Poesias de Dor
Felicidade é extática. Não é virtude.
Está-se ou, mais comum, não.
Ser-se é cheio: plenitude.
Dar-se tudo, doar-se todo.
Sem arremedos.
Entrelinhas
Rainha, princesa, anjo, donzela!
(Escrava patética, louca égua sem cela).
Meu bem, tratarei-te como flor
(ao desestruturar-te, perderás vida-cor)
e te amarei para sempre, não importa como for!
(De mim tu não escapas, sou teu senhor).
Adoro-te e apenas quero teu bem
(obedeça-me se não quiser sofrer além);
por isso, sou capaz de tudo para te proteger
(daqueles que conspiram contra tua submissão-dever).
Escuta-me, deixa-me penetrar no teu cérebro
e mostrar-te o que meus olhos veem
(a implorar por piedade, tua figura célebre)
afim de que percebas a beleza que tens
(os berros teus pelos vida-vermes).
MESSALINA (soneto)
Lembro, ao ter-te, as épocas sombrias
Dum outrora. A saudade se transporta
À tempos de prazer, e não dor à porta
De meninices, abarrotadas de alegrias
E nestas felicidades de glórias luzidias
Que a mostra era viço, não ilusão morta
O pouco era muito, e no pouco importa
O estorvo, a mais valia, eram as orgias
Tolas, e não só imaginação em ruína
De quimeras incolores e, assim impura
Num cortejo de recordação messalina
Ó saudade, acostamento de loucura!
Suspirando nostalgias tão cristalina
Tinta de tristura, que no peito segura...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Não ousem pensar que estes obstáculos impedirão nossos anseios!
Nenhum passo atrás, carregamos o antídoto para todos os males, pois somos filhos daqueles que sobreviveram ao frio, fome e a dor...
A luta é do outro e você que transpira?
É preciso parar de carregar o fardo dos outros, e começar a lutar por suas próprias batalhas, só isso já basta!
Se o mundo está pior e isso causa pavor,
nossos filhos e alunos precisarão ser melhores nos estudos, no trabalho,
na dor, na alegria e no amor.
Em tese, melhores em tudo!
Um pedaço do silêncio que dorme no chão da cozinha
Que a garganta arranhe pela manhã
e os azulejos brancos da cozinha sangrem todos os dias,
que os beijos explodam na boca incontáveis,
inconfundíveis, incalculáveis...
E que a dor não seja maior do que as gargalhadas
que ironizam tamanho sofrimento.
Que os beijos explodam da boca, incontroláveis
e feito os vulcões pirem o cabeção!
E que depois murchem sem dó nem piedade,
feito a imagem esmaecendo às três da madrugada,
após o clique no controle da TV que te controlava
e que agora te liberta de tamanha prisão.
Que o refrão infame...
- pedaço do silêncio que dorme no chão da cozinha -
inflame em chamas de lava ardente
e dissolva feito um passe de mágica,
as rochas marrons e duras,
que são pedras em nosso caminho.
Que quem escreveu (ou leu) essa asneira não morra só!
Nem viva só, nem só lamente por toda a sua miserável vida.
E que possa ser também resiliente,
tenha força pra seguir em frente
e mesmo sem prognóstico positivo possa encontrar uma saída,
que possa ver (entender) que toda essa gente só, não é obra do acaso.
Liga, desliga!
Aparentemente me consome a vida,
enquanto se aproxima o fim
em cerimoniosa sorte.
E ao que parece,
caminha de braços enlaçados com a loucura.
Quem é que diz ao cérebro chega
ou rouba dos sujeitos o sopro vital?
Quem é que dá a ordem de liga ou desliga
e sopra dos corpos já moribundos
os últimos resquícios existentes de vida?
Quem é que ensina ao cérebro
a hora de parar
antes que venha a vertigem, a ânsia e a tontura
ou libera a alma do corpo pra ocupar outros corpos
e ou viver outros carmas?
Ao que parece,
tripudia a vida da minha miserável sorte,
enquanto me consome e violenta,
afaga-me e acaricia descaradamente a face
que, fria e pálida, já nem disfarça tanto descontentamento.
Ainda que estejas na ponta
No fim, permeável ao ódio
Que seja tão grande o que te afrontas
Mas, encoraja-te, transforma teu precipício em pódio.
Insano coração
Dizem
que o coração
é insano e aventureiro
é primitivo e não pensa
seus desejos
misteriosamente
desconhecem os limites
e não há grades nem algemas
suas escolhas
tem a consistência
de um sonho quimérico
e o peso do amor e da dor
seus caminhos
são bohemios, errantes
ele se embebeda do fictício
e se alimenta da esperança
ah o coração
ele é insano, eu sei
mas fazer o que, aprendi que
a vida é feita pro coração que vive
paixão, e.
Permaneci
Estes dias, fomos amor.
A quilómetros de distância, no meio de uma pandemia
Despimos a alma
Deitamos as entranhas de fora, para amar.
Acreditamos estar certo que o longe era, na realidade, perto
e que podíamos germinar.
Apostamos. Jogamos tudo. Por dentro das horas da noite.
Através de plásticos brilhantes
ouvidos atentos e corações quentes.
E achamos que era o verdadeiro eu que estava no centro.
Mas não é a distância que mata. Não é o vírus que tememos.
É a fuga das palavras pesadas que magoam.
É a perda do tino por dentro.
É o confronto gratuito e vazio.
É o desrespeito que poderia ter sido eterno destino.
E então…
estes dias, estive contigo, dor.
Entrei dentro de ti e senti-te a fundo.
Ouvi-te e percebi o que querias dizer.
Ouço-te plenamente. Sinto-te profundamente.
