Poesias de Dor
Tu chegava como quem acende as luzes da sala e pergunta se eu quero ficar.
Mas a cada resposta minha, desligava uma lâmpada.
E eu, tateando no escuro, comecei a achar bonito tropeçar em você.
Pior: comecei a achar que amar era isso.
Tentar caber em alguém que já está cheio de si.
Pontos de contato
Através do reflexo do retrovisor a imagem se afastava lentamente de uma mesa com morangos em cima, você com seu vestido florido e o sol se pondo acompanhado pela beleza do mar,
foi doloroso sentir a distância se aproximando, mas foi necessário seguir com as mãos suando,
o mar me acompanhou por um longo período nesta viagem até em um dado momento imperceptível, ele desaparecer,
do ponto "A" ao ponto "B" o que chamou mais atenção foi o ponto "D" de distância, de dor, de dimensão,
quando pertencemos um ao outro o medo vira pó e os vínculos viram imãs, ponderados pelo "D" de destino e respeitando as duas auras que fogem as leis da física cabendo em um corpo só, freei bruscamente o carro no meio da estrada dos perdidos e comecei a retorna em direção ao que é difícil e por vezes incompreendido, porém é o néctar que me mantém vivo.
Espuma de Aço
Passei fome —
como quem mastiga a ausência com os próprios dentes.
Passei frio —
como se o mundo tivesse esquecido meu nome.
Tive medo de dormir,
como se o sono fosse um portal sem volta.
Temi ser incendiado por mãos anônimas,
esfaqueado por sombras sem rosto,
baleado por silêncios armados.
Achei que a qualquer instante
me enjaulariam por crimes que só a miséria conhece.
Achei que o azar me atravessaria como um carro sem freios.
Achei que acordaria num hospital,
com tubos dizendo o que restou de mim.
Tive pensamentos que se transformaram em presságios.
E presságios que bateram à porta como visitas indesejadas.
Coisas que temi… e que vivi.
Nunca imaginei sentir esses medos.
Nunca imaginei que seria a morada deles.
Mas eu os enfrentei —
não com bravura,
mas com a entrega de quem não vê saída.
Fechei os olhos,
não para fugir,
mas para pular.
Como quem salta de um avião sem paraquedas,
mergulhei no invisível,
me entregando a Deus com a fé de um desesperado.
Os dias passaram como segundos —
e os segundos, como preces sufocadas.
Quando enfim toquei o solo,
não havia pedra, nem asfalto,
mas um vazio que me acolheu.
Como se o próprio abismo
tivesse mãos.
Não foi ele que me segurou.
Foi a ausência do medo.
Foi o sangramento interno de um coração que desistiu de resistir
e se dissolveu —
espuma de aço.
Espuma: porque já não pulsa.
Aço: porque já não quebra.
Sem emoção,
mas também sem dor.
Sem esperança,
mas longe do pavor.
Nem vivo, nem morto —
apenas desperto.
Sou a engraçada.
A mimada que ri alto demais,
que fala sem filtro,
que abraça pra não desabar.
A que sonha pelos outros,
e aconselha mesmo quando ninguém escuta.
Mas no final...
quem é que fica?
O que me leva ao cinema
na intenção de não ver o filme?
Ou o ex que diz que ama, Que eu sou a mulher da vida dele mas não tem coragem de falar isso sem visualização única?
Ninguém fica.
Ninguém.
Vêm, arrancam uma pétala,
levam um pedaço,
e vão embora como se nada fosse.
Até quando serei só lembrança?
A amiga de todos,
a última a ser lembrada,
a que sempre ajuda, mas nunca é chamada?
Cansei.
Agora tem espinho no lugar da flor.
Agora, quem vem, sangra.
Agora, quem tenta colher, se fere.
Porque não levo mais flores nos dedos.
Levo cicatriz.
Levo silêncio.
Levo tudo o que me deixaram.
E não...
não leva mais pétala.
