Poesia Morena Flor de Morais

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Observo a chuva miudinha.
Que escorre, cai dos meus olhos.
Lágrimas de dor, de alegria, de amor.
As gotas tecem as palavras que a minha alma sente.
Tecem e sente espontaneamente.
Embalo as letras, embalo as palavras.
Embalo a minha dor
Tentando compor versos ou talvez poemas.
Poemas tantas vezes ausentes de mim.
Ausentes do meu corpo
Palavras onde resmungam na minha boca.
Há dias que as palavras escorrem.
Escorrem para o papel.
Escritas num telhado de telhas de barro
Escrita de sonhos em forma de rimas.
Tantas vezes a inspiração adormece.
Adormecemos num sono leve.
E as letras descansam no papel.
Talvez queiram ser apenas observadas.
Ou apreciadas no pensamento.
Do nosso silêncio!

Quero...
.... ver nascer o por do sol.
Nele sentir todo o amor.
Toda a esperança que tive.
Quero....
.... ler no vazio do meu corpo.
Toda a dor que me vai na alma.!

Primavera (1984).
Chegaste sem avisar amor, numa manhã de primavera.
Aos poucos e poucos, invadiste o meu coração.
Ocupaste um lugar na minha mente, no meu pensamento.
Na minha alma, no meu corpo, na minha vida.
Afinal quem te deu permissão para invadir.
Invadir todo o meu ser.
Sem pressa tu foste-te instalando, aninhando-te no meu colo.
Hoje percebo que gosto da tua presença.
Dou por mim a pensar em ti, no teu sorriso.
No teu rosto doce, como é bom o sabor das lembranças de ti.
Pensar em ti é como sentir um perfume, que nos traz boas recordações.
No compasso dos sentimentos, dos pensamentos doces.
Gosto de fechar os olhos e visualizar o teu rosto, o teu sorriso.
Embalar o delírio, o desejo, sinto saudade dos teus beijos.
Dos teus abraços, dos teus carinhos, do calor da tua pele.
Ouço a tua voz a sussurrar no meu ouvido, as palavras doces.
Abro os olhos e tu estás aqui meu amor!

O cadeado da minha alma está fechado.
Fechado à chave, deitei fora a chave.
Para um poço, um poço profundo!

O cadeado do meu coração está fechado.
Perdi a chave na areia branca e quente...
Da praia e não quero encontrá-la!

O cadeado do meu corpo está fechado.
Entreguei a chave ao meu amor.
Onde ele guardou-a junto ao seu coração!

Hoje
Só quero
Sorrisos bobos
uma mente tranqüila
Esperança na alma
E um coração cheio de paz
Repleto de felicidade.
💖 ♫♫ 2017

CHUVA SEM SONO

Sinto-me cansada , cansada deste inverno.
Sinto falta do calor, do sol.
Dos dias compridos, das noites quentes.
Há muito que a hora de jantar já passou
Por isso a sala está escura
A janela de casa está aberta
.......A chuva cai com força lá fora.
Abraças-me por todos os cantos da casa.
Quando estamos sozinhos
......Parecemos dois adolescentes
Gosto de ver a água a cair no telhado
..... E no muro da frente
Imaginar o mar bravo, as suas ondas
São duas e meia da manhã
E eu ainda acordada a ver-te dormir
A chuva continua a cair
Ouve-se no telhado, como eu gosto de ouvir a chuva
Com as minhas mãos toco no teu rosto
........Gosto de ver-te dormir.
Pareces um anjo, mas roncas como um porco.
Tenho uma pequena esperança, que estejas a sonhar comigo
.......São três e meia da manhã
E eu ainda acordada a sentir a chuva a cair.

AMOR

Queria mergulhar em ti
E afogar-me nos teus braços
Absorver a tua essência
Para fundir-me contigo
Fazer do teu coração
Um quente cobertor
E da tua alma
Uma macia almofada
E do teu corpo
O meu colchão
Para mergulhar
No mais intimo
De ti no desejo
Que tenho de ti.

"Fio de esperança"

⁠No tear de uma agulha torta,
Com o pensamento de uma vida inteira,
Desvairado por traumas fixados na alma,
Os gomos da corda não devem ser amarrados para não se soltarem,
Cada gomo deve se tornar laços,
Que fecundam sonhos e desejos,
Para que nem mesmo uma simples e
Desfiada corda,
Tire de nós o ar que nos faz respirar,
A vida deve se retratar em gomos, que se transformam em verdadeiros laços de harmonia e sinceridade,
A pureza do coração,
É a sensibilidade no tear.
Entenda, de gomos em gomos, de cordas em cordas, de laços em laços,
A vida passará como um leve, costurar.

