Prosa de Amor
Acontece que já
nem mais sei
se posso sobre
este assunto falar,
só que é bem mais
forte do que eu,
e assim indo deitar
sigo na poesia
de raciocinar:
num movimento
se faz necessário
só um porta-voz
para que a mensagem
não seja distorcida,
o líder assim indicou
o maestro da sinfonia,
a militância como
orquestra de cordas
deve estar em sintonia.
Não se deve falar
pelo General,
Se deve falar
do General,
Não se deve usar
do General a imagem
em hipótese alguma
nem para se gabar,
nem para falar mal,
e nem para tirar vantagem.
Sim, falo em nome da poesia
sou da Pátria vizinha,
porque ao General que está
preso a História deve plena
continência e liberdade,
e todos nós devemos à
ele integral humanidade.
A lei da vida é muito
clara e objetiva:
falem do General,
mas não falem
pelo General.
Quem comanda um
movimento não
deixa de ser maestro,
e nem sempre isso
é sinal que ele
seja o compositor.
A liberdade é canção
de princípios inoxidáveis
que nos pede amor
envolvimento, afinação
e entrega total sempre por
quem precisar da libertação.
Um anjo no meio
da multidão com algo
a mais do que a espada
e a balança na mão:
anunciando que não
haverá nenhum tipo
de descanso enquanto
não houver a libertação.
Sob os olhos de ônix
se desenha a fênix
do próximo capítulo
com fé na justiça
e na força do destino.
Não haverá nenhum
retrocesso ou desistência,
só será preciso um
pouco de resiliência
para a tempestade vencer
em união com a tropa
o povo e a paz necessária
à quem precisa se convencer.
Eu nunca
reclamei sequer
Pelos amores
que perdi,
Mas com certeza
por aquilo que
Defendemos,
reclamarei
Até te deixarem voltar,
porque os valores
Igualdade, liberdade
e fraternidade,
São ideais que
valem a pena cultivar,
Faço votos
que o destino
permita os teus
sonhos realizar.
Era para ter sido ontem,
e mais um dia foi adiada,
A espera anda salgada
porque ela não faz sentido.
Essa falta de verdade
anda me machucando
que até parece um tanto
que aconteceu comigo.
Tratar mal quem a história
conhece como leal herói
É desrespeito a memória,
e não tem a ver com justiça.
Isso só confirma que há
quem por sadismo busca
Nas dores alheias beber
o cálice da desleal vitória.
Rumo à razão desconhecida,
endereço paradisíaco,
Desejo que até Deus dúvida,
- sonho dionísiaco -
Guardado por um sentinela
- vadio dançarino -
Segredando um pedido
- loucura singular -
Poemizando o espaço
íntimo sagrado de amar.
Discreto à quem interessa,
libido exibicionista,
Interessado só para quem desperta,
- o próprio transbordamento
Para quem sabe provocar
endoidado encantamento.
Esperto à quem atiça,
malícia santificada,
Repleto de manhas e coreografias,
- inesquecível magia
Para quem sabe acender
o incenso aos pés do altar.
Sobre o tempo...
"Constantemente... me vejo lembrando da minha infância. O mais engraçado de tudo é que... mesmo quando eu era ainda criança, tinha consciência a respeito do tempo, sabia que era uma fase e não queria que ela morresse, jamais.
Eu procurava fotografar, com os meus olhos, cada instante, com uma riqueza imensa de detalhes, para depois, no futuro... me lembrar dos bons momentos. E assim foi... eu não queria aceitar a morte da infância e o nascimento da adolescência... depois não queria aceitar a morte da adolescência... para ingressar na vida adulta.
Por quê? Eu não sei... mas esta sensação ainda me acompanha. Aceitar a morte dos eventos, ainda que sejam incompletos, ciclos que não foram fechados de forma clara, coisas mal resolvidas... "
Infância sinistra nos anos 80
"Nossas brincadeiras eram tão “surreais”. Era uma diversão imensa comer pão com ovo frito, tomar café com leite... e depois, ir queimar papel higiênico no quintal da casa... nós ficávamos tão felizes por viver isso. Era uma emoção imensa, colocar os papéis sujos para queimar... enquanto a fumaça nos cercava, parecia nos provocar um verdadeiro transe espiritual haha. Aqueles tatuzinhos que vemos no chão... muitas vezes, fazíamos “corrida” entre eles... o tatuzinho que chegasse primeiro num lugar específico... ganhava a corrida. Tal lugar específico poderia ser perto de uma pedrinha ou de um papelzinho. Caçar vagalumes era um passatempo e tanto também. Prendíamos o bichinho dentro de um vidro, coitado. Era uma espécie de competição, para ver quem conseguia “caçar” mais vagalumes. "
Incertezas
As vezes estou a pensar
Como seria amar
Não que esse poema,
tenha que rimar.
