
parece prostituição;
tudo por um voto.

Na poética mansidão da madrugada
Sonhos se refugiam na inquietação da alma.
A lua, farol iluminado ao longe
Hoje é quem me faz companhia.

A olhar as estrelas por entre nuvens.
Uma lágrima cai, mas não podem vê-la
Porque é da alma que sai...

Há noites assim,
Em que os corpos não se pedem,
São noites brandas de desejo,
Mãos que repousam em palavras de paz.

A cada noite numa folha branca
Os versos pedem para nascer na
Mansa inquietação com que me cubro
Nos dias em que não estás...

HARMONIA DO AMBIENTE ESCOLAR

Cecília Meirelles, em sua saborosa poética, assim escreve: "Ensinar é acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação - mas por uma contemplação poética, afetuosa e participante."
Quando se lê a educação com esse olhar de Cecília, parece que o dia-a-dia na relação professor-aluno é encantado. Muitos dirão que essa elevação afetiva só funciona no plano das idéias e que na prática se assiste a um aviltante processo de destruição das relações humanas.
A violência nas escolas se materializa em agressões verbais e físicas. O professor se sente vítima de um sistema que não o valoriza, portanto não o entende bem, nem o protege. Os alunos parecem prontos para a batalha. Padecem de amor e de limites. A ausência familiar se faz sentir na postura agressiva ou apatia em sala de aula.
Além disso, e talvez por isso, tentam disputar poder com os professores que, por sua vez, se deixam levar em um debate desnecessário. Há um axioma essencial na relação entre professor e aluno: autoridade harmonizada pelo afeto. O aluno precisa de limite e precisa compreender o papel do educador. O educador não pode impor sua autoridade, mas deve conquistá-la. Sem brigas nem ameaças. Sem histeria nem parcimônia. Com o respeito de quem sabe ensinar e aprender e de quem harmoniza as relações.
Há algumas dicas para essa relação harmoniosa. Evidentemente, são a experiência e a disposição do professor que farão com que ele toque na alma do seu aluno - sem isso não há educação. Entre essas dicas, algumas proibições. A primeira delas é que professor não pode brigar com aluno, mesmo que tenha razão. Se isso acontecer, parte da sala torcerá pelo aluno e a outra pelo professor, assim, ele deixa de ser referencial. A segunda: professor não pode colocar apelido em aluno. Terceira: não deve comparar um com o outro - é preciso lembrar que não há homogeneidade no processo educativo, mas heterogeneidade. Quarta: professor não pode se mostrar arrogante nem subserviente. O meio termo é amoroso.
E aí voltamos a Cecília Meirelles. A harmonia no ambiente escolar há de ocorrer quando se consegue quebrar a carcaça que envolve alguns alunos, pela falta de algo que deveria ter vindo antes. É esse sonambulismo, essa postura incorreta frente à vida e frente a si mesmo.
Trata-se de ajudá-lo a viver essa contemplação poética, ou, em termos aristotélicos, a buscar uma aspiração para a vida. Ou ainda em Paulo Freire, ajudá-los a desenvolver autonomia para sonhar.
Aí sim, o professor mostrará autoridade. Autoridade generosa de quem confia e cobra. De quem contrata no melhor sentido da palavra. E é nesse bom caminho que entra o afeto como instrumento de poder e participação. É do olhar do mestre que saem essas virtudes. O olhar que acolhe e que constrange quando necessário. O olhar que se faz cúmplice nas boas conquistas e que lamenta docemente pelo que se perdeu. O olhar que mantém o silêncio na sala de aula, sem gritos ou lamentações, mas que é capaz de chorar pela emoção de mais um aprendiz que encontrou seu caminho.
A harmonia no ambiente escolar não é uma utopia. É talvez uma tarefa complexa que exige o que de melhor podem dar os educadores: competência, coragem e muito, muito amor!


Revista Educacional, edição de setembro de 2007

Isso é uma mentira, uma discriminação boba. Tudo depende da veia poética do sujeito. Você já imaginou se Deus deixasse eu fazer eu do jeito que quero, com a cuca que tenho? Eu seria verde, todo bonito. Ninguém ia ser igual a mim. Eu seria um sucesso, o cabelo de ouro, ia ser tudo comigo. Mas me fizeram um crioulo esquisito. Essa história de que branco não faz samba é mentira. E também tem crioulo que não faz samba. Artista nasce em qualquer lugar.

(Obs.: Quando é perguntado certa vez se achava que brancos não sabiam fazer samba.)

RECEITA DE MULHER
(Vinícius de Moraes)

Para ser uma grande mulher..!!!

É preciso que haja qualquer coisa de flor......
Que seja bela.....
Que seja sem ser.....
Que se reflita e desabroche no olhar dos homens.....
Que seja leve como um resto de nuvem, mas que seja uma nuvem.....
Que dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos ao abri-los não mais estará presente.....
Que surja, não venha; parta, não vá.....
Que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente....
E que em sua incalculável imperfeição constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação........

