Poesias de Luis de Camoes Liberdade
Uma nota,
Um tom acima.
Um Si. Sustenido.
Canção suave ao ouvido.
Um instrumento desafinado.
Deixou a música de lado.
Taças vazias. Agonia!
Gritante ânsia.
Distância de drinques.
Noites de velhice.
Notícias tristes.
A vida não mais existe.
Olhos de orvalho
Tão suave é ficar silencioso.
Deixar o colírio agir de dentro pra fora.
São olhos orvalhados,
Mas não chorosos.
Um dia a alegria despede-se.
Que a viagem posso ser leve
Tanto quando é leve calar.
Tanta dor passa por nós... E vai.
Pra que ir atrás?
Fique mesmo sem esquecer.
Outra metade te espera pra viver.
A vida é show que não pode parar.
Levante a cabeça, supere a tristeza,
E cante, cante, cante...
Versos da Paz
Não me adianta ser poeta,
Se eu não for condutor de boas ações.
Espero que meus versos não
Necessitem de ponto final.
Que nada seja rompido por sinal.
Boa é a vida na qual o bem não tenha oposição
E onde mundo é uma única nação.
Em que as cores não discriminam
E as cabeças dominantes se iluminam.
Onde os abraços servem pra fortalecer as relações.
Em que os ventos destruam somente conceitos errôneos
Em que a música universalize o que faz bem.
Em que a poesia, ainda que pobre,
Se preste para gestos nobres.
Onde versos de paz
Sejam escritos cada dia mais.
E que os homens se entendam
Celebrando com gestos que a todos satisfaz.
FUNÇÃO
Ao observarmos com atenção as fatalidades que estão ocorrendo em todo o planeta, iremos verificar fortes sinais que propiciará uma mudança significativa no comportamento das próximas gerações, no sentido da espiritualidade.
Séculos foram necessários para se chegar ao monoteísmo, muitas catástrofes foram necessárias, assim como agora; indicando que estamos caminhando rumo a um novo processo; o da espiritualidade.
No primeiro processo tudo o que não tinha mais função foi eliminado naturalmente, e o mesmo vem acontecendo agora, se observarmos com atenção, onde, como e com quem, fortes acontecimentos naturais têm ocorrido é possível mapear e antever alguns acontecimentos.
Procure observar como as pessoas a sua volta se comportam, sobre o que falam, perceba seus movimentos, suas expressões, o que estão lendo, seus impulsos e instintos, o modo como dedicam o tempo em benefício de si próprio e dos outros.
Você vai perceber que a grande maioria está completamente perdida e sem respostas; estão se digladiando por coisas insignificantes, falam sozinhas, o egoísmo impera, a vaidade o orgulho e a prepotência são mostrados a todo instante; princípios estão sendo apagados da memória, o trabalho virou obrigação, o poder financeiro escraviza e corrompe, religião virou comércio, templos e igrejas se transformam em pedágio para o céu.
O ser humano esquece-se de sua principal função; A de SER HUMANO.
Nada do que foi será do jeito que já foi um dia. Tudo passa. A música de Lulu Santos continua viva e atual.
Pois a vida vem em ciclos e você precisa saber identificar quando acaba um e quando começa outro! Cada ciclo, cada etapa tem seu valor, seus ensinamentos e seus encantos. Pra que ficar dando voltas achando que uma fase de sua vida vai voltar, achando que aquela pessoa vai voltar? É um grande erro viver no presente mas sentindo falta do passado. O que passou, passou!
Pare de ficar esperando que devolvam o seu passado. Nem tão pouco espere ser reconhecido pelo que você verdadeiramente é!
O que há de vir, virá a seu tempo e na sua hora! Nunca mais perca o seu precioso tempo do presente mexendo no passado e antecipando o seu futuro.
