Poesias da Cora Carolina Oferta de Aninha

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A comida no estômago é como o combustível nas máquinas. Passei a trabalhar mais depressa. O meu corpo deixou de pesar. Comecei a andar mais depressa. Eu tinha a impressão que eu deslizava no espaço. Comecei a sorrir como se estivesse presenciando um lindo espetáculo. E haverá espetáculo mais lindo do que ter o que comer? Parece que eu estava comendo pela primeira vez na minha vida.

Fui ficando triste. O mundo há de ser sempre assim: negro para aqui, negro, para ali. E Deus gosta mais dos brancos do que dos negros. Os brancos têm casas cobertas com telhas. Se Deus não gosta de nós, por que é que nos fez nascer?

Eu estava pagando o sapateiro e conversando com um preto que estava lendo um jornal. Ele estava revoltado com um guarda civil que espancou um preto e amarrou numa árvore. O guarda civil é branco. E há certos brancos que transforma preto em bode expiatório. Quem sabe se guarda civil ignora que já foi extinta a escravidão e ainda estamos no regime da chibata?

Quando eu não tinha nada o que comer, em vez de xingar, eu escrevia. Tem pessoas que, quando estão nervosas, xingam ou pensam na morte como solução. Eu escrevia o meu diário.

As pessoas são como retas concorrentes, se cruzam em um determinado ponto na vida e depois se separam.

As vezes precisamos ver que tem amigos que se vão para o nosso próprio bem, já outros que ficam para o nosso mau

Deixei o leito furiosa. Com vontade de quebrar e destruir tudo. Porque eu tinha só feijão e sal. E amanhã é domingo.

Inserida por pensador

Os brancos de agora já estão ficando melhor para os pretos. Agora, eles atiram para amedrontá-los, antigamente atiravam para matá-los.

Inserida por pensador

As oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com barro podre. Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de veludos, almofadas de cetim. E quanto estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo.

Inserida por pensador

Porque um dia, tudo que passamos e tudo que ira passar, vai acabar, porque sempre que abrimos a janela , nos abrimos para o mundo , mostramos a nossa cara, quando sorrimos , alegramos as pessoas em nossa volta, quando abraçamos estamos trocando uma forma de energia positiva jamais requerida em outra ação , quando comemoramos, brincamos e conversamos, estamos encarando um meio, uma sociedade, estamos aprendendo a ver que não somos todos iguais, que todos têm seus defeitos e qualidades e cada pessoa tem que se acostumar com os seus defeitos e os dos demais em sua volta, porque o sonho não é só ilusão, é o que nos da forças para conquistar uma meta tão esperada, é ter fome de conquista , porque a imaginação não é bobeira , é a nossa porta para o mundo, todos aqui , terão um começo um meio e um fim e se não aproveitarmos o maior bem que recebemos de deus, a nossa vida não valera nada , por isso sorria, abrace , comemore, brinque , converse , sonhe, imagine e viva. VIVA porque não há nada mais precioso do que viver

Inserida por carolinars

Não quero ser tratada como uma mulher, quero ser tratada com toda honra e cordialidade que TODO ser humano deve ter!

Inserida por CarolinaGaleno

⁠O que eu aviso aos pretendentes a politica, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la.

Inserida por muriloamati

⁠Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual - a fome!

Inserida por muriloamati

⁠Há tempos que eu pretendia fazer o meu diário. Mas eu pensava que não tinha valor e achei que era perder tempo.

Carolina Maria de Jesus
Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.
Inserida por pensador

⁠Nas prisões os negros eram os bodes expiatórios. Mas os brancos agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz.

Carolina Maria de Jesus
Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.
Inserida por pensador

⁠"A comida no estômago é como o combustível nas máquinas. Comecei a sorrir como se estivesse presenciando um lindo espetáculo. E haverá espetáculo mais lindo do que ter o que comer?"

Inserida por isadoranutrichagas

Sou forte,
Sobrevivo aos intempéries das estações,
Não sou de causar polêmicas ou discussões,
Sou gentil e também sei ser nobre!
me calo,

mas não consinto.!!

A vida não tem sido gentil comigo..
Me empurra para os labirintos, beco sem saídas,
caminhos e trajetos sem fim.
Nunca chega a um ponto.

Mesmo assim sei ser gentil e nobre...!
Às vezes sou rude, não pelo meu caráter.
Mas por natureza..

"não posso ser fraca"!

Não posso reclamar das condições em que me encontro,
Ás vezes fico imóvel...
silenciosa...
como o tempo quando quer enganar!
mudando a temperatura..!!

Faço pouca sombra, todos me olham,
mas poucos me veem..

Luto para não cair no poço, para não afundar na lama.
Respiro a saudade da primavera..no outono..
Suspiro de saudades do outono...no verão!
Sou atrevida, não sei morrer de medo,

nos temporais.

Sou guerreira,
Sou filha da terra, sou filha do ar,
sou filha do vento, sou filha do mar..
Sou ousada não posso me intimidar..

Sou humilde mas não tente me humilhar!
Sou confiante!
Sou muito mais que..
"ÀRVORE"
uma árvore qualquer,
prestes a cair no precipício...

O solo em que fui gerada é fértil.
minhas raizes são fortes
me sustentam e não me deixam cair!
Não sou prepotente,
não sei ser arrogante!

Pesadelo

Qual fera bestial eu fui caçado
Como animal feroz fui enjaulado
Sem saber qual o crime cometido
Mãos e pés, todo o corpo atado
Amordaçado, sem dar nenhum gemido
Era um ser totalmente fracassado
O desanimo meu ser tinha inválido.

Perguntei as estrelas que brilhavam
A razão de tanto sofrimento
Elas mudas continuavam me olhando
Como parte do imenso firmamento
O vento que soprava calmo e brando
Talvez me querendo dar alento
Ou dizer que eu estava sonhando.

Será que não era um pesadelo
Daqueles que trazem tanto penar
Daqueles que a gente grita e chora
E ninguém parece escutar
Que um minuto parece uma hora
Que o tempo parece não passar
que não se está dentro nem fora.

A seca e o Nordestino

Ah! que saudade eu tenho
Do meu sertão quando chovia
Que enchia nossos rios
De uma noite para o dia
A fartura em nossas casas
Nesse tempo existia

Não faltava em nossos lares
Milho, arroz e feijão
Produzíamos ainda mais
O ouro branco do sertão
Ah!que saudade sentimos
Das safras de algodão

Por falta de sorte
Ou por desgraça talvez
Os nossos rios secaram
Todos de uma só vez
Nunca vi coisa igual
Nem tão grande estupidez

As nossas culturas morreram
Ou já não produzem mais
Já está faltando água
Até para os animais
Crianças choram com fome
A miséria é demais

O sol que nos castiga
Inclemente e brasador
Que queima a nossa pele
Que causa tanto calor
Mas não queima a esperança

Não mata nossa fé
No Cristo, o Salvador
Não queima do Nordestino
Sua honra, seu valor
Não vai destruir
Força, Esperança e Amor.

Poetisa precoce

Quinze anos, eu invejo
a tua precocidade
que seja por toda a vida
cheia de felicidade
pautada sobre a virtude
conhecida como verdade

Que tenhas como suporte
o dom da sabedoria
como a tua protetora
a Santa Virgem Maria
sendo homenageada
pela tua poesia

Que a tua poesia
seja a arte que encanta
seja a fonte a sussurrar
como a prece de uma Santa
a mãe que o seu bebê
nos seus braços acalenta.