Poesia que Fala de Teatro
PENÚLTIMA ESTROFE (soneto)
O tempo no tempo passa e apavora
Afobado por mim, vai e, vai acelerado
Acotovela os sonhos, despreza a hora
Caduca a poesia, por aqui no cerrado
Corre tirânico a disputar lugar na aurora
Adormece e acorda sem ser incomodado
No meu contendo, nem por nada demora
Sacode o vento, incauto, segue denodado
Agora, ao redigir está penúltima estância
Percebo o quão eu me faço na arrogância
De achar que a pressa do tempo é desleal
Afinal, o caminho tem estória e fragrância
O tempo vivido, não se mede pela distância
E sim, no amor ortografado, na estrofe final...
Luciano Spagnol
Novembro de 2016
Cerrado goiano
É para você, este poema
Entitulado: - "pro amigo"
Nele a afeição é o tema
Nosso carinho, eu bendigo...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
ALHEADA
Distraída, distraída....
Lá vai ela pelas calçadas
fingida sem saber de nada,
nas passadas largas da vida
pelas idas, pelas vindas
expandindo toda rima
em sua lagrima caída.
No olhar para o futuro...
Chorar por marcas passada
a cada sonho uma partida,
dardo aos ventos inseguro
aos quatro cantos do mundo
pesadelos difusos sem fundo
nas cismas de outras vidas.
Distraída, distraída...
Flechas alteradas, erradas
papas do ontem... Congeladas
freezer do hoje, uma fada
estão liquidificando a digital
o futuro entrou pelos planos
e os anos todos aos cambal.
Antonio Montes
A FILA
Pegue a fila, pegue a senha
pegue a fila pra resenha...
Espere um pouco, no seu tempo
tenha calma sentimento.
Circulação, esta disparada
a hora passa o dia acaba.
Fila esta, com ressentimento
nesse tempo e o momento.
Os dias em fila, meses do ano.
o ano ao tempo e seus engano.
Olhe... A fila é uma onda
que não desanda o firmamento.
Antonio Montes
A FREQUÊNCIA
Vou de Fá
E de LÁ, volto de RÉ
O SOL...
Sempre a MI esquentar
Terei DÓ...
SI Deus quiser.
É molécula é frequência
é o movimento do ar,
na velocidade das cifras...
Elementos da agitação,
uma nota um vibrar.
Esta tudo lá, na partitura
um toque, tópico especifico
compasso, timbre um dançar
a letra esta boa... Eu fico.
Antonio montes
INFORTÚNIO
Com o sono em açoite,
no pedaço da noite
expandiu o pecado.
Foi no golpe da foice
que se experto fosse
não seria degolado.
Na margens do trilho
apagado o pavio
decompondo jogado.
Não podia aquilo
se fosse bom filho
não seria delegado.
Antonio Montes
OLVIDADO
Trepido em suas mãos,
transbordo-me na anciã dos seus desejos...
E atiçado pelas labaredas das suas chamas
me queimo.
Estou ardendo com seu enfoque
não sei mais se vou para o sul ou para o norte
desconcentrei com o pulsar do coração
e me perdi, com a leveza do seu toque.
Tenho que te falar...
Estou tonto, todo no ponto
pronto, para o que você querer fazer
não seja mais um desencanto
saiba que perdido me perco...
E me acho com você.
Antonio Montes
DESENCONTROS (soneto)
Saudades nas vontades que se esfumam
No tempo visto com os olhos lacrimejados
Vou-me, assim, nos sonhos debruçados
Dos devaneios findos, antes que sumam
Dores e fantasmas na alma sepultados
São sombras que na frustração abulam
Com vozes que na emoção deambulam
Numa espera tensa de prazeres alados
Nas solidões frias... As carências bulam
Arreliam e se desfazem em enevoados
De refrigério que as futilidades simulam
Então, tento resgatar dos inesperados
Fados, versos que sobram e, engulam
Os desencontros no coração atarracados
Luciano Spagnol
27 de novembro, 2016
03'10", Cerrado goiano
BONECA DE LOUÇA
Boneca, bonequinha moça de louça
Com olhos vidrados de vidro
E seus loiros cabelos de ouro
Te peço se me escuta me ouça
Mas se te olho mudo, calo não falo.
Oh minha boneca linda de louça?!
Não me deixe assim tão infeliz!
Molhe os lábios dessa boca louca
Sossegue essa minha voz rouca
Não me faça a viver como giz.
Sempre com seu semblante branco
Na face, quer dizer, mais não diz
Rosto no jeito feito de encanto
Boneca eu sei, você não tem pranto
No entanto não é assim tão feliz.
Antonio Montes
NÓS E LAÇOS
quantos nós
entre encontros
e desencontros?
tentando dar laços
abraços
no desconhecido
o amor
é substantivo
definitivo
que ata
e nos arreata
Luciano Spagnol
Rio, 15 de julho, 2008
NÁUFRAGO (soneto)
Devastado pelos medos, a tudo, temo!
