Poesia Felicidade Drummond
PORÃO DE NAVIO
No porão d'aquele navio..
Quantas lembranças de dor!
Choros contidos a noite...
Saudades, distante do amor
e as, esperanças em açoite.
Pesadelos das chibatadas
marcas pressão e correntes
a fome ali, quieta é mata
as abrangentes cascatas
das incoerências, aos inocentes.
No porão d'aquele navio...
Quantas lagrimas derramadas!
amor ali, tornou-se pavio
com a ganância desenfreada.
Até o mar rangeu de dor
em meio a lamuria das águas
nem os sonhos confortou
a dor infindas das lagrimas.
Antonio Montes
MOCO BROCO
Com esse sopro
e esse mal gosto,
soprando sob agosto...
O degustar fica insosso
... O reto fica torto
o outro, coloca-se roco...
Enquanto um escorrega e cai
... O moco fica broco.
Antonio Montes
NA TELHA
Lua cheia
lobo na telha
urro no mundo...
O medo em cima do muro
vento na areia.
Maré com sereia...
Farol encandeia,
sombras no escuro...
O fim, não faz corpo duro
e a peia, rodeia.
Antonio Montes
ALPENDRE
Do alpendre...
Uma lua, uma rua
a brisa da noite se estende
... E as recordações se entendem
com todas saudades sua.
A quanto tempo ficou!
A corda que voce pulava...
Os sorrisos e o anel da noite
que pelas mãos, inocentes passava...
Aquele primeiro beijo...
Dado com tanto tremor!
Depois do temporal da chuva
o arco-íres e suas cores
em meio a ciranda da roda...
Trazia, jardins e amores.
O sonhar com tanto amar
propagava-se cantando versos
o tempo era de cirandá
os versos, eram de confesso.
Hoje, d'aquele alpendre
a lua te faz recordar
d'aquela infância encantada
que encantou-se no tempo
levando-te, sem avisar.
Antonio Montes
DECRETO
Se decreto decretasse, a mim...
Para decreto fazer, eu decretaria
e um decreto, eu, iria fazer...
Decreto para servir a todos
a mim, a ti, e a você.
Um decreto de liberdade
que causasse euforia
decreto, que podes-se, ir e vim
servindo João, José e Maria
Eu decretava que desvio
não seria permitido
exceto, desvio de estrada
ou de rios poluídos...
Estrada para passadas
e rios, para sorriso.
Decretava que os desvios
feitos por mãos de bandidos
recebessem, os castigos das leis
e nunca mais fossem envolvidos.
Antonio Montes
FARRAPO DE AMOR
Não me disse adeus, e se foi...
E eu, afogado pelas lagrimas da despedida
não esbocei, uma só palavra!
Parei no tempo...
Viajei sentido em sentimentos
te encontrei em meus sonhos, ali! bem ali
... Nos meus despedaçados momentos.
Todavia, você colocava-se calada
enquanto abanava a mão por aquela estrada
... Eu naveguei em minha loucura,
perdi o sono, em desatino...
Fiquei a noite inteira acordado!
Buscava-te a todo canto do meu ser
e só a sua presença,
encontrava-se do meu lado.
Quanto desespero...
Quanto mais o tempo passava!
Mais e mais! Despencava-me lagrimas...
E essas, turvaram meus olhos chorosos!
Enquanto a sua presencia se fazia ausente...
a minha visão intensa, pressentia você.
Você estava li, você se fazia presente,
como encanto, no canto do meu coração...
você me sorria, você adentrava na minha dor
se propagando por todo meu consciente...
Estou aqui, farrapo humano...
Escravo desse imenso amor.
Antonio Monte
COBRA NO FENO
Cobra com guizo
com malha
com lista, lisa
ajuíza sem juízo...
Escandaliza, escandalizo.
Cobra...
Escondida no feno
com nervos, tremo
perene condeno,
por ser pequeno...
Muito veneno.
