Poeta Viver Sozinho Solidao
TORMENTO ANÔNIMO
Há amores não correspondidos, há enganos
mais negros que a noite muito mais escura
suspiros loucos, e o coração com amargura
as horas, segundos mais longos que os anos
E nestes doridos, loucos e alanceados danos
que leva o fado para as bandas da desventura
em um coral de gemido e de uma sorte dura
atraindo aos sentimentos só os rumos tiranos
E, as dores da solidão, sim, ela tão somente
que se cala nos braços deste amor cruento
dói, tal como ferir-se com gladio lentamente
Ah! que penar, esse que só traz tormento
lamentos e, nos ruminando inteiramente
tendo os dias de sofrência como alimento
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Setembro, 02/ 2020 – Triângulo Mineiro
“Ignoramus et Ignorabimus”
Quanta ilusão! O amor ver-se objetivo
e alheio ao brado do coração fagueiro
duma paixão, e do anseio prisioneiro
compondo, que assim, será definitivo
Dizem que amor é amor, se for vivo
a quem o chama de valor verdadeiro
livre, solto das amarras dum cativeiro
se esquecendo que dele se é cativo
Se o amor é sempre amor: - amado!
tê-lo é também agridoce no enredo
sem tirania, amar, deve ser desejado
Se é sempre o mesmo falso segredo
no início, perfeito, e tão imaculado
porque então não o haver no medo?
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2020, setembro, 03 – Triângulo Mineiro
SUFICIÊNCIA
Dita, ao pé do amor primeiro
Estreante desta variegada vida
Estou e estarei nessa acolhida
Ao coração, fiel companheiro
Da paixão o afeto cavalheiro
Pulsa-lhe a poesia em torcida
Faz a boa diversão apetecida
Salivando o gosto por inteiro
Trago-te flores, zelo certeiro
Trovando a doce existência
E que assim seja verdadeiro
Se não, não serve a aparência
E, tão pouco algo corriqueiro
Intensidade que é suficiência!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/09/2020, 10’18” – Triângulo Mineiro
A cada passo que eu dou em direção à luz do amor, mais eu vejo o mundo sombrio da dúvida abandonar minha alma, a renegar, deixar de importunar. A cada passo o amor em minha vida se concretiza, assim fico pronto para caminhar sem me perder.
SÚPLICA (soneto)
Se tudo muda e tudo perece
Se tudo cai aos pés da negaça
Se veloz a vida por nós passa
Pondo de lado o teor da prece
Se, se a inspiração desfalece
Se dói a dor que a dor enlaça
Se perde o encanto, a graça
O lhano, e aí a gente cresce
Se o amor tem a alma pura
E este amor também tortura
Nos gerando tolos e loucos
Se tudo tem no tempo valeria
Tudo vai, Pai! Por que não alivia
O sentir que me traga aos poucos?
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro, 05/2020 – Triângulo Mineiro
paráfrase Auta de Souza
Felicidade é uma vida que não pede o sorriso emprestado de ninguém, vive a construção do seu sonho para ver o próprio sorriso iluminar
DOR INFINDA
Já no sumido aquele afeto profundo
Só eu, ó pieguice, só eu me lembro
Das noites e dias secos de setembro
Maçadas, e o meu amor moribundo
Desde esse dia, eu ermo no mundo
Atado a solidão e sem deslembro
De ti, e do falto um azedo membro
Não houve fôlego por um segundo
Quando, ainda cria... - hoje perdido
E lastimando no leito a desventura
Tenho a sensação de já ter morrido
Ah! saudade, que a vasca mistura
No peito, e ao aperto tão sofrido...
Dor infinda... e cheia de amargura!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro, 06/2020, 05’46” – Triângulo Mineiro
CERTIFICADO
A velhice é um treco, dor e cansaço
O dia é um balanço, no vai e vem
o que resta, o mínimo que se tem
Se faço, com a dificuldade abraço
Devagar e no compasso, tudo bem
Se vou além? ... pergunte ao passo
Pois, da vagarosidade sou refém
No próprio eu não tenho espaço
Tudo me cansa, comove, maça
Se rio, o choro faz igualmente
E o tempo parece uma ameaça
Já, a própria inércia é ausente
Quase sempre sou sem graça
O reflexo não reconhece a gente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/09/2020, 15’15” – Triângulo Mineiro
Eu Foi
Sou aquele velho poema, guardas no teu companheiro diário á sete chaves,com mil e uma vez meu nome dentro do teu coração, uma flecha e amo-te,mas, observação com tanta força que não deu prá notar,a tinta da caneta acabar.
