Poesias de Luis de Camoes Liberdade
Horas paradas
Não é falta de vontade
Se as horas estão paradas.
Isso se chama saudade
De cenas na mente conservadas.
Esta música que te põe em agonia,
Não foi feita pra te fazer sofrer.
É pra trazer alegria
E irrigar um bem querer.
Vista de vez a vontade de ficar,
Umedeça este jardim em flor.
Teu corpo pede pra deitar.
Permaneça morando neste amor.
Felicidade
Definir felicidade.
Só em doses individuais.
Não a deseje de forma permanente
Aí é querer demais.
Oscila em antagonismos inesperados.
Vidros abertos ou ar condicionado.
Grade ou liberdade.
Café ou suco gelado.
Cabelos longos ou raspados.
Faculdade ou não estudar.
Fidelidade ou aventura.
Humilhar ou afagar.
Bronzear-se ao sol ou refrescar-se na chuva.
Tênis novo ou amaciado.
Perder peso ou comer o que tem vontade.
Pintar os cabelos ou não esconder a idade.
Correr descalço ou uniformizado.
Ser discreto ou se fazer notado.
Cartão sem limites ou
Dinheiro contado.
Bem vindo ou
Boa viagem.
Dê o fora ou
Entre e fique a vontade.
Amar de verdade ou
A imensa saudade.
Faça de sua vida. II
Faça de sua vida uma cereja.
Com um bolo de pano de fundo,
Em que a felicidade não seja
Contada em segundos.
Faça de sua vida um balão,
Suba, voe pelos ares.
E quando a terra retornares
Não prenda seus pés ao chão.
Faça de sua vida uma floricultura encantada.
Com vários perfumes e cores,
Rosas vermelhas para amada
E outras pra servir aos beija flores.
Faça de sua vida uma floresta,
Com notas de sabiá,
Com colibris a brincar,
Com ipês, borboletas e maracujás.
Com gotas de sereno denso,
E sol adentrando a mata
Com barulho de cachoeiras,
E murmúrios de cascatas.
Faça de sua vida uma estação.
Que tem retornos e partidas,
Que tem abraços e emoções.
Que tem chegadas e saídas.
Faça de sua vida um mar azul.
De ondas vibrantes,
De águas límpidas de norte a sul,
De navegadas emocionantes.
Faça de sua vida uma edificação.
De arquitetura ultra leve,
Lembre-se que tempo é em fração,
E que a passagem é bastante breve.
Inquietações
Das minhas inquietações
Tem umas que nunca entendi,
Haverá mesmo um amor
Impossível de substituir?
Que dizer destes encontros,
Ainda que acabe sem prantos
Amantes de amor doridos,
Saiam saciados sem ter fingido?
É possível deliciar-se uma só vez
Com alguém, quando convém,
Se amanhã nem mais palavras
Cada qual um amor tem?
Amor e só
Simplesmente ame.
Sem justificar.
Amar é que vai te iluminar.
Que sentir pode ir além?
Amar faz luz brilhar,
E sino badalar.
Traz graça no que se faz,
E a certeza de alegrar mais.
Faz musicar os ruídos,
Revelar desejos escondidos.
Faz do quietinho cantor,
E do analfabeto escritor.
Faz sensível o durão,
E dá um basta pra solidão.
Faz rosas mais coloridas,
E dá outro sabor pra vida.
Ame sem saber por que.
Um amor sem entender
Nunca vai desaparecer.
Naquele dia
Naquele dia...
Um friozinho se fazia.
Uma brisa levezinha.
Um vento.
Pequena ventania.
Naquele dia.
Naquele dia...
Era só você que existia.
Eu fugia.
Tu me seduzias.
O eu que não era meu
Em você aparecia.
Naquele dia.
Naquele dia...
Encostei-me lentamente.
A pulsação tremia.
Foi o beijo que eu queria
Naquele dia.
Naquele dia...
A lua se escondia
Nada nos continha
Agente se entendia.
Naquele dia.
Naquele dia...
Todas as rosas tu mereceria.
Amei-te tudo o que podia.
Naquele dia.
Aquele dia...
Cardio
Pretensiosos estes cardiologistas. Pensam entender de coração.
Tenham a santa paciência! Por acaso são poetas?
Atrás da orelha
Feito aranha vou nesta teia.
Tonto quase a sucumbir.
Pena que a solidão pega na veia.
Não adianta a pulga atrás da orelha
Sinto e pronto. Não vou mentir.
Remédio nem procuro
Seria perda de tempo,
As coisas que não tem cura
Melhor aceitá-las em silêncio.
Apego-me.
A simplicidade é a leveza do meu corpo,
E a essência do meu espírito.
Prefiro as fórmulas simples.
Não gosto de enrolação.
Se eu faço é de bom gosto
Não costumo esconder o rosto.
Máscara não me acompanha.
Sou assim e não tenho oposto.
Apego-me e sinto falta.
Humildade facilmente me ganha.
Fujo do centro para ver a ribalta.
Coloco os amigos na posição mais alta.
A distância me maltrata.
A presença me faz falta.
Trem
Trem.
Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem. Trem. Trem.
Woooh! Woooh! Woooh!
Trem. Trem. Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem. Trem.
Trem. Trem.
Trem.
Fshhhhh! Fshhhhh! Fshhhhh!
Música da vitória
O melhor do jogo é ganhar.
O vencedor é aplaudido.
Sobe ao pódio, é premiado.
O perdedor nem será lembrado.
A vitória faz amigos
Bajuladores em profusão.
Perder faz ser esquecido.
Ninguém pra te dar a mão.
Triunfar vale a taça.
E uma princesa pra valsa.
Fracassar não tem valor.
Apenas mais um sonhador.
Sem o primeiro lugar
Nunca farás história.
Não terás par pra dançar
A música da vitória.
Faça de sua vida. III
Faça de sua vida um pequeno labirinto,
Com acessos e saídas fáceis.
Com bancos em sombras abundantes
Onde possas sentar-se e descansar o bastante.
Faça de sua vida um meditar,
Ore, sirva, agradeça e faça orações.
Evite a fanatismo
Por qualquer que seja a religião.
Faça de sua vida um romance narrável.
Uma novela com final feliz.
Um roteiro irrecusável
Um enredo de aprendiz.
Quando a vida fechar a cortina.
Não tem como recorrer.
É seu ciclo que termina.
Deixe a alma ainda mais linda
Para os últimos aplausos receber.
Eu sei, mas não gostaria
Sei que quando nos afastarmos
Voltarei ao ostracismo malfadado.
A ele serei relegado.
Não tem como ser presente
Se o alimento é só do passado.
Eu sei que etapas terminam.
Que gelo derrete-se em água,
Que as flores efêmeras duram só um dia.
Que amores mal acabados viram agonias.
Eu sei que se for falso não brilha.
Que azurita nem sempre trará alegria.
Que nenhum ser humano é uma ilha.
Que o sonho é irmão da fantasia.
Ao começar eu não queria
Que fosse finito um dia.
Contudo prevalece o que é real
E não o que eu gostaria.
O poeta
O poeta chega à tardinha sem dizer nada.
Traz nos olhos uma panaceia em elixir.
Fica comigo pela madrugada.
Ao amanhecer tem que partir.
Em outdoors na minha mente
Espalha ideias e vontades.
Consegue entender o que meu amar sente.
Sabe como ninguém aguçar minha saudade.
Com ele vem só a folha em branco.
Quer sorver minha inspiração.
Sentamos eu e ele em algum banco.
E viajamos na nossa imaginação.
O poeta é meu leal confidente.
Por vezes soluçamos abraçados.
Sabe o que sinto e se cala sabiamente
Sofremos juntos, vivemos entrelaçados.
Na próxima página
Manuseio com o cuidado de quem ama.
Folha por folha. Uma por vez.
A formiguinha do Quintana.
Encontrarei logo ali, talvez.
A próxima página tem um grito.
Um risco. Um rabisco. Gerúndios.
Olhos espiando, café esfriando.
Um poeta aflito gestando.
Tem a ilha querendo sair.
O rio que entra no mar.
A lua começando a surgir.
E um beija-flor no pomar.
Vinícius compondo sonetos.
Olavo ouvindo uma estrela.
Carlos e seus anjos tortos.
Em Pasárgada, amando, Bandeira.
Dias escutando o sabiá.
Drummond consolando José,
Nos versos íntimos Augusto.