São muitas dúvidas,
que preciso tirar
A questão é amar ou não amar ?
Meu orgulho fala mais alto
Tanto faz ou não se apaixonar.
Meus sentimentos são como,
fechar os olhos e dormir sem sono
Ser fria soa como uma única opção
Esconder sentimentos que vem do coração.
Minha dor é a tua liberdade?
Longe de ti, padeço de todo tipo de efermidade emocional
Mas com isso, com isso tu consegues paz e tranquilidade.
Saudades e a consciência me arrastam para a tempestade.
Será minha dor a tua liberdade?
Acho que finalmente encontrei um jeito de me perdoar, dos erros que cometi no passado.
Esse é o primeiro passo, certo?
Se me recompor; será a minha felicidade a tua efermidade?
Ôh caro homem, como é que você tá?
O sol tinge tua cabeça e sê não para de plantar,
Pegou água no barreiro, carregou de lá pra cá,
Trouxe o pouco incontestável, mesmo assim não vai jantar?
Ôh caro homem, quando é que vai parar?
Sê saiu o dia inteiro, é bom ver você chegar,
Picado de um mói de abelha,
Se coçando com a poeira,
Tão cansado que fraqueja,
E sê ainda vai voltar?
Ôh caro homem, eu posso ser aprendiz?
Te ajudo com as pedrinhas,
Cavo e planto a raiz,
Alimento os animais,
Canto prosas atuais,
Mesmo sem saber demais,
Se eu pergunto, sê me diz?
Ôh caro homem, entendi tuas 'cicatriz,
Foi teu jeito verdadeiro...
Heroico feito um guerreiro ,
De mostrar pro mundo inteiro,
Que podia ser feliz.
...
Tão bom quanto ruim
Saber que sou tanto
Para tão pouco
Tão bom quanto ruim
Saber que meu canto
Vai me deixar rouco
Tão bom quanto ruim
Saber que seu espanto
Vai me deixar louco
Tão bom quanto ruim
Saber que meu acalanto
Embala tampouco
Tão pouco
Tão rouco
Tão louco
Tampouco
Tão poesia quão prosa
Saber que meu pranto
Regou sua rosa
Tão poesia quão prosa
Saber que seu manto
De linho airosa
Tão poesia quão prosa
Saber que, no entanto
Tem mente invejosa
Tão poesia quão prosa
Saber que, entretanto
A inveja é onerosa
Meu pranto
Seu manto
No entanto
Entretanto
Queres saber de onde venho?
-
Pergunte ao vento, às árvores
O deserto as constelações,
o silêncio das madrugadas,
as palavras pequenas
o campo e os montes,
pergunte as estradas,
as estrelas, o céu
os instrumentos de corda,
o verso e a prosa,
venho de longe,
venho do chão,
peregrino.
.
Nos muitos encontros e desencontros da vida esse ano frequentemente tive mais despedidas, e você será mais uma partida. Para onde, em outro estado, pode ser logo ali, mas parece tão afastado. A nossa comunicação transcende vidas somos puramente almas se tocando no embalo de uma curta vida. Ó tempo, que passa, passa e passa levando consigo o que de mais precioso pode ter um ser humano em sua trajetória que são os amigos. Dizem que é bola pra frente, mas como vou poder vislumbrar se olhando para atrás eu queria continuar. Deixar as pessoas no meu convívio com certeza seria um alívio. O meu querer era todos os dias pode-lá ver, caminhar, subir e descer pela ladeira e podermos ter um dedo de prosa, jogar conversas fora quem sabe por 10 minutos ou meia hora, o tempo tanto faz quando se tem uma pessoa querida porque até parece que o relógio cessa as suas batidas. Espero ansioso por esse estante do meu dia que será completo e quando não a tenho fico incompleto.
Meu dias são chatos, enfadonhos, monótonos, sem a sua presença é tudo meio cinzento, horrendo, tremendo dia chuvoso, nublado e tenebroso. Que logo fica belo com uma simples olhada para dentro dos seus olhos, negros, vistosos que penetra até o mais íntimo do espírito. Vou rimando e aprendendo que nessa vida muitas coisas ganhamos e perdemos só que não é um jogo justo, por vezes parece sujo. Injusto como os absurdos que existem nesse mundo, imundo, errante, sufocante, onde nos comprime e oprime como uma angustiante roda gigante. Prefiro mesmo olhar pelo prisma do grande poeta Vinícius de Moraes em um de seus sonetos esse chamado fidelidade: "que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure"
Esse olhar tão singelo é como quero que enxergue quando olhar para atrás e não ver mais por perto como matéria, porém com as minhas palavras que podem ser bem simples, mas são entregues com todo amor e carinho.
...
Me agarro na metamorfose
Duas pernas me levam bem longe
Degusto meu café, minha dose
Não espere que eu te desaponte
Distante da resignação
Desperto e adormeço tentando
Bem longe da acomodação
Avalizo minha fé, vou lutando
Tem dias que entorpeço feliz
Tem dias que adormeço doído
Escapei da expiação por um triz
No mais estou sempre sorrindo
Valente, me tornei imigrante
Carreguei minha bagagem, família
Do caos, virei itinerante
Meu jargão, minha filosofia
Na estrada vi muitos espinhos
Ferrões, e eles não são meus
Nem fui, nem sou Zé-Povinho
Sou grande, acredito em Deus
O triunfo em verso e prosa
ACASOS
Saberia você,
de meus pensamentos ?
Nunca falo...
Mas sinto,
que é pesado,
comprimido...
Então vazam,
e se condensam em versos assim...
Como os teus...
Tão intensos...
Como se a mim,
fossem...
Expressos,
ditos e dirigidos,
e não me envergonho,
mas me espanto...
Ou me encanto,
sei lá, pois leio-os tão expressivos..
Querida Rebeca
.
Querida Rebeca, queria te dizer que quando você foi embora não foi nenhuma surpresa pra mim, eu sabia que isso ia acontecer desde o primeiro dia em que coloquei os olhos em você, e desde aquele dia que eu venho ensaiando como me despedir de ti, mas nunca encontrei a maneira certa.
.
Eu caí por você, como o fogo que queima em uma fogueira, que começa com uma faísca provinda de dois corpos em fricção e depois se torna umas labaredas flamejantes e descontrolável.
.
Eu amava tudo em você, as fotos de gatinhos que enchiam minha galeria, as histórias que você me contava. Tu falaste sobre mim até pra tua mãe, que eu nunca cheguei a conhecer, mas ela me conhecia muito bem através de você. Queria eu poder me ver através dos teus olhos claros.
.
Sabe, Rebeca, desde aquele dia que você me falou sobre seus sonhos, eu sabia que a vida te tiraria de mim em algum momento, que andaríamos juntos até cada um seguir o seu próprio caminho, você sempre quis ser veterinária, porque amava os animais e amava cuidar deles, já eu, queria viajar o mundo, conhecer gente nova e fazer loucuras, você sempre adorou o meu espírito livre, mal sabendo que iríamos nos separar por culpa dele.
.
Mas eu já sabia de tudo, e por Deus, como eu queria que fosse diferente, mas nosso amor não era pra vida inteira, era mais uma daquelas histórias com data de validade, um amor daqueles que só te levam até a esquina, mesmo assim eu quis sua companhia, porque era a melhor do mundo, e por mais que a gente saiba que o destino de alguns relacionamentos são os términos, não significa que não podemos aproveitar o caminho, e eu te agradeço, Rebeca, pela melhor vista de todas.
Dia sim, dia não
Prosador nato que a brisa levou
Nas asas da nova paixão
Contista no primeiro capítulo naufragou
Foi salvo na segunda canção
Na terceira modinha mergulhou
Na quarta valsa, um esbarrão
Lá pelas quintas, no samba, tropeçou
Na sexta adernou e a abraçou
No sábado, ela se inclinou
E no domingo o poeta se aprofundou
No alfabeto caleidoscópico
Da mulher amada.
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
Esvai-se o tempo paralelo aos precipícios
seus passos ressoam pelas paredes e correm para longe
ouve-se nada
De olhos escancarados e pernas bambas
cai
fita o esvoaçar das areias no céu crepusculoso
esfria
A noite vem chegando aos poucos
sua anunciação provoca espanto
medo
A possibilidade cada vez mais real daquela garganta vir a tornar-se
a sua tumba
seu eterno descanso
repouso
sem lamúria
de um cadáver que aos poucos derrete
calmamente
sendo apreciado com elegância pelos vermes
de outrora
e sempre
A noite
sem os ventos
traz o ensurdecedor silêncio
que até conforta
O céu
super estrelado
surge na fenda
que se estende por cima dos olhos
Como se estivesse frente a frente com um rasgo na imensidão única do espaço, numa brecha para as estrelas, distantes luzes a vagarem violentamente pelo negro esplendor entre as galáxias emaranhadas nas teias do cosmo. Leve, separa-o do chão flutuando hipnotizado pelo infinito espaço celeste conduzindo seu espírito elevado para além do cânion , para além do vale, percebe-se afastando de si seu mundo deixado para traz, pronto para abandoná-lo à própria condenação. Vai para o eterno abismo escuro onde o mundo ainda está a cair, cercado por distantes pontos de luz flutuando no vazio.
Torna-se ausência...
some
Enquanto seu corpo o perde de vista mergulhando entre os astros, deixa de sentir, morre o tato, olfato e paladar. Como uma pedra qualquer, ignora sua dureza e passa a afundar na areia levando consigo a insensibilidade fria para o passeio petrificado de quem nunca sai do lugar. A partir de agora é vaga lembrança de si, aos muitos esquecida e mil vezes fragmentada em poeira de olvidamento.
Meu Ernesto Azul...
Voltava eu daquelas paragens de Pirapora, dirigindo meu possante Gordini Delfini, carinhosamente tratado por Ernesto, já de cor não muito definida, trazia uns leves amassados em ambas as portas, umas ferrugens no piso, faltava-lhe o retrovisor esquerdo e o para-choque traseiro... nada demais!
Mas aquele Gordini era meu xodó, até carreto o “bravo Ernesto” fazia: meio metro de brita ou de areia pra ele não era nada. Só não se dava bem com subidas, em compensação, nas descidas, ninguém e nem nada o segurava. Um detalhe que não podia de esquecer, no momento de passar a marcha, tinha de ir da primeira pra terceira... em algum momento ou lugar, ele perdeu a segunda marcha, porém, uma certeza eu tinha: um dia, mesmo que não parecesse, sua já havia sido cor foi azul, mas, não um azul qualquer, um de respeito, admirável e solenemente azul. Bem, mas isso se deu em tempos que eu ainda não havia vindo ao mundo.
Dona Orsina, mãe de “Zé Goiaba”, me encomendou um carreto: levar 14 frangos até o sítio de João da Grelha. Em troca de “dois dedos” de pinga, Juvenal aceitou a incumbência de me ajudar nessa empreitada, mas, não deu muito certo, numa curva de chão batido, entre a porteira da Fazenda Craviola e a ponte do Manguezal, meu amigo Ernesto foi, literalmente, atropelado por um boi. Mas, não um boi qualquer! Foi um desses de grande porte, de passos firmes, grandes orelhas caídas, negro focinho, peitoral extenso, parecia ter sido “construído” de concreto e músculos, coberto por uma pele negra, com algumas manchas brancas e outras, em leves tons marrons, reluzentes. Estava selado o destino de Ernesto: faleceu ali, naquela curva e o boi, seguiu em frente... sequer olhou pra trás. Seguiu seu caminho, me deixando apenas com o que sobrou de meu companheiro, dores pelo corpo e vendo os frangos entrando no manguezal.
Pensei até em fazer o velório e o enterro de Ernesto, mas o Padre Policarpo me aconselhou a não fazer, segundo palavras dele, “seria uma sandice”, na hora, entendi sanduiche, e rebati: “Não sô padre, vô fazê é o enterramento do Ernesto, num é um lanche não”, e o Padre nem respondeu, virou as costas e saiu resmungando: “é cada uma que parecem duas...”.
Voltando àquela curva, onde jazia Ernesto, me deparei com Bento Carroceiro e, entre uma prosa e outra, contei a ele de meu luto e que não ia conseguir enterrar Ernesto. Foi quando Bento me disse: “mas ocê é bobo demais, sô! Hoje, ninguém enterra mais ninguém não, só toca fogo e pronto. Depois, pega as cinzas e joga no rio. Isso é que é coisa chique”.
Pensei, matutei e decidi seguir o conselho de Bento. Toquei fogo em Ernesto ali mesmo e fiquei olhando ele queimar. Chorei muito, doeu fazer aquilo, mas o que mais me intrigou foi o caminhão de feno de Tião Matadô passar ali exatamente na hora que Ernesto queimava. Senti cheiro de mato queimando e, logo que olhei pro fim da curva, vi que o feno que o caminhão de Tião Matadô levava, queimava e a chama já subia pra mais de 10 metros...
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