Sou o beijo que até hoje sentes e faz suspirar, pois ,outro não te fez o bem que ele te faz,quando tu te recordas.
Sou aquela casa onde uma grande humildade está o nosso grande amor,um castelo pode-se imaginar.
Sou aquela sensação de segurança que te faz falta, os braços que te escondiam do mundo todo,para que nada pudesse te magoar.
Sou a simplicidade dos dedos nos teus cabelos, que faziam teu sono chegar.
Sou aquele perfume que não suportas mais o cheiro,pois em mim tu não cansavas de cheirar.
Sou o riso que está nos nossos filhos e tudo que eles representam na nossa curta história,capaz de por toda existência das nossas almas vivas prá ficar.
Enquanto todos abriram
os seus guarda-chuvas
Ele caminhava entre as
bolhas da chuva na direção contrária.
ALMA NUA
Ainda que silencioso, a trilhar, eu sigo
Despido de uma sensação que conforta
Tenho emoção, essa sorte que bendigo
Mesmo sabendo que a carência corta
A doce ilusão, como é bom e importa
Tudo é confiança, e nada eu maldigo
Bem sei que no tender se tem porta
E na simplicidade do querer o abrigo
Então, desconfortado, assim vou, eu
Tal qual um poeta sem devoção sua
A procurar o amor que já se perdeu
E nesta de ser feliz na infelicidade
Me vejo no espelho de alma nua
Matutando o mantra da saudade!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28/10/2020, 05’34” – Triângulo Mineiro
Amor, não me espere na esquina da curva, nem me aguarde nos históricos lugares onde nos amamos, apenas me guarde.
Não, não diga nada, apenas deixe a emoção descer pelos olhos, me guarde, caso eu parta.
Não, não quero partir!!! Amor, tenho que partir.
Estarei nas estrelas da noite, nas canções que me sentir, enfim, no canto em cada canto de uma saudade, estarei. Te aguardo aqui, basta olhar para o alto, amor estou te vendo, me sinta.
ETERNA CANÇÃO (soneto)
Tens, sempre, o fogo da emoção
Do fascínio: - que arde na viveza
Em ginga e encantos da pureza
Todo a magia do pecado da paixão
E, sobre esse senso, a doce beleza
Da atração, que brota no coração
Mansa poracé, inigualável razão
E então, alimento e escava reza
És suspiros e mimo, tinos, tal qual
Os beijos são desejos tão ardentes
E que vorazmente atinge o ideal...
Afinal, memoração e gozo aqui são
Permanentes, em olhares reluzentes
De este amor, uma eterna canção!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/03/2020, 08'18" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Dois olhares se cruzam
Sonoros, em um dueto
Em sedução o coração
Em criação um soneto...
DOIS AMORES
Dois amores carentes de amor
Em seu mais puro sentimento
Entoam-se num dueto regedor
De carinhos, prazer e momento
Dois olhares repletos de ardor
Um ao outro o tratado atento
Dois seres ao agrado com valor
Juntos, num ímpar pensamento
Donde vem tanto afeto, cortesia
Álacre canto de canto incomum
Que enche o peito de tal poesia?
Do querer, do haver dois em um
Onde o tornar alcança a alegria
E a sensação um pulsar comum!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/10/2020, 16’29” – Araguari, MG
Dois olhares se cruzam
Sonoros, em um dueto
Em sedução o coração
Em criação um soneto...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/10/2020, 16’29” – Araguari, MG
Ultimar
E quando chegar a hora da partida, o choro deve ser de despedida. De um até breve. Num ato de fé, leve.
Pois entre a vida é a morte tem que existir a convivência com o amor, e a sorte de poder dizer nas lembranças que este foi o maior valor...
E que está levando na bagagem a honestidade e a solidariedade.
Só assim ficará a saudade.
Pois Jesus Cristo veio e nos transformou. Nos resta seguir seu ensinamento, para que possamos suplantar o sofrimento...
A única verdade o único caminho.
O bem maior... Nossas vestes de linho.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/11/2015, Cerrado goiano
Finados
Dia de Finados
Hoje é dia de finados
Dia de visita ao cemitério
Dia de suspiros alados
De pensamento etéreo...
Nas mãos flores e oração
No coração saudade choro
Nas lembranças emoção
No olhar o vazio em coro...
Nas lápides o diálogo
De almas com os vivos
Num acústico análogo
De lágrimas e risos...
Neste festejo de recordação
Aos que foram nossa gratidão
Peçamos por nós, então
Também, temos a nossa precisão!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/11/2010 – laranjeiras, Rio de Janeiro, RJ