Contudo, não entrarei nas tuas estranhas entranhas, façanhas.
O meu eu permanece. Tu não és o EU.
Eu tenho-te, dor. Eu não sou a dor.
Pela primeira vez consigo te avistar sem me perder em ti.
Saboreio-te, porque és dor de amor.
Talvez a melhor dor de sempre para sentir.
Perdi amor, ganhei dor, mas permaneci em mim.
Patricia Araujo,
Portugal In Antologia "Quarentena-Memorias de um país confinado" - Chiado Editora
-RESILIÊNCIA-
"Só a solidão hoje me desperta.
Me fazendo enxergar qual é minha essência;
E que errar não é a fatal indecência
É apenas uma forma de voltar a antiga meta.
Deixando sempre no ar aquele alerta
Pois já foi dito que errar é humano
Sendo assim,não mais me engano
Querendo viver uma paixão ilusória.
Ficando refém do prazer de uma história,
Ao dar vazão a razão de um tirano.
E hoje olho pra trás e a saudade é latente
Me trazendo a lição que aprendi pela dor.
Recusando o suave ensino do amor.
Compreendo que o mal é amigo indigente
Despertando o sentido esquecido e dormente
Da vida e do sonho de um belo futuro.
Hoje não mais de um menino maduro
Mas sim de alguém que aprendeu com o passado
Que a vida é dom precioso e legado daqueles que almejam vencer no presente."
A pessoa triste e solitária se molda para caber em estantes estreitas.
E, conforme vai se moldando, retira massa, até não restar nada.
A pessoa triste e solitária vira nada no final.
Eu preciso soltar
Eu preciso desabafar
Eu TENHO que respirar
Por que nada sai da minha cabeça?
Por que todas palavras ficam presas na minha garganta?
Parece que engoli espinhos todos esses anos e que eles vem impedindo que meus pedidos de socorro se libertassem
Parece que é tudo tão futil, não, não parece, eu sei que é
Porra, eu sei que é fútil
Mas por que dói tanto?
Ontem foi o dia mais difícil sem você
O dia mais ambivalente
O dia em que a vida me fez lembrar que você não ficou aqui
para que eu pudesse te tocar
Você não ficou para que eu pudesse te olhar assim
e nem para que eu fosse olhada de volta com olhinhos curiosos
Não deu tempo de sentir seu cheiro
Olhar suas mãozinhas mexendo
Sentir você crescer aqui dentro
Não deu tempo de escutar seu coração batendo,
Nem por um segundo
Nada disso aconteceu
E tudo isso não passa, não sai, não vai
Só dói, só me faz sentir assim, vazia
Vazia de um amor que não se concretizou como eu sonhei
De uma saudade de coisas que eu nunca vivi
Eu não estava pronta para perder você
A morte não é, e nunca será a maior perda de nossas vidas, a maior perda de nossas vidas é o que morre dentro de nós enquanto estamos vivos.
A morte ainda é um dos maiores mistérios da vida. É inevitável nos questionarmos o porquê de termos que nos despedir de alguém que amamos, ou mesmo temer o nosso próprio fim.
Há, no entanto, milhões de possibilidades de lidarmos e refletirmos a morte não apenas como um momento unicamente de dor, mas como parte incontornável da vida. Quem sabe, pensando e aprendendo sobre esse implacável acontecimento, podemos encará-lo de forma mais corajosa.
Felizes seremos e sábio teremos sido se a morte, quando vier, não nos puder tirar senão a tão valiosa vida.
COM VOCÊ
Abaixo de zero
Esperar-te-ei
Em polos Sul
Pra baixo sem tu
Estarei
Derreterei ao ver-te
Entrarei em ebulição
Quando lábios seus
Tocarem-me
Sentirei o gelo
Sem queimar
Ao tocarmos
Pele com pele
Acima de zero
Adimirar-te-ei
Em polos Norte
Pra baixo com tu
Nunca estarei
PERSISTÊNCIA
Onde andas encontro?
És mago ou és monstro?
Será preciso perder-se para saber?
Num momento: certo, seguro, coberto...
Vestindo furor em mil coincidências
Robusto explendor reflete e cegueia
Despido no tempo, brilho ofuscado
Raquítico e belo, coração mal tratado
O passo foi firme e já hoje rengueia
Segue tua senda, coxo, maltrapilho
Ergue a cortina, na busca da Luz
A casca que cai desnuda a aparência
Ampulheta cruel retarda tua sina
Reflete e ensina o valor da essência
Mago e monstro: eterna insistência!!!
Às vezes eu vejo as pessoas me chamando de "Grazi" através de mensagem via Whatsapp e desejo poder mudar de nome.
Não que eu não goste deste com o qual fui registrada, mas sinto que está desgastado.
Todos que me chamam a partir dele, antes de quaisquer outros assuntos, são pessoas que ou me trouxeram dor, ou só me procuram quando precisam de ajuda (quase nunca recíproco).
A distância mede exatamente a proporção do desejo,
O tempo do reencontro,
mede exatamente a intensidade dos nossos corações,
Que se entrelaçam,
Como uma dança,
O beijo que transpassa,
Física Quântica,
Energia,
Perto de ti eu derreto,
Como se meu corpo se desfizesse em micropartículas,
Cada uma com uma cor,
Cada uma vibrando com a intensidade do nosso calor,
Como se o mundo parasse,
E eu não me importasse,
Só quero ficar,
Que se dane o relógio,
Quero me envolver no teu cheiro,
Nos seus cabelos,
Boca macia,
Universo paralelo,
Pra onde eu quero voltar,
E novamente contigo,
Fazer o tempo parar,
No toque, no gosto, no cheiro...
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