É para frente que a vida segue, viu? E amor também! Às vezes se ganha e às vezes se perde! Por isso, aprenda a conviver com as perdas e com os ganhos. Mas continue a viver! Rasgue os papéis velhos, mude de casa, viaje, faça novos amigos, jogue fora os presentes desbotados, dê suas roupas e seus livros que não usa mais… Faça a energia girar e fluir!
Você já não é mais a mesma pessoa de ontem. Certo? Veja quanta coisa você construiu aí dentro do seu coração! Veja como você ficou experiente e competente! Vire a página! Feche a porta! Encerre o ciclo! Passe a régua!
Você não precisa ser sempre a mesma pessoa. Porque a vida não é estática! É bom lembrar sempre que nada, nem ninguém é indispensável. Mas você é indispensável e imprescindível. Por isso merece viver! Bem e Feliz!
É essa a vida que você precisa aprender a viver. O aqui e o agora é todo seu
Luis Carlos Mazzini
Reflexo
A vida me mostrou,
Que portas se fecham.
Que nem todo espelho tem reflexo.
Que NÃO também é resposta.
Que loucura é ponto de vista.
Que amor não se hipoteca.
Que os que amamos também partem.
Que solidão não se reparte.
Que humildade é caso a parte.
Que só eu respondo por mim.
Que amigo falso é pra descarte.
Que o certo e o errado andam de mãos dadas.
Que o sol brilha de graça sim.
Que riquezas materiais não servem pra nada.
Que o rio também seca.
Que amando também se peca.
Que estamos sempre na reta.
Que o erro mais se destaca.
Que na defesa muito se ataca.
Que a união tende a ser fraca.
Que com riso o olhar tem mais graça.
Que é mais feliz quem vive sem máscara.
se Deus é tudo,
e nada é algo
logo, para Deus ser tudo
Ele deve não ser nada
e assim Ele só existirá
quando deixar de existir
Saber entender... Uma Mulher
É fazer uso diário de sua essência... Se embriagando de toda a sensibilidade que transpira em sua imagem adorada... E com um leve beijo deixar já escrito o próximo capítulo... O próximo encontro!
Rosas
Não mandarei no teu endereço levar
Nem trago, pra você, rosas na mão.
Por saber onde sempre vais estar
Entrego-as direto ao meu coração.
Que não escrevi
A bela poesia que não escrevi
Faz-me lembrar do tempo passado.
Do fogo clareado que acendi.
Das noites quentes que ainda assim não dormi.
Das geadas branqueando as laranjeiras,
Das chaminés fumegando,
Dos sonhos cruzando as porteiras.
Da felicidade que encontrei chorando.
Revivo em silêncio sofrendo calado.
O cisco foi pra fora varrido.
Adormeço calmamente pra não ser acordado
Fecho a porta lentamente para ser esquecimento.
Frete
Pago frete pra vida me levar.
Vou com ela sem destino.
Por vezes correndo num disparar,
Por outras, calmo feito sonho de menino.
Não me preocupo em fugir do pedágio.
Abro porteiras no caminho,
Raramente vou acompanhado
Comumente ando silencioso e sozinho.
Esqueci numa parada escura
Meus sonhos dourado de poeta.
Minha preguiça passou do outro da rua
Pedalando lentamente a sua bicicleta.
Subitamente acelero o pé pesado da saudade.
Morre os anos, mas não mato o que quero.
Não envelheço. Que se dane a idade.
Encontrar-te feliz sorrindo desejo e espero.
Disfarce
Sonhas em ser feliz?
Tente ser humildemente você.
Cuide-se, alimente sim suas vaidades.
Tendo vontade disfarce até a idade.
Sinta-se bem. Julgue-se bonito.
Respeite sempre seus princípios
Mas arisque um pouco mais.
Lembre-se que o mundo do faz de conta é finito.
E a perfeição artificial
Acaba fazendo mal.
Defumando versos
Tirou do violão, talvez a derradeira nota.
A voz não respondeu.