Sou o fogo que arde em teu ser
Sou água que mata tua sede
O castigo da tua presunção
As espada caudal sem razão
Sou a torre mais alta de fel
As estrelas lá do cão maior
O alpendre da anunciação
Um papado de um bispo só
Sou o ar que repiras na dor
O calor que ressoa no ar
Uma flor que insiste em florar
E o vento que não quer soprar
Sou reflexo de lua no mar
Infinito e eterno esplendor
Dia quente em puro calor
Um deserto de ilhas sem fim
Sou uma ilha deserta em mim
Uma história feliz sem amor
Um amor infeliz a durar
A tristeza do riso sem fim
A pintura de um riso sem cor
Um inverno trovejando em si
Dialeto latino ou tupí
Sou um peito repleto de amor
Ela estava lá
Inébria, sombria
Frígida como uma mulher em puerpério
Seus cabelos acobertos
Em capuz de feutro negro
Davam o tom em branco e preto
Clima de cemitério
Enquanto eu escrevia
Me sussurrava aos ouvidos
Palavras, estalidos
Inspirações de cortesia
Era sim, a própria morte
Do meu lado a gargalhar
Afagava-me os cabelos
Entre vida e pesadelo
Inspirando meu desabafar
Ali estava ela, ao menos mais uma vez
É que ando morrendo demais
Um poeta morre vez ou outra
E aquele era só mais um dia
Entre escritas e agonia
Entre letras mortas e vazias
O meu óbito de número trinta e três
Vazio
Já sentiu saudades de algo que não teve?
Eu as vi, nascer, crescer, aprender e se desenvolver.
Tudo isso com você.
Mas eu era uma sombra, um vazio para você
As noites calorosas, eu só poderia ver
O espetáculo onde a atração principal
Só fazia doer
E que dor, um peito vazio
E cheio de rancor
Só vejo cor
Se houver dor
Mas sinto saudades
Saudades do seu amor
Amor que crescia e se desenvolvia
E que ironia
Estou falando do seu amor
O amor que para mim se escondia
Isso doeu muito, pai...
As Dores da Rosah
Rosah nunca foi comum, não encaixava nas molduras das outras meninas, nem seguia o compasso dos passos ensinados.
Preferia girar…
até que o mundo girasse com ela, até que tudo perdesse forma, e só restasse o silêncio rodando no peito.
Tinha dias em que ela deitava no chão frio,como quem pedia à terra um abraço. Amava o gelado ,era como se o frio dissesse:
"Você ainda sente, você ainda está aqui."
Carregava dores escondidas atrás dos olhos. Olhos que já viram demais, toques que não foram carinho, palavras que machucaram como faca.
Ela aprendeu a engolir o grito, a sorrir mesmo quando só queria desaparecer.
Mas não, Rosah não desapareceu.
Ela floresceu com cicatrizes, sim, mas flores ainda assim, fez da sua dor um jardim indomável, fez do seu silêncio um poema.
Hoje, ela ainda gira.
Gira como dança sagrada,
como ritual de libertação.
Gira porque o mundo tentou prendê-la, mas ela escolheu voar.
E quando toca o chão frio com os pés, não é fuga é reencontro. É ela dizendo pra si mesma:
"Estou viva. Estou aqui. E sou minha."
Rosah é feita de céu e abismo, de memórias duras e coragem suave.
Ela foi ferida, mas não foi vencida, é diferente, sim e ainda bem.
Porque no mundo de tantos iguais, ser Rosah…
é um milagre que ninguém pode apagar.
Ai de Mim, Idealizadora!
(Raissa Santos)
Creio em conexão
Vivo de amores e paixões
Não sei suportar o tédio de NÃO amar.
De não buscar.
Mal de nós: idealizadores!
Pecado meu:
Querer com tanta verdade.
Encontrar...
O que?
Talvez nem eu sabia!
Ai de mim!
Descobrir que existem outras formas de respirar.
Imagina só,
Falar e não sair poesia:
Das mais cruas,
Mais duras e cruéis,
Dessas que rasgam o peito
E nenhum curativo é suficiente.
Ai de mim, se ei não tivesse cicatrizes de amores passados.
