Poesias de Pedro Bandeira Mariana
Breu
Enquanto a insônia me ataca, meus pensamentos transformam-se em punhais que insistem - todos os dias - em perfurar o meu crânio.
Enquanto carrego o fardo da sua ausência, lembro-me de que tudo o que tenho são só fotos e memórias, fotos daquilo que nunca fomos e memórias daquilo que nós nunca seremos. Seus olhos eram como estrelas que nunca couberam no pequeno céu que eu tinha a oferecer, por isso fiquei por tanto tempo no escuro.
Você desapareceu da minha vida sem mesmo estar nela e isso fez com que eu inventasse uma história melancólica perfeitamente elaborada para algo que nunca existiu: Você e eu.
O corvo e o canário
Havia um pequeno corvo que encontrava-se - o tempo todo - solitário, sozinho e inseguro.
Ele voava sempre na mesma direção à procura de proteção ou de abrigo. Às vezes, à procura de outra ave que pudesse fazê-lo feliz novamente, embora nunca tivesse a encontrado.
Ele voava sozinho, vivia sozinho e toda vez que a sua existência era negligenciada pelos canários mais bonitos de todo nicho, um buraco enorme em seu peito abria-se e ele sangrava, mas essa dor não era física, era da alma.
Enquanto isso - no outro lado do nicho - morava o canário. Uma das mais belas aves que existiam. Toda vez que cantava era como se deuses estivessem dançando nos céus, o corvo amava vê-lo cantando, o corvo amava vê-lo voando. Era a ave mais apaixonante de todas e, assim como o corvo, também tinha muitas cicatrizes
e tais cicatrizes sagravam toda vez que arrancavam a casca de ferida.
O corvo dizia a si mesmo “tenho band-aids a oferecer” mas sabia que eles não iriam cicatrizar a alma do canário que também estava ferida.
Então, partindo de um pensamento errôneo, resolveu ajudá-lo, ele amava tanto o canário que não poderia mais encontrá-lo naquele estado. Resolveu ajudar, mas de forma errada, então tudo o que ele fez foi jogar sal na ferida.
O corvo perdeu o canário.
Aglomerado
Meus dias encontram-se exatamente iguais, em todas as manhãs eu me perco em meio ao aglomerado de pessoas ao meu redor apenas procurando por você, mas aonde você está?
Depois que você me deixou cair, passei todos esses anos recolhendo os meus cacos e, incrivelmente, eu ainda não encontrei todos eles.
Texto sem título
Eu não sou mais que eu costumava ser. Eu costumava cantar quando era mais jovem, mas agora, o meu silêncio é mais profundo do que uma música particularmente especial.
Quando envelhecemos, nós percebemos que a fonte da juventude não existe e que nenhum raio de esperança será capaz de impedir o acontecimento daquilo que quase todos nós tememos, a morte.
A morte já se hospedou vinte ou trinta vezes em minha casa, às vezes a sua chegada era tão imprevisível como um parente distante que eu nunca cogitei a possibilidade de conhecer tão cedo, mas eu nunca quis conhecê-la, por isso eu sempre a temi, na verdade, acredito que todos temam a morte por isso, porque ela é imprevisível.
Nem pequeno, nem médio
Eu tinha um problema
Desses bem pequenininhos
Somente um pequeno problema
Um sussurro fraco
Quase mudo numa multidão
Mas era esse o que doía
Que me dilacerava
É, eu tinha um problema
E decidi escrever sobre ele
Talvez fosse só saudade
Mas não que a saudade fosse pouca
Porque não era...
E agora, pensando bem
Quando olho para as linhas de cima
Essas mesmas que você leu
Essas mesmas que acabei de escrever
Eu vejo
O meu pequeno problema
Não parece tão pequeno assim
podem me chamar de sentimental
mais infelizmente não é banal
minha saudade
parece com nossa amizade
vem de dentro de mim
e parece sem fim
Já não quero uma flor e seu espinho.
Mais vale teu encanto alguns prantos
nossos planos, regados com a certeza
que do encanto..se desfez o pranto..
e floresceu o amor..
As vezes é preciso aprender a andar de bicicleta sozinho.
Assim como algumas coisas na vida.