Mudo, apoiou o rosto no próprio instrumento.
O fogo ainda o aquecia.
A parede da alma amarelada.
O tudo de mãos dadas com o nada.
A fumaça aumentava
Preenchendo cada vazio da poesia da sua vida,
Defumando os versos, provocando tosse na rima.
O pensamento mal cavalgava lembranças
De um alfabeto extinto.
De súbito soprou a vela
Percebendo a complexidade escura do labirinto.
Apenas vestígios de carvão.
Nas cinzas, o destruído eterno.
Nada mais das chamas galopantes
Vistas pouco tempo antes.
De costas deitou-se no chão.
Cobriu o rosto com o próprio chapéu.
De qualquer forma não viria o céu.
Nos olhos apenas nuvens formando véus.
Última foto
Era a última foto.
E toda aquela seriedade não se justificava.
Exatamente num dia de mau humor ela foi tirada.
Agora, por muito tempo assim estará.
Faltará nela o sorriso.
Melhor estar sempre pronto para a última foto,
Sorrindo para a vida,
Extrapolando a alegria,
Esbanjando simpatia.
Mantendo a expressão linda
Mesmo sem saber qual será seu dia,
Afinal a vida com tristeza será sempre mais vazia.
Sem metáforas
Feito menino atrás da bola.
Feito caderno indo à escola.
Feito pipoca pulando na panela.
Feito príncipe na busca da Cinderela.
Toco na pele cheirosa e macia
Da mais inspirada e sensível poesia.
E do verso balançado pela ventania,
Brota sorrindo o mais belo cacho de alegria.
Sigo no sinal verde da vida.
Escrevo uma frase para nunca ser lida.
Bate a angústia intrometida,
Soa o sinal, é hora da despedida.
Presente
Abri a caixa com cuidado.
Era o presente da minha vida.
E como eu estava lindo nela.
Tive vontade de correr na rua
De sentir a chuva,
Não me contive, pulei a janela.
Se for idiotice não importa.
Chame-me pra dentro
Que desta vez entrarei pela porta.
Não esta aqui
Olhe esta velha foto.
Até já marcou de tinta o álbum.
Eu tinha entre doze e quatorze.
Sim, pode rir, faz tempo. Isso eu sei.
Os olhos vermelhos?
Era assim, os outros todos estão assim.
A calça do Chico! Que é aquilo?
Nunca mais soube dele...
Sonhava em ser piloto.
Naquelas árvores ao fundo tem um riacho.
Muitas vezes pescamos por lá.
O Juca, este alemãozinho aí, mudou-se ainda menino.
Foi para o Mato Grosso.
Ele não queria ir, mas o pai vendeu tudo aqui e foram.
Casou, teve filhos.
Morreu há pouco tempo num acidente.
A do cantinho é a Nina irmã do Zeca.
Uma mulher linda! Eu era apaixonado por ela.
Nunca mais a vi.
Este outro retrato me faz rir,
É muito engraçado.
Mas a que eu procuro... Não esta aqui!
Maresia
Do mar,
Restou-me a maresia.
Da minha música preferida...
Notas sentidas.
Do amor...
A poesia.
Das enumeras palavra...
A hipocrisia.
Das promessas...
Demagogia.
A água vazou
A caixa ficou vazia.
O carnaval morreu
Pela falta de folia.
Emoção ancorou
Naquele fatídico dia.
Finitude
Que a cada dia eu tenha um objetivo e um motivo pra lutar.
Que eu agradeça sempre antes de deitar.
Que a tristeza e as desilusões não me façam perder a ternura.
Que eu entenda que nem tudo o que quero é viável.
Que não se vive sem uma pitada de dor.
Que a finitude seja por mim respeitada.
Que algumas saudades não significam nada.
Que passo rapidamente de decapitador e decapitado.
Que quanto mais ofereço mais sou recompensado.
Que sou humano, mas nem sempre sou errado.
