Preconceito Racial
Ohar não dói nem arranca pedaço, então chega de "mimimi" e "nhenhenhém", e vá arrumar o que fazer. Era assim que a minha mãe costumava dizer. Agora todo mundo anda cheio de "mimimi".
"Preta é a cor dos meus mestres", negra é a consciência dos políticos hipócritas, que somente lembram dos valores de uma raça, uma vez por ano.
A pessoa já fica à espreita, só esperando uma brecha pra te acusar de racista, às vezes até provoca. Mas usa filtro na foto pra clarear a própria cor. E depois ainda diz que o racista é vc. Vai entender.
A expertise do racista velado é que ele pode falar de tudo em meio a um sorriso embutido num comentário discreto, expressando sua predileção por determinada cor de pele, altura e peso, “apelidar carinhosamente” quem difere destas características, inclusive superestimando capacidades cognitivas da “raça” qual aprecia, dando apenas a impressão de “não estar dizendo nada demais”, principalmente se forem características de sua herança genética, pois ainda vai soar como “paixão pela família”.
Atualmente na humanidade existem dois degraus que precisam serem superados para proporcionar paz entre os diferentes povos.
O primeiro está na linguagem que será conquistado quando todos os povos tiverem uma segunda linguagem em comum.
O último degrau está no fim do racismo que ainda persiste estruturalmente em diferentes culturas.
Existe um discurso implícito em algumas produções televisivas que visa acirrar e polarizar discursões importantes como racismo, machismo e homofobia.
Ao invés, de estimular um debate amplo e verdadeiro unindo forças na busca de soluções, procuram dividir colocando escravos contra escravos.
Quem teme, condena ou tem aversão ao convívio com o diferente de si, por tal somente, provavelmente não está bem seguro de quem realmente afirma ser.
Por que é que os hollywoodianos, e até príncipes e princesas, vivem visitando a miséria na África e a história ainda continua a mesma coisa por lá, pobreza extrema e muito sofrimento? Por que até hoje, quase nada, por lá, mudou? O que impede as coisas de mudarem? Religião, ditadura, jogo de interesses? Você tem alguma ideia disso? Você tem alguma ideia de como isso é desumanamente grave? E por que é que parece que o mundo todo não está nem aí pro que acontece por lá?
Ei você, homem nu, casa sem porta, coroa de pena.
Sabes que não querem seu bem, que o que te detém vem de um esquema?
Pois bem, já faz um tempinho, te empurram no ninho, que te fazem de escudo.
Aproveitam sua pouca instrução, dizem o que serão, te ensinando ser mudo.
Assim como os brancos chegaram, mostraram espelhos e roubaram-te tudo.
Agora, passas na TV, a atração é manter, os seus glúteos desnudos.
Você poderia ser rico, criar o seu filho e porque não seu nico.
Mas algo longe da floresta, destrói a sua festa desde o dia do fico.
Talvez sua vida pacata ai dentro da mata, te impeça o acesso.
Ao mundo em um outro sistema, internet e antena, educação e progresso.
Escuta honorável cacique, inerte não fique, nesse pau a pique.
Respeito seu posto, sua crença, sua experiência, sua meta, me explique.
Para que tanta mata e lama, sem sustento para tribo e para quem tu amas.
Essas terras, oh minha nobreza, de tanta beleza, pode ser Bahamas.
Procure se misturar com a gente, ser independente, venha prosperar.
Não seja mais alvo de ongs como ping pong de quem quer te explorar.
Não se deixe ser uma atração para outra nação, a floresta é o aquário.
Que guarda animais com flechas, em tem po de rifles, o povo Hilário.
Essa mania de cercear expressão, cultura de anão conto do vigário.
É a garantia da grana, de gente que mama, lucra com documentário.
Venha nos ensinar sua cura, que nós te ensinamos cultivar o café.
Embora não falamos a sua língua, queremos seus segredos e te ensinar nossa fé.
Também você, musculo de ferro, resistente ao sol, olhos de candura.
Já percebestes que insistem em inocular, em ti a insegurança por sua pele ser escura?
Pois bem, esse tema nefasto não pode ser lastro, nem escolher-te cadeira.
Não deixem que assim que te vejam, só falem de tranças e de capoeira.
Não que o assunto seja vergonha ou que o tema seja sempre pauta pejorativa.
É que a pele bronzeada é da peaozada e também da executiva.
O marinheiro que te deu duro trabalho, jogava baralho de cartas marcadas.