Dores vivas que não me largam.
Como vivem os não poetas?
Os avisados?
Os ateus?
Como pulsam?
Ai de mim saber!
O que me restaria viver?
Nada!
Só a vida.
E a vida anda meio desvivida pra mim.
Para que eu não morra em vão!
Faço preces ao universo
para que ouça meu coração,
trazendo a mim o que mereço
e mantendo o que me faz bem.
Guiando minha mente aos seus planos,
livrando-me do sofrimento das ausências.
Que meus desejos não tenham mortes súbitas,
como as que anseio aos meus medos.
Rogo!
Ouça as ritmadas sinfonias que ardem em mim,
para que assim eu não me perca em devaneios.
Se seu poder maior me proteger,
não temerei viver.
Não me impedirei de sofrer,
pois irei crer
que você não permitirá
que eu morra em vão.
FELIZ ANIVERSÁRIO!
Feliz aniversário de fim.
Feliz chá de término,
de conclusão,
de reciprocidade.
Feliz aniversário de vida,
de muita,
muita,
e muita vida.
Feliz morte de sentimentos,
invenção de relacionamento.
Feliz...
Seja lá o que te dê motivo pra sorrir agora.
E um belíssimo: — Vai se ferrar!
Por me fazer sentir falta daquilo,
por não me quebrar,
mas deixar um pedaço de você em mim.
Feliz...
Quer saber?
Não.
Te desejo confusão.
Uma noite cheia de memórias minhas,
de arrepios de pele toda vez que ouvir alguém te chamar pelo seu nome completo,
como eu fazia.
Um pensamento de erro toda vez que alguém chegar perto demais do seu corpo.
Porque você sabe,
e eu sei:
que me pertence.
Te desejo vontade —
vontade de mim.
Te desejo um sentimento estranho toda vez que lembrar que eu te fiz sentir coisas que você não queria,
mas que foram reais.
Te desejo medo de não se sentir assim de novo.
Te desejo o medo de passar a vida sem mim.
Te desejo arrependimento,
confusão,
e desequilíbrio.
Te desejo falta.
Te desejo o que você provavelmente já sente,
e já sabe.
Como diria Clarice:
Ninguém sou eu,
Ninguém é você,
E essa é a solidão.
Algumas pessoas vivem os sonhos
Entre no jardim de rosas,
E sintam o perfume delas...
Uma casa e as crianças brincando...
O azul do céu é testemunha...
Com muito cuidado e amor,
Tenha medo dos espinhos.
Hoje é um dia bom,
Talvez, amanhã também...
Desse lado aqui,
A grama é verde...
A felicidade é uma caixa de surpresa,
E não é de bombons...
Viva os seus sonhos,
E não os meus,
Ou os dos outros.
E tudo é uma questão de bom senso.
Com um semblante triste,
A vida não é um mar de rosas, não!
O seu olhar demostra a dor...
As suas mãos estão frias.
Os meus passos estão distantes dos seus...
Partimos conforme o final do filme
Com ou sem final feliz!
Apenas o the end!
Titânico Mello
Eu não quero o futuro
Pensar no futuro
É sofrer antes de acontecer,
É viver nas sombras do que pode ser,
Preso em "um dia", "talvez", "quem sabe".
Eu não quero encarar o amanhã,
Nem carregar o peso do que virá,
Responsabilidades de um alguém
Que ainda nem existe,
Que não sou eu.
Não quero escolhas,
Que meu "eu" do futuro
Venha a se arrepender.
Eu não quero ter o futuro,
E, no fundo,
Ele não quer me ter.
TUDO TEM JEITO
Soneto, tens nos versos desventuras
Que dói n’alma, ao sentido imploras
Que tudo sente e que tudo ignoras
Deixando a prosa com duras agruras
Assim, obscura e extraviada as horas
Vão as rimas com infinitas amarguras
Num poetizar com tristonhas leituras
Ditas com lágrimas que dá dor choras
Das coisas mais avarentas, as preces
Falsificando o sentimento desafinado
Que escava, trava, intriga, aborreces
Ó inquietude de impiedoso inverno
Não faça de meu versejar saturado
Não há bem que dure e mal eterno.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/09/2024, 15’05” – Araguari, MG
Onde anda o amor?
