Bezerra da Silva
Otário só tem dois direitos: tomar tapa e não dizer nada!
Malandro é malandro e mané é mané!
A favela, que agora puseram um nome mais bonito: comunidade, porque o remorso é tanto. Eles sabem que o favelado é vítima de uma sociedade famigerada.
Isso é uma mentira, uma discriminação boba. Tudo depende da veia poética do sujeito. Você já imaginou se Deus deixasse eu fazer eu do jeito que quero, com a cuca que tenho? Eu seria verde, todo bonito. Ninguém ia ser igual a mim. Eu seria um sucesso, o cabelo de ouro, ia ser tudo comigo. Mas me fizeram um crioulo esquisito. Essa história de que branco não faz samba é mentira. E também tem crioulo que não faz samba. Artista nasce em qualquer lugar.
(Obs.: Quando é perguntado certa vez se achava que brancos não sabiam fazer samba.)
O Partideiro Indigesto do samba sou eu
É pura realidade sem esnobação
O meu talento é um dom e foi Deus quem me deu
É isso que digo pro time da oposição
Não tolero conversa fiada e nem quais quais quais
E nem acredito também em malandro demais
Eu sei que a verdade dói mas tenho que dizer
Que eu tenho que dizer
Valor só se dá a quem tem doa a quem doer
Eu sei que o incompetênte fica injuriado
Mas tem que engolir a verdade e ficar calado
Eu não tenho papa na língua e nem lero lero
Respeito ao sambista do morro é só isso que eu quero
Sou cobra criada e tenho muito veneno. Sou neto da madrugada e afilhado do sereno.
Você com um revólver na mão é mesmo bicho feroz, sem ele anda rebolando e até muda de voz!
Para tirar meu Brasil desta baderna, só quando o morcego doar sangue e o saci cruzar a perna.
Eu só sei que a mulher que engana o homem
Merece ser presa na colônia
Orelha cortada, cabeça raspada
Carregando pedra pra tomar vergonha