E nesta imensidão de negrura sem fim
Os assombros me aterram no extremo.
Donde cheguei e, pra onde irei assim?
Os sonhos se tornaram nau sem remo
O olhar se prostrou no horizonte carmim
Joelhos e mãos postas, de um blasfemo
No caos, o favorável estoirou em festim
Na sorte, o suspiro se fez de supremo
Choro, lágrimas e desespero em mim
É embarcação medonha, e eu tremo!
Oh! Náufrago, de alma sem lanternim
Miserando por um único ato sopremo.
Rogo aos anjos, ter-me ao som de clarim...
Luciano Spagnol
Novembro de 2016
Cerrado goiano
E quando digo, é verdade - me acredite, amor.
O ontem e o amanhã, o hoje não tem valia
Se meus olhos não descansam sob os teus.
MALEDICÊNCIA
Vagando sob sentimentos
me deparo com as mãos
fazendo rascunho do meu eu
... Desenhando letras,
formando palavras
vês e outra...
pintando frases claras
com anáguas de amor,
no breve momento do adeus.
Sigo embrenhando nesse emaranhado,
frisando aqui, frisando ali...
Entrego-me as lagrimas da saudades
que hoje encontra-se...
Calvagando sob trote das lembranças.
Me arrisco aos ventos
e as poeiras dos avarentos e ariscos...
Arrancam-me suspiro, movidos
por sonhos, e esses...
Se expressa nos soluços
das recordações, e flecham-me
com os dardos das solidões.
Antonio Montes
8 - Experimente
Grite no espelho
E escutarás o que quer ouvir
Rabisque um papel
E só tu verá poesia
Tua mente é vasta
A minha é mais
Leia em voz alta
E passe para o próximo
PEDIDO A UM SABIA
Sabia que canta tanto
o seu canto de encantar
após seu breve encanto...
Faz balanço em seu canto
e encanta com seu voar.
Sabia... Ensina-me amar?
Assim com esse cantar seu
que sempre meigo a escutar...
O cantar da natureza
a dadiva do nosso Deus.
Faça com que eu ouça
as verdades do nosso mundo
não me deixe tão ateu.
Ah, quanto ao belo timbre seu...
empreste-me por segundo
para encantar o mundo meu.
Eu preciso cantar o amor
com as cordas vocal da vida
semear jardim com flor
surripiar toda grande dor
de uma raça tão querida.
Antonio Montes
AFIADA
A sua conversa fiada,
não fura
e com esse enredo
cheio de cantos...
Não esta tão afiada assim.
Por tanto, não corta nada,
em vez de lamina...
Poderia ser uma espada.
Espada com encanto,
que talha, farfalha
e que faz pedaços,
causa pranto, espanto
como navalha.
Antonio Montes
AFOGANDO-ME
Mesmo longe e sem ti
sigo afogando-me nas ondas
insanas das minhas vontades.
Enquanto almejo o cio
do seu eloquente desejo...
Me deleito na ponta salobra da
sua língua e me perco, no
molhado dóceis dos seus beijos.
Antonio Montes
ÁGUAS DE CHUVAS
Águas de chuvas
que caem em março...
Faz calhamaços nos maços;
mata a sede na rede
e revigora as cores verdes.
Aproveite o jato, d’água
que não voa, mas esta molhada
molhando tudo, molhando a taipa
para construir a casa
singela, amassada e talhada
para a sua amante amada.
Águas de chuvas
despencando sobre o morro
psiu! Socorro!
Entupimento de bueiro,
meu Deus! Será que morro?!
Águas de chuvas
desaguadas das represas
para nadar, á Teresa
expondo felicidade plena
no calor da sua mesa
águas de chuvas de março
que mormaço!
Que beleza!
Antonio Montes
AMANHECER DA PRECISÃO
Logo sedo nas cidades
passa passos invisíveis
dotados de necessidades.
Passam com, precisões incríveis
tristezas e felicidades
vão penando nas verdades...
Uns passos carregam lagrimas
outros carregam esperanças
e tem aqueles das saudades.
Tem os passos do padeiro
jornaleiro e o senhor leiteiro
pelas orlas da intensidade.
Vão espalhando as noticias
que pelas sombras da catingueiras
seguem com velocidade.
Antonio Montes
O MEU CALAR (soneto)
Solidão arde tal qual fogueira acesa
É como em um brasido caminhar
Perder-se no procurar sem se achar
Estar no silêncio do vão da incerteza
O que pesa, é submergir na tristeza
Dum incompleto, que nos faz cegar
Perfeito no imperfeito, n'alma crepitar
Medos, saudades... Oh estranheza!
Tudo é negridão e dor, é um debicar
Rosa numa solitária posposta na mesa
É chorar sem singulto e sem lacrimejar
E se hoje o ontem eu tivesse a clareza
Não a sentia como sinto aqui a prantear
Teria a perfeita companhia como presa!
Luciano Spagnol
Final de novembro, 2016
17'00", cerrado goiano
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