Antonio Montes
Foi a vez da doméstica se formalizar e pagar imposto para o governo e a sua refeição para o patrão ou levar a comida de casa, agora é a vez do caseiro pagar aluguel da casa que mora para o patrão ou seja, ele recebe para cuidar das coisas do patrão e paga para morar na casa que fica para cuidar das coisas do patrão; a comida já é por sua conta. E, ainda, tem quem diz que leis são para beneficiar o empregado. Assim como as mulheres estão perdendo suas ajudantes, os homens perderão seus ajudantes.
Consta numa obra psicografada sobre a vida de Getúlio Vargas que a única coisa que contou pontos na sua avaliação superior sobre suas ações de governo foi a criação da CLT.
"Não se enobreça tanto assim, o amor que sente não provêm de mim.
Ele nasce em seu próprio ser, junto com sua própria história.
Ele é tão antigo quanto sua própria vida.
O teu amor vem de uma fonte a qual eu como máquina funcional tive acesso.
O teu amor é mais antigo do que o próprio universo que te cerca, ele é a vida não vista.
Apenas sentida.
E contemplada por mim.
O teu amor é Deus disfarçado em uma palavra de quatro letras.
AMOR"
MAR BRAVIO
O mar bravio estendeu,
o mar bravio estendeu...
Nas águas das esperanças
no amor de você e eu...
Eu joguei minha tarrafa
na saudade que passava
achei as malhas das lagrimas
e a esperanças, em fornalha.
Queimei de amor a distancia
... Que de ti me separava
me perdi, na vil lembrança
do abraço que nos faltava.
A mar bravio estendeu,
o mar bravio estendeu...
nas águas das esperanças
no amor de você e eu.
Sem você eu perco sono
e me afundo no pesadelo
sou ancora em abandono
pedra no desfiladeiro.
Antonio Montes
PAREDE VERDE
Parede verde...
Não tem folhas
não tem sede...
Parede verde,
é uma rede...
Para os olhos secos de cor
e sentimentos molhado de amor.
Eu vi a parede verde...
Sem ventos,
sem chuvas, sem rios
sem mares, marés...
Aroma de flores navios
sem amores...
Sem passarinhos e sem ninhos.
Parede verde, eu vejo...
Sem musicas de realejo
sem gosto e sem desejos,
tristeza que enseja...
aos olhos do sertanejo.
Antonio Montes
APENAS POETA
O silêncio cai solitário neste coração amante
São ruídos que aram a alma profundamente
Dos sonhos que terminaram secretamente
Derrubando castelos e até mesmo o instante
Não há remissão e tão pouco dor clemente
Somente o vazio em um rodopiar constante
Soluçaste por estar tão só, e tão arrogante
Sentado à beira do caminho, ali pendente
As quimeras terminaram, não mais sonante
Não há sentinelas, nem armas, só vertente
Da realidade eu não soube ser um vigilante
A sensibilidade alanceou, agora no poente
Sou apenas poeta, na poesia um imigrante
Já amor! Ah, este, meu eterno confidente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
E quando não houver saída,
cave uma nova brecha
com as mãos na lida...
E a superação como uma flecha.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Facilmente o homem tira a graça da graça
Transformando a graça em desgraça
Desgraça que para muitos têm graça
O poeta é um visionário
No topo da montanha, debruçado
Esperando cair uma nuvem de sabedoria sobre ele
Seja o claro da noite,
Ou no escuro do dia.
Estou presa aqui.
Para sempre.
Sem sequer,
Um antecedente.
Sem saber o que buscar.
E por meio deste poema,
Mostro minha alma,
Perdida,
Encontrada,
Sonhadora
E desacreditada.
Que anda por ai.
Sem saber,
O que o mundo realmente,
Teme
E continua a esconder de mim.
E isso desde sempre
Viver é melhor
do que escrever um
poema
Viver é dizer o que
sente
é amor e sorrir
É viver pra curtir
Todo poeta é de natureza sofredor
sofrem por um mal indiscritível, amor,
escrevem com tinta invisível
descrevem o sentimento impossível.
Em meu peito
Você estava perdida
Entre minhas artérias.
Eu só não tinha a menor ideia
De como tirar você dali.
As vezes esqueço meus pensamentos em você.
As vezes esqueço meus olhos em você.
As vezes esqueço até o meu bom senso.
