Poesia Sufoco no Peito

Cerca de 37571 frases e pensamentos: Poesia Sufoco no Peito

onde termina o poema onde
um ponto de suspensão apenas
o poema não termina quando
a linha roça a beira do papel
tampouco a língua roça
aquilo que ela alcança
para além da página há
o poema imaginado sempre
uma imagem de poema
desfazendo-se afundando um
navio atracando-se no espaço
um navio a cada vez refeito mas
o corpo do poema não é
imaginário tampouco a
possibilidade de um limite não
há limite apenas limitação a
folha acaba a tinta acaba a
língua é o ponto de desacordo
roçar a página ancorar mas
a cada vez apenas por um instante
este inacabado este
que nunca termina

Inserida por pensador

Já estamos todos muito velhos
As conquistas de outros tempos se acumulam
Nos caixotes de papelão e isopor
Nas malas que moram na parte de cima do armário

Vasculho papéis que perderam sua função
Fotos documentos recortes
Rostos amarelecidos em uma existência remota
Uma quase não-existência familiar
E temporal

– palavras fatos já não-meus, penso
(é preciso alçar a indiferença)
“que importa quem fala, alguém disse...”

É preciso rasgar
Estancar o sangue
Tentativa de habitar algum presente em meio ao bolor

Inserida por pensador

superar
a tristeza de não ter mais você
e seguir como se o rio esquecesse o leito antigo

procuro as palavras para te cobrir
mas me faltam letras
tropeço nas sílabas do teu nome
(mesmo que já não possa lembra-lo inteiro)

já vivo sem você
costuro cavalgo comungo
só não sei
como partir inteira
retomar pedaços
fatias
de um corpo que foi meu

(as marcas da história de cada um)

as marcas da nossa história
emolduram
um jeito velho de ser
um jeito esquecido e velho
de ser mulher

Inserida por pensador

desisto de te amar
por uns instantes olho a madrugada
que colore de cinza as estradas
da minha cabeça
temos poucos anos e uma bagagem densa

Inserida por pensador

o fundo verde do quadro toma a parede eram dias
como este eram dias de
fazer listas aguardar
o soterramento das figuras o
fundo verde do quadro
tomando a parede

Inserida por pensador

Minha infância é hoje
aquele peixe de prata
que me escorregou da mão
como se fosse sabão.
Mergulho no antigo rio
atrás do peixe vadio
– Quem viu? Quem viu?
Minha infância é hoje
aquele papagaio fujão
no ar, sua muda canção.
Subo nos galhos da goiabeira
atrás do falaz papagaio
– me segura, me segura
senão eu caio.

Inserida por pensador

Meu coração é um violino.
Lá fora sopra o vento
contorcendo o mar.
Penso no infinito.

La fora passa o vento
digladiando com o mar.
A ideia é um precipício.
Por que há o vento
penso no princípio,
no sem fim, no caminho.

Triste verso que agora escrevo
(e que alguém vai lendo),
pensar é um abismo.

Sou pequeno bem pequeno,
mas minhas mãos tem gestos

que nunca terminam.

Inserida por pensador

Não tocaria uma só nota serena.
O desconforto fosse meu porto.
O descompasso meu próprio passo.
O mal estar meu maior conforto
E todo verso forjado a aço.
Assim, através de muitas cidades.
Como tudo estivesse ao inverso,
Tudo seria reinventando, as artes,
As crenças e, enfim, todo universo.

Inserida por pensador

Deste tempo em que estamos
(de onde escrevo este relato),
uns dizem o fim de uma era,
outros, o início de um fraternal estágio.
Eu bebo meu chá.

Sou do tamanho da minha janela
e nela cabe até o mar.

Quando os cargueiros somem no horizonte
deixam de existir aos meus olhos carpinteiros.
Talho o mundo a minha medida.
Usei amores, naufrágios, despedidas,
e já não eram sentimentos,
eram versos.

Inserida por pensador

Devo amar calado o triunfo crepuscular da juventude,
Seus beijos ao mar e sua oferenda de mistérios,
Na rosa oblíqua de um chamado puro,
Na vastidão precária dos instantes.

Inserida por pensador

sonharíamos coisas lindas.
e quando acordava o gosto era bem doce.

eu te cantaria mais lindo que dorival caymmi morto em pessoa.
mais poético que os calcanhares da adriana no porto.

contava carneirinhos e te mostrava o fogo.
círculos ininterruptos. rodas. giram milhares de arrebóis.

eu até te bordava coisas assim. pra que nosso sono fosse
acordado.

grudado. e nada mais o fado.

Inserida por pensador

pra me amar e ter inteira, riso largo,
a face serena sem expressões franzidas ou teatrais,
é preciso drama, camarada:

os olhos a me caminhar, venerar, buscar;
fazer exigências, oferecer um lenço azul, um título ktke;

há que me torcer o esternoclidomastóideo;

morrer de amor, porre, guerrilha e poesia.

Inserida por pensador

Beleza

A estética é como uma fruta no dia de feira,
atrai todos os olhares e paladares que ficam
numa fissura de experimentar,

Mas no passar de um tempo, se torna apenas mais um caco de podridão.

