Poesia Livro
Ser prefeito é dedicar
seu tempo para a população durante todo o mandato.
Descansar quando der ou quando acabar o mandato.
Aí a gente tira um tempinho.
Protelei a ligar, vinte e duas
chamadas perdidas,
logo retornei, linha muda:
A cor do tecido,
a vista do horizonte,
o trajeto do trem,
o destino de um homem.
As promessas não valem mais (nada) que:
A matéria da coluna fraturada.
Não valem mais que Construção de Chico Buarque.
Não valem mais que Um Sonho de Eugênio de Castro.
Não valem mais que um fio do bigode do Leminski.
Não valem mais que uma viagem para salvar a dor.
Não valem mais que um amigo que late e abana o rabo.
Mais que um espinho que nasce no pé da flor!
Mr. Dylan, não cale
as canções que nasceram
em meio ao calor
da Guerra Fria.
Reflexão que volta
na triste visão
da memória.
PÉROLAS TELÚRICAS
Oh, pérolas!
Por que, e por quem me fez sangrar?
Oh, areia! Que construiu meu deserto
onde tive que passar, e as mais lindas pérolas
de ti transformar?
Com dores de parto, suportar...
Suportar o frio da alma desnuda
e o calor desértico de um sofrer
para um morrer e só então ressuscitar!?
AMOR NO PORÃO
Se bem te conhecesse
antes de te conhecer
Minha liberdade já estaria
Presa no porão junto a ti.
E tão logo adormecesses,
Eu também estaria ali
a te envolver
E a envolver no sangue
que te fiz sorver.
Pagaria pela vida
Mas não na vida.
Ao amor que não me deu
E que só te ofereci eu.
A SANIDADE DO AMOR
São poemas...
Nossas juras de amor,
feitas no silêncio pelo olhar...
São dilemas!
As páginas ternas e eternas,
marcados de um livro milenar.
São poemas!
A pena que desliza no papel,
tentando compreender a saudade
que paira no teu céu quando procuras
nas estrelas, o meu olhar.
São poemas...
Essa insanidade das noites de insônias
buscando a sanidade do amor.
NOSSA CASA
Nosso amor nasceu das notas do cantar
da andorinha no galho seco da aroeira,
frente à casa velha...
Era uma canção com notas qual fino linho
e fita dourada nas mãos de uma criança.
E daquela janela com nossos sonhos,
olharíamos a chuva e a flor outonal
nos campos a brotar, e o gado pastando,
parecendo ruminar nossos pensamentos!
E nós, as nossas memórias remoendo
os sonhos envoltos em fino tecido, trazidos
por um anjo: a andorinha que cantava
no galho da aroeira defronte à casa velha!
E nunca mais deixei de olhar pela janela,
a flor do campo, tão amarela, e às vezes
tão verde, e às vezes tão da cor da terra!
Da cor do nada.
23/04/18
EU E O ARCO-ÍRIS
Vê o arco-íris?
Ele está feliz.
Possui muitas cores,
Por isso é feliz.
Olhe-me!
Vê...
Eu estou em preto e branco...
E feliz!
Não é uma antítese?
Eu amo a cor preta!
O branco é só para
realçar a cor noturna
da minha alma.
ESCREVI-LHE POEMAS
Escrevi-lhe poemas de amor
E eram como recém-colhida flor a te oferecer...
Mas sem cuidado para reviver,
Murchou ao sol por.
Também, aos ventos,
Rasgou-se a fina folha de papel
onde todo meu sentimento escrevi,
E assim, esses olhos, à noite, cerrou-se
sob um véu de tristeza coberto,
tal qual o rosto de quem findou-se.
Meu poema foi tudo que te dei:
A pérola que recriei: Essência da alma
que a ti guardava, ofereci-te nas palavras
toda minha pena com tinta dourada!
Mas tal qual a flor e o amor,
os poemas também fenecem
na telúrica raiz das pétalas recém colhidas.
Era ontem
Ainda posso vê-la!
Estava aqui agora há pouco...
Ainda ontem! Sumiu nas brumas.
Ficou na lembrança tão próxima.
Posso até estender as mãos e toca-la...
Mas transformou-se em outra matéria
que não se pode tocar com a minha.
Era ontem... Eu ainda a vi tão perto!
Mas houve uma tarde, noite, logo após.
E, anoiteceu... Amanheceu... Anoiteceu!
Poeta,
Só tu és poeta, Senhor meu!
Plagio-te na tua imensidão
com que me inspira
e a que me aspiro.
Mas só tu tens o original.
Um dia a Justiça brilhará como o sol do meio dia
Porque eu não sou o peso da tua falsa medida,
descomedida. Com a qual não te medirias.
O porvir
Um dia estará com Ele no paraíso.
Em seu vestido luminoso tal qual o céu.
E a coroa que o Rei lhe coroar,
a fará chorar por lembrar das promessas
e do tempo da sua dor.
Vai sentir ter valido a pena,
tudo ter sofrido, tudo ter chorado.
E na mansão celestial , finalmente
e para sempre, pousaras tuas pegadas,
passo a passo na caminhada.
E não mais a morte, e não mais contar com a sorte...
Não mais o fim e não mais a dor.
Agora já está com o Senhor,
aquele que te prometeu um belo porvir
é fiel para cumprir. E não mais a morte
e não mais contar com essa maldita sorte.
SONHOS
Alguns sonham em ser deuses
Assim como os jardins de violetas
Sonham em ser uma floresta de rosas;
O riacho sonha em ser mar
E o mar se transborda à praia
Porque o que quer mesmo
E alcançar a mais linda pérola.
E assim continuemos com nossos sonhos.
Sejam pequenos ou grandes,
Não demoremos porque as violetas
Fenecem, assim as rosas também,
O riacho e o mar...
Mas sempre haverá um grão dentro da ostra.
METAFORANDO
A vida vai caminhando por entre os rostos
E os caminhos são longos, outros são metades-caminhos
Podem ser largos e também estreitos,
ora de acabam, ora iniciam-se.
E a vida vai criando metaforicamente caminhos na face.
SÓ DEUS TEM O ORIGINAL
E a vida vai criando caminhos nas faces,
e estradas nas plantas dos pés,
e que sejam lindos os caminhos
e imensas as estradas.
O tempo
Que dirão os corações ao tempo que passa
Se não há mais tempo de pronunciar com os lábios?
Então acenam-se as mãos para que fique
E não há como o tempo prestar atenção
Pois seu olhar é sempre à frente.
Que dirão os corações?
Enquanto as lágrimas andam pelos caminhos da face
E vai se esconder em um rio que mora nos lábios...
O tempo olha a cena e passa, porque não há tempo para contracenar.
Joana de Oviedo – direitos reservados
- Relacionados
- Frases de O Pequeno Príncipe que vão te cativar com amor
- Trechos de Livros Românticos
- Mais Lidos
- Frases poéticas sobre a vida para enxergar a sua de outra forma
- Frases do livro O Pequeno Príncipe
- 33 frases de dedicatória de livros para dar de presente
- Frases do livro Orgulho e Preconceito de Jane Austen