Onde está você?
Quando vai aparecer?
Quando vou te conhecer?
Não aguento mais
Não para de doer
Que porra de amor é esse
Que só me fez sofrer
Que só me fez mudar
Que fez uma parte minha morrer
Real Amor da minha vida
Por onde anda você?
"Fragmentar-se em tensões ligeiras é uma desventura que por um fio seria atemporal.
Barganho incomplexidade e evito a dor, visto assim, apedeuto de mim"
Ele não quis jantar aquela noite,
Resolveu deixar espaço para as borboletas voarem no seu estômago.
Nem um copo de leite, nem um copo de suco,
Nem um copo de nada,
Não quis dormir.
Ele sentou na cadeira com o rangido quase infinito,
Olhou o relógio,
Olhou pra janela,
Olhou nas memórias,
Mas não quis jantar naquela noite.
À sombra de que nem todo clichê é válido,
A certeza iminente do fim,
A raiva por aceitar que: é a vida.
Falta dó impalpável mesmo achando ter vivido cada segundo como se fosse o último .
Olhou pra dentro
Respirou fundo
Tentou achar razão e até cochilar
Mas não quis jantar naquela noite."
"Do que adianta o whisky na prateleira, luxuoso, envelhecido?
Se ele não serviu o seu propósito, de ter sido servido.
Viva, ame; mas a si primeiro é o que tenho dito.
Amar dói, não ser amado fere, mas tudo isso, é o que nos dá certeza, de que estamos vivos.
Sou vívido.
Não tenho apenas vivido.
A vida tem suas peripécias, tem um gosto amargo, assim, também, é o mais valioso dos vinhos.
Envelhecido.
Não envelheço, não me permito.
Me torno mais amargo, valioso, com o passar dos dias, a cada solstício.
Sirvo ao meu propósito, de escrever a todo aquele que não fora amado; de coração, desiludido.
Sou um valioso whisky, que não pode ser, empobrecido.
Pois, cumpro o meu propósito, aos de alma triste, como um bom whisky, sirvo o conforto e o amargor, de meus escritos..."
"Amor, não teve festa.
Não houve gingado, não houve seresta.
Não teve festa.
Houve mazela.
Saudade intrínseca, pensamento nela.
Mas, não teve festa.
Houve uma longínqua lembrança, de lágrimas nos olhos e um beijo na testa.
Teve tudo, menos festa.
Teve falsas juras de amor, ilusões de eternidade e de uma vida contigo, falsas promessas.
Sorrisos falsos, para mascarar a minha dor, um todo de infelicidade, de certo, houvera.
Mas, não houve festa.
Você ouviu os boatos, mas não lera a verdade em meus olhos, imperava em meu peito, o seu nome, mal sabia ela.
Vá, pode ir, amargarei em meu âmago, sua ida, a sua ausência.
Na tentativa de matar você em meu ser, me afogarei, aos prantos, faltará adega.
Logo amanhecerei, com um copo vazio, de coração ferido, entorpecido com uma boa bucela.
Mas, lhe garanto, meu amor; não houve, não há e nunca haverá, acerca do seu abandono, festa..."
Deserto
Perdido no deserto, carrego minha cegueira,
onde a solidão se expande em cada grão,
e as miragens dançam como oásis,
promessas escuto com anseio,
tecendo a mente em redes de delírio.
O chão arde sob meus pés, cada passo é um fardo,
a verdade oculta se revela, queimando os olhos,
ao enxergar além, tropeço no desespero;
a liberdade resplandece, mas a esperança se evapora,
como a carta funesta que ela deixou.
Caminho por este deserto de ilusões,
traços de luz que acentuam a dor.
E, ao final, pergunto-me com pesar:
sou eu o autor da minha narrativa,
ou mero espectador, à mercê de um show de Truman,
aprisionado na cena de uma vida encenada?
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp