Presa
Na vida, a cada passo, passo,
presa ao caminho, feito nó,
na esperança, sem desfazer o laço
pois é sabido que o fim é o pó
Passo e volto e tenho pelo passo, apreço,
vivendo sempre a crença dos felizes,
sem pressa, buscando o que mereço
mesmo que alguns passos levem a deslizes
Lama, lama; ferro,ferro
Aí você olha para trás e só vê lama... Muita lama!
E corre, corre, corre... Corre o mais rápido que pode.
Seus passos parecem lentos, facilmente suplantáveis!
Você sente que a qualquer momento será alcançado,
então corre ainda mais rápido. Corre sem olhar para o passado.
Porque só tem aquele instante de segundo para se salvar.
E todo o resto, naquele exato momento, não importa.
De verdade, não importa!
Não importa quem errou e de quem é a culpa,
se você não sobreviver para contar a história.
Enquanto corre, vê o vulto das árvores tombando a seu lado
e os pássaros em revoada esquivando-se de toda aquela desgraça.
Vê, vê não! Escuta, sente, se aterroriza... Sofre.
Sem poder reclamar ao perceber os passos dos seus amigos de infância
(atrasados na fuga repentina), sendo engolidos um a um pela lama
e subitamente silenciados, sem chance ou possibilidade de defesa.
Vivencia o angustiante desespero momentâneo
que invade e toma conta de todo o seu corpo instantaneamente,
fazendo acender ao mesmo tempo sua gana pela vida.
Vê a vida inteira passando bem diante de seu nariz e imagina...
Se será essa, a sua última chance; se será essa, a sua última vida.
Da lama ao caos, em segundos de desespero, você se salva
e ainda torna-se expectador primeiro de todo aquele pesadelo.
Antes, impensável! Agora, exemplo de como o homem tem sido cruel
e desumano consigo mesmo, com seu semelhante e com a natureza.
É o bicho homem (irracional) sedento por mais capital,
cego para a vida humana, predando cruelmente tudo que tenha vida (ou não).
Presas encarceradas às margens de uma represa (de rejeitos, de maldade),
Aguardando o bote final, o momento derradeiro de serem vitimadas.
E se a montanha tremer novamente é melhor estar preparado!
Para correr pra ruas com cartazes e organização, mobilizando, mobilizado
travestido de predador, não de presa, de leão.
E é melhor levar junto consigo uma manada,
um bando de gente informada, que briga com a faca nos dentes,
contra toda essa gente que mata e destrói, consome e corrói por dinheiro.
Molotov's e resistência, talvez sejam necessários em algum momento.
Quando tudo isso passar e você estiver a salvo no alto do morro,
antes mesmo de a poeira baixar e as máquinas voltarem a operar
- em seu modo mais embrutecido,
verá que o monstro ainda tem muita fome e não pretende se calar.
Verá que os mistérios de Minas Gerais se misturam com o dinheiro sujo
do minério extraído das montanhas,
transformadas num piscar de olhos em pó, todos os dias, há anos.
Verá que antes mesmo de a vila se refazer o monstro migrará em silêncio
se mudará para outro sítio, em busca de mais minério
de mais dinheiro de mais vidas.
Sem se importar com a natureza, com as pessoas, com suas memórias.
Ser mulher, e, oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!
(in “Cristais Partidos” 1915.)
Na vida ou você é predador ou é presa.
Mas todo predador também virá presa de outro que o supere.
Aquele que tenta derrubar alguém através do seu poder ou força, cedo ou mais tarde acha alguém que o supere.
Talvez esteja ai o equilíbrio, que nos ensina sobre questões de sobrevivência e também de humildade de saber que nunca estaremos no topo sempre.
Por isso cuidado com o ego demasiado, a arrogância e a vaidade.
Olhando para trás, vemos nossas perdas e assistimos a tão almejada alegria se debater enquanto presa numa gaiola. Um passado, longe do que pensamos ser "perfeito"...
Quadras
Qual passarinho em sapequice
pulando de galho em galho
assim segue na mesmice
fingindo um amor, alho com bugalho
Não se atem a nada que seja real
faz-se presa fácil e sem noção
não escapa de apelo virtual
em nada se fixa o seu coração
Nunca terá aquilo que deseja
se continuar assim esta saga
não conquistará de verdade o que almeja
é vulgar, leviano, a tudo estraga !
Como uma beija-flor
Somos todos uma presa;
O mundo gira e translada,
Às águas do rio correm
[Na madrugada];
E ainda fingimos ser caçador.
Na terra onde canta o sabiá,
existem palmeiras com cobras
[disfarçadas];
Onde todas estão enroladas,
danadas para atracar.
Na terra dos olhos quem
Possuí um sego é rei;
Onde as visões são constantes,
Mas o comandante é o que
[não ver nada].
Um Homem que se arrisca a amar três mulheres,uma será a isca que o fará presa fácil,para os amantes dela matarem-no!
Nem todo mundo à espera de sua presa é caçador, pode ser um marido à espera de sua mulher presidiária.
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