SENTIMENTO DE UM SORRISO

As águas passadas, não movem
Moinhos, as pedras cruzam-se
No caminho, com o teu sorriso
Encantei-me, com a tua voz grossa
Apaixonei-me, de te ter junto de mim
E sentir-te, dos sentimentos
Que dominam-me, que envolvem-me
Com paixão e amor, com a tua ternura
Enfeitiçaste-me, com o teu olhar
Deixaste-me com fome de sentir
A tua boca doce, com o desejo de sentir
As tuas mãos e o desejo de sentir o teu
Coração bater, de esquecer o mundo
Só para estar contigo
Meu amor, minha paixão, minha saudade.

.......... Ama-me simplesmente.

A noite é tão segura.....
é tão escura de ilusões
Fantasma de um passado...
de lágrimas e emoções.
Só tu, oh noite....
conheces o meu sofrimento....
e podes aliviar a minha dor.
Para deixar o vento....
O vento colher as minhas flores
Deixo o tempo consumir a minha dor.
O noite tão segura, tão escura de ilusões
Só tu, oh noite, conheces a minha dor .!!

O FADO E A ALMA PORTUGUESA

Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflecte o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste.
O fado, porém, não é alegre nem triste. É um episódio de intervalo. Formou-o a alma portuguesa quando não existia e desejava tudo sem ter força para o desejar.
As almas fortes atribuem tudo ao Destino; só os fracos confiam na vontade própria, porque ela não existe.
O fado é o cansaço da alma forte, o olhar de desprezo de Portugal ao Deus em que creu e também o abandonou.
No fado os Deuses regressam legítimos e longínquos. É esse o segredo sentido da figura de El-Rei D. Sebastião.
14-4-1929

Ah, sim, a velha poesia...

Poesia, a minha velha amiga...
eu entrego-lhe tudo
a que os outros não dão importância nenhuma...
a saber:
o silêncio dos velhos corredores
uma esquina
uma lua
(porque há muitas, muitas luas...)
o primeiro olhar daquela primeira namorada
que ainda ilumina, ó alma,
como uma tênue luz de lamparina,
a tua câmara de horrores.
E os grilos?
Não estão ouvindo lá fora, os grilos?
Sim, os grilos...
Os grilos são os poetas mortos.

Entrego-lhes grilos aos milhões um lápis verde um retrato
amarelecido um velho ovo de costura os teus pecados
as reivindicações as explicações - menos
o dar de ombros e os risos contidos
mas
todas as lágrimas que o orgulho estancou na fonte
as explosões de cólera
o ranger de dentes
as alegrias agudas até o grito
a dança dos ossos...

Pois bem,
às vezes
de tudo quanto lhe entrego, a Poesia faz uma coisa que
parece que nada tem a ver com os ingredientes mas que
tem por isso mesmo um sabor total: eternamente esse
gosto de nunca e de sempre.

Menina, tu és tão bela
a mais perfeita alegria
a inspiração dos meus cordéis
e das minhas poesias.

Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas.

Medicina, lei, negócios e engenharia são ocupações nobres para manter a vida. Mas poesia, beleza, romance e amor são razões para ficar vivo. (Robin Williams)

Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão. E medicina, advocacia, administração e engenharia, são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor... é para isso que vivemos.

A fotografia é a poesia da imobilidade: é através da fotografia que os instantes deixam-se ver tal como são.

Não consigo escrever poesia: não sou poeta. Não consigo dispor as palavras com tal arte que elas reflitam as sombras e a luz, não sou pintor... Mas consigo fazer tudo isso com a música...

A poesia não está nos versos, por vezes ela está no coração. E é tamanha. A ponto de não caber nas palavras.

Jorge Amado
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá

Gosto de comparar a poesia a um abraço, que consegue fazer um carinho na alma sem nem saber qual é a dor que você está sentindo. A poesia se adapta à sua dor. É um abraço cego e despretensioso, como quem diz: "Venha! Tá doendo? Pois deixe eu dar um arrocho, que vai lhe fazer bem."

Bráulio Bessa
Poesia que transforma. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.

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