Porém o momento é outro, a dor se foi no esgoto, é a retomada.
Da força oriunda de uma terra, do vale, da serra, da força oculta.
Do seio que amamentou, sem saber se a criança se tornaria adulta.
Da falta do leite materno, calor do inferno, malária a matar.
Superou tanta dificuldade, chegou na cidade, atravessou o mar.
Porque deixar que os centavos te façam escravos e traga agonia?
Potencia, beleza e ironia, a dádiva da África chegou na Bahia.
E você branco maneiro, que no sol fica vermelho igual ao camarão.
Você, olho de Europeu, junta ele, tu e eu e sejamos irmãos.
Está na hora de se unir sem pinima, menino e menina e os indecisos também.
Que seja igreja católica, espírita ou retórica apenas do amém.
Quem constrói alguma coisa sozinho, sem falar com o vizinho, sem orientação?
Saiamos juntos agora, na nova aurora, todos pela Nação.
Que a divisão das capitanias, se findou já fazem dias, as tordesilhas se sucumbiu.
Agora somos pátria admirada, conhecida e invejada, somos nós o Brasil.
A ideia de que um dia se concebeu a existência de raças dentro da espécie humana provavelmente parecerá muito estranha e primitiva em um futuro no qual se tenha realizado algo mais próximo a uma verdadeira justiça social, pois no seu aspecto mais irredutível o que existe é uma só raça: a raça humana.
[trecho extraído do livro 'A Construção Social da Cor". Petrópolis: Editora Vozes, 2009, p.218]
Imagine, você, livre
Num lindo bosque a passear
E surgem do nada pessoas estranhas que te amarram
Te jogam num navio e o força atravessar o mar.
Talvez não fosse tão mal em um navio viajar
Se caso fosse para continuar a passear
Mas, no entanto, estão te levando para um lugar distante
Tudo isso para te forçar a trabalhar.
Mas e se você for forte
E com um ato de bravura se recusar a trabalhar?
Provavelmente te amarrariam em um tronco
E o açoitaria até sangrar.
E foi assim por 300 anos
300 anos para a escravidão abolir
300 anos desde o primeiro escravo que chegou por aqui
Mas você acha que mesmo com abolição tivemos motivos para sorrir?
Não! Pois quem comandava a sociedade era a burguesia
Essa burguesia por sua vez queria morar em cidades “belas”
E com isso não deram condições ao povo preto
Fazendo de tudo e os empurrando para as favelas.
Século XXI, imagine, você, sempre andar preocupado
E chegar ao ponto de listar algumas ruas e bairros como lugares proibidos
Tudo isso por um único medo
Medo de alguém sofrer um crime e te confundirem com um dos bandidos.
Agora imagine entrar numa loja
E além de ver uma câmera escrito “sorria”
Você ter que andar pelos corredores, acompanhado
Sendo sempre observado pelo vigia.
Para muitos isso não pode ser real
Alguns podem falar que é loucura, ou apenas fantasia
Mas para pessoas de peles pretas,
São apenas relatos de mais um dia.
E acredite.
Tem gente que classifica tudo isso como apenas vitimismo
Mas isso é uma doença
Doença essa denominada de racismo.
Uma coisa é a repetição da lógica opressora da segregação e a criação de guetos que não respeitam a diversidade.
Outra coisa é o radicalismo, por muitas vezes, necessários na luta por espaços e direitos iguais para população negra em nosso país, marcado por um racismo individual, institucional e estrutural.
Semelhança entre nazistas e baratas: se estão surgindo a luz do dia é porque o esgoto já está cheio deles!
Se antes, usavam o conceito de
"raças humanas" para afirmar escravidão africana.
Hoje, usam o conceito
"única raça humana" para negar as políticas de reparação racial.
No Brasil não há justiça e a meritocracia é um mito diante de flagrante desigualdade de condições de origem racial.
Precisamos estudar mais Zumbi, Dandara, Luiza Nahin e João Candido. Imagine o quanto as crianças se orgulhariam de estudarem histórias de superação, força e sede de liberdade conduzido por pessoas com o mesmo tom de pele delas, dos seus pais e avôs.
Cada vez que eles fazem questão de mostrar que eu não pertenço aquele lugar, eu mostro pra eles que foda-se seus pensamentos eugenistas de supremacia branca... Nunca mais poderão proibir a gente em qualquer lugar.
Quando se tem empatia, a conscientização acontece, naturalmente. E empatia se aprende em casa, ainda na infância.
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