Acorde arrependido, mas não morra na vontade, a vida passa muito rápido para você se privar, estamos aqui para aprender e experimentar gostos e sensações novas, aproveite enquanto você tem energia,porque não adiantará de nada você mais tarde ter a mesma vontade e não puder mais realizá-la.

"A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro" Vinicius de Moraes em Para Viver um Grande Amor (Companhia das Letras).

E nós nunca vamos nos beijar na chuva. Eu também nunca vou calar sua boca com um beijo e nenhuma das nossas brigas vão acabar na cama. Eu nunca vou te observar enquanto você dorme e nunca vou fazer cafuné em você quando você estiver com a cabeça deitada no meu peito. Não vamos passar tardes assistindo filmes românticos debaixo das cobertas e comendo brigadeiro. Também não vamos passar madrugadas acordados conversando. Nossos planos não vão se concretizar. Eu não vou ficar com vergonha conhecendo sua família.Não vamos contar aos nossos filhos a longa e estranha história sobre como nos conhecemos. As pessoas não vão olhar pra nós e falarem sobre como nós somos bonitinhos juntos. Não vamos discutir sobre quem vai levantar pra apagar a luz do quarto. Não vamos ter um futuro.Tudo isso poderia ter acontecido, mas não vai. Porque nós dois fomos feitos pra nos conhecermos, nos apaixonarmos, mas não pra ficarmos juntos.

Hoje acordei essencialmente para te desejar uma boa semana. Tenha força e perseverança. Acredite em você mesmo, pois é só você que pode criar o caminho pra vencer. Ouse, arrisque e nunca se arrependa de ter tentado. Não desista jamais dos seus sonhos e desejos e saiba valorizar quem te ama, esses sim merecem seu respeito!

Eu sou uma bagunça, difícil de lidar. Eu me afasto do nada, mudo de uma hora pra outra e você fica se perguntando o que aconteceu. E depois disso ainda volto como se nada tivesse acontecido. Eu faço você se desculpar, quando fui eu que errei. Eu não sei quais são os limites quando se trata do que eu quero e eu sou egoísta quando o assunto é quem eu amo. Pequenas coisas me machucam. Eu adoro receber elogios, mas fico sem graça e desvio o assunto quando recebo algum. Eu faço tudo ao contrário, só pra te irritar, quando você tenta mandar em mim. Sempre acho que não sou bom o suficiente. Eu sou idiota por natureza, e fico ainda mais ao lado dos meus amigos. Resumindo: você não vai querer ficar perto de mim.

Eu tentei. Só que tentar e esquecer não são duas coisas que funcionam bem juntas. E, mesmo tentando, minhas mãos continuaram buscando teu corpo, em outras pessoas. Meus olhos, desesperados, ainda procuravam pelo teu rosto no meio da multidão. Ouvi mil vozes, procurando o timbre da sua risada. Roubei diversos corações, mas não foi a mesma coisa. E assim eu sigo, só… Tentando. Tentando, andando e continuando. Te aviso quando conseguir.

Se saudade fosse descrista, jamais poderia ser sentida,porque descrever uma emoção seria como cego ver um clarão,o surdo ouvir uma canção, o coxo andar pelo chão, e eu descrever a saudade que sinto no coração,daqueles amigos que iriam sem ao menos voltar, e da aqueles que estão perto e posso conversar... reencontra os amigos

O Homem Escrito

Ainda está vivo ou
virou peça de arquivo
sua vida é papel
a fingir de jornal?

Dele faz-se bom uso
seu texto é confuso?
Numa velha gaveta
o esquecem, a caneta?

Após tantos escapes
arredonda-se em lápis?
Essa indelével tinta
é para que não minta
mas do que o necessário
é uma sigla no armário?

Recobre-se de letras
ou são apenas tretas?
Entrará em catálogo
a custa de monólogo?

Terá número, barra
e borra de carimbo?
Afinal, ele é gente
ou registro pungente?

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.

Preso à minha classe e a algumas roupas,Vou de branco pela rua cinzenta.

Melancolias, mercadorias espreitam-me.

Devo seguir até o enjôo? Posso, sem armas, revoltar-me'?

Olhos sujos no relógio da torre:

Não, o tempo não chegou de completa justiça.

O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobrefundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.

Sob a pele das palavras há cifras e códigos.

O sol consola os doentes e não os renova.As coisas.

Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.

Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado.

Nenhuma carta escrita nem recebida.

Todos os homens voltam para casa.

Estão menos livres mas levam jornaise soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?

Tomei parte em muitos, outros escondi.

Alguns achei belos, foram publicados.

Crimes suaves, que ajudam a viver.

Ração diária de erro, distribuída em casa.

Os ferozes padeiros do mal.Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.

Ao menino de 1918 chamavam anarquista.

Porém meu ódio é o melhor de mim.

Com ele me salvoe dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.

Uma flor ainda desbotada

ilude a polícia, rompe o asfalto.

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,

garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.

Suas pétalas não se abrem.

Seu nome não está nos livros.

É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.

Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.

É feia.

Mas é uma flor.

Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

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