Poesia Sufoco no Peito
Sei, é o que eu poderia esperar
Ver você tão perto e mesmo assim longe
A se esquivar.
Se aproxima, belisca, sussurra coisas malucas
E quando eu olho, volta a se esquivar.
És um tiro no escuro, nunca sei o que esperar.
Suas duas faces o condena...
Uma me ama, a outra insiste em me odiar.
Escute só
isto é um poema
não vai alinhar conceitos
do tipo liberdade igualdade e fé
Não vai ajeitar o cabelo
da menina que trabalha
com afinco na caixa registadora
do supermercado
Não vai melhorar
Não vai melhorar
isto é um poema
escute só
não fala de amor
não fala de santos
não fala de Deus
e nem fala do lavrador
que dedicou 38 anos
a descobrir uma visão
quase mística
do homem que canta
e atravessa
a estrada nacional 117
para chegar a casa
ou a algum lugar
próximo de casa.
Neste começo d’hoje
tuas costas negavam
qualquer espécie de outono
Afinal
a ideia de estação
é só um tema ilusional
engendrado por humanos
que nunca puderam desenhar
tua coluna vertebral
a dedo nu
tenham atenção a esse nó
que acontece no estômago
no preciso momento em que
esperam por vosso amante
Declaração
Amo mulheres
que se amam,
mulheres amadas,
fêmeas fecundas não fecundadas
e outras mais que levam no ventre
futuros de outras
mulheres amadas
que se derramam pela madrugada
e dão à luz suas virtudes roubadas
amo-as irrestrito
suave e em delito
par
em
par
a todas e a cada.
Eu não entendo a distância
nem as dores que ela traz
não entendo o adeus
toda vez que parti
deixei um pedaço para quando voltar
e não aceitei a solidão
o vento alegra os pássaros
toda a natureza se faz feliz
o encanto está nos olhos de quem sabe ver
há um mistério na vida
nunca partirei, você sabe muito bem
como a noite espera pelo dia
esperarei, esperarei, pois sei que você virá.
Ela é daquelas
Que tem o cabelo ondulado
Estilo aurora boreal
Dos cabelos que escorrem
Pelos teu rosto.
Ela é daquelas
Que tem teus dias de flor
Que tem teus dias de caos.
Ela é daquelas, que o mundo desaba
Mas ela não.
Constelações
Não quero ser o sol
Pois de perto não podes me ver
Prefiro sempre estar distante
Do que poder prejudicar você
Pois sou uma estrela menor
Sim, eu sou uma estrela menor
Bem, bem longe do meu viver
Mas há um problema
Ainda te quero por perto
Por isso vivo um dilema
Talvez eu não esteja certo
Pois tua distância me algema
Sim, me algema
E me obriga a ficar coberto
"A liturgia,
O ícone,
O monacato.
Descobri que eu sou Russa."
_
(PRADO, Adélia. "A Convertida" In Poesia Reunida, pg. 365 (Ed. Record - 2015)
Muitas vezes nada mais sou
do que uma pequena nota solta,
duetanto com o vento,
tentando ser canção...
E muitas vezes nada fui,
a não ser um acorde sem afinação,
que você quase nem ouviu,
nem acolheu em seu coração...
Parecia que tudo estava bem...
As feridas pareciam curadas; a dor passada já não movia mais lágrimas...
Até que um sopro mostrou que tudo estava ali, guardado a poucas chaves.
Ocupava o lugar da poeira por baixo dos panos...
Existia. Resistia.
Explodiu.
Fez imóvel a agitação que morava aqui.
Peito prende. Respiração estranha.
Estranho.
Estou presa em mim...
Abro a janela da alma, expondo sentimentos, o pensamento corre
solto por labirintos sem saída. Quero me desfazer das ilusões, matando enganos, deixando comigo só as boas lembranças. Tirar do meu corpo o cansaço e percorrer suavemente a estrada que me resta, à procura da felicidade. Porém, ainda posso sentir seu perfume, um tanto esmaecido a
fazer-me companhia nas noites claras de luar, tudo com antes e isso me martiriza. Vejo também seu vulto, vagando entre as nuvens indolentes que encobrem o sol e isso também traz calafrios de desesperança, pois sei que não mais existes em meu viver.
Solitária , uma lágrima teimosa cisma em descer pelo meu rosto, mas já não tenho a ansiedade da espera e nem o temor da ausência!
Direitos Autorais Reservados
Abril de 2.007
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.
Que perfeito coração
morreria no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que eu quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz pricipitado.
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
Conexões mentais
O que foi isso que aconteceu?
Você me alcançou, se ligou a mim.
Primeiramente uma conexão mental,
uma forma de ligação por mim desconhecida.
Um acontecimento transcendental,
um encontro libidinoso de almas.
Ainda estou tentando compreender,
foi tão intenso e surreal, com sensações
Uma transmutação mental, real ou utópico.
Senti seu cheiro, seu calor seu amor.
Senti uma sinestesia louca por meu corpo,
senti você a quilômetros daqui, em mim.
Só posso entender que foi de fato,
Um encontro íntimo de almas poéticas
Que se conheceram e se reconheceram
Como almas que estavam perdidas e se acharam.
E você ainda está em mim!
Depressão não é vista, é sentida
É a dor da alma, que não se acalma
Só sabe quem sente
Quanta vergonha causa na gente
Para alguns é fraqueza
Para outros falta de fé
Feliz é quem tem a nobreza
De enxergar quem o outro é
Depressão não é ser
Depressão é estar
É estado de espírito
Doença que pode vir a passar
É preciso enxergar
O que os olhos não podem ver
Ver com o coração
Olhos que se abaixam diante de você
É preciso olhar dentro do outro
Estender-lhe sua mão
Pois só assim, se você não tiver,
Saberá o que é depressão
Depressão não é aversão a vida
É, na verdade,
quando a sua ferida
toma conta do seu coração
JUGULAR
o gato afia as espadas de samurai
em cada uma de suas patas
nada escapa de tal arte atroz:
da jugular da tarde
salta um sangue viscoso
para dentro da noite veloz
fique
de olho
em
todas essas
mulheres
desgrenhadas e
silenciosamente
despreocupadas.
você sabe
que não pode
deter
um incêndio,
não sabe?
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