Inserida por kauan_carvalho

Ao cair da noite, estrelas cintilam como gelo e a distância que elas cobrem
Oculta algo elementar. Não Deus, exatamente. Mais como
Um ser estreito, magrelo, com o espírito reluzente de Bowie — um Starman
Ou craque cósmico pairando, se remexendo, se doendo para que possamos ver.
E o que faríamos, você e eu, se pudéssemos saber com certeza

Que alguém estava ali espiando através da poeira
Dizendo que nada está perdido, que tudo vive apenas da espera
Para voltar a ser querido o suficiente? Você iria, então,
Mesmo que por algumas noites, para esta outra vida em que você
E aquele primeiro que ela amou, uma vez cegos para o futuro, e felizes?

Inserida por pensador

Eu não queria esperar de joelhos
Em uma sala calada pela espera.

Uma sala onde ouvíamos a respiração
que incha, o chiado na sua garganta.

Não queria as orquídeas nem as bandejas
De comida destinadas a fortificar esse silêncio,

Nem rezar para ele ficar ou ir
Finalmente em direção àquela luz extática.

Não queria acreditar
No que acreditamos nessas salas:

Que somos abençoados, deixando partir,
Deixando alguém, qualquer alguém

Escancarar as cortinas e nos elevar
De volta para nossas claras e ofuscantes vidas.

Inserida por pensador

Quando o seu doce pai morreu
Você acordou antes dos primeiros raios
E comeu meio prato de ovos e mingau,
E bebeu um copo de leite.

Depois de sua partida, me sentei no seu lugar
E terminei os pedaços de torrada com geleia
E os ovos frios, o bacon espesso
Colado com gordura, saboreando o gosto.

Aí fui dormir, muito jovem para saber quão estreita
E sombria era a estrada à sua frente —
Todas as casas fechadas à zíper, as nuvens
escassas da noite turvas como café frio.

Você ficou sumido por uma semana, e quem éramos nós
Sem seu perfil claro espantando
Tudo que nos metia medo?
Um vizinho nos mandou um bolo. Nós comemos

Os frangos assados e presuntos doces.
Baixamos nossas cabeças e rezamos
Para que você voltasse para casa são e salvo,
Sabendo que o faria.

Inserida por pensador

Quando acreditávamos no submundo, enterramos tesouros para nossos mortos.
País de cães e criados, onde fantasmas com mantos costurados com ouro caminham.

Amores antigos aparecem em sonhos, ainda lívidos com cada desfeita. Mostre-os a saída,
A cama está cheia. Nossos membros se enredam no sono, mas nossas sombras caminham.

Talvez um dia será suficiente viver algumas estações e regressar às cinzas.
Sem filhos para levar nossos nomes. Sem pena. A vida será uma breve, oca caminhada.

Inserida por pensador

Provavelmente ele perdeu controle de si mesmo
E caiu em cheio naquilo ali, seu novo
Corpo capaz, esguio, vibrando na velocidade
Da crença. Ela provavelmente esperava
Na luz que todos descrevem,
Acenando para fazê-lo vir. Certamente eles
Passaram todo o primeiro dia juntos, caminhando
Além da cidade, até os pomares
Onde perfeitos figos e ameixas amadurecem
Sem medo. Eles nos disseram para não vir
Girando mesas para encontrá-los. Nem sequer
Visitar seus corpos debaixo da terra. Eles são
Talvez o que às vezes chama
Pessoas presas em algum inferno impossível.
Aquelas que depois se recordam, “Ouvi uma voz
dizendo Vá e finalmente, feito mágica, fui capaz
De simplesmente ir.”

Inserida por pensador

Guardar-te-ei em poucas linhas,
Em traços de uma mera tinta,
Escusa pela incapacidade da escrita em dizer
Sobre o amor que tenho por você.
E nos versos não exibidos,
Oculta o seu sorriso, sua voz insistente que,
Por vezes, tira-me o ar.
Através da brancura do papel,
Afastam-se as letras quando a saudade
Invade a vontade de te amar.
Guardar-te-ei sem pressa,
Como quem carrega um cristal,
Uma flor, uma canção de amor
Feita pra te agasalhar,
Arrancando o frio das noites sem luar.
E sem esforço, ouço o seu chamado.
Esqueço a poesia e me atenho em você,
Pois é no falar do seu calar em mim,
Que a minha maior eloquência se faz no sentir.

Inserida por GilBuena

Percebi que o fim não é o que importa
E sim o que vêm depois

Depois
Depois do tempo ter passado
eu vi florescer tudo aquilo que não vi
com minha mente fútil

Fútil
Fútil seria se eu não te amasse
pois nesse momento meus pensamentos
se voltam pra você

Você
você mesmo sem falar
seu jeito meloso de ser me encanta

Me encanta
Me encanta cruzar a linha de chegada
com um sorriso, e não cansada de lutar

Lutar
Lutar não rima com amar

Amar
Amar não te faz lutar
por aquilo que você não é

Não é
Não é real tudo aquilo que imaginamos
tudo aquilo que o nosso coração quer guardar

Guardar
Guardar o tempo mostra o quanto eu fugi
sem medo e não percebi

Inserida por Loba_solitaria

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