Na bola! Adivinha que é?
Romeu acariciando Julieta,
Titanic começando a afundar.
A baderna do boi da cara preta.
E um sofá pra Beethoven sentar.
Mona Lisa sempre sorridente.
Letras de poetas expoentes.
Comédia divina de Dante.
O Quixote Miguel de Cervantes.
Não sei o lado certo onde esta.
Com a mania que até hoje tenho,
De traz pra frente venho
Folhando de lá pra cá.
Beija-me
"Da vez primeira em que me assassinaram
perdi um jeito de sorrir que eu tinha..."
Mario Quintana
Debruço nos joelhos a dor da perda.
Na pedra fria faço orações.
Beijei-te no último adeus.
Chorei a perda
Do colo amigo, do meu abrigo.
Da proteção.
Mãe,
Deus te levou.
Fiquei aqui
Pensando em ti,
Reunindo forças para seguir.
O segundo domingo de maio,
É o mais triste do calendário.
À noite,
Vou adormecer pra
Sonhar com você.
Quem sabe assim,
Encontrarei de novo,
O sentido de viver.
Talvez eu ganhe teu beijo
Como na vida,
Que era inteira
De qualquer maneira,
EU AMO VOCÊ.
Frio
Estas pessoas que vivem
Em locais de extremo frio,
Não são como os tropicais.
Não devem ter alma.
São agasalhos movediços.
Que graça terá ficar nu
Numa terra tão gelada.
Como ficar pelos bares
Até alta madrugada.
Devem ter partes atrofiadas.
Vivem muito fechados.
No máximo, São Joaquim,
E tá bom pra mim.
Como vivem sem sorvetes.
No frio extremo não se consome.
Andam tão vestidos que tanto faz
Se for mulher ou se for homem.
O pequeno criador
Quando a fêmea ficou sozinha devido à morte do macho, passou a esconder-se na mata perto de um pequeno rio de águas mansas.
Todo final de tarde chegava ela.
Com gestos desconfiados comia seu trato e ia lentamente desaparecendo pelo costado da cerca.
O menino que lhe servia comida, muitas vezes a seguia. No entanto, nunca descobrirá onde era seu esconderijo. Tinha medo de adentrar a mata fechada e ser notado por algum animal selvagem, que segundo ouvia, seria perigoso.
De manhã ninguém via a ave. O menino despertava e corria. Percorria o caminho da casa até o rio na esperança de encontrar, ao menos alguns ovos, num ninho, que pensava ele, seria bem ornamentado com folhas e palhas.
Um dia a ave não apareceu para a alimentação habitual. O menino ficou preocupado. Acreditou que ela deveria ter ficado no mato devido ao cansaço que era subir a ladeira que levava à casa da família. Porém, no segundo dia ele pensou que estivesse acontecido algo de grave.
Mal amanheceu o dia se pôs a procurar. Jurou que não voltaria sem descobrir o que estava acontecendo.
Ouviu um barulho. Em seus olhos brilhou a esperança. Parou. Baixou a cabeça e viu por entre a mata pequenas aves. Aproximou-se. Sentiu-se muito feliz. Tentou apanhar uma, mas foi barrado pela mãe ave. Deixou todos ali e saiu em disparada. Entrando em casa abraçou a mãe. Entusiasmado pediu comida. A mãe disse que o café estava servido.
-Não, comida para os patinhos.
Já com o alimento para seus pequenos amiguinhos, sumiu na mata cantando e pulando.
Pura felicidade.
Quando chegou às margens do rio, mal pode ver aquela unida família que descia pelas águas lentas. Chorando largou a comida na água e abanou para os nadadores.
Sorri
Sorri à noite,
Mirando o céu
E uma estrela
Piscou-me.
Será você anjo?
Parece que te vi.
Quando Deus,
Você vai deixar de sumir?
Genial
Genialidade nas linhas que escrevias,
Que se perpetuam por gerações.
Genialidade nos versos que compunha,
Para entalhar nos corações.
Genial para exaltar um povo,
Uma nação, um país.
Genial para buscar o novo,
E uma forma de ser feliz.
Gênio triste... Talvez!
Que também viveu alegrias,
Poeta de enorme altivez.
Genial GONÇALVES DIAS.
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