Poesia Toada do Amor de Carlos Drumond
Sou Metáfora...
Em permanente contágio mental em torno da minha loucura que me empurra para a tela, misturo-me com as cores, como se de uma floresta densa de ideias perdidas do meu ser inquietante se tratasse.
Curioso, crio minuciosamente cada pincelada de prazer de onde emanam as coisas fingidas - surreais - para ganharem vida estática em cada tela saída do meu sonho.
E Eu?... eu sou metáfora de cada tela.
Este sou Eu;
Omitido em tantas atmosferas Marcianas,
numa busca de confirmar a existência de mim ...
encontro-me
em lado nenhum.
Tomo a atitude;
mato-me lentamente com pincéis e tintas
na ânsia de satisfazer uma "não separação"
entre o Homem e o Artista.
Neste comportamento inusitado
presencio o começo.
Atinjo o fim.
Errar não quer dizer que você não consegue,
Mas que está quase conseguindo.
No caminho para o sucesso o fracasso é inevitável;
E recomeçar é necessário.
Não pense em maneiras de deixar um legado.
Dê o seu melhor, naquilo que gosta;
E assim vai deixar sua marca no mundo.
Desabafo de um amante
Há de acontecer um dia
Em que meu coração não velará mais pelo teu;
Que repotuo-o ufano
Me queres de rojo
Pois me deseja rendido aos teus pés
E neles deseja o meu selo
Haverá um dia, em que ir-me-ei, nem que tardança, arrebatar-me por outra
E se valer a pena, a chamarei de amante, só pra te ver arrufada
FUTURO
Me pego em meio a dúvidas
De como seria meu futuro,
Sem as dificuldades que vivo.
Quais pessoas poderia conhecer
Quais histórias teria vivido
Talvez outros amores
Talvez outras dores
Talvez um final feliz
Penso que poderia ser incrível
E ao mesmo tempo ruim
Pois, as dificuldades me fortaleceram
A cada tombo que sofri
Uma lição tentei tirar
Um ensinamento para tentar
Não mais errar
Posso até ainda não ter sucesso
Não trabalhar no que amo
Não ter amigos
Ou até mesmo amores recíprocos
Mas eu tenho um sonho
E uma vez um sábio me falou
Se você é capaz de sonhar
Você também é capaz de fazer
Fazer acontecer
Começar a escrever agora o
Futuro que você tanto sonha
E ser o autor de sua história
1,2,3,4,5,6....contava mentalmente, eu números seguidos...imaginava-os dedos voadores... Pra distrair a mente.
Sentia uma dor intensa no dedo da mão esquerda.... Olhei pro dedo com má cara e disse lhe que não gostava dos modos com que me andava a tratar me.
Gosto ser sincero e verdadeiro. Já a muitos dias que me apetecia gritar com ele ...não que me estivesse a fazer mal....
Mas ultimamente anda feito estúpido. Não me tem respeito. Pensei cortar o mal pela raiz ,mas optei por dar mais uma oportunidade. Sou um homem de oportunidades...
E dedos voadores são raros. São como os amigos....
Tinha passados 150 anos ,desde a minha ultima viagem ao Epicôndilo Medial esquerdo ...
Desta vez tinha feito a viagem com um objetivo : visitar a gaveta numero 4 da 7_a cómoda , a 7a cómoda ,era um armário muito especial ,situado entre a Fossa Radical e o Epicôndilo esquerdo .
Sempre senti uma atracão pela gaveta numero 4 ...nunca entendi porquê...
Passaram se 150 anos e a 7a cómoda estava ali intacta , com varias gavetas , mas a gaveta numero 4 era a especial.
Uma gaveta vazia ...sim vazia , ao contrario das outras .
Tudo me parecia recente .
Uma comoda
Uma gaveta
E o meu polegar da mão direita ,já achatado e desgasto ...
Quisesse eu explorar a gaveta numero 4 , não lhe encontrava nada .
Mas por parvoíce minha ,quis desta vez , deixar algo ...e escrevi ali mesmo no fundo da gaveta numero 4 ...
Ate quando ?
Afastei me e segui minha viagem .
Musa
Afinal, qual maior privilégio?
Ser poeta, que descreve, sentimento,
desejo e divagação?
Ou ser a musa?
Razão, motivo e princípio
da minha inspiração?
Máscaras
Palavras que não são minhas,
não vindas do coração,
quase sempre deponho,
querendo compreensão.
Me visto pra ser alguém
que não parece comigo.
Na busca inútil, insana
de ser aceito na tribo.
Gestos vazios, bizarros,
desse teatro assombrado.
Vou mendigando doçura,
querendo afeição, ser amado.
Máscaras e faces sucumbem,
diante de um espelho amigo,
procuro, enxergar quem sou,
fazer as pazes comigo.
Constatação bem cruel,
difícil até de dizer...
Não sou quem eu queria,
apenas, quem posso ser.
A bela do mar
No céu azul infinito
O sol saiu radiante
O mar verde deslumbrante
Querendo anunciar
Aquela mulher sedutora
Tão linda, tão graciosa
Flutuava terna e garbosa
Na areia branca do mar
Seria encantamento?
Seria uma miragem?
Olhar aquela paisagem
Que não sai do meu pensar
Ó deusa linda da praia
Te ver de novo eu queria
E reviver a magia
Na areia branca do mar
A roda é gigante,
o cavalinho é brilhante,
o patinho é elegante,
a montanha e gritante,
o trem é aterrorizante,
o tapete é flutuante,
voltei a ser criança neste instante.
Olho para o teto,
penso no que sou,
penso no que não sou.
A um passo, um pássaro se joga a voar.
Quase conheço e desconheço o ato de se libertar.
Negros cabelos,
olhos claros,
bocas sabias,
cores raras,
pele desnuda,
quarto fechado,
palavras e suspiros,
escuro barulho,
silêncio e mais nada.
Tudo que preciso é de um banho de lua brilhante e me secar no horizonte.
Me queimar num sol do deserto daqueles escaldantes.
E depois resfriar num pólo frio bem distante.
O mar será meu próximo desafio , aquele mar dos amantes .
Quem está distante de Deus aproxime-se,
Quem está próximo, aprofunde-se,
Quem já se aprofundou, frutifique.
Ela dança ao som do Jorge
mas não é uma burguesinha
tão independente,
tranquilona ali sozinha
-Tu falou que era o cara
e ó a cara que ela fez!
Ela debocha do Roberto
pois não acredita em Reis
QUADRO DE MULHER
A forma mais bela
revigora minha vida,
espera de uma espera,
síntese de desejos,
gosto, forma, beijos,
carência de desejo
e, em forma de aquarela,
na tela mulher eu vejo.
que meus olhos fazem lágrimas
e de novo a tela vive,
vibra em fogo ardente,
mostra formas belas,
forma-se uma vida
e, em um doce beijo,
cada desejo nasce
em aquarela de cor,
em poesia de arte,
em verdadeiro amor,
a mulher fala,
a mulher vibra,
a mulher cala
e do quadro pula
e da poesia nasce,
se a arte é verdadeira,
se o sentimento pinta
na realidade do artista.
Atraímos para nós o que...
...somos gratos
...estamos focados
...tememos demais
...reclamamos muito
...nutrimos com ódio
...depositamos amor
...pensamos repetidamente
...sempre repelimos com aspereza
...desejamos aos outros
...acreditamos que merecemos