Muitas vezes achamos que não somos capazes de aprender sozinhos, vencer sozinhos,.. Sem ajuda, sem alguém para estender a mão caso você caia.
Mas isso é um grande erro. Somos capazes sim, de levantar e fazer ainda melhor do que se estivéssemos acompanhados.
Está tudo dentro de nós, basta escolher a ferramenta certa e usar.
E aqui estou. Mais uma noite me sentindo assim e sem saber o "por que".
Se é saudade, se é desejo, se é alegria por já ter vivido o que eu quis ou por não poder repetir o que continuo querendo e esperando..
O mais estranho é que eu só consigo escrever aqui, quando me sinto assim, com esse sentimento do qual não consigo descrever.
Parado no tempo e no espaço, sem vida, sem pulsar: Há que mudar.
Se tudo só muda, sem tempo para respirar: Pare, entenda, volte a amar.
A batalha não abranda, é difícil continuar: Enfrente, torne fácil (leia-se "acreditar").
Quando o manto da desilusão encobrir os sentidos, a alegria é única espada que o vai rasgar.
Recomece, sempre. Você pode. Você nasceu para recomeçar.
Amigos
Bálsamos na hora da sofreguidão
Ou não
Um abraço forte
Faz-se perdão
Uma correção nos mostra quanto somos irmãos
Amigos
Alguns de plantão
Outros não
Mas os dois moram em nosso coração
Porque amigo
Acolhe, escuta
Ajuda, silencia
Uns são bem melhores que nós
Outros nem tanto
Mas ambos diferencia nossa vida
Faz nos melhores,
Completa o espaço
Faz-nos gente suportáveis
Suporta-nos e faz a vida nesta hora
Um sabor bem melhor que outrora.
Eu tento dormir, Jessi, porque acordada não sou feliz.
No meio de tanta dor, a única coisa que eu quero é dormir pra ver se sonho um pouquinho e fujo dessa realidade tão triste"
Um dia me falaram: Mary, até sem cabelo você consegue sorrir e eu respondi que ia sorrir até se tivesse sem dentes.
- Mary Ribeiro, 10 anos, leucemia
Um turbilhão de sentimentos...
A perda, o perdão, o querer, o não poder...
A escolha errada, a falta...
A falta...
O não, sempre esse não, sempre esse talvez, esse quase...
Essa falta...
Hoje eu estava pensando:
Por que as pessoas mentem pra se enaltecer?por que elas se acham superiores que as outras ? Por que elas querem ser melhores ? Por que elas querem chamar atenção ? Por que elas querem fingir o que não são ?
E ate agora eu não consegui encontrar nenhuma resposta para que elas sejam assim ..
Eu guardo, guardo tudo,
até o que não foi lançado ao vento,
até as palavras que você disse em pensamento...
Parece que eu esqueci , mas eu não esqueci,
meu corpo apenas não permite que venha me ferir,
mas está lá, está tudo sempre lá...
(Mariana Guerreiro)
Eu posso até adiar,
mas impedir o inevitável é muito difícil a não ser que um milagre aconteça,
tudo se apague e o desejo retorne,
pode até estar lá o milagre,
mas se estiver está muito bem escondido para dar a impressão de que não existe.
Choisis L’amour
Vie...
Porque o tempo passa,
e em cada mudança é perceptível o momento que se vai,
se esvai com cada gesto meticuloso que foi a ação calorosa.
Choisis L’amou
Vie...
Porque todos queremos ter algum sentido,
Nem que seja para cair no esquecimento.
Choisis L’amour
Vie...
Porque há o direito de escolha,
E não adianta lamentar por aquilo que você mesmo escolhe!
Choisis L’amour
Vie...
Porque tudo já passou, passa e ainda vai passar.
Implicante, orgulhosa, inconstante,teimosa....
Porque as semelhanças tem que ser tantas....
Porque todos os defeitos que eu adoro....
Será que são coisas do signo....
Por isso talvez essa atração tão forte...
Me invade.... não tomo conta da proporção...
Até porque eu quero não querendo...
Me afasto não me afastando....
Digo coisas que não deveriam ser ditas....
Vamos ser infelizes juntas!
Só queria saber qual a cegueira que lhe veio ao me propor tal abuso e qual fragilidade que me abate